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COVID-19: calamidade pública

Coronavírus

COVID-19: calamidade pública. Coronavírus

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Identificar as questões mais importantes relacionadas a pandemia propaganda pelo COVID-19.

Os coronavírus são uma família de vírus que podem causar infeções nas pessoas. Normalmente estas infeções afetam o sistema respiratório, podendo ser semelhantes à gripe ou evoluir para uma doença mais grave, como pneumonia. Ainda está em investigação a via de transmissão. A transmissão pessoa a pessoa foi confirmada e já existe infecção em muitos países e em pessoas que não tinham visitado o mercado de Wuhan.

Segundo as informações publicadas pelas autoridades internacionais, a fonte da infecção é desconhecida e ainda pode estar ativa. A maioria dos casos está associada a um mercado em Wuhan (Wuhan’s Huanan Seafood Wholesale Market), específico para alimentos e animais vivos (peixe, mariscos e aves). O mercado foi encerrado a 1 de janeiro de 2020. Como os primeiros casos de infecção estão relacionados com pessoas que frequentaram este mercado, suspeita-se que o vírus seja de origem animal, mas não há certezas. Isto porque já foram confirmadas infeções em pessoas que não tinham visitado este mercado. A investigação prossegue.

Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

No início da doença, não existe diferença quanto aos sinais e sintomas de uma infecção pelo coronavírus em comparação com os demais vírus.

A doença pode ficar incubada até duas semanas após o contato com o vírus. O período médio de incubação é de 5 dias, com intervalo que pode chegar até a 12 dias.

O COVID-19 é uma doença respiratória aguda ocasionada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-coV-2). Em 1998, surgiu à Síndrome respiratória aguda grave (SARS), desde então ficou visível um grande número de coronavírus associados à SARS (SARSr-CoVs), derivados dos morcegos. O SARS-coV-2 foi identificado pela primeira vez em 01 de dezembro de 2019, quando um grupo de pessoas deu entrada no pronto socorro na cidade de Wuhan, China, com o quadro de pneumonia desconhecida. Foi então que descobriu um betacoronavírus nas amostras dos pacientes com pneumonia, utilizando a técnica de sequenciamento de imparcial. Através das células epiteliais das vias respiratórias humanas, foi possível isolar um novo coronavírus, chamado de 2019-nCoV (ZHON et al., 2020).

Os relatos da doença que se originou em Wuhan, província de Hubei, no centro da China, está ligado diretamente a um Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que também comercializava animais vivos e pelo alto abrupto número de infectados, levando a crer que o vírus tenha ligação zoonótica, vale ressaltar que o 2019-nCoV é o sétimo membro de sua família que causam virulência nos seres humanos (ZHU, NA et al., 2020; ZHON et al., 2020).

Entende-se por Pandemia, todas as formas de doenças infectocontagiosas que se alastram por todas as regiões do planeta, essa forma de contágio ocorre mundialmente e não apenas em um determinado território. Diferentemente do nosso passado, as pandemias podem ocorrer com mais facilidade, devido hoje o acesso a viagens internacionais e até mesmo a facilidade das pessoas de se locomover de um lugar para outro, isso pode ocasionar a disseminação de doenças (MENDES, 2018).

Algumas das doenças, são assintomáticas em seus hospedeiros, isso faz com que o contato social daquelas pessoas com as demais, provoque o contagio, algumas doenças contagiosas apresentam um temo de encubação maior, fazendo com que os hospedeiros propague a doença sem até mesmo saber que é portador da infecção (SENHORAS, 2020).

Microrganismos patógenos emergentes e reincidentes são encarados como um grande problema de saúde pública, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir da data de 11 de março de 2020 o mundo vive uma pandemia por coronavírus, que em sua etiologia são vírus de RNA envelopados que acometem seres humanos, alguns mamíferos e aves, causando doenças respiratórias, entéricas, hepáticas e neurológicas. A família do coronavírus possui quatro que causam virulência leve, como um simples resfriado, são eles: 229E, OC43, NL63 e HKUI. As duas outras cepas da família coronavírus são de origem zoonótica, na maioria das vezes são fatais ao ser humano, são elas: A síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) e a síndrome do Oriente Médio (MERS-CoV), o 2019-nCoV é o sétima cepa da família dos coronavírus que causam virulência no ser humano (ZHU, NA et al., 2020; SENHORAS, 2020).

