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A mulher empreendedora no universo corporativo

Propriedade Intelectual e Industrial

Março, mês marcado para homenagear as mulheres no seu dia - reconhecido pela ONU há apenas meio século, não é mais uma data para que somente nos entreguem flores, ou para que as empresas forneçam mimos para suas funcionárias.  Nessa data devem ser pontuadas as conquistas e questionamentos sobre a realidade feminina, que ainda tem muito o que melhorar.

A semente de tal dia foi plantada em 1908, em Nova Iorque, por 15 mil mulheres que marcharam pela cidade exigindo a redução da jornada de trabalho (que chegava até 16 horas de trabalho), melhores salários e direito ao voto.

No Brasil, nós mulheres comemoramos no ano de 2023, 91 anos do direito de sufrágio e quase o mesmo número em anos em que a jornada de trabalho não excede 10 ou 12 horas diárias – em tese ou pelo menos garantido por lei. Há apenas 8 anos tivemos reconhecido o tipo penal de feminicídio. E há quem ainda questione o fato de “não existir um dia dos homens”, que, sim, existe, mas não é reconhecido pela ONU – em um país onde a cada uma hora 100 mulheres (incluindo meninas), sofrem algum tipo de violência, conforme dados do Anuário de Segurança Pública.

Como disse, ainda temos muito o que pontuar, questionar e analisar para que melhoremos a realidade de mais de 50% da população que constitui o Brasil, mas que não recebe de fato o mesmo salário que um homem (mais de 20% a menos), conforme dados do IBGE de 2022. Infelizmente, a misoginia ainda é uma realidade e um problema – que é longe de ser natural, mas imposto por uma tradição cultural – que deve ser enfrentado por toda a sociedade.

Assim, diante da desigualdade de gênero imposta a nós historicamente e devidamente reconhecida no mundo – prova de tal afirmação são os próprios temas escolhidos pela ONU para dar voz ao dia das mulheres como “igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”, do ano passado e “mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para igualdade de gênero”, desse ano -, temos que exaltar a capacidade de antifragilidade das mulheres, bem como a sua força criativa e habilidade inovadora.

Em que pese a nossa presença pífia em cargos de lideranças em empresas e fundações de startups (4,7%, segundo a Female Founders Report de 2021, promovido, também pela Endeavor), dessa forma e por isso, também, representamos 57% da população que empreende (conforme GEM - Global Entrepreneurship Monitor), colocando o Brasil como sétimo país que mais possui empreendedoras no mundo.

Diante desses dados, temos muito o que comemorar, pois, conforme o Instituto Rede Mulher Empreendedora e Sebrae, a atuação das mulheres diante de um cenário que mudou muito para nós, mas que está longe de ser perfeito, tem se demonstrado um grande fator de transformação positiva, não apenas na vida profissional e pessoal de outras mulheres, mas na vida econômica e social de toda uma população.

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Além disso, segundo dados apresentados pela empresa McKinsey, empresas lideradas por mulheres têm 21% a mais de chance de ter um desempenho acima da média. Talvez isso seja reflexo de outro dado apontado pelo Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas, que demonstrou que mulheres são mais ágeis em implementar inovações nos negócios, inovando mais que os homens em momentos de crise. Bem como se mostram mais flexíveis, possuem uma liderança caracterizada pela horizontalidade (algo extremamente valorizado em empresas visionárias), bem como a capacidade de agir em diversas direções devido ao seu papel multifuncional na sociedade, além do predomínio emocional – embora muitos ainda atribuam a histeria às mulheres. O que não apenas contribui para as questões financeiras de um empreendimento, mas culmina na valorização do capital humano.

Diante de tais dados, de toda a história e feitos extraordinários, portanto, vislumbramos, sim, que temos o que comemorar, mas isso vai além de flores e um singelo “parabéns pelo seu dia”, porém temos – como sociedade como um todo – melhorar e dar cada vez mais voz às mulheres, e como diz a professora, formada em Pedagogia da Ciência na Tanzânia, Efu Nyaki “Somos metade do mundo. A outra metade, os nossos filhos”.

Sobre as autoras
Roncon & Graça Comunicações

Assessoria de Comunicação/Imprensa

Clara Toledo Corrêa

Advogada, especialista em Propriedade Intelectual e Industrial e atua na Toledo Corrêa Marcas e Patentes.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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