Luis,
Frequento este foro há algum tempo e já percebi que as pessoas não querem orientações jurídicas e sim, apoio para o que desejam. Pra mim, o foro é um lugar para se debater e aprender e, ainda que não concordem com o que penso jamais me calarei sobre este assunto.
Sua pergunta trás duas frases que deixam claro o limite do tema tratado, que infelizmente, por anos foi desconsiderado pelo Judiciário. Felizmente o legislativo já reviu este posicionamento e o Judiciário (lento como sempre) começou a ver que antes errava. Vamos a elas:
"O CASAMENTO SE DESFEZ E NÃO HÁ QUALQUER RAZÃO PARA PERMANECER NO CEARÁ."
Sua pergunta trata de direito da criança e do adolescente. É comum que confundam com direito de família. Em se tratando de direito da criança, dizer que não há qualquer razão para permanecer no ceará, se torna uma frase sem sentido, uma vez que é interesse da criança estar perto dos dois genitores.
Sua dúvida mostra um claro confronto de interesses entre os da mãe e os do filho. Até os que defendem esta mudança, não se aventuram em dizer que é melhor pro filho se afastar do pai, pois bem, se é melhor pro filho estar perto do pai, que é onde sempre viveu, resta evidente que a mudança só trás benefícios para a mãe. Falar em sofrimento da mãe, vontade da mãe de se mudar, etc, não é tratar de direito da criança.
"O PAI NÃO QUER ACORDO E DISSE QUE FARÁ DE TUDO PARA IMPEDIR A MUDANÇA DA MÃE."
Não Luis, o Pai fará tudo para impedir a mudança do filho. É com ele que o pai se preocupa, é para ele que ele quer ser referência, é dele o direito de crescer ao lado do pai, é direito dele ver o pai sempre e não apenas em visitas no final do ano (visitas, quem recebe é gente presa ou doente).
Talvez este seja um dos maiores tabus a ser superado pelo direito. Este tema trata de direito da criança e do adolescente, logo, a vontade do pai ou da mãe devem ficar em segundo plano.
"ah, mas então o genitor fica obrigado a vier no mesmo lugar?". No Brasil não se exige nada para ter filhos, basta ter os órgãos sexuais ativos. Não se faz necessário ter estudo, estrutura financeira, responsabilidade, nada. As pessoas se conhecem pela net por exemplo e viajam para lugares distantes, se mudam "por amor". Nesta irresponsabilidade, os pais, não eram tão importantes, uma vez que os deixaram em sua cidade natal para "ser feliz do outro lado do país".
Quanto a relação não dá certo, aqueles pais que antes eram meros espectadores, passam a ser pessoas super importantes, e viver sem eles passa a ser questão de vida ou morte.
Este mesmo adulto que saiu de casa para viver com outro, agora acha que não pode viver sem os pais, mas seu filho ou filha, que são menores, podem sim viver sem os pais.
Enquanto existir pessoas que defendem este comportamento, está claro que nosso país não terá uma guinada rumo à paternidade e maternidade responsável. Enquanto as pessoas não sofrerem os efeitos de suas escolhas, enquanto elas puderem se mudar para onde quiser e como quiser, levando seus filhos como se bagagem fosse, resta evidente que não haverá uma movimentação no sentido contrário.
A resistir esta tese de que "faço filhos em minas e me mudo pro maranhão quando bem entender e me mudo para o rio de janeiro quando me der na telha", não vejo a menor possibilidade de termos um país sério.
Ter filho é coisa séria e deve gerar muitos bônus e em igual modo, ônus. Um destes ônus é que nós, os pais, deixamos de ter prioridade. Pelo visto ainda há muita gente que defende este liberalismo como se parir fosse algo muito simples.