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Como fazer um pré-projeto de doutorado?

Agenda 27/03/2023 às 12:37

Para iniciar um doutorado, assim como no mestrado, é necessário que o aluno, em conjunto com seu orientador, defina um projeto de pesquisa que oriente a pesquisa a ser feita.

Uma importante diferença entre esses dois cursos de pós-graduação é o requerimento final para se formar: no mestrado é preciso apresentar uma dissertação, enquanto no doutorado deve-se defender uma tese. Do ponto de vista do estilo de redação, tese é um tipo especial de dissertação.

O doutorando deve defender uma ideia, um método, uma descoberta, uma conclusão obtida a partir de uma exaustiva pesquisa e trabalho científico.

1. Tema original

Como seu trabalho vai contribuir para o enriquecimento do conhecimento disponível atualmente? Se você vai falar sobre relações de poder nas organizações públicas, por exemplo, qual será a abordagem?

É importante que o ponto de vista que você pretende debater na sua tese seja único, ainda não discutido por outros pesquisadores. Assim, quando sua tese estiver pronta, ela poderá contribuir verdadeiramente para a ampliação do conhecimento sobre o tema escolhido.

2. Referencial teórico

Uma tese de doutorado precisa ter embasamento científico e acadêmico, por isso, é de vital importância que você faça um resgate das teorias que já foram publicadas a respeito do seu objeto de estudo.

Em um doutorado em educação, por exemplo, você deve recorrer autores como Paulo Freire, Piaget e Vygotsky, entre outros. Já se optar por um doutorado em comunicação, fará seu recorrido teórico por Lazarsfield, McLuhan e Santaella, entre muitos outros.

3. Justificativa

Por que essa abordagem é importante e vale ser pesquisada? O doutorando deve mostrar a relevância de seu trabalho para o conhecimento científico, dando argumentos de como ela contribui para o enriquecimento do campo que está estudando.

4. Objetivo

O objetivo da tese de doutorado deve ser claro, conciso e apresentar de forma resumida a que se destina a investigação. Para muitos candidatos ao doutorado, a elaboração dos objetivos é uma das etapas mais difíceis, pois a investigação tem que ser ao mesmo tempo profunda relevante e passível de ser concretizada.

5. Hipóteses

Assim como no mestrado, as hipóteses são parte fundamental da pesquisa. Elas são possíveis respostas ao problema apresentado e servem de bússola para o desenvolvimento da pesquisa.

Ao longo das suas investigações, você vai comprovar ou descartar essas hipóteses, sempre mostrando o método utilizado para chegar às suas conclusões.

O futuro doutor deve dominar a pesquisa que irá realizar, portanto, deve ser hábil em conduzir o leitor ao entendimento claro de todos seus pressupostos teóricos, escolhas metodológicas, hipóteses sobre o objeto e a própria importância do conhecimento que ele irá contribuir de forma sintética.


ESTRUTURA DE UMA TESE DE DOUTORADO

1. Elementos Pré-Textuais

2. Elementos Textuais

3. Pós-Textuais


NORMAS DA ABNT PARA TESE DE DOUTORADO

Existem dentro das normas ABNT três tipos de elementos: os pré-textuais, os textuais e os pós-textuais.

Assim como na dissertação de mestrado, a tese de doutorado conta com mais elementos, pois tem um caráter mais complexo. Abaixo você confere quais são eles:

1. Elementos Pré-Textuais

1.1 – Capa

Servindo como cartão de visita, a Capa é o primeiro elemento a aparecer.

Quando é mal formatada, a Capa causa uma primeira impressão ruim. É obrigatório que elas destaquem o nome da instituição na primeira linha e o título do trabalho no centro da página. Entre o título da dissertação e o da universidade deve vir o autor. Nas duas últimas linhas, o local onde a publicação foi feita e o ano de entrega do trabalho.

As margens da capa, bem como do restante de todo o trabalho, devem ser de 3 centímetros no topo e à esquerda e de dois centímetros abaixo e à direita.

Todo o texto da capa deve estar alinhado como centralizado.

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1.2 – Folha de Rosto

A folha de rosto é semelhante à Capa, mas tem um acréscimo: a Nota de Indicação.

Para formatar a folha de rosto, basta copiar a capa e tirar a instituição do topo.

Coloca-se então a Nota de Indicação, que é uma descrição curta do trabalho, entre o título e os dados das linhas inferiores, subindo o nome do autor e o título na página.

A Nota de Indicação deve estar recuada cerca de sete ou oito centímetros da margem da esquerda.

1.3 – Folha de Aprovação

Em geral esse elemento é de responsabilidade da secretaria do curso e disponibilizada como padrão. Contém espaços para os nomes dos professores da banca e para suas notas.

1.4 – Dedicatória

A Dedicatória ocupa uma folha própria e deve estar nas últimas linhas da folha, com um recuo de oito centímetros com relação à margem da esquerda. É onde o autor homenageia alguém ou algo sem o qual não poderia concluir sua tese.

1.5 – Agradecimentos

A folha seguinte à Dedicatória traz os Agradecimentos. O autor deve listar todas as pessoas que acredita mereceram menção em sua tese de doutorado, por terem sido relevantes em sua vida, em sua pesquisa ou de alguma outra forma.

1.6 – Epígrafe

O autor da tese pode optar por fazer a epígrafe se quiser. Trata-se de uma citação seguida de autoria, necessariamente relacionada com o assunto tratado no trabalho. Deve ser formatado nas normas ABNT da mesma forma que a Dedicatória.

1.7 – Resumo

O Resumo é uma explicação genérica do conteúdo da tese de doutorado. Segundo as normas ABNT, você deve escrever Resumo no topo da folha, centralizado, e então pular dois espaços duplos.

