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A metafísica da violência e a religião

A metafísica da violência e a religião

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A religião traz em seu bojo a metafísica da violência, principalmente por impor valores, conceitos, dogmas e exercer seguramente o controle social. Trazem-se reflexões filosóficas de Gianni Vattimo e outros filósofos contemporâneos.

ResumoPor mais paradoxal que seja, a religião traz em seu bojo a metafísica da violência. Principalmente por impor valores, conceitos, dogmas e exercer seguramente o controle social. O texto aborda as reflexões filosóficas de Gianni Vattimo e outros filósofos contemporâneos e correlaciona a evolução da violência com as principais características da pós-modernidade.

Palavras-chave: Filosofia. Religião. Violência. Pós-modernidade.

 


A violência é tema central nas reflexões filosóficas de Gianni Vattimo[1] e a superação da metafísica especialmente e a anunciada por Heidegger.  A tentativa ética de superar a violência é o que tanto caracteriza o pensamento metafísico. E, no plano da religião, particularmente o cristianismo[2], Vattimo apontou uma moral sustentada em fundamentos metafísicos com firmes possibilidades de ir além da violência do cristianismo.

Relevante frisar que essa relação se dá a partir de uma ontologia[3] hermenêutica niilista, um pensamento que seguindo as ideias de Nietzsche e, principalmente, de Heidegger, que buscou superar a metafísica enquanto pensamento do fundamento.

Inegavelmente vivenciamos um momentum histórico sui generis onde se anuncia o rompimento dos principais paradigmas da era moderna, colocando em xeque seus grandes mitos: Deus, a razão e a ciência. Resumidamente, a metafísica foi destronada, a verdade tirada do alcance do real que esvaziado perde qualquer sentido pré-estabelecido.

Quando Nietzsche proclamou a morte de deus, decretou assim o fim das verdades absolutas, da metafísica e da crença na linearidade histórica do progresso. É o fim da moral universal, os valores já não existem em si, são apenas criações humanas, demasiadamente humanas. O bem e o mal já não mais existem e o homem se depara com a necessidade de se posicionar para além destes valores.

A famosa exclamação de Ivan Karamazov, personagem de Dostoiesvski: "Se Deus não existe, então, tudo é permitido!"[4] expôs abertamente a realidade complexa que representa o fim da metafísica, o fim da dualidade dimensional entre dádiva e fardo. Surge para a humanidade então a necesssidade de confrontar-se com o nada e assim o niilismo torna-se o objeto de reflexão cada vez mais inexorável.

Outra figura ocidental relevante e que muito contribuiu para a crise da modernidade foi Sigmund Freud com a psicanálise, ao afirmar categoricamente que o fator determinante da psiquê humana não é a racionalidade, mas sim, o inconsciente, o caótico, o irracional e fora do domínio.

Já Michel Foucault inverteu a relação entre saber e poder colocada bravamente pelo Iluminismo. Então, não se acreditará mais conforme foi na época das luzes, que o conhecimento leva necessariamente ao progresso e ao poder, mas por vias oblíquas e inversas, é aquele que detém o poder que vai construir o conhecimento e ditar, arbitrariamente, o que é a verdade, a fim obviamente de legitimar seu próprio poder. E, nisso temos a mais pura violência.

O poder produz o saber, não mais o inverso. A fenomenologia de Edmund Husserl e Martin Heidegger, fazendo vezes de ontologia crítica, mostrou que a verdade já não se encontra no objeto em si, como pretendiam os ontológicos clássicos, nem no sujeito que o apreende, como pretendem os subjetivistas românticos, mas no próprio fenômeno de compreensão.

A verdade passou a ser a própria relação sujeito-objeto, ou seja, a interação entre o objeto e a imagem que o sujeito constrói a partir do material que este objeto lhe fornece (envia) e que este apreende através dos sentidos. Uma relativização, portanto, do conhecimento, mesmo do conhecimento sensorial[5].

Firma também a crise do positivismo e do modelo tradicional das ciências naturais com a teoria da incerteza do físico alemão Heisenberg. Pois tentando compreender e prever o comportamento dos elétrons no interior do átomo, o alemão descobriu que era impossível determinar com exatidão a posição e velocidade da particular, ou seja, a determinação conjunto do momento e posição de uma partícula, necessariamente, contém erros nunca menores que a constante de Planck[6].

No âmbito macroscópio esses erros podem ser desprezíveis, mas para o estudo de partículas atômicas são de suma importância. E tais descobertas de Planck, este foi um dos marcos iniciais do surgimento da Mecânica Quântica, que, até então incompatível com os modelos da física de Newton e com a teoria da relatividade geral de Einstein, fez com que a física deixasse de ser a “ciência das verdades” para se tornar apenas uma “ciência das possibilidades”.

