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O uso da meditação pelos naturólogos:

Um estudo de abrangência nacional

Elisabeth Assis de Moura
Carolina Rubin
Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues
Agenda 26/05/2023 às 11:38

RESUMO

Este artigo objetivou verificar a utilização da meditação pelos naturólogos como recurso terapêutico na autopromoção da saúde e uso clínico. Materiais e métodos; Trata-se de um estudo observacional descritivo de delineamento transversal, natureza quantitativa e de abrangência Nacional. A amostra foi composta por 129 naturólogos formados pela Universidade do Sul de Santa Catarina e Anhembi Morumbi que atuam ou não no âmbito clínico. Os dados foram coletados na plataforma Google Forms no segundo semestre de 2021. Foi analisado o uso da meditação no âmbito pessoal, nos atendimentos individuais e nos atendimentos em grupo, as práticas meditativas mais utilizadas, a frequência com que estes profissionais utilizam estas práticas, o local onde adquiriu o conhecimento das técnicas e a carga horária acerca dos cursos de meditação realizados. Constatou-se que 51,1% dos naturólogos fazem uso quase sempre/sempre de práticas meditativas no campo pessoal como recurso terapêutico na autopromoção da saúde. Já no campo clínico, 29,5% dos naturólogos fazem uso quase sempre/sempre da meditação nos atendimentos individuais e 37,2% nos atendimentos em grupo. A prática da respiração foi a técnica de meditação mais utilizada tanto no âmbito pessoal, quanto clínico e nos atendimentos individuais e em grupo.

Palavras-chave: Naturologia. Meditação. Práticas Integrativas Complementares.

ABSTRACT

This article intended to quantify the use of meditation by naturologists as a therapeutic resource in self-promotion of health and clinical use. Materials and methods; Consists in a descriptive observational study in a cross-sectional design, quantitative in nature and with a nationwide scope. The sample consisted of 129 naturologists graduated from the University of Sul de Santa Catarina e Anhembi Morumbi who work or not in the

clinical field. Data were collected on the Google Forms platform in the second half of 2021, analyzing the use of meditation for personal, individual and group sessions; the meditative practices most often used and the frequency in which these professionals use these practices; the means by which the professional acquired knowledge of the techniques as well as the workload of the meditation courses taken by the professional. The study has shown that 51.1% of naturologists almost always/always use meditative practices in the personal field as a therapeutic resource in self-promotion of health. In the clinical field, 29.5% of naturologists almost always/always use meditation in individual consultations and 37.2% in group consultations. The breathing technique was the most used meditation technique both for personal and clinical implementation in individual and group applications.

Keywords: Naturology. Meditation. Complementary Integrative Practices.

1 INTRODUÇÃO

A Naturologia guia-se por diferentes áreas do conhecimento, ciências humanas, biológicas e da saúde, partir de uma abordagem multidimensional, considerando os aspectos humanos desde o físico, emocional, mental, ambiental, cultural, espiritual e social. O objetivo da intervenção naturológica é estimular o surgimento ou o aumento da autorreflexão, do autoconhecimento e do autocuidado. (SABBAG et al., 2013)

Na Naturologia, a relação terapêutica é designada de Relação de Interagência, onde a pessoa que busca o atendimento é chamada de interagente. O termo interagente remete a ideia de participação, de influência mútua, envolve o dar e receber entre duas pessoas ativas. Nesta relação, reflete-se sobre o estilo de vida, a forma e as condições relacionadas ao processo de saúde, sendo o naturólogo um mediador que atua utilizando as práticas naturais de saúde como ferramenta. (ANTÔNIO, 2017).

Este profissional utiliza-se dos conhecimentos terapêuticos milenares das medicinas tradicionais Chinesa (MTC), Ayurvédica (MTA), de técnicas de massagem, do uso das plantas medicinais e de várias outras práticas terapêuticas naturais. Em meio a essas práticas está a meditação. (GOHARA; PORTELLA, 2017).

Por meio do Manual de Graduação do Curso de Naturologia identifica-se, que compondo a grade curricular do curso da Unisul no Campus da Grande Florianópolis, tem se a disciplina Prática de intervenção corpo-mente Ocidentais e Yoga, a ementa apresenta ensinamentos teóricos de técnicas de respiração, relaxamento, meditação e visualização criativa, entre outros, portanto a Naturologia e a meditação estão correlacionadas podendo, em parceria serem utilizadas como ferramenta em benefício do autoconhecimento, do autocuidado e da saúde como um todo, tanto do interagente quanto do próprio naturólogo. (UNISUL, 2021).

