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Entenda o planejamento patrimonial

Agenda 11/05/2023 às 17:48

No universo do Direito de Família, o planejamento patrimonial é um dos temas que mais geram questionamentos por parte de interessados. Não é por acaso, já que essa estratégia jurídica oferece uma grande variedade de possibilidades e uma série de benefícios que podem ser mais ou menos relevantes dependendo dos instrumentos utilizados em cada cenário. 

É importante destacar que o planejamento patrimonial é um procedimento opcional, o que o difere de muitos outros temas relacionados ao direito de família. Por isso, mesmo sendo cheio de vantagens, muitas pessoas e famílias precisam refletir se este é o momento ideal para iniciar uma estratégia de planejamento patrimonial. 

Apesar de parecer complexo, basta um pouco de conhecimento para desmistificar e eliminar o medo de dar este passo, que pode representar uma economia e eficiência na transição intergeracional dos bens familiares – mesmo que estes não sejam tão significativos quanto a maioria das pessoas imagina ao associá-los ao planejamento patrimonial. 

Neste artigo, apresentaremos algumas das principais características do planejamento patrimonial, tanto do ponto de vista técnico quanto da tomada de decisão sobre quando e como implementar essa estratégia para sua família. Além disso, caso você queira uma análise personalizada da sua situação, pode entrar em contato conosco diretamente. Não perca!

Afinal, o que é planejamento patrimonial?

Planejamento patrimonial é o termo utilizado para descrever um conjunto de instrumentos jurídicos que são usados para organizar, de maneira estratégica e antecipada, a transferência de patrimônio de uma pessoa viva para seus herdeiros. Com isso, o planejamento vai contra a antiga ideia de que a transferência é algo que só ocorre após o falecimento, trazendo alguns benefícios práticos para os herdeiros. 

Existem tributos importantes relacionados à transmissão de bens, além de processos de inventário que podem se arrastar por um longo tempo, tornando-se um pesadelo burocrático. A função do planejamento patrimonial é contornar essas complicações, reduzindo as dores de cabeça e garantindo maior fluidez a longo prazo. 

Quais são as vantagens do planejamento patrimonial? 

Como mencionado anteriormente, o planejamento patrimonial tem como objetivo contornar algumas das maiores complicações que surgem na transmissão de bens após a morte. Podemos citar como vantagens específicas:

Redução de custos de inventário

Sem dúvida, ao se pensar nos benefícios do planejamento patrimonial, um deles é a redução dos custos do inventário. Isso inclui custos advocatícios, custas processuais, custos de avaliação e vários outros que se acumulam ao longo do caminho.

Além de evitar um processo longo e desgastante, é importante lembrar que o planejamento patrimonial pode ser executado por um único escritório, enquanto o inventário geralmente envolve um escritório por herdeiro, especialmente em casos mais litigiosos.

Eliminação do desgaste familiar

Embora comumente se pense nos benefícios do planejamento patrimonial sob a perspectiva financeira, nossa experiência em Direito de Família nos leva a afirmar que um dos maiores prejuízos causados por um inventário é de natureza emocional, especialmente no relacionamento entre familiares.

Durante esse momento difícil de perda e incertezas financeiras, é comum que as emoções se exaltem e que haja um certo desgaste. Com um planejamento familiar definido, esse desgaste tende a ser evitado, pois há certeza sobre a destinação dos bens.

Redução de custos tributários

No Brasil, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) é a principal despesa tributária relacionada a um inventário sem planejamento patrimonial. A capacidade de evitá-lo, mesmo que apenas parcialmente, tem um impacto significativo em termos de disponibilidade de patrimônio líquido.

Evitar a falta de celeridade judiciária

Ter um planejamento patrimonial em vigor permite continuar gerenciando os bens com uma redução significativa no tempo de espera e, especialmente, na burocracia envolvida na questão.

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Eliminação da inacessibilidade aos bens

Outra complicação comum em um inventário é a indisponibilidade de alguns bens que só podem ser acessados com autorização judicial – o que pode levar algum tempo. O planejamento patrimonial visa evitar esses cenários de “congelamento” que podem prejudicar o desenvolvimento patrimonial que serve de sustento para uma família inteira.

Quais os principais instrumentos utilizados para o planejamento patrimonial?

Existem várias maneiras de colocar o planejamento patrimonial em prática. Entre os principais instrumentos, destacam-se o testamento, a doação, a holding e a previdência privada.

Testamento

O testamento deixa previamente definida a distribuição da parte disponível da herança, que atinge até 50% do patrimônio total. Embora não seja uma solução completa, permite dar agilidade a parte relevante do patrimônio, agilizando a distribuição de bens estratégicos, para que não fiquem congelados ao longo de um processo de inventário completo.

Doação

A doação é uma estratégia amplamente empregada para evitar o estresse de um inventário. Através da doação, é possível transferir a propriedade de um bem ainda em vida para os herdeiros, mantendo uma reserva de usufruto. 