A falta de linearidade nos fenômenos trouxe a célebre assertiva de Lorenz sobre o chamado "efeito borboleta[7]" que afirma que o bater de asas de borboleta em um lado do globo terrestre pode desencadear uma reação que pode enfim gerar um furacão do outro lado do globo terrestre.

Também o estudo dos fractais que seriam figuras não geométricas aparentemente caóticas, ou pelo menos, não-euclidianas, buscando encontrar nestes padrões de repetição, é outro marco desta nova matemática que se abre no contexto extenso de incertezas.

Questão mais curiosa, é a do "Paradoxo de Banach-Tarski" que comprovou matematicamente a possibilidade de se dividir uma esfera sólida tridimensional em número finito de pedaços, mais precisamente em cinco partes, e, com tais pedaços, construir duas novas esferas de dimensões idênticas à original.

Foi a mais nítida prova de que mesmo a mais pura das ciências que é a matemática, não traz a descrição real dos fenômenos, já que o feito que os matemáticos demonstraram através de cálculos atinge resultado completamente contra-intuitutivo, sendo algo impossível de ser concretizado na realidade.

Esse cataclismo cultural é fomentador de violência, pois com a crise moral e a relativização de todos os valores, tornou-se intangível cogitar em direitos naturais universais, imutáveis no espaço e no tempo.

A hermenêutica pelo menos segundo Vattimo é ontológica porque se constrói pelo sentido do ser, trabalhada inicialmente na obra “Ser e Tempo[9]” onde se questionou a própria história do ser, de caráter niilista[10] porque, se compreende sempre como uma interpretação fraca e nada mais que isso.

O que a tradição metafísica chama de “fato” ou “realidade” é uma interpretação que só encontra sentido a partir desta própria, da sua tradição.

Para Vattimo, essa superação não deriva de uma suposta constatação teórica da metafísica como um erro na tradição filosófica ocidental que deva ser substituído por uma forma mais autêntica ou mais correta, de uma suposta impossibilidade de sustentá-la diante de outros saberes, como por exemplo, a racionalidade científica.

Refletir na superação da metafísica tem firmes motivações éticas. Ou seja, a hermenêutica que pretende ser ontológica e niilista mas suscita uma legítima preocupação ética. Assim, a superação da metafísica ocorre por motivação ética. E, para Vattimo e, ainda para outros filósofos contemporâneos existe uma relação mais próxima entre a metafísica e a violência, e que caracteriza a metafísica como um pensamento violento.

As motivações originais da revolução heideggeriana contra a metafísica podem sustentar o caráter ético-político, mais do que teórico, e que rejeitam a metafísica  como o pensamento do ser como presença e objetividade na medida em que a enxergam principalmente como pensamento violento.

Uma das noções de ciência dentro da tradição metafísica é a de que esta nasce da definição da especificidade de seu objeto pela descoberta da substância que caracteriza os entes que a constituem(onde é possível já cogitar em princípios). Portanto, a metafísica se afirma como a ciência do ser, entretanto, com uma dimensão mais universal que as demais ciências por entender que seu objeto é aquilo que supostamente caracteriza todos os entes.

A crítica de Heidegger vai à direção de que o ser não é uma característica dos entes, mas nestes se torna visível. O esquecimento da diferença entre ser e ente fez com que o ser fosse concebido como simples presença[11], ou melhor, como algo estável que pode ser apreendido, decifrado e manipulado. A presencialidade do ser implica num pretenso acesso à verdade.

A verdade do ser é aquela que se dá na objetividade, na obviedade, e contra a qual não há argumento, dessa forma, silencia o diálogo e outorga poder absoluto às doutrinas religiosas ou políticas e àqueles que nestas se apoiam.

In litteris, pondera Vattimo: “é enquanto pensamento da presença peremptória do ser – como fundamento último diante do qual é possível apenas calar-se e, talvez, sentir admiração que a metafísica configura-se como pensamento violento: o fundamento, se se dá na evidência, incontroversa e que não deixa mais espaço para perguntas posteriores, é como uma autoridade que cala e impõe sem “dar explicações”.

A ontologia hermenêutica, ao menos da maneira que aparece nos textos de Vattimo, só é possível em sua dimensão niilista a partir do desvelamento da diferença entre o ser e o ente, da compreensão de que o ser não é algo estável, mas apenas evento (ereignis[12]) e que assim não há um fundamento no qual seja possível afirmar uma verdade como única ou objetivamente superior as outras verdades.

