Do Direito e da vaidade.

Uma pequena fábula acerca das realidades vividas em nossa sociedade

13/01/2015 às 13:05
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A fábula conta a história de um jovem andarilho, discípulo de um grande mestre e filósofo que propõe uma nova organização social a uma sociedade corrompida pela Ganância e Luxuária, repleta de vaidades...

Contam os antigos que há muito tempo atrás existia uma cidade na qual os homens viviam sob a glória e eram inflamados pelas riquezas que possuíam e havia senhoras que perfaziam-se em suas joias os mais altos brilhos e mascaravam com o toque de suas refinadas maquiagens a obscuridão na qual viviam.

O povo era frequentemente iludido e às leis eram justas a quem devidamente deveria ser. O Estado regulava as relações sociais entre todos e tais pilares como Saúde, Educação e Segurança eram frequentemente usurpados pelos nobres corruptos que detinham o poder, m’as que a margem da sociedade representavam a alta classe que seria incapaz de fazer tal maleficio. O povo frequentemente desconfiava, mas era satisfeito com as migalhas da qual sobravam nos banquetes dos nobres e por estarem assim satisfeitos nada faziam...

Nesta mesma sociedade haviam homens ditos como honrados e mulheres puritanas.

Todos eles vivendo a mercê da verdadeira realidade que frequentemente eram escandalizadas por algum repórter curioso que insistia em auferir lucro e participar da nobreza com as desgraças alheias inerentes aos poderosos ou pelos andarilhos que viviam para lá e para cá, vestidos em trapos simplórios e carregando pedaços de papeis...

Conta-se que um dos andarilhos, discípulo de um grande mestre e filósofo certa vez expôs uma ideia de Direito, para melhor organizar a sociedade de forma mais justa e por todos fora hostilizado e tido como louco.

As crianças eram orientadas pelos adultos a ter medo dele.

Dizem que este mesmo andarilho, certa vez ao vislumbrar uma pequena caixa de frutas, dessas que os comerciantes de feira abandonam, subiu nela e começou a discursar em praça pública novamente sua ideia e alertando que todos aqueles que vivessem em mentira, tornar-se-iam apenas cinzas.

Ao dizer tais palavras, as crianças lhe arremessaram pedras, incentivadas pelos adultos que em maioria eram nobres e deslocavam-se em suas caras vestimentas até a Igreja.

A policia fora chamada e encontrou o andarilho já em um estado lastimável, devido às pedras que lhe foram arremessadas e as agressões físicas sofridas contra este por alguns jovens adolescentes, filhos dos burgueses que se encontravam no local.

Devido as precárias condições do andarilho, decidiu o delegado e os soldados que o acompanhavam de não prender aquele que ali se encontrava, por ter o homem já recebido o castigo necessário.

Coincidentemente passava o magistrado da cidade pelo local. Devido as suas vestes talares e notável influência, tal magistrado era conhecido por todos e ao ver o delegado e seus soldados em tal situação, aproximou-se e perguntou:

"- O que se passa aqui senhor delegado?"

"- Este andarilho subiu nesta pequena caixa de madeira e começou a proferir falácias, discriminando aos nobres e a alta corte de nossa cidade, proferindo palavras eloquentes, vindo à dizer que éramos todos corruptos e que ele haveria de ter uma solução para a cidade."

Ao observar o andarilho e sua pacata situação, conta-se que o magistrado apenas disse-lhe:

"- Sorte sua andarilho que tenho mais afazeres em minha residência, onde me esperam os maiores nobres desta cidade, pois senão lhe condenar-lhe-ia a morte agora mesmo em praça publica, para que servisse de exemplos aos demais pelas simples preterições de indulgência e falácias que são proferidas por ti a minha pessoa."

Então o delegado perguntou ao magistrado:

"- Devemos prende-lo? Leva-lo a um Hospital?"