Método

A metodologia da presente pesquisa caracteriza-se como revisão de literatura, a qual foi lastreada em artigos constantes na base eletrônica SciELO, Google acadêmico, Pubmed, MEDLINE (National Library of Medicine, USA - NLM), assim como repositórios de universidades públicas e privadas, empregando-se as palavras chave: coronavírus, COVID-19, pandemia e sintomas. A pesquisa considerou artigos publicados entre os anos de 2018 e 2020, de forma que se realizou, inicialmente, a seleção, por vias das palavras chave. Em seguida, promoveu-se o fichamento do material selecionado e elegeram-se os artigos que faziam alusão ao tema. Os critérios de inclusão foram: artigos correlatos ao tema, publicados entre 2018 e 2020. Os critérios de exclusão foram: artigos concernentes ao tema, entretanto, fora da área farmacêutica.

Sintomas e prevenção

Os casos de infecções muitas das vezes não apresentam sintomas, quando os pacientes são sintomáticos para o caso de infecção por COVID-19, os sintomas mais comuns são: febre, tosse e dificuldade em respirar. Um dos sintomas menos frequentes são de garganta inflamada, coriza e diarreias. Na forma grave de COVID-19 o paciente apresenta quadro de pneumonia grave (DE CAMPOS TUÑAS et al., 2020). Podemos destacar uma piora nos sintomas em pacientes de faixa etária entre 49 a 56 anos, portadores de doenças como diabetes, hipertensão, doenças pulmonares crônicas, pacientes com câncer e imunocomprometidos (DE CARVELHO, 2020). O período de incubação do vírus pode ser de até 5 dias, relatos na literatura apontam também que esse período pode ir de 2 a 14 dias.

O método de prevenção é simples e pode ser seguido o mesmo protocolo até mesmo de outras infecções virais já existentes, o método de prevenção a infecção consiste na assepsia das mãos, seja elas com água e sabão por durante pelo menos 20 segundos ou aplicar diretamente nas mãos álcool em gel a 70%, tapar o nariz e a boca ao espirrar e tossir com lenço de papel desprezando-o logo em seguida, no caso da pandemia atual que o planeta vivencia, datada pelo OMS em 11 de março de 2020, é necessário adotar o habito de ficar em casa, evitar o contato social e viagens desnecessárias durante o período, o uso de mascaras cirúrgicas somente deve ser abraçado em caso de suspeita de coronavírus (DE CAMPOS TUÑAS et al., 2020; DE CARVELHO, 2020).

O Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº 356, de 11 de março de 2020 que dispõe sobre a regulamentação e operacionalização do disposto na Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que estabelece as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (COVID-19).

Segundo a norma, o isolamento de pessoas durante investigação clínica poderá ser determinado por médico ou agente de vigilância epidemiológica por um período de 14 dias, prorrogáveis por mais 14 em caso de risco de transmissão do vírus. O isolamento deverá ser cumprido, de preferência, na residência da pessoa.

A medida de quarenta deverá ser inicialmente de 40 dias, podendo ser prorrogada pelo tempo necessário para reduzir a transmissão. A medida deve ser determinada em ato formal e devidamente motivado por secretário de saúde ou superior. A prorrogação da quarentena dependerá de prévia avaliação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública.

Um estudo realizado pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCDC) mostrou que apesar de ser altamente contagioso, a taxa de mortalidade geral de Covid-19 é de 2,3%. A maioria dos casos fatais foi de pessoas com mais de 60 anos e/ou com doenças pré-existentes, como hipertensão, diabetes e doença cardiovascular.