Toda tentativa de compreender ou explicar algo implica sempre numa interpretação e, essa por não se colocar como absoluta não exclui outras possibilidades de compreensão que favorece a superação de um tipo de violência, a imposição de certa verdade, de um dogma, de uma forma correta de agir ou pensar, de uma fé, uma ideologia, etc.

O imposto pode por sua vez fundamentar outros tipos de violência, além de ser propriamente um tipo de violência. A pluralidade de interpretações não produz necessariamente violência se o intérprete ou a comunidade de intérpretes levam a sério a vocação niilista da hermenêutica, ou seja, a afirmação fraca de que não existem fatos, mas apenas interpretações[13].

Por outro lado, são as interpretações que não se reconhecem como tais que, como na tradição, entendem as outras interpretações apenas como enganos ou erros e esses dão lugar à luta violenta. Até porque se as outras interpretações são “erros” devem ser suprimidas em nome da única verdade.

A superação da metafísica, e, consequentemente, de sua violência, só pode ser pensada como movimento dentro da própria metafísica. Um rompimento, como o ultrapassamento de algo que não tem sentido ou como o descartar de um pensamento falso é um tipo de violência, pois se dá como a imposição de uma verdade mais autêntica.

Essa superação só pode ser ocorrer finalmente como um desvelar da essência da metafísica e para isso é necessário recorrer a uma expressão heideggeriana tão cara ao pensamento de Vattimo: verwindung[14] que difere de ueberwindung, por apontar um tipo de superação que não rompe com aquele que é superado, que não indica um ultrapassar, antes se constitui como um retrocesso.

Essa interpretação é possível a partir de dois caminhos dentro de seu significado lexical: a ideia de recuperação de uma doença (no sentido de resignação) e de distorção, o que aponta para a compreensão de uma ligação indissolúvel do pensamento com a metafísica, em que, ao mesmo tempo que busca superá-la.

O conceito e significado de verwindung aproxima-se do verbo italiano rimetterse, que além de relacionar-se à recuperação de uma doença, tem o sentido de “remeter algo a si mesmo”, também aponta para essa impossibilidade de pensar a superação da metafísica de fora desta.

Nesse sentido, para Heidegger, e também segundo Vattimo, só é possível superar a metafísica rememorando sua trajetória para que, dessa forma, se verifique a sua essência, o esquecimento do ser.

Em verdade, a metafísica não pode ser superada verdadeiramente e sim, aceita, aprofundada e distorcida. A superação da metafísica e, ipso facto, da violência só pode ser pensada como um movimento dentro da própria metafísica. Pois se dá como a imposição de uma verdade mais autêntica.

Nesse sentido a partir da moral cristã, que se torna violenta quando ligada a certo fundamentalismo metafísico. No ensaio “Violência, metafísica, cristianismo” o pensador italiano ressalta que a violência do discurso religioso[15] decorre de sua dependência da metafísica e cita como exemplo o posicionamento[16] da Igreja Católica Romana em relação à sexualidade, mais especificamente, do uso bendito da sexualidade no matrimônio. O fundamentalismo se refere a compreensão comum na história do pensamento de uma necessidade de fundamentação.

E nisso resulta a condenação à homossexualidade[17] e às relações sexuais não matrimoniais. Em outros textos Vattimo se referiu também à proibição do uso de métodos contraceptivos e ao loci da mulher perante a Igreja. E tais posicionamentos são justificados com base no “direito natural”, ou seja, na existência de leis eternas às quais os homens estão submetidos e que determinam sua natureza de agir no mundo.

A lei natural parte da ideia metafísica de fundamento, de que há uma verdade do ser na qual o homem, o cristianismo e o cosmos estão submetidos. A moral cristã[18] em diversos momentos é sustentada por essas leis naturais. O discurso da Igreja redunda por se tornar violento por impor ao fiel ou seguidor e até mesmo ao não religioso uma maneira de viver no mundo determinada por uma necessária essência.

Esse encontro entre a moral cristã e o direito natural, segundo o Vattimo, teve início no encontro do cristianismo com a filosofia, em especial o platonismo e neoplatonismo, e a ideia de que o ideal da natureza humana se dá em sua elevação ao princípio primeiro que foi traduzido posteriormente nas ideias de perfeição e verdade em detrimento do amor ao próximo conforme anunciado nos Evangelhos.

É nesse sentido que deve ser compreendida a seguinte afirmação: “É violência metafísica, de forma geral, toda a identificação que predominou nos ensinamentos tradicionais da Igreja, entre lei e natureza”.

O que para o cristianismo não é necessariamente violento, principalmente em seus primeiros textos, mas somente a partir de seu encontro com um pensamento essencialmente violento, conforme o próprio Vattimo apontou, principalmente quando a metafísica se revela como “ciência do ser enquanto ser”, isto é, como saber os princípios primeiros.