Em seguida, deve fazer uma sequência de frases concisas e objetivas que não ultrapassem 500 caracteres totais, descrevendo o assunto abordado na dissertação.

Deve então pular mais dois espaços duplos e escrever “Palavras-chave:”, seguido de quaisquer palavras que possam descrever de forma ainda mais resumida o assunto do trabalho, facilitando o trabalho de pesquisa.

1.8 – Resumo em Inglês

Para fazer o Resumo em Inglês, você pode simplesmente traduzir frase a frase seu Resumo. A formatação também é idêntica. Esse elemento existe para facilitar a identificação do seu trabalho acadêmico por pesquisadores de outras línguas.

1.9 – Sumário

O sumário é a paginação da dissertação de mestrado, descrevendo em que página encontrar as informações contidas no trabalho acadêmico. Por isso costuma ser o último elemento a ser feito, ainda que apareça cedo no documento.

Para formatar o Sumário, você vai precisar listar mais do que simplesmente os elementos. Deve também descrever as páginas aonde vão se encontrar, por exemplo, cada capítulo dos elementos textuais, com seus títulos.

1.10 – Lista de Ilustrações

A Lista de Ilustrações funciona exatamente como o Sumário, mas ao invés de descrever onde encontrar os assuntos do texto, descreve em que página da tese você vai achar cada uma das ilustrações utilizadas para auxiliar o trabalho acadêmico.

Só deve ser usado como elemento da tese se houver ilustrações.

1.11 – Lista de Tabelas

Assim como a Lista de Ilustrações, a de Tabelas também é um sumário específico e não obrigatório, dessa vez das tabulações de dados. Caso não se faça uso de tabelas de dados, ela pode ser retirada do trabalho acadêmico.

1.12 – Lista de Abreviaturas e Siglas

Diferente das listas anteriores, esta não apresenta número de páginas. É na verdade uma listagem em ordem alfabéticas de todas as abreviações e siglas usadas ao longo do trabalho para economizar espaço e tempo.

As explicações de suas origens são concentradas aqui para evitar que o leitor perca tempo procurando em meio ao texto o que cada uma significa.

1.13 – Lista de Símbolos

Funciona como a Lista de Abreviaturas, mas para os símbolos e signos visuais usados ao longo da tese para facilitar a passagem de informações, como por exemplo °C para Graus Celsius.

2. Elementos Textuais

2.1 – Introdução

O primeiro dos elementos textuais é a Introdução, dividida em capítulos para os distintos tópicos.

Como todos os elementos textuais, ele deve dar início em uma página distinta e com o título do elemento na primeira linha. Após a palavra Introdução, deve-se pular um espaço de mais ou menos um centímetro e meio antes de começar a redigir o texto.

A numeração progressiva deve seguir como 1.1, 1.2 e assim por diante.

As margens dos elementos textuais continuam 3 centímetros acima e à esquerda e 2 centímetros à direita e abaixo.

2.2 – Desenvolvimento

As regras de formatação do Desenvolvimento são as mesmas da Introdução. Ele também deve ser iniciado em uma página distinta.

Lembre-se da importância desse elemento para a tese, já que ele compõe o curso principal da argumentação. Dessa forma, é importante organizar tudo em capítulos bem divididos.

2.3 – Conclusão

Da mesma forma que os demais elementos textuais, a Conclusão deve começar em uma página própria. As mesmas regras de formatação se aplicam a esse elemento da tese.

3. Pós-Textuais

3.1 – Referências

Os dados de onde as citações foram retiradas compõem as Referências. Devem estar em ordem alfabética a partir do sobrenome do autor principal. Existem várias regras específicas para cada obra referenciada. Confira como fazer cada tipo no nosso texto sobre o assunto.

3.2 – Apêndices

São textos feitos pelo autor que representam valor argumentativo com relação às ideias defendidas dentro dos elementos textuais, mas que poderiam atravancar o ritmo da argumentação caso estivessem no corpo principal do texto.

Devem ser listados com um Sumário próprio, com o título de cada Apêndice seguido da página onde se encontra.

Os Apêndices podem ser usados, por exemplo, para explicar os aparatos utilizados na pesquisa de forma mais aprofundada ou de forma a explicar conceitos que exigem mais do que as referências para serem entendidos dentro da tese de doutorado.

3.3 – Anexos

Para as normas ABNT, um apêndice é um texto do mesmo autor do trabalho que o complemente, e um Anexo é um complemento de autoria por outro responsável.

Você pode se utilizar de todo tipo de trabalho acadêmico ou artigo como anexo, com a autorização do autor original. A formatação do elemento Anexos tem o mesmo formato que a dos Apêndices.


Notas e Referências

ALVES MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

COLLADO, Carlos Fernandez; LUCIO, Maria Del Pilar Baptista; SAMPIERI, Roberto Hernandez. Metodologia de pesquisa. Porto Alegre: Penso - Artmed, 2013.

COULON, Alan. Etnometodologia. Trad. de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1995.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 207 p.

RODRIGUES, André Figueiredo. Como elaborar referência bibliográfica. 7. ed. São Paulo: Humanitas, 2008.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

Sobre o autor
Benigno Núñez Novo

Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense, especialista em direitos humanos pelo EDUCAMUNDO, especialista em tutoria em educação à distância pelo EDUCAMUNDO, especialista em auditoria governamental pelo EDUCAMUNDO, especialista em controle da administração pública pelo EDUCAMUNDO, especialista em gestão e auditoria em saúde pelo Instituto de Pesquisa e Determinação Social da Saúde e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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