Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

A fenomenologia da Revolução Russa

Agenda 21/06/2023 às 13:22

REVOLUÇÃO RUSSA

Ary Maximus Ferreira Ramos

INTRODUÇÃO

Entende-se como “revolução” a transformação radical de determinada estrutura político – social, portanto, depreende-se que o termo “fazer uma revolução” configura-se como a ruptura com a ordem social e política até então em vigor.

Com base no entendimento preliminarmente demonstrado, é de grande relevância trazer à tona, para concretização do determinismo lexical suso dissertado, exemplos reais de revoluções; revoluções essas, que tiveram um impacto ciclópico na sociedade, os quais, reverberam até hoje.

Houveram, de fato, muitas revoluções ao longo da história humana, todavia, uma em específico apresenta-se como resultado de toda uma exploração proposta por um governo autocrata absolutista, que fundamentou toda sua base teórica no cientificismo advindo da crítica à economia política insurgente do século XIX, a qual, trata-se, logicamente, do ato revolucionário que encorajou e acarretou vários outros, a revolução russa.

SISTEMA CZARISTA E O PRÉ-REVOLUÇÃO

Antes do sucesso revolucionário de 1917, faz-se mister evidenciar o caráter autocrata do governo que precedeu o socialismo russo.

Governo multissecular que perdurou por 370 anos na Rússia, o sistema czarista tinha como características um imperialismo no domínio territorial e autocracia, na qual, o Czar detinha total poder no império.

Marcado pelas guerras expansionistas, durante o período czarista houve um grande avanço no território russo, o que, por conseguinte, acarretou grande acúmulo de riquezas para o império e um avanço territorial diário médio de 140km2, porém, é de extrema importância destacar que o patrimônio adquirido tinha um excedente financeiro que permitia a manutenção tão somente da aristocracia e da nobreza russa, culminando, em detrimento dessa má gestão dos gastos públicos, em um notório atraso econômico, político e social ao longo dos séculos, o qual, reforçou o regime de servidão e não dissipou o impulso de industrialização (VICENTE, Matheus, 2017, pg 2).

Como leciona Maurício Tragtenburg, em dezembro de 1904, trabalhadores da usina Putilov, de São Petersburgo decidiram elaborar um boletim de reivindicações na linha pregada por Gapon, solicitações essas que rogavam por condições trabalhistas plausíveis para a população, porém, tais requerimentos foram revogados pela direção de imprensa, com, inclusive, seus assinantes demitidos. Em consequência dessa derrota, trabalhadores uniram-se para a elaborar uma petição em nome dos trabalhadores urbanos e rurais russos, a qual, seria entregue ao Czar.

Solicitando direitos a liberdade de imprensa, liberdade de associação sindical, direito de greve, convocação de uma Assembleia Constituinte e jornada de trabalho de 8 horas, no dia 9 de janeiro de 1905, milhares de operários e suas famílias dirigiram-se pacificamente ao Palácio de Inverno para a entrega da petição. Os manifestantes foram metralhados por milhares de soldados. Seus corpos foram expostos em bosques.

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

Em detrimento do avanço revolucionário na Rússia, o Czar determina a criação de uma Assembleia Legislativa, a qual: DUMA, esta, supostamente iria servir de mediação entre os interesses do povo e do governo, disfarçando, portanto, a continuação do autoritarismo e autocracia do Estado vigente. O charlatanismo da DUMA estava presente não só nas decisões governamentais que continuavam a desfavorecer continuadamente o povo, como também na grande dicotomia entre os partidos, dicotomia essa, não dos seus ideais, mas, na sua efetiva participação, haja vista que somente os partidos imperialistas de direita tinham suas ideias e seus planos de governo postos em prática.

Portanto, é mister suscitar que a revolução Russa se tratou de uma grande mudança no parâmetro estatal, acabando com uma dominação imperialista que estabeleceu pleno domínio por mais de 300 anos.

O MODELO SOCIALISTA RUSSO

Com o país em guerra, os soviets tomam o poder na Rússia, acabando por definitivo com o modelo czarista e dando início ao que viria a ser o estado socialista soviético.

Uma das primeiras medidas do partido bolchevique, liderado por Vladimir Ilyich Ulianov, viria a ser a política “pão, paz e terra”, a qual, cedeu grande parte do território Russo para o povo, afastou efetivamente o país da guerra e, buscou alimentar a população; haja vista que em detrimento das péssimas políticas econômicas adotadas no governo pré-vigente, grande parte do povo russo não tinha acesso ao mínimo de suprimentos para a sobrevivência básica.

Na medida em que o socialismo soviético avançava, avançava também a sua oposição. Filiados aos partidos conservadores de direita, opositores do governo, inclusive, auxiliados por potências capitalistas estrangeiras da época, tentaram impedir o governo socialista. Em decorrência da criação do “exército branco”, foi necessária a criação de uma força militar para a proteção do então regime, portanto, foi criado, por Leon Trotsky, o “exército vermelho”, o qual, em 1921, foi vitorioso contra o exército burguês antirrevolucionário.

Com o advento de um novo governo focado no povo, diversas medidas foram adotadas para sanar os danos advindos de um imperialismo centenário que assolou gravemente o território russo; logo, em janeiro de 1918, é feita a tão prometida Constituição Russa, prevendo direitos fundamentais que viriam a ser efetivamente zelados pelo então governo, além disso, deu-se início ao processo de alfabetização em massa da população soviética e, é claro, houve a tão almejada redução da jornada de trabalho.

CONCLUSÃO

A Revolução Russa que, não só teve grande impacto no cenário mundial, seja esse, positivo e negativo em determinados aspectos, como também serviu de exemplo da tentativa da aplicabilidade fática das teses marxistas, sendo utilizada como meio de estudo e, ainda hoje, como modelo de governo, justamente por conta do caráter proletário advindo de um modelo governamental pautado no suporte às minorias, que, em verdade, são a maioria da população, porém, sofrem paulatinamente e progressivamente de uma minoria populacional que, em detrimento da ideologia dominante, as exploram, manipulam e alienam.

Justicia, a inteligência artificial do Jus Faça uma pergunta sobre este conteúdo:

Países como Cuba, Vietnã, China e Laos, foram incisivamente baseados na pauta revolucionária soviética, e, assim como ela, também sofreram com as progressivas investidas das potências capitalistas mundiais, a fim de impedir o desenvolvimento e deturpar a visão sobre o que é de fato o socialismo.

Sobre o autor
Ary Maximus Ferreira Ramos

Bacharelando em Direito pela Universidade Salvador; Monitor da Unidade Curricular (UC) Contratos e negócios jurídicos durante período do semestre 2023.2, mediante supervisão do Professor Doutor Fábio Santos; Estagiário do Escritório de Advocacia "Dirceu Noguera Filho"

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!