Desenvolver um produto, o colocar a prova mediante a venda para um público é um desafio enfrentado por produtores de conteúdo digital/infoprodutores / experts / especialistas e também pelos coprodutores / lançador digital / agência de lançamento.
A comercialização dos produtos digitais, hoje não se restringe apenas aos sites dos detentores do conteúdo, envolve o uso de redes sociais e construção de um relacionamento com seguidores, o público, o que requer maior cuidado nas informações compartilhadas e uso das redes.
Por isso, no artigo de hoje iremos analisar os maiores problemas enfrentados por esse segmento e alguns cuidados que devem ser tomados para que o negócio se profissionalize e de fato se torne uma empresa que gera mais lucros e não os perca em problemas que podem ser evitados.
O que é um infoproduto?
Um infoproduto digital, é um produto ou serviço, comercializado por meio da internet como: workshop, e-book, curso digital, mentoria, imersão, podcast, comunidades, entre outros.
Apesar da venda ser realizada por meio digital, não significa que tais empreendimentos sejam 100% online, ou ainda, amadores, trata-se de um mercado em pleno crescimento e que movimenta um mercado milionário, com públicos de diferentes áreas, como profissionais do mercado digital, dentistas, profissionais de saúde e beleza, criptoativos, desenvolvedores, educacional, religioso, entre outros.
Existem desafios, que são comuns a qualquer negócio e outros bem específicos do mercado, iremos identificar os principais.
Pirataria de infoprodutos
Um receio dos produtores e agências, é de se deparar com o produto pirateado por terceiros.
Não é incomum encontrar grupos online, que vendem um infoproduto que foi pirateado e vendido por um preço inferior ao praticado por seu criador.
A pirataria é ato criminoso, que pode ser impedido e é possível não só identificar o criminoso, como adotar medidas para impedir a venda, como por exemplo ao comercializar em plataformas como Mercado Livre, Edduz, Hotmart e também buscar indenização pelos prejuízos causados.
Uma outra prática, é da oferta de acesso ao conteúdo pirateado, em abordagens em grupos de lançamento de venda do curso, por abordagens aos interessados, para que comprem por um valor reduzido e acesso por link ou drive.
Essas ações podem e devem ser combatidas, causam prejuízos financeiros, violam direitos e afetam a reputação do negócio e especialista.
Plágio de infoprodutos e conteúdo
O plágio ocorre quando parte ou todo o conteúdo é utilizado por uma pessoa como se fosse a criadora, ou seja, a pessoa assume a autoria de algo que se apropriou indevidamente.
Além de plágio de infoproduto, nos deparamos com ele ocorrendo também em post de rede social, site, no próprio infoproduto, no conteúdo fornecido de material de curso. Imagine o seguinte cenário:
Ana é professora de inglês, desenvolve uma metodologia para ensinar o idioma e comercializa um curso com material que ela criou, ou seja, autoral.
Ana descobre que Pedro, seu concorrente, comprou o seu curso , regrava as aulas como se as criasse e fornece o livro aos seus clientes com uma nova capa. Pedro age como se fosse o verdadeiro criador e é visto dessa forma por muitas pessoas.
Nesse cenário de nosso exemplo, que é mais comum do que deveria, Pedro está cometendo um ato criminoso, lesa os clientes que são consumidores e viola os direitos de Ana, causando a ela grande prejuízo financeiro e risco a sua reputação, pois Ana corre o risco de ser acusada de plagiar Pedro.
Tal ação, pode e deve ser impedida, infelizmente uma prática que vem crescendo no cenário digital e que requer dos especialistas, coprodutores e agências um cuidado maior na preservação dos direitos sobre o produto criado, para que ao surgir um problemas as medidas de proteção possam ser tomadas para impedir que pessoas prejudiquem a existência do negócio.
Infelizmente, existem pessoas que acreditam na internet tudo pode, que não se aplicam leis, mas sim elas se aplicam no ambiente virtual e ato criminoso, é ato criminoso independente de ser praticado online.
Risco de processos judiciais
Não é incomum, a contratação de equipes para um lançamento ou serviços para a rede social em um contrato ou por meio de um freelancer.