As razões e as circunstâncias dessa aliança são várias, a começar pela responsabilidade que a Igreja herdou como único poder, também temporal, num mundo perturbado pela dissolução do império romano.

É importante observar que a secularização não é a perda da influência da religião[19] na sociedade, descrédito das instituições religiosas ou privatização da religião, mas num processo de enfraquecimento das estruturas fortes da razão metafísica, o que implica ao mesmo tempo nas possibilidades niilistas da hermenêutica e na possibilidade de se pensar a moral cristã desvinculada do direito natural.

A crítica à metafísica põe em crise a compreensão de que existem princípios naturais a partir dos quais o mundo deve ser regido. Se os referidos princípios deixaram de fazer sentido, a moral cristã deixa de ser impositiva ou normativa e, consequentemente, violenta. Secularização, sob tal perspectiva, não significa a negação da religião, mas novas possibilidades de superação da violência do discurso religioso[20].

A secularização[21] como fato positivo significa que a dissolução das estruturas sagradas da sociedade cristã, a passagem de uma ética da autonomia para a laicidade do Estado, a uma literalidade menos rígida na interpretação de dogmas e dos preceitos, e que não deve ser entendida como decréscimo ou despedida do cristianismo, mas como uma realização mais plena de sua verdade, seria um redimensionamento dos traços naturais da divindade.

É possível compreender a reencarnação[22] como esvaziamento de Deus de sua divindade, no âmbito da secularização, como salvação, não no sentido de sacrifício de um deus que se torna homem para morrer pelos outros homens, mas como momento que inaugura o esvaziamento ou enfraquecimento do fundamento e, ipso facto, de sua violência.

A superação da violência contida na imagem de Deus como ser absoluto e transcendente. Vattimo relaciona o pensamento de Heidegger às teses de René Girard[23] sobre a morte de Jesus e o fim do ciclo de violência sacrificial.

Para Girard as relações entre os indivíduos são permeadas pelo desejo que surge das necessidades ou do próprio indivíduo, mas do outro. Esse desejo manifesta-se na forma de violência. E nesse caos se estabelece um sacrifício onde a vítima morre em substituição à morte de todos.

Assim, a violência é ao mesmo tempo instrumento, objeto e sujeito universal de todos os desejos, precisa ser canalizada para a violência expiatória. O ciclo vicioso da violência recíproca, totalmente destrutiva, é então substituído pela violência ritual, criativa e protetora. A divindade estabelece normas que os indivíduos devem aceitar para que a violência se restrinja ao sacrifício.

Diferentemente da teologia do sacrifício[24] que tanto serviu de base para a leitura dos evangelhos em quase toda a evolução da igreja afirmando que o sentido da morte de Jesus seria o de expiar os pecados da humanidade, compensar a Deus pelos erros do povo com a vida, é possível cogitar, a partir de Girard, uma leitura não sacrificial dos evangelhos. Jesus vem revelar ao mundo e liquidar o nexo entre a violência e o sagrado.

A violência do cristianismo[25] é proveniente do mecanismo vitimário e equivale ao objetivo metafísico. E tal interpretação está ligada as estruturas de poder. É nesse sentido que Vattimo afirma que a violência no cristianismo se mantém e predomina até quando ele estiver ligado à tradição metafísica em vários modos.

Nesse sentido, fugindo da interpretação sacrificial, Vattimo alega que Jesus não morreu para a remissão dos pecados da humanidade, ou de outra forma continuaria preso à lógica do sacrifício. Jesus se entregou livremente para provavelmente servir de exemplo de salvação na kénosis[26].

O reencontro niilista do cristianismo é possível encontrar indo além de Girard[27], admitindo que o sagrado natural é violento não só enquanto mecanismo vitimário supõe uma divindade sedenta de vingança, mas também enquanto atribui a essa divindade todas as características de onipotência, absolutismo, eternidade e transcendência em relação ao homem (e que são atributos naturais da teologia e, também por aquelas que se consideram preâmbulos da fé cristã). O Deus violento de Girard[28] é, em suma, nesta perspectiva, o Deus da metafísica.

A interpretação das teses de Girard[29] a partir da kénosis tem como objetivo a secularização da ideia de forte Deus, do Deus absoluto, cuja morte Nietzsche[30] anunciou pela boca do louco. A violência metafísica se manifesta na concepção de Deus forte porque a partir deste se criam morais opressoras e comportamentos exclusivistas.

Em nome de Deus, guerras e inquisições e muitas outras atrocidades[31] foram cometidas. Mas somente em nome de um Deus absoluto. Somente através da tolerância e da admissão da pluralidade de interpretações poderemos romper a metafísica da violência.


