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A idelologia do gênero sob a ótica judaica-cristã

A idelologia do gênero sob a ótica judaica-cristã

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Trata-se de uma reflexão acerca da ideologia do gênero sob a ótica cristã. Efetua-se um contraposto entre a questão sociológica e as bases da família tradicional fundada no cristianismo e o direito.

O ser humano se faz um arcabouço de criações, por vezes maravilhosas, por outras desastrosas. Sua mente inclina-se para criar, formular. Se for olhar para a historia, veremos uma biblioteca de criações humanas, uma infinidade de filósofos debatendo questões por vezes já solucionadas pela própria natureza. Mas não, o ser humano tende a confeccionar suas ideologias e doutrinas, por vezes vãs.

Neste artigo buscaremos elucidar um conflito de posições no tocante a doutrina judaico-cristã em contraposição á nova busca da autenticidade da chamada ideologia do gênero.

Começaremos com a o conceito judaico-cristão de homem, mulher e família. Se formos analisar a bíblia sagrada, encontraremos logo no inicio em gêneses 2, e versículos a ideia do criador no tocante ao ser que o mesmo criou, ou seja o homem, vejamos:

Gênesis 2

7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.18 E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.

O criador da origem ao homem, e deste criará uma ajudadora – não ajudador –o que nos dá ideia de masculino e feminino, ou seja, de sexo, que são opostos e que se completam. No entanto prossegue o criador, vejamos:

GENESIS 2

22 E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. 23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. 24 Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e será ambos uma carne. (Grifo nosso).

A formação do homem e mulher define de plano o conceito de sexo masculino e feminino, questão ligada à natureza, a própria biologia parte deste dogma para desenvolver seus estudos, assim foi determinado.

Pelo pensamento judaico- cristão, o desenvolvimento natural de homem e mulher nos é trazido quando da orientação que homem e mulher serão uma só carne. Dentre vários prismas de interpretação que podemos trabalhar, iremos atentar apenas ao que toca a formulação de família. Neste ponto começamos a observar o conteúdo lógico, ou seja, homem, mulher, sexos e união.

No entanto, o próprio livro sagrado dos Cristãos, em todo seu conteúdo, por vários pontos nota-se a construção de um modelo de sociedade formulada á luz da natureza, ou da criação como queiram. Exemplo disto encontramos no livro de Jeremias capitulo 29, versículo 6, vejamos:

“Tomai mulheres e gerai filhos e filhas, e tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; e multiplicai-vos ali, e não vos diminuais.” 

E assim foi alavancada a construção de sociedade, através do dogma natural da criação de homem, mulher, sexo (masculino e feminino), união, família e procriação. Questão alheia a esta temática nos parece residual, periférico.

A historia da humanidade fora desenvolvida sob esta verdade, o mundo ocidental, nações inteiras, desenvolveram leis e códigos fulcrados no dogma natural da existência de sexo, masculino e feminino.

Ocorre que o ser humano precisa criar, guerras, poder, dinheiro, ideologias políticas. Necessita ser o ser em si como dizia Kant. Por horas desconstrói um sistema moral ao afirmar que a mesma não existe como fez Nietzsche.

Desenvolve o iluminismo com bases votadas para o frescor de uma nova ordem no direito, literatura, política e artes. Aprimora o contrato social através de Rousseau. Exige liberdade, igualdade e fraternidade.

Não há o que questionar, pois o homem é um ser em evolução (?), necessita observar e criar novas teorias para o ideário de sua liberdade e igualdade de todos, absolutamente todos.

Esquecendo-se dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, avança sem observar questões consagradas pela própria historia humana, e tenta formular algo novo, a partir de minorias.

Movimentos de oposição à discriminação de raças, ideologias, crenças, legalização a drogas, feminismo, contra homofobia, entre outros, crescem em todas as legislações do mundo contemporâneo. 

Adquirem direitos, liberdade de manifestações, muitas vezes desregrados, tornando-se verdadeiros ataques à ordem pré-estabelecida.

Desenvolve-se tanto que chega à formulação da ideologia de gênero. Trata-se de uma teoria de ordem sociológica, desenvolvida e aprimorada pelos movimentos feministas de maior expressão a partir da década de 1960, tais como a escritora radical feminista Shulamith Firestone, em sua obra “A Dialética do sexo”.