Porém, a contratação de um profissional para um serviço ou ainda uma parceria, sem um contrato pode acarretar em um risco de ser acionado judicialmente:
Risco de reconhecimento de vínculo de emprego, por ter contratado sem orientação adequada, assume um passivo trabalhista. Nesse caso, o pedido é de ser considerado um empregado, requisitando direitos e verbas trabalhistas que não foram pagas, a título de salário, 13° salário, férias, impostos.
Risco de reconhecimento de parceria ou sociedade, em que a outra parte requer parte dos ganhos obtidos no negócio.
A informalidade, prejudica a saúde financeira do negócio que é construído e a reputação, que é tão importante.
O mercado digital é amador ao adotar o comportamento de não fechar negócios com segurança, sem um contrato que realmente especifique o que foi negociado e não só isso, os atos praticados, não pode um contrato dizer algo e a realidade outra situação.
Nesse cenário de riscos de processos judiciais, é importante pontuar que podem ocorrer:
Na relação entre especialista e clientes;
Na relação entre especialista e equipe/parceiros;
Na relação entre especialista e coprodutor ou agências;
Na relação entre especialista e afiliados.
Cada relação, com clientes, parceiros, membros de equipe, exigem diferentes cuidados que devem ser observados, não podendo nos esquecer que na relação com alunos, eles são clientes e possuem direitos.
Especialista e alunos, problemas e quais os cuidados?
Quando falamos de alunos, de um infoproduto, falamos de clientes e que possuem direitos, que nesse caso falamos da relação de consumidor, que possui lei própria o Código do Consumidor.
Um grande erro de muitos profissionais do mercado digital, é não compreenderem que existem regras (leis) que precisam ser seguidas, como prazo de disponibilidade de acesso, cancelamento no prazo legal.
Claro que é necessário atenção às regras para os consumidores, pois aqui também nos deparamos com atos errados praticados por clientes como plágio, pirataria, compartilhamento de senhas, clientes que baixam o material e pedem cancelamento, entre outros cenários.
Nesses casos, existem medidas que podem ser adotadas, para preservar essa relação com o cliente, mas também impedir atos de má-fé.
Aqui falamos em um negócio, como tal deve ter uma estrutura para agir quando violações forem cometidas e também para não as cometer contra seus alunos.
Especialista e afiliados, quais os cuidados?
Afiliados, buscam comercializar o infoproduto em nome do especialista. Contudo, sem diretrizes adequadas para que o serviço possa ser realizado, é possível o afiliado prejudicar a reputação do expert e até mesmo violar direitos dos consumidores, ou ainda, direitos autorais do expert.
Dessa forma, é importante estabelecer como será o funcionamento do programa de afiliados, para não incorrer em um risco de uma demanda judicial por reconhecimento de vínculo de emprego, ou ainda, de verbas não pagas.
Um ponto a se observar, é a importância de previsões de regras para cenários de:
Entrada de afiliado;
Saída voluntária do afiliado;
Expulsão de afiliado.
As regras precisam preservar direitos dos afiliados e também o negócio, lamentavelmente muitos adotam práticas que os deixam em posição de desvantagem, assumindo para si obrigações que podem ser evitadas.
LGPD nos infoprodutos
A LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados 13.709/2018, se aplica ao mercado dos infoprodutos digitais, dados de clientes, parceiros, prestadores de serviços e funcionários são coletados, o que gera responsabilidades e obrigações.
Tais cuidados devem estar presentes no uso das informações, em avisos de privacidade, na relação com o consumidor e exige do negócio adequação às exigências da lei e também para estar preparado frente a solicitações como uma exclusão de dados exigida por um aluno.
Ataques de hater profissional e reputação
Com o aumento de pessoas comercializando serviços e produtos em rede social, se observa também o crescimento de haters.
O que é um hater?
Um hater, é uma pessoa que possui o comportamento de proferir mentiras, palavras de ódio contra uma pessoa, ao ponto de também efetuar falsas acusações contra o especialista.
Contudo, se nota também que existem especialistas que usam da tática do hater, para captar audiência de um concorrente, o atacando e proferindo mentiras, para fortalecer sua própria imagem às custas desse profissional, normalmente quando ele está em vias de efetuar um lançamento.