Referências

BALEEIRO, Cleber. Metafísica, Violência e Cristianismo. Disponível em https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/COR/.../3115‎  Acesso em 13.09.2013.

GIRARD, R. A violência e o sagrado. São Paulo: Paz e Terra/UNESP, 1990.

VATTIMO, G. Acreditar em acreditar. Lisboa: Relógio d’água, 1998.

___________. As aventuras da diferença: o que significa pensar depois de Nietzsche e Heidegger. Lisboa: Edições 70, 1998.

____________. Depois da cristandade: por um cristianismo não religioso. Rio de Janeiro: Record, 2004.

____________. Para além da interpretação. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999.

VILLA, Lucas. Niilismo Ativo e Direito na Pós-Modernidade. Disponível em: http://www.revistapersona.com.ar/Persona68/68Villa.htm Acesso em 13.09.2013.

JUNGES, Márcia. Trad. Luís Marcos sander. O cristianismo e as raízes violentas da religião. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4446&secao=393  Acesso em 13.09.2013.


Notas

[1] Gianni Vattimo (Gianteresio Vattimo) é filósofo e político italiano, reconhecido como um dos expoentes do pós-modernismo europeu.Graduou-se em Filosofia em Turim, em 1959. Especializou-se em Heidelberg, com Karl Löwith e Gadamer cujo pensamento introduziu na Itália. Em 1964, tornou-se professor de Estética na Universidade de Turim, e a partir de 1982, de Filosofia Teorética. Também lecionou na qualidade de professor visitante em diversas universidades dos EUA.Vattimo se ocupou da ontologia hermenêutica contemporânea, com acentuada ligação com o niilismo.Em 2004 abandona o partido dos democratas de esquerda e adere ao marxismo, reavaliando positivamente a autenticidade e validade dos princípios marcistas e prognosticando um retorno ao pensao do filósofo de Trier e a um comunismo depurado dos desenvolvimentos das equivocadas políticas públicas soviéticas. Atualmente integra o PdCI Partido dei Coministi Italiani (Partido dos comunistas italianos) cuja proposta é a de retornar o comunismo em variante italiana, conforme a elaboração de Gramsci, Palmiro Togliatti, Luigi Longo e Enrico Berlinger.

[2] Segundo alguns especialistas a Bíblia apresenta vasta coleção de eventos violentos. Entre estes, estão assassinatos fratricidas e estupros até periódicas demonstrações da ira divina, como o dilúvio e as pragas do Egito. A história de Adão e Eva em si pode ser encarada como uma história de violência. Pois Deus propondo normas de obediência e preceitos com base em sua autoridade, adotou como punição aos desobedientes a expulsão do paraíso e conhecimento do mal.

[3]A “ontologia hermenêutica” de Heidegger, com sua visão do pensamento como An-denken (rememoração), leva àquele ultrapassamento da metafísica. Este ultrapassamento, entretanto, não é Überwindung, superação completa, mas Verwindung, um distorcer, retorcer, um remeter-se e também, de certa forma, uma aceitação e aprofundamento. Ultrapassar a metafísica, enfraquecendo-a, é, também, ultrapassar e enfraquecer a verdade e a razão e, portanto, as heranças da modernidade.

[4] Os Irmãos Karamazov é romance de Fiódor Dostoiévski escrito em 1879 é uma mais importantes obras da literatura russa e mundial. É obra prestigiada pela crítica e se refere a uma narração muito pormenorizada feita por uma testemunha dos aludidos fatos numa afastada cidade russa. O narrador pede constantes desculpas ao leitor por não saber alguns fatos, por considerar a própria narrativa longa (aliás, a obra conta com mais de setecentas páginas) e por considerar seu herói alguém pouco conhecido ou mesmo desimportante. Provavelmente o nome Karamázov originou-se de kara, castigo ou punição, e do verbo mázat que significa sujar, pintar, não acertar. Significaria, portanto, aquele que com seu comportamento desacertado provoca a própria punição. A frase em questão nunca apareceu exatamente dessa maneira. É em verdade uma paráfrase de um trecho do livro onde narra a respeito de um artigo que o personagem Ivan Karamazoc acabara de publicar numa revista."... ele (Ivan Fiodorovitch Karamazov) declarou em tom solene que em toda a face da terra não existe absolutamente nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, que essa lei da natureza, que reza que o homem ame a humanidade, não existe em absoluto e que, se até hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu a lei natural mas tão-só ao fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. Ivan Fiodorovitch acrescentou, entre parenteses, que é nisso que consiste toda a lei natural, de sorte que, destruindo-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exaure de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido, até a antropofagia. Mas isso ainda é pouco, ele concluiu afirmando que, para cada indivíduo particular, por exemplo, como nós aqui, que não acredita em Deus nem na própria imortalidade, a lei moral da natureza deve ser imediatamente convertida no oposto total da lei religiosa anterior, e que o egoísmo, chegando até ao crime, não só deve ser permitido ao homem mas até mesmo reconhecido como a saída indispensável, a mais racional e quase a mais nobre para a situacão. - página 109, da editora".Mais adiante na obra, Ivan considera outra possibilidade: Se Deus não existir, e a religião fosse extinta de todas as formas, o que aconteceria?