E o magistrado respondeu de modo sorrateiro:

"- Não gastem tamanha energia e motivação com este pobre moribundo, devem-lhe abandonar a mercê da sorte, pois nem a pólvora a ser gasta compensarás a vida deste ser execrável."

O andarilho ao ouvir tais palavras sorriu e disse-lhe:

"- Não sois vós apto a me condenar, pois não participaste diretamente de tua sociedade. Não assinar-lhe-ei contrato social de anuência com Vossa Excelência que palpado em suas vestes ordena e desordena as maiores injustiças, como um servo da medusa empalecido e empedrado em seu gabinete que mais lhe parece um rico palácio, onde assim como Anúbis pesa o coração dos homens sem nem ouvi lhe a verdade e assim como Atena colocas a venda na Justiça."

Ao ouvir tais palavras o nobre magistrado enfureceu-se e ordenou ao delegado que seus homens lhe surrassem para que tal oriundo vagabundo aprendesse o poder das leis e dos homens. Após emanar tal mandado foi embora onde encontrava-se atrasado para tal importante reunião com os demais nobres.

Fora cumprida tal ordem e após deixar o andarilho inconsciente de tanta apanhar, o delegado e os soldados foram embora com a sensação de dever cumprido, pois nada mais fizeram que a verdadeira Justiça ao acatar imparcialmente a ordem proferida pela mais alta autoridade do Judiciário.

Algum tempo se passou e o pobre andarilho sobreviveu e suas feridas cicatrizaram.

Após um tempo, ao ter uma grande festa na cidade, ouviu-se um sibilar de um estilhaço e um antigo vulcão que há muitos anos perecia em solene calmaria entrou em erupção cuspindo larva a quilômetros de altura, e inflamando todos aqueles que estavam na festa.

Houve um grande tumulto e correria, fazendo com que todos na cidade abandonassem a festa e fossem o mais rápido possível a seus suntuosos lares buscar os objetos que mais lhes tinham valor.

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Durante este tempo, o prefeito da cidade ordenou que fossem feita a retirada de todas as pessoas pelos soldados que guarneciam a cidade.

Formou-se um enorme engarrafamento e as pessoas recusavam-se a deixar seus carros, lares, empresas, joias, vestimentas, sapatos caros para assim ter mais facilidade ao se deslocar para longe do vulcão. Ao meio de tanta confusão, algumas pessoas se feriram e morreram pisoteadas ali mesmo pelas pessoas que vinham atrás.

Um soldado ao aproximar-se do andarilho, observou que alguns trapos deste estavam pegando fogo e perguntou-lhe:

"-Louco, não vai correr para se salvar, não vê que estais pegando fogo?".

E o jovem andarilho, ardendo em chamas, sentado com seu livro na mão respondeu-lhe:

"- Para que meu jovem, se vejo outras milhares de pessoas queimando em suas vaidades todos os dias...".

Estima-se que morreram mais de cem mil pessoas queimadas nesta cidade. Muitas delas foram encontradas em seus lares, ou no meio do caminho com objetos de grande valia e joias. O andarilho nunca foi encontrado.

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Sobre o autor
Diego Araujo Granjeiro

Possui MBA em Produção e Logística pela Faculdade de Tecnologia Ciências e Educação - SP (2009) e Pós-graduação em Marketing pela Faculdade de Tecnologia Ciências e Educação - SP (2010). Formado em Administração de Empresas pela Faculdade de Tecnologia Ciências e Educação (FATECE) e Gestão Empresarial pela Faculdade Drummond de Andrade. Formado em Direito (Universidade Brasil). Pós graduado em Direito Trabalhista e Previdenciário (LEGALE). Atualmente é proprietário da empresa Gran Lunas, professor e advogado. Tem experiência em Administração com ênfase em Marketing, atuando nos seguintes temas: estratégia de negócios, licitações e contratos, sistemas de informação, Robótica e Matemática Computacional.

Informações sobre o texto

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