A meditação é um estado autoinduzido, é um método terapêutico que deve ser orientado por um facilitador, porém é totalmente possível de ser reproduzido em outro local, sem a presença do profissional, evitando dessa forma, a dependência entre o profissional e o praticante. (CARDOSO, 2011)

Em um artigo elaborado por Meneses e Dell'aglio (2009), uma revisão de literatura, acerca das evidências dos benefícios da meditação e seu papel na aplicação clínica, a diminuição dos sintomas relacionados ao estresse e ansiedade foram especialmente constatados. O estudo evidenciou que existem várias técnicas meditativas, que o tempo de prática também influencia e que os benefícios ocorrem a nível fisiológico e mental. A prática também auxilia no desenvolvimento de afetos positivos, diminuição dos pensamentos ruminantes, entre outros. Constatou-se que os meditadores com mais tempo de prática mostram se mais adaptados, autoconfiantes, com maior estabilidade emocional e autossuficientes.

Apesar dos inúmeros benefícios à saúde e da comprovação científica, a prática de meditação requer cuidados que não podem ser ignorados. É o caso dos transtornos mentais. A variedade de vertentes de meditação com seus diferentes objetivos exige que haja um critério na forma de avaliar a técnica correta para a utilização, considerando uma análise clínica da pessoa que se dispõe a meditar. (ASSIS, 2013).

Constata-se uma inserção massiva de várias técnicas de meditação no dia-a-dia dos brasileiros nos últimos tempos. Segundo a Política de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), é incontestável que essa prática tem o potencial de transformar a saúde na sociedade. Uma explicação para esse fenômeno se deve, em parte, pelo fato de haver maior conscientização de que a saúde não abrange somente o campo da fisiologia, sendo considerados os campos da mente e da espiritualidade. (GUTIERRE; GUTIERRE; CURIATI, 2019).

Passando por estudos científicos recentes a fim de legitimação, a prática que tem sua origem nos sistemas religiosos passou a ser recomendada como atividade para a saúde mental. Tornou-se uma técnica de concentração que causa relaxamento e aumenta o potencial do cérebro e muitos outros benefícios. No Brasil, a prática de meditação é ofertada em espaços culturais públicos, privados e religiosos, tornando-se popular devido seu reconhecimento científico e a sua divulgação midiática (MORAES, 2019).

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O naturólogo, como facilitador do processo de desenvolvimento do equilíbrio e da saúde, está capacitado para atuar com a prática de meditação dentre as várias outras práticas integrativas e complementares que compõem seus conhecimentos. (SABBAG, 2013). Portanto até o presente momento não foi encontrado nas bases de dados, estudos que abrangem como o profissional naturólogo utiliza esta prática nos atendimentos individuais e em grupo, bem como no uso para autopromoção da saúde. Desta forma, justifica-se o presente estudo pelo ineditismo e importância do tema na atualidade.

Por meio destes fatos, a presente pesquisa teve a intenção de verificar o uso da meditação pelos naturólogos (as) em seu uso clínico e pessoal, visando conhecer mais sobre este profissional e contribuir na profissão e no curso de Naturologia.

2 MATERIAS E MÉTODOS

Esta é uma pesquisa de natureza quantitativa, observacional/descritiva de delineamento transversal. Foi realizada na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), na Grande Florianópolis, na Pedra Branca, o qual foi primeiro curso de graduação em Naturologia reconhecido pelo Ministério da Educação. A divulgação da pesquisa para os profissionais formados se deu por meio das redes sociais Facebook, Instagram, WhatsApp e por e-mails. Estima-se 2.000 naturólogos formados na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e Universidade Anhembi Morumbi (UAM), podendo estar atuando ou não com a Naturologia. Como os critérios de inclusão foi considerado: ser formado em Naturologia pela UNISUL e UAM e exclusão: não concluir todas as questões presentes no questionário.

A coleta dos dados foi realizada no mês de setembro de 2021 após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNISUL com o número da aprovação 4.964.081. A pesquisa está em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e do Ofício Circular n 2/2021/CONEP/CNS/MS, sobre a orientação de procedimento em pesquisa em ambiente virtual. O questionário de coleta de dados foi estruturado na plataforma Google Forms. Previamente os participantes, estando de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que garante o sigilo das informações, o anonimato dos participantes e o direito de desistência em qualquer momento antes do envio, avançaria clicando no “aceite” para acessar o questionário com as perguntas pertinentes a pesquisa. No caso de o participante não estar de acordo com o termo, não seria possível acessar o questionário. O questionário abarcou variáveis sociodemográficas, de atuação profissional e relacionadas ao uso da meditação no âmbito pessoal e profissional.