[5] As artes foram igualmente impactadas pela chamada crise da representação. Quando se torna ao homem impossível emitir juízos de valor, a questão estética torna-se ainda mais subjetiva e reina, também entre os artistas, a lei do “tudo é permitido”.

[6] A constante de Planck é representada por h e significa uma das constantes fundamentais da Física, é utilizada para descrever o tamanho dos quanta. Possui relevante papel na teoria da Mecânica Quântica.

[7] O efeito borboleta é termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos. Tal efeito fora analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz.O efeito borboleta faz parte da teoria do caos, a qual encontra aplicações em qualquer área das ciências tanto nas exatas, como nas médicas, nas biológicas ou humanas e até na arte e religião. O efeito borboleta encontra aplicabilidade em qualquer sistema natural que seja dinâmico, complexo e adaptativo.

[9] “Ser e Tempo” foi o mais influente trabalho de Martin Hedegger, foi publicado em 1927 e seu principal fim é a elaboração concreta sobre a questão do sentido do ser. A obra descarta a dicotomia entre o homeme racional e o universo.

[10] Quanto mais fechado for o conceito, mais arbitrário será e mais reducionista e simplificador. Ao revés, se for muito amplo, entretanto, o conceito se esvazia de conteúdo, podendo ser manipulado de várias diferentes formas e, assim, se tornar menos prático e significativo. O termo niilismo deriva do nihil, que significa nada.

[11]O projeto do ser-no-mundo (in der-Welt-sein) é o contexto em que se inserem as coisas e, somente neste contexto, elas adquirem algum sentido. Nas palavras de Vattimo:"O Ser-aí existe na forma de projeto, no qual as coisas só são na medida em que pertencem a esse projeto, na medida em que têm um sentido nesse contexto. Essa familiaridade preliminar com o mundo, que se identifica com a própria existência do Ser-aí, é o que Heidegger chama de compreensão ou pré-compreensão. Qualquer ato de conhecimento nada mais é que uma articulação, uma interpretação dessa familiaridade preliminar com o mundo.”

[12] A palavra ereignis é a palavra-chave do pensamento de Heidegger e significa "vir a passar". Ereignis no sentido usual, significa que o evento acontece. Heidegger também se refere a um ereignis, não ser, isto é, como o caso de um presente puro. O ereignis permanece escondido atrás da inerente flambagem para "estar lá" como "estar no mundo".

[13] Não haveria como fugir das interpretações. Um mesmo texto permite inúmeras interpretações: não existe a interpretação justa. Não existe interpretação verdadeira, mas existem interpretações abusivas, arbitrárias, baixas e rasteiras. De qualquer forma, as interpretações platônica, cristã e cientificista sempre tiveram muitos adeptos.

[14] Torção e superação (traduções literais).

[15] Discurso de ódio, ou em inglês, hate speech é forma genérica de qualquer comunicação que inferiorize uma pessoa com base em características como raça, gênero, etnia, nacionalidade, religião, orientação sexual ou outro aspecto passível de discriminação. Tal discurso pode incitar a violência ou a ação discriminatória contra um grupo de pessoas ou porque este ofende ou intimida um grupo de cidadãos. A lei pode tipificar as características que são passíveis de levar a discriminação. Há consenso internacional de que tais discursos de ódeio devem ser proibidos por lei, e que tais proibições não violam a liberdade de expressão. No Brasil, o debate sobre o tema se intensificou com a PL 122 que pretende criminalizar qualquer forma de discriminação por orientação sexual. E, os grupos fundamentalistas se opõem a inclusão da discriminação por orientação sexual como crime, na lei contra preconceito, alegando que há tensão com o princípio de liberdade de expressão. Todavia, a lei contra o preconcieto já proíbe os discursos de ódio referentes a raça, religião e origem. O ministro do STF, o Ministro Marco Aurélio Mello foi unânime em afirmar que o referido PL não fere o princípio da liberdade de expressão sendo plenamente constitucional. Também o Ministro Ayres Brito manifestou-se favorável a dita criminalização da homofobia.