Nessa situação, o herdeiro se torna proprietário imediatamente, enquanto o doador mantém os direitos plenos de uso do bem até o seu falecimento. Após o falecimento do doador, a reserva é extinta e o bem se torna totalmente disponível de imediato.

Holding

Uma holding é uma empresa que controla outras empresas e posses variadas. Já uma holding familiar é uma empresa que reúne o patrimônio de uma família, cujas cotas são divididas entre os membros da família, conforme acordo prévio.

Como a gestão da empresa nem sempre precisa ser correspondente à propriedade das cotas, a transmissão da participação societária em caso de morte não afeta a disponibilidade dos bens da empresa para os outros membros da família.

Previdência Privada

A previdência privada é uma opção de planejamento patrimonial de longo prazo que oferece uma garantia de renda duradoura para os familiares em caso de falecimento. É importante ressaltar que essa modalidade se diferencia um pouco das outras estratégias, pois envolve a geração de um novo patrimônio que não necessariamente corresponde ao mesmo construído pelo indivíduo durante sua vida.

Qual o melhor momento para começar um planejamento patrimonial?

Esta é uma pergunta frequente que recebemos com muita regularidade aqui em nosso escritório. Na realidade, o planejamento patrimonial está relacionado à capacidade de se organizar com antecedência – independentemente do tamanho do seu patrimônio, idade ou expectativas futuras.

Por isso, costumamos dizer que o melhor momento para começar é sempre ontem. O segundo melhor momento é agora. Levando em consideração as expectativas e características de cada caso, o planejamento é realizado de forma a garantir o máximo benefício possível, sempre priorizando as necessidades mais importantes de cada cliente.

Perguntas frequentes sobre planejamento patrimonial

Entre as dúvidas mais comuns sobre o tema de planejamento patrimonial, destacam-se:

O planejamento patrimonial poupa tempo?

Certamente, uma das vantagens mais evidentes do planejamento patrimonial é a economia de tempo. Além disso, ele transfere a carga de esforço. Na prática, transforma o tempo de espera e esforço envolvidos em um processo de inventário, que frequentemente leva até cinco anos, em um período de planejamento prévio durante a vida, praticamente eliminando a burocracia após o falecimento do indivíduo.

A pessoa deixa de ser proprietária dos bens ao fazer o planejamento patrimonial?

Em geral, no planejamento patrimonial, a pessoa não perde a propriedade de seus bens. A única exceção ocorre quando há uma doação com reserva de usufruto. Nesse caso, o bem é doado para os herdeiros enquanto o doador ainda está vivo, mas o direito de uso pleno do bem permanece com o doador até o fim de sua vida. Dessa forma, na prática, não há prejuízo decorrente dessa situação.

O planejamento patrimonial é legal?

Definitivamente, sim. O planejamento patrimonial é a aplicação de estratégias e instrumentos legalmente permitidos com o objetivo de minimizar a burocracia e os custos associados. Ele não envolve práticas ilegais, uma vez que isso poderia expor o patrimônio da família a riscos desnecessários.

O planejamento patrimonial sempre é integral?

Conforme já abordado, o planejamento patrimonial pode ser focado apenas nos bens considerados essenciais, não sendo necessário abordar todo o patrimônio. Isso pode ajudar a reduzir a burocracia e os custos envolvidos no processo, sem impactar negativamente os herdeiros.

Fazer o planejamento patrimonial é mais barato que fazer o inventário?

O planejamento patrimonial reduz custas judiciais, advocatícias e tributárias. Desta forma, é seguro afirmar que se trata de uma estratégia bastante vantajosa em termos financeiros, quando comparada à alternativa mais comum, que é a realização de um inventário tradicional.

É necessário contratar advogado para fazer o planejamento patrimonial?

Como você deve ter observado, o planejamento patrimonial é uma temática complexa e tecnicamente demandante, o que indica que pode haver dificuldade em sua execução. Para que o planejamento seja realizado com sucesso, é necessário conhecimento e experiência na área, para evitar erros que possam comprometer a eficácia da estratégia.

Apenas pessoas ricas podem fazer o planejamento patrimonial?

Esta é uma crença que simplesmente não se sustenta na realidade. Planejamento patrimonial significa reduzir custos e burocracia – e este é um desejo de pessoas dos mais diferentes níveis sociais e objetivos. Neste sentido, a prática é benéfica para todas as faixas financeiras, não havendo esta distinção.

Conclusão

Assim sendo, contar com advogados especialistas na área é um aspecto fundamental para um deslinde descomplicado de uma demanda de tamanha sensibilidade.

Sobre o autor
Galvão & Silva Advocacia

O escritório Galvão & Silva Advocacia presta serviços jurídicos em várias áreas do Direito, tendo uma equipe devidamente especializada e apta a trabalhar desde questões mais simples, até casos complexos, que exigem o envolvimento de profissionais de diversas áreas. Nossa carteira de clientes compreende um grupo diversificado, o que nos força a ter uma equipe multidisciplinar, que atua em diversos segmentos, priorizando a ética em suas relações e a constante busca pela excelência na qualidade dos serviços.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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