Os dados da pesquisa foram expostos em planilha de Excel e calculados no SPSS 18.0 após o levantamento. Para a comparação entre as porcentagens, foi utilizado o teste Exato de Fischer, considerando estatisticamente significante quando p < 0,05. Foram calculadas a média e a frequência relativa absoluta dos dados utilizando como método de avaliação a estatística descritiva e inferencial.

3 RESULTADOS

Ao todo foram 129 questionários respondidos por naturólogos formados na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e Universidade Anhembi Morumbi (UAM).

A pesquisa mostrou que a grande maioria dos participantes se compõe de mulheres, formados na Unisul, quanto ao gênero, quase que a totalidade, 106 se declararam cisgênero. A faixa etária dos participantes mais prevalente foi entre 31 a 40 anos com 47,3%, seguida da faixa de 21 a 30 anos com 40,3%.

Na variável tempo de atuação, constata-se que boa parte dos participantes estão atuando com a Naturologia entre 2 e 5 anos e a maioria se formou a partir de 2016, 43,4% da amostra trabalham de 1 a 10 horas por semana. Grande parte dos naturólogos (65,9%) atuam em consultório, seguidos de atendimentos a domicílio com 38,8%, e 24,0% em clínicas multidisciplinares. (Tabela 1).

Tabela 1 - Variáveis sociodemográficas gerais e de formação

Variável

N

%

N total

Sexo

129

Feminino

112

86,8

Masculino

17

13,2

Gênero

129

Cisgênero

106

82,2

Não-binária

03

2,3

Não sei responder

20

15,5

Faixa etária

129

Entre 21 a 30

52

40,3

Entre 31 a 40

61

47,3

Entre 41 a 50

08

6,2

Entre 51 a 60

07

5,4

Acima de 60

01

0,8

Instituição

129

UNISUL

82

66,3

UAM

47

36,4

Atuação profissional

129

Não está atuando

06

4,7

Menos de 6 meses

05

3,9

Entre 6 meses a 1 ano

16

12,4

Entre 2 e 5 anos

40

31,0

Entre 6 e 10 anos

29

22,4

Mais de 10 anos

33

25,6

Ano de formação

129

Anterior a 2005

4

3,1

Entre 2005 e 2010

28

21,7

Entre 2011 a 2015

34

26,4

A partir de 2016

63

48,8

Carga Horária

129

0 horas

08

6,2

De 1 a 10 horas

56

43,4

De 11 a 20 horas

19

14,7

De 21 a 30 horas

25

19,4

Mais de 30 horas

21

16,3

Campo de Atuação

279

Consultório

85

65,9

A domicílio

50

38,8

Clínica Multidisciplinar

31

24,0

Instituição de Cursos Livres ou EAD

20

15,5

Clínica Naturológica

14

10,9

Instituição de Ensino

Superior

14

10,9

Online

14

10,9

SPA

13

10,1

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

*Os participantes puderam escolher mais de uma variável, então a soma das percentagens pode ultrapassar a 100%.

Em relação ao uso da meditação e sua aplicabilidade no âmbito pessoal, em grupo e em atendimento individual, constata-se que sua frequência de uso é muito maior na esfera pessoal com 51,1% da amostra praticando a técnica quase sempre/sempre. Quanto ao uso clínico da meditação em atendimentos individuais, apenas 29,5% dos participantes fazem uso quase sempre/sempre de práticas meditativas com seus interagentes. Por fim nos atendimentos em grupo, somente 37,2% da amostra fazem uso da técnica quase sempre/sempre. Quando comparadas através do Teste Exato de Fischer, as variáveis sexo biológico e uso das práticas no campo pessoal constatou-se que os participantes do sexo feminino meditam mais que os do sexo masculino, e que estes também utilizam menos os recursos meditativos nos atendimentos individuais e grupais. (Tabela2).

Tabela 2 - Uso da meditação pessoal, em atendimentos individuais e em grupo.