[16] A curiosa compreensão teológica a respeito da salvação oferecida por Deus à humanidade, e nos reportando ao tempo da escravidão, onde o catolicismo entendia que melhor seria aos negros serem batizados e escravizados do que ficarem pagãos e irem direto para o inferno. Frise-se que a salvação é apenas para àqueles que aceitam Jesus ao seu modo e à sua compreensão. Do contrário, só resta o inferno.

[17] Muito recentemente, com a visita do Papa Francisco ao Brasil em inédita entrevista já dentro da aeronave que o levaria de volta ao Vaticano, o Sumo Pontífice manifestou-se não ser contrário ao homossexualismo e pregou a mais ampla tolerância. É um posicionamento inovador e que nos leva a crer que no futuro poderemos abolir o celibato clerical.

[18] Nietzsche atacou a moral cristã que é de certa forma um prolongamento da raiz platônica. Mas, não é o filósofo alemão o pregador da desrazão, da imaginação e da fantasia delirante. Pretende demonstrar que a metafísica e a moral cristãs visam modelar o homem fraco, no sentido, em que, deve alhear-se da realidade, a mais concreta, a dimensão da sensibilidade. Descreveu que o homem ideal para a moral cristã é hemiplégico (paralisado de um lado ou pela metade). Tomar os valores idealistas e racionalistas por verdades absolutas é sinal de decadência, mais, de uma vontade anárquica e rancorosa. Uma verdade que não ama a vida e denigre aqueles que amam tal como esta é.

Para Nietzsche ser fraco é ter necessidade de certezas (ciência, verdade) ao passo que a existência, os sentimentos, os sentidos têm algo de imprevisível e enigmático e mesmo ambíguo. Ser fraco é sacrificar os sentidos e sentimentos em prol da razão pretensamente objetiva e que cinde a realidade, criando um dualismo artificial.

[19] O discurso religioso funciona como regulador de condutas sociais, disciplinando seus adeptos e criando um ideário que mantém certa ordem social, considerada como normativa. Enfim, a religião perpassa as subjetividades e vem moldar comportamentos humanos e frequentemente representa interdição na vida de mulheres e homens. E o discurso religioso reflete uma das formas mais poderosas e sub-reptícias através das quais o sistema cultural se alimenta e se mantém. A religião é âmbito nitidamente marcado pelas relações de gênero e pelas relações de poder.

[20] As práticas de dominação ideológica, geradoras de violência e exclusão incorporaram os discursos religiosos principalmente caracterizada por determinadas enfáticas afirmações como "só Jesus salva" "está amarrado a coisa do demônio". O que evidencia a clara intolerância religiosa e a suplantação da dignidade religiosa diferente. Mas salutar é acreditar que Deus é magnânimo e benigno estando ao alcance de todos os povos, todas as culturas, etnias e, em todos os lugares e em todos os tempos.

[21] A secularização pode ser entendida literalmente como processo pela qual a religião deixa de ser aspecto cultural agregador, transferindo-se para uma das outras atividades desta mesma sociedade este fator coercitivo e identificador. Esta faz com que tal objeto de análise já não esteja mais determinado diretamente pela religião.

[22] Tendo como pano de fundo a violência, a religião segundo Feuerbach que é dos principais teóricos que ajuda na compreensão de que Deus é projeção humana. E que se revelou as vezes como ideais de expansão territorial e justificação da violência contra as nações ímpias ou indígenas. No fundo a violência origina-se da própria religião posto que proponha a defesa da vida como critério de discípulo.

[23] O mártir no cristianismo é quem sofre passivamente a violência: soldados, por exemplo, nunca foram considerados mártires. A interligação entre religião, cultura e violência é crucial na teoria mimética de Girard. Este afirma que a sociedade humana, e, portanto, a cultura é impossível sem atos de violência fundante. Os grandes mitos mostram isto: Rômulo matou seu irmão Remo e foi o fundador da grande cidade de Roma, enquanto que na Bíblia, Caim, após assassinar seu irmão Abel, fundou a primeira cidade. Como observou Aristóteles, somos o homo mimeticus, nossa capacidade de imitação é fundamental para nossa humanidade.Quando nos deparamos com pessoas a quem admiramos, ou que nos são apresentadas como exemplos a serem seguidos, procuramos imitá-las, de modo a adquirir os objetos ou as qualidades que as tornam desejáveis.

[24] O ritual religioso do antigo povo de Israel era para purificar a nação, os pecados cometidos. E, então leva-se dois bodes que eram levados ao sacrifício anualmente. Um bode era sacrificado pelo sacerdote junto com touro, como oferenda a Deus; já o outro, o chamado bode expiratório este era sacrificado para descarregar todas as culpas do povo judeu. Era entre ao Diabo e abandonado no deserto, mas regiamente acompanhado de insultos e pedradas. O bode expiatório suportava todos os pecados do mundo, todos os descios e malfeitos do povo. Até hoje tal cerimônia é vista como purificadora e necessária para nos aliviar de todas as culpas que temos ao longo da vida repleta de pecados.