Ora, tais ideais feministas chegaram ao alcance da pílula anticoncepcional, legalização do aborto em muitos países, concepção artificial, entre outros, tudo em pró da busca de igualdade junto ao homem, através de normas sociológicas, esquecendo, tais feministas que a “diferença” – não desigualdade- é natural – biológica.

No entanto a ideologia do gênero prevê a desconstrução da ordem natural de existência de sexos, masculino e feminino, e parte para a adoção do termo sociologicamente cunhado – GENERO.

Se partirmos da ideologia de gênero, o termo SEXO será substituído por GENERO, sendo assim, escapando da noção biologicamente incontestável, e partindo para a subjetividade social, teríamos a construção de vários gêneros na espécie humana.

Salta os olhos o inofensivo termo dos defensores desta teoria, pois com o mesmo aceito no ordenamento jurídico, claramente começamos a desconstruir a noção legitima de família judaico-cristã, narrado há mais de 2000 anos no tocante a diferença entre sexos – masculino e feminino.

Teríamos por exemplo, gênero homossexual, transexual, bissexual, heterossexual, e onde mais as teorias “libertarias e igualitárias”, conseguirem chegar, tudo em pró de uma suposta igualdade entre as pessoas. Ao nosso modo não se trata de questões reacionárias de caráter fanático religioso, mas de uma aberração sociológica que nega a natureza dos seres, bem como afasta da analise cientifica a própria biologia.

Poderíamos chegar a gêneros relacionados a pedofilia e ao incesto? A feminista Shulamith Firestone narra em sua obra: “O tabu do incesto hoje é necessário somente para preservar a família; então, se nós nos desfizermos da família, iremos de fato desfazer-nos das repressões que moldam a sexualidade em formas específicas” (apud Ives Gandra da Silva Martins; Sua família ameaçada – blog www.militares.com.br).

Tal analise que parece um tanto exagerada aos olhos do senso comum, do brasileiro médio, o cidadão comum, trazemos a ciência os Projetos de Lei em tramite na camara dos deputados a respeito do assunto: 122/2006, 236/2012, 103/2012, 6010/2013.

O projeto de lei n. 103/2012, trata do Plano Nacional de Educação, para os próximos 10 anos, em seu texto esta clara a expressão que estamos trabalhando, vejamos:

Art. 2º São diretrizes do PNE:

III – superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual;

3.12) implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação racial, por orientação sexual ou identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão;

Como será a promoção da igualdade de gênero e orientação sexual? Quais serão as políticas de prevenção à evasão por orientação sexual ou identidade de gênero?

Para que estes novos gêneros sejam protegidos contra a discriminação da instituição familiar, kits gays, bissexuais, transexuais, cartilhas de conscientização (?!) poderão ser distribuídas para crianças, talvez a colocação em grade escolar de alguma matéria ligada ao tema, e outros poderão tornar-se obrigatórios nas escolas.

A evasão escolar não se justifica pela discriminação, mas sim pela miséria social em que o povo vive. Educação de qualidade não se resume a identidade de gênero.

O que se prevê em tais projetos são inversões de valores, onde minorias se sobrepõem as maiorias. Como ficarão os valores da grande massa tradicional?

  Não se trata de preconceito, mas sim de diferenças. O que devemos combater é o preconceito e não pregar a falácia que não existe diferença. Homem e mulher são diferentes biologicamente, assim como as minorias homossexuais que flutuam nestas opções sexuais. Não basta criarmos teorias sociais para eliminar estas diferenças, pois naturalmente e biologicamente elas existem, e sempre existirão.

Parece-nos uma pseudo-solução de extremo perigo e que analisa o caso com superficialidade a luz apenas da sociologia e dos movimentos de minorias publicas, esquecendo-se da própria historia humana, da biologia, medicina, entre outros tantos ramos da ciência.


Autor

  • Julio Goncales

    Advogado formado em 1998 pela-UEM; Pós-Graduado em Direito Tributário 2002; Pós-Graduando em Filosofia pela Universidade Gama Filho ; Técnico De Segurança do Trabalho; Advogado e Gerente de Gestão Integrada Jaloto Transportes Ltda.; Colunista do Portal Educação desde 2012, Membro do IBCCRIM-

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