Pensão para filha de Miliar do Exército, ex combatente
Meu pai é um oficial do Exército, ex combatente e com 89 anos.
Eu não pude denunciar meu pai quanto a sua conduta de abuso sexual que sofri na infância e parte da minha adolescência por impedimento dos seus próprios superiores durante a Ditadura, nem quiseram me ouvir, o que aconteceu também na Justiça.
Durante toda a Ditadura, fiquei realmente impossibilitada por todos de procurar os meus direitos, mas tenho a possibilidade de provar que fui jogada em um convento quando ainda fazia o 1º ano do Científico (Ensino Médio).
Quando minha mãe soube foi através de mim mesma, pois isso ocorria desde que era bem criança, abaixo de 5 (cinco) anos e ela dizia que era imaginação de criança. Na adolescência perguntei a ela se por acaso o meu pai continuasse a abusar de mim o que ela faria, pensando que ela não havia entendido, com a esperança que a minha mãe fosse uma mulher de bons princípios, inocente mesmo. Ela então respondeu-me que se suicidaria.
Fui ao médico no Hospital do Exército e contei tudo o que sofria. Minha mãe ouvindo do médico a minha confissão, ela fingiu ignorar e mostrou-se extremamente revoltada, desmentindo o fato. Quando chegamos em casa, ela me tratou como se eu fosse uma mulher qualquer (ressalto que era menor de idade e quase enclausurada, pois só saía para a escola) e ainda levou-me a um convento onde me deixou sem nada e andei depois disso de casa em casa de famílias decentes, pais de amigas da escola, até passar no concurso dos Correios e Telégrafos.
Depois disso quando já era funcionária, falei com eles e meus irmãos, pois a minha fama era que eu não passava de uma jovem transviada que queria liberdade e por isso saí de casa; que eu era rebelde e gritava, porque eles queriam o meu bem.
Sofri muita discriminação, fui muito humilhada pelas famílias de namorados que sempre evitavam ter um compromisso comigo, ainda que eu fosse uma jovem que não conhecia varão a não ser os abusos que um pai pode cometer com uma filha quando é pedófilo, um monstro.
Hoje sou casada, mãe de três filhos, avó, uma pessoa idosa, doente, pois sou diabética, hipertensa e apresentando outras enfermidades. Por muitos anos alimentei um grande rancor, pois não via nenhum arrependimento da parte dos meus pais.
Com a nova Lei , meu pai não desconta o 1,5%.
Gostaria de saber se posso receber ainda que ele não tenha descontado esse 1,5% do seu salário, a pensão, uma vez que ele é oficial do exército, ex-combatente e eu fui uma vítima sem defesa durante a Ditadura Militar e até depois dela. Ele está com 89 anos e ainda é vivo.