[25] O Papa Bento XVI reconheceu recentemente com grande vergonha o uso da força pelo cristianismo em sua história, mas disse que a violência em nome de Deus não tinha mais lugar no mundo contemporâneo. O falecido Papa João Paulo II também se desculpou em 2000 pelas falhas históricas do cristianismo.

[26] Kenósis é conceito da teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus. É encontrado no Novo Testamento com o esvaziamento de Jesus. E, para alguns, o exemplo de esvaziamento de Cristo é de "tirar de nosso coração tudo aquilo que nos prende ao mundo" (kenosis).

[27] A ligação entre religião e a violência fica explícita na formulação de Girard que se encontra em sua obra, in litteris: " a violência é o coração e a alma secreta do sagrado".O busilis da questão naturalmente é a revelação judaico-cristã, e sobretudo a paixão de Cristo que nos permitiu perceber o mecanismo do uso de bodes expiatórios.

[28] René Girard é filósofo, historiador e filólogo francês. É atualmente professor de literatura comparada na Universidade de Palo Alto, na Califórnia, EUA. É conhecido por suas teorias que consideram o mimetismo a origem da violência humana que desestrutura e reestrutura as sociedades, fundando o sentimento religioso arcaico. Ele mesmo se auto-define como antropólogo da violência e do simbolismo religioso. Teorizou o mecanismo da vítima expiatória, segundo ele um meecanismo fundador de qualquer comunidade humana e de qualquer ordem cultural: quando o objeto de desejo é apropriável, a convergência dos desejos conflitantes em sua direção engendra a rivalidade mimética que é a fonte da violência. No grupo primitivo, tal violência se focaliza numa vítima arbitrária cuja eliminação reconcilia o grupo. Esta vítima, para Girard é sagrada e constitui a gênese do sentimento religioso primitivo, do sacrifício ritual como repetiação do evento originário, do mito e dos interditos. Sua obra desafia frontalmente a de Freud no campo do desejo, bem como a de Lévi-Strauss no que se refere à interpretação dos mitos e a de Marx quanto ao determinismo econômico.

[29] A forte e inerente ligação entre religião e violência existe posto que a religião é fundamental para formação e estabilização da identidade do grupo humano. Tal identidade pode ser produzida canalizando-se as hostilidades do grupo, que podem ser redirecionadas internamente sobre um bode expiatório individual ou comunitário ou externamente sobre um grupo rival. Esse argumento parece estar consoante com a concepção secularista geral de que a religião é inerentemente violenta e deveria ser rejeitada.

[30] A fatídica afirmação "Deus está morto" ou em alemão Gott ist tot é uma famosa frase de Nietzsche e apareceu pela primeira vez na obra "A gaia ciência" na seção 108 (Novas lutas), na seção 125 (O louco) e por fim, uma terceira vez na seção 343 (Sentido da nossa alegria). Mas a principal responsável pela popularidade da frase apareceu na principal obra do filósofo alemão "Assim falava Zaratustra".

In litteris: "Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!".

[31] A religião é igual à violência, pois é forma primordial pela qual a agressão é canalizada, de modo que se utiliza a violência limitada(bode expiatório) para impedir a que a violência seja amplamente disseminada e totalmente destrutiva. As atrocidades de 11 de setembro conforme escreveu Girard revela crise de rivalidade mimética em escala global. Tais ataques é uma expressão de ressentimento de grupos alheados e ao mesmo tempo fascinados com o Ocidente rico e ímpio. É um apelo no estilo de cruzada com valores como liberdade e democracia.


Autor

  • Gisele Leite

    Professora universitária por mais de duas décadas. Mestre em Direito, mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Articulista das revistas e sites jurídicos renomados. Consultora do IPAE.<br>

    Gisele Leite. Professora universitária há três décadas. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Pesquisadora - Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Presidente da Seccional Rio de Janeiro, ABRADE – Associação Brasileira de Direito Educacional. Vinte e nove obras jurídicas publicadas. Articulistas dos sites JURID, Lex Magister. Portal Investidura, Letras Jurídicas. Membro do ABDPC – Associação Brasileira do Direito Processual Civil. Pedagoga. Conselheira das Revistas de Direito Civil e Processual Civil, Trabalhista e Previdenciária, da Paixão Editores – POA -RS.

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

LEITE, Gisele. A metafísica da violência e a religião. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 18, n. 3775, 1 nov. 2013. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/25646. Acesso em: 28 mar. 2024.