Variável

N

%

N total

Uso pessoal

129

Nunca

04

3,1

Raramente

19

14,7

Às vezes

40

31,0

Quase sempre

31

24,0

Sempre

35

27,1

129

Atendimentos individuais

Nunca

09

7,0

Raramente

27

20,9

Às vezes

55

42,6

Quase sempre

29

22,5

Sempre

9

7,0

Atendimentos em grupo

129

Nunca

39

30,2

Raramente

12

9,3

Às vezes

30

23,3

Quase sempre

31

24,0

Sempre

17

13,2

Fonte: elaborado pelos autores (2021).

Quanto aos tipos de práticas meditativas utilizadas, a respiração foi a opção mais presente entre as respostas dos participantes desta pesquisa, tanto no uso pessoal, em atendimentos individuais quanto em grupo, com uma prevalência de 85.3%. Já a meditação guiada é a segunda prática meditativa mais utilizada em atendimentos individuais e em grupo, as outras práticas variam bastante dependendo do tipo de uso. (Tabela 3).

Tabela 3 - Técnicas de meditação de uso pessoal, em atendimentos individuais e atendimentos de grupo.

Variável

N

%

N total

Uso Pessoal

452

Respiração

110

85,3

Visualização

65

50,4

Escaneamento corporal

59

45,7

Mindfulness

59

45,7

Pranayamas

49

38,0

Mantras

49

38,0

Meditação guiada

49

38,0

Nenhuma

03

2,3

Outras

09

1,6

Individual

496

Respiração

105

81,4

Meditação guiada

86

66,7

Escaneamento corporal

84

65,1

Visualização

83

64,3

Mindfulness

48

37,2

Pranayamas

46

35,7

Mantras

28

21,7

Nenhuma

09

7,0

Outras

07

5,4

Grupo

411

Respiração

76

58,9

Meditação guiada

74

57,4

Visualização

64

49,6

Escaneamento corporal

63

48,8

Nenhuma

36

27,9

Mindfulness

35

27,1

Pranayamas

32

24,8

Mantras

23

17,8

Outras

08

6,2

Fonte: elaborado pelos autores (2021).

*Os participantes puderam escolher mais de uma variável, então a soma das percentagens pode ultrapassar a 100%.

Sobre o local onde o conhecimento acerca da meditação foi adquirido, a graduação em Naturologia esteve presente na maior parte das respostas obtidas nesta pesquisa, chegando a 70,5%, 39,5% em curso livre específico e 35,7% dos participantes estão classificados na opção “outros”. Apenas 3,1% dos participantes são pós-graduados em meditação e nenhum participante fez mestrado sobre meditação. Em relação a carga horária referente ao conhecimento adquirido em meditação,49,6 % da amostra estudou até60 horas, 4,7% da amostra possuem carga horária acima de 1.200 horas e 17,8% não responderam está questão. (Tabela 4).

Tabela 4- Locais onde adquiriu o conhecimento e carga horária total do (s) curso (s) de meditação.

Variável

N

%

N total

Local

Na formação acadêmica em Naturologia

91

70,5

207

Em curso livre específico presencial

51

39,5

Em curso livre específico online

15

11,6

Em Pós Graduação

04

3,1

Outros

46

35,7

Carga Horária

129

Até 60 horas

64

49,6

Entre 61 a 180 horas

25

19,4

Entre 181 a 360 horas

06

4,7

Entre 361 a 1.200 horas

05

3,9

Mais de 1.200 horas

06

4,7

Não responderam

23

17,8

Fonte: elaborado pelos autores (2021).

*Os participantes puderam escolher mais de uma variável, então a soma das percentagens pode ultrapassar a 100%.

4 DISCUSSÕES

A pesquisa constatou a predominância do sexo feminino entre os participantes, a maior parte cisgênero e graduados na Unisul. Através das amostras coletadas na pesquisa, evidencia-se que os profissionais fazem uso de técnicas de meditação, quase sempre e sempre, comparada as demais frequências. No entanto os dados também demonstram que as técnicas são mais empregadas no âmbito pessoal comparado com aplicação em grupo. Podemos constatar também através da pesquisa que a grande maioria adquiriu seus conhecimentos na graduação comparados ao restante dos entrevistados o que demonstra a predominância do ensino da temática no curso de Naturologia.

Análogo a este estudo apresenta-se um estudo quantitativo, de delineamento transversal realizado por Souza e Maranhão (2017) com 51 naturólogos formados na UNISUL e UAM em que se investigou o uso dos recursos sonoros pelos naturólogos no qual constatou-se que 79,2% da amostra compõe-se mulheres e graduados na Unisul, onde 41,4% atuam com a Naturologia entre 2 e 5 anos e a carga horária trabalhada varia entre 1 e 10 horas semanais. Quanto ao local de atuação 92,5% atuam em consultório e uma minoria atua em hospitais e spas.