Ainda segundo o estudo chinês, a taxa de mortalidade varia muito de acordo com a faixa etária. Entre pessoas com menos de 40 anos, por exemplo, a taxa é de 0,2%, mas ela aumenta para 14,8% entre aqueles com mais de 80 anos. Não houve nenhuma morte em crianças com menos de 10 anos.

As pessoas devem manter a calma quanto a essa pandemia que já se estabeleceu no Brasil. A maioria dos casos evolui com sintomas brandos e até mesmo de forma assintomática. A letalidade é baixa e atenção especial deve ser dada aos indivíduos com mais de 70 anos e/ou com comorbidades associadas.

Epidemiologia

Não há relatos de como o novo coronavírus se comporta mediante a suas formas de transmissões, nem quanto tempo leva para o corpo expulsar o vírus, estimando-se que esse contágio se da através de partículas respiratórias, exaladas por pessoas contaminadas e inaladas por pessoas saudáveis. Até a data de 12 de fevereiro de 2020, foram registrados 45.213 casos confirmados de COVID-19 e 1.118 óbitos em todo o mundo. A margem de erro pode favorecer o aumento dos números relatados quando levamos em consideração os casos sintomáticos que não são registrados em unidades de pronto atendimento (DE CAMPOS TUÑAS et al., 2020; DE CARVELHO, 2020).

De acordo com a OMS, os casos de infecção por COVID-19 só aumentam, desde o dia 11 de março de 2020, a epidemia na China foi caracterizada como pandemia mundial. Até a data de 22 de março de 2020, foram registradas 332.930 mil casos de COVID-19 e 14.510 mortes em todo o mundo. Dos casos registrados no Brasil, 30 são no estado de São Paulo e 04 são no estado do Rio de Janeiro, até a data de 22 de março de 2020.

Em 11 de fevereiro de 2020 foi realizado um estudo de natureza descritiva e exploratória, sobre os casos de coronavírus diagnosticados na data em questão pela NOVEL. 2020, enfatizando os seguintes resultados: Nesse estudo realizado pode-se verificar o contagio rápido pelo COVID-19, onde quase metade da população registrou atendimento no pronto socorro de Hubei, somente 22% da população em questão teve confirmação positiva para o vírus, desses casos confirmados a faixa etária era de 30 a 79 anos. O estudo realizado por Novel, 2020 registra 1.023 mortes somente na data da realização do estudo, dentre os 1.716 dos profissionais de saúde que estavam frente ao combate da epidemia foram infectados e 05 morreram, a pesquisa também alerta para o alto contagio do COVID-19.

Segundo Wu e McGoogan, 2020 em seu estudo, localizado na China Continental, informa que os casos registrados até a data de 11 de fevereiro de 2020, chegam a ser 72.314, sendo 62% desse total confirmado para COVID-19, a técnica de diagnostico consiste em localizar acido nucleico viral, nas amostras coletadas dos pacientes através de swabs de garganta. Ainda nesse estudo 22% dos pacientes que apresentaram sintomatologia semelhante ou estiveram expostos de alguma forma ao contagio, foram tratados como casos suspeitos. Os 15% da população registrada é confirmada para COVID-19, com base no diagnostico clínico, tendo em vista que esses pacientes residiam na província de Hubei, China e o 1% dos pacientes que apresentaram casos de suspeitas de coronavírus, foi confirmado, porém esses pacientes eram assintomáticos.

Em Wuhan e Hubei, na China, tem isolados pacientes com COVID-19 em enfermarias e criou-se também dois novos hospitais para atender a população infectada, numa medida de disseminar o surto epidêmico, as demais que entraram em contato com pessoas com coronavírus, foram colocadas em quarentena em suas residências ou colocadas em alojamentos designados a quarentena, monitorando os sintomas desses pacientes (Wu e McGoogan, 2020).