Dessa forma, o hater profissional se beneficia do lançamento e tráfego do concorrente, aumentando sua visibilidade e convertendo em vendas, as custas da vítima.
Essas ações são lesivas e criminosas, as quais podem ser impedidas para não causar mais prejuízos, preservar a imagem e reputação do especialista e até mesmo indenização pelo dano a sua moral, bem como os prejuízos financeiros que ele e agência ou coprodutor podem ter sofrido.
Lembrando: calúnia, injúria e difamação são atos criminosos.
Direitos autorais e propriedade intelectual nos infoprodutos
Como dito ao longo do artigo, muitos especialistas, agências e coprodutores, possuem receios de plágio e pirataria, pois causam prejuízos financeiros.
Laura, como impedir que copiem meu trabalho e tirem vantagem do meu esforço?
É importante adotar os cuidados para preservação dos direitos do criador deste conteúdo, do produto, que pode ser apenas do especialista e também em conjunto com agência, lançador ou coprodutor.
Os direitos autorais, são previstos na Lei 9.610/98 - Lei de Direitos Autorais, em que é previsto a proteção para obras de cunho científico, literário e artístico, como filmes, livros,e-books, fotografias, artigos, e aqui os cursos também são protegidos.
Por isso, é importante adotar meios como provas da autoria, para combater violações e acusações falsas, efetuar o registro dos cursos e proteger as criações autorais.
Registro de Marca e infoprodutos
A marca que leva o nome do negócio, de um produto ou serviço deve ser protegida por meio do Registro de Marcas no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
É por meio do registro, que se tornará dono do nome escolhido, podendo utilizar de forma exclusiva em todo país e impedir que copiem a marca que criou ou a utilizem sem autorização.
Com o registro, se obtém a proteção necessária para o negócio e o transforma em um ativo para vender e até mesmo licenciar para outras pessoas, cobrando royalties por isso.
Contratos Frágeis e confidencialidade
Por ser um mercado com mudanças em grande velocidade, muitos profissionais optam por contratar, fechar novos negócios sem uma formalização, ou ainda, com um contrato que não trata realmente do que foi negociado.
No momento de se descobrir que o contrato era vago e ruim,é quando o problema surge ou pior na ausência do contrato não se saber o que ode ser feito.
O prejuízo é grande, contratos frágeis ou atuar sem contrato o deixa em posição de vulnerabilidade, contando com a expectativa de buscar judicialmente por eventuais direitos e no caminho se deparar com um judiciário que é lento, burocrático, perdendo somas financeiras, pois tudo poderia ter sido evitado.
Um contrato bem elaborado, vai analisar o risco da operação e buscar diminui-lo, criando mecanismos para que em um problema, sim eles acontecem, já conter as previsões e penalidades, sendo possível resolver sem um juiz, mas caso necessário com robustez para demonstrar tudo o que era pretendido e o que foi violado.
Em muitos casos, será necessário inclusive se adotar o dever de confidencialidade, com parceiros, sócios e diferentes contratos, para que informações que devem ser sigilosas do negócio e dos lançamentos não sejam divulgadas.
Existem mecanismos, além de um contrato em que se busca proteção para novos negócios, tornando a empresa enxuta, economizando recursos e permitindo ao empresário maior tempo para aplicar seus esforços no que precisa de sua dedicação.
Aspectos Jurídicos
Como você pode ver, existem muitos cuidados que devem ser adotados na proteção de um negócio que comercializa infoprodutos digitais, cuidados que um especialista, coprodutor e agência precisam conhecer e adotar.
Para preservar direitos de marca, direitos autorais na criação dos infoprodutos, bem como construir uma boa relação com os alunos, parceiros e até convidados para dar uma aula, é importante que as medidas de proteção sejam adotadas.
Ao adotar tais cuidados, o valor do negócio é preservado e aumentado, mas é importante contar com advogado especializado nesse mercado que atue com propriedade intelectual, para que possa orientá-lo e executar as ferramentas de que precisa e minimizando risco de conflitos jurídicos que podem ser evitados.
Fonte: https://albertacci.com.br/blog/problemas-protecao-infoprodutos-digital