Também com resultados aproximados a este estudo, temos um outro artigo de natureza quantitativa e de levantamento realizada por Passos, Ribeiro e Rodrigues (2017), que buscou conhecer o perfil socioeconômico profissional dos naturólogos do Brasil com 386 bacharéis em Naturologia, formados até o ano de 2014 na Unisul e Anhembi Morumbi, constatou que a Naturologia é uma profissão de predominância feminina, 82,5% dos participantes são mulheres. A média de idade da amostra foi de 31 anos e o consultório ficou como sendo o local de atendimento mais prevalente entre as outras opções com 69,9%.

Grande parte dos integrantes desta pesquisa são naturólogos graduados pela Unisul, muito provavelmente o fato de os pesquisadores estarem vinculados a está Instituição facilite o contato aos profissionais formados pela mesma, ainda podemos considerar o fato de que a Unisul, por ter implantado o curso de Naturologia quatro anos antes da Anhembi Morumbi, tenha formado um número maior de naturólogos.

Uma das grandes dificuldades no decorrer do processo de levantamento dos dados para que validasse a pesquisa, foi encontrar profissionais dispostos a responder o questionário. Há cerca de 2.000 naturólogos formados na Unisul e Uam, porém não se tem a lista com os nomes, endereços de email e redes sociais de todos eles.

É correto afirmar que estes fatores, influenciam diretamente nas pesquisas: online, desde a relevância ou desmotivação em participar e até o desentendimento do mérito da pesquisa no meio acadêmico e na profissão. A última hipótese é levada em consideração pois muitos profissionais receberam e visualizaram a mensagem, mas não participaram do estudo.

Simões (2018), afirma que professores de educação física, pedagogos, enfermeiros, biomédicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, médicos, naturólogos e biólogos poderiam beneficiar-se com o conhecimento da meditação. Estudos que abordam o uso da meditação entre profissionais de saúde são importantes para a consolidação da prática no âmbito clínico e coletivo.

A pesquisa demostrou através dos dados obtidos que a grande maioria dos naturólogos utilizam as práticas meditativas no âmbito pessoal, 24,0% e 27,1% respectivamente fazem uso na frequência de quase sempre/sempre, nos atendimentos individuais, 29,5% utilizam as práticas na frequência de quase sempre/sempre, 42,6% as vezes e 27,9% nunca/raramente. Já nos atendimentos em grupo, 24,0% e 13,2% recorrem aos recursos da meditação.

Equiparando os estudos sobre o uso da meditação pelos naturólogos, em artigo elaborado por Passos, Ribeiro e Rodrigues (2017), sobre o perfil socioeconômico profissional dos naturólogos do brasil, constatou se que nos atendimentos individuais, as práticas classificadas como predominantes foram: Aromaterapia, Terapia Floral e Terapêutica Tradicional Chinesa seguido de Massagem Sueca/Massoterapia, sendo que a meditação ficou entre uma das práticas menos utilizadas quando comparadas as outras práticas naturológica. Dos 386 bacharéis em Naturologia 32,2% utilizam a meditação nos atendimentos individuais em uma frequência de frequentemente/sempre, 26,1% as vezes e 41,7% nunca e raramente. Portanto, os dados coletados pelos autores citados divergem em parte do estudo atual, não é significativa a diferença da aplicação na frequência frequentemente/sempre, enquanto que nas outras frequências o resultado é consideravelmente maior.

Para comparar os resultados, e evidenciar o uso da meditação por naturólogos, segundo Silva e Rodrigues (2020), em um estudo de natureza quantitativa e de levantamento que foi realizado com a amostra de 176 profissionais, onde investigava se os aspectos demográficos, socioeconômicos e profissional dos naturólogos do brasil, evidenciou se que a meditação, que na grade curricular está inserida na disciplina Prática de intervenção corpo-mente Ocidentais e Yoga, está entre uma das práticas menos utilizadas quando comparadas a outras práticas da Naturologia. Apenas 7,2% utilizam as práticas de meditação na frequência de quase sempre/sempre, enquanto que 14,4% fazem uso as vezes/raramente e a frequência nunca são muito maiores com 78,4%.