Diagnóstico

De acordo com a OMS, podem-se utilizar alguns protocolos para diagnosticar o COVID-19, dentre eles a confirmação do coronavírus pode ser através do exame de reação em cadeia de polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) em tempo real e sequenciamento de genoma. O critério para a coleta de amostras deve seguir o protocolo para a influenza, na exceção do COVID-19, e necessário coletar duas amostras do trato respiratório (DE CARVELHO, 2020; FREITAS et al., 2020)

Levando-se em consideração a recém descoberta da doença assim como a do seu agente transmissor, o coronavírus 2019-nCoV, pode-se dizer que ainda é muito cedo para se fazer qualquer afirmativa mais contundente do que as até aqui postuladas. Ainda há muito a ser estudado e pesquisado, tanto a nível de conhecimento do agente patológico, suas possíveis variações de comportamento as quais podem estar relacionadas a condições climáticas, grupo de indivíduos contraentes da doença etc.; como também sobre a própria patologia, o seu tratamento, profilaxia, meio de propagação e imunização.

Trata-se de um universo de possibilidades as quais precisam serem selecionadas e descartadas uma a uma até que se chegue a uma posição definitiva. No entanto, é possível já se perceber alguns contornos sobre a temática do COVID-19, a sua taxa de propagação muito rápida; a sua alta capacidade de reprodução e adaptação a praticamente todos os continentes do planeta, assim como também alguns procedimentos básicos tanto para o seu tratamento, com algumas ações medicamentosas, pois algumas substâncias já foram apontadas como obtendo bons efeitos para o combate a doença, embora ainda exista algumas dúvidas sobre a questão do isolamento, ainda que a OMS a defenda como medida benéfica. Novos estudos e descobertas nos darão um novo panorama mais abrangente sobre a temática ora discutida, a qual se propõe, nesse artigo, a traçar os seus esboços iniciais.

Referências bibliográficas  

DE CAMPOS TUÑAS, Inger Teixeira, et al. Doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-19): Uma abordagem preventiva para Odontologia. Revista Brasileira de Odontologia, v. 77, 2020.

DE CARVALHO, Aroldo Prohmann. Novo coronavírus (COVID-19), Departamento científico de infectologia, 2020.

FREITAS, Carlos Machado de, et al. Plano de contingência da Fiocruz diante da pandemia da doença pelo SARS-CoV-2 (COVID-19). 2020.

HOLSHUE, Michelle L. et al. Primeiro caso do novo coronavírus de 2019 nos Estados Unidos. Revista de Medicina da Nova Inglaterra , 2020.

MENDES, C. Pandemias e comércio internacional. Pontes, v. 5, n. 3, p. 8, 2018.

NOVEL, Epidemiologia de Resposta de Emergência de Coronavírus Pneumonia et al. As características epidemiológicas de um surto de 2019 novas doenças por coronavírus (COVID-19) na China. Zhonghua liu xing bing xue za zhi = Zhonghua liuxingbingxue zazhi , v. 41, n. 2, p. 145, 2020.

SENHORAS, E. M. Coronavírus e o papel das pandemias na história humana. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 1, n. 1, p. 31-34, 2020.

Wu, Z. e McGoogan, J. M. Características e lições importantes do surto de doença por coronavírus 2019 (COVID-19) na China: resumo de um relatório de 72 314 casos do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças. Jama, 2020.

Zhou, P., Yang, XL, Wang, XG, Hu, B., Zhang, L., Zhang, W., ... e Chen, HD. Um surto de pneumonia associado a um novo coronavírus de provável origem em morcegoNature , p. 1-4, 2020.

ZHU, N., ZHANG, D., WANG, W., LI, X., YANG, B., SONG, J., ... E NIU, P. (2020). Um novo coronavírus de pacientes com pneumonia na China, 2019New England Journal of Medicine, 2020.

ZHU, N., ZHANG, D., WANG, W., LI, X., YANG, B., SONG, J., ... E NIU, P. Um novo coronavírus de pacientes com pneumonia na China, 2019New England Journal of Medicine, 2020.

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Autores

  • Benigno Núñez Novo

    Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheira no TCE/PI.

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  • Adriano Menino de Macedo Júnior

    Graduando em farmácia pela Faculdade Natalense de Ensino e Cultura (FANEC) com experiência em saúde pública e microbiologia.

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