Este último estudo diverge dos dados coletados na pesquisa realizada, onde, em um total de 129 naturólogos 29,5% fazem uso clínico da meditação nos atendimentos individuais, 42,6% as vezes e 27,0%, nunca e raramente. Cabe destacar uma limitação do presente estudo, como a divulgação da pesquisa remetia a meditação poderia atrair mais praticantes e adeptos da prática, o que pode ter inflado nossos dados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou investigar sobre o uso da meditação por profissionais de Naturologia, foram analisados dados sociodemográficos, perfil dos naturólogos e o uso pessoal e clínico das técnicas de meditação.

Por meio desta pesquisa constata-se a necessidade de estruturar uma disciplina focada nas práticas meditativas com uma carga horária considerável, visto que o naturólogo faz uso destas técnicas, para que este profissional saiba utilizá-las corretamente tanto nos atendimentos individuais e em grupos, quanto no uso pessoal. Destaca-se que o profissional formado em PICS deve estar preparado para atender esta demanda, visto que o seu uso pela população vem aumentando consideravelmente nos últimos anos.

Para estudos futuros, fica a sugestão de se realizar pesquisas sobre o uso da meditação entre profissionais de outras áreas, afim de conhecer a abrangência das práticas meditativas, disseminar as mesmas e aumentar os recursos clínicos utilizados nos atendimentos em geral e na própria saúde do profissional que, além de aplicar também faz uso da meditação.

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CONFLITOS DE INTERESSE

Não declarado

FONTES DE FINANCIAMENTO

Declaram não haver

REFERÊNCIAS:

SABBAG, Silvia Helena Fabbri et al. A naturologia no Brasil: avanços e desafios. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, v. 2, n. 2, p. 11-31, 2013.

ANTÔNIO RDL. Princípios centrais da relação de interagência: uma contribuição para a clínica naturológica. Cad Naturologia e Ter Complement. 2017;6(11):81.

GOHARA, Rita Iolanda Ferreira Mesquita; PORTELLA, Caio Fábio Schlechta. Práticas integrativas e complementares: a contribuição do naturólogo como integrante de equipes de saúde no SUS. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, [S.L.], v. 6, n. 11, p. 11, 19 out. 2017. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL.

UNISUL, Universidade do Sul de Santa Catarina. Manual do curso de graduação em Naturologia. 2020. Disponível em: http://www.unisul.br/wps/wcm/connect/0eefe949-7542-4fed-967f-1a41a1ba3a9b/manual_curso-de-naturologia.pdf?MOD=AJPERES. Acesso em: 26 setembro 2021

CARDOSO, Roberto. Medicina e Meditação: um médico ensina a meditar. 3.ed. São Paulo: MG Editores, 2011.

MENEZES, Carolina Baptista; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Os efeitos da meditação à luz da investigação científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicologia: ciência e profissão, v. 29, n. 2, p. 276-289, 2009.

ASSIS, Denise de. Os benefícios da meditação: melhora na qualidade de vida, no controle do stress e no alcance de metas. Interespe. Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação. ISSN 2179-7498, v. 1, n. 3, p. 73-83, 2013.

GUTIERRE, Marcela Usberti; GUTIERRE, Robson Campos; CURIATI, José Antonio Esper. A liga de meditação e saúde na educação, prevenção e terapêutica de profissionais de saúde e pacientes. Revista de Medicina, v. 98, n. 2, p. 152-154, 2019.

MORAES, Maria Regina Cariello. O desencantamento da meditação: da união mística ao fitness cerebral. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 39, n. 1, p. 224-248, abr. 2019.
SILVA, Sarah Cecci Leite da; RODRIGUES, Daniel Maurício de Oliveira. Aspectos demográficos, socioeconômicos e profissionais dos naturólogos e naturólogas. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, [S.L.], v. 9, n. 17, p. 21, 23 mar. 2021. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. http://dx.doi.org/10.19177/cntc.v9e17202021-33. SOUZA LP de, MARANHÃO AL. O uso de recursos sonoros pelos naturólogo. Cad Naturologia e Ter Complement. 2018;7(12):43.

PASSOS MA, RIBEIRO AL, Rodrigues DM de O. Perfil socioeconômico profissional dos naturólogos do Brasil. Cad Naturologia e Ter Complement. 2017;6(11):6

DANUCALOV, Marcello Árias Dias; SIMÕES, Roberto Serafim. NEUROBIOLOGIA E FISIOLOGIA DA MEDITAÇÃO. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2018.

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