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Adensamento de plantas arbóreas e eficácia da restauração florestal por semeadura direta

Agenda 02/11/2023 às 22:20

ADENSAMENTO DE PLANTAS ARBÓREAS E EFICÁCIA DA RESTAURAÇÃO FLORESTAL POR SEMEADURA DIRETA

Resumo: O presente artigo integra o estudo do processo de restauração ecológica em área rural pertencente à Jataí Energética S/A, localizada às margens do Rio Claro, zona suburbana do município de Jataí, sudoeste do Estado de Goiás, e tem por objetivo principal a caracterização da qualidade ambiental e eficácia do processo restaurativo. Busca-se com o estudo demonstrar a relação das incidências de gramíneas exóticas com a cobertura de copas na área de muvuca na PCH Jataí, bem como os métodos de controle e possibilidades de adensamento de plantas arbóreas para o controle de tais gramíneas.

Palavras-chave: Restauração ecológica, meio ambiente, semeadura direta

1 Introdução

Com a expansão da agricultura tecnificada iniciada na década de 60, o cerrado vem de modo acelerado perdendo vegetação nativa, restando apenas 40% da biodiversidade natural, substituída pelo monocultivo da soja e milho.

A execução de atividades que demandam a supressão de vegetação presente nos espaços modificados, apesar dos benefícios oriundos dessas atividades, a supressão da vegetação também promove uma degradação da qualidade ambiental, pelos prejuízos à função ecológica ou pela atenuação dos serviços ecossistêmicos proporcionados pela vegetação em seu estado natural. Nesse sistema e consequentes alterações no uso do solo, diversas fitofisionomias do bioma cerrado sofrem degradação, muitas vezes de forma irreversível.

Tais alterações necessitam de atenção especial, para que iniciativas de compensação florestal com diretrizes coerentes satisfaçam as condições de diversidade e estrutura da formação original. Para além, a degradação da área observada foi gerada em consequência da construção de uma Central Hidrelétrica de pequeno porte, no município de Jataí – PCH Jataí de propriedade da Jataí Energética S/A, às margens do Rio Claro, com as Coordenadas Geográficas: 17o 56’37,6” S e 51°43’34,2” O. Em primeiro momento, cumpre dizer que o presente relatório analisa a relação das incidências de gramíneas exóticas em relação a cobertura de copas na área de muvuca na PCH Jataí, demonstra os métodos de controle e possibilidades de adensamento de plantas arbóreas para o controle de tais gramíneas, bem como avalia o processo de uso ocupação do solo com a presença de gramíneas invasoras.

Essa implantação ocasionou também degradação, manifestada por meio de ruptura do equilíbrio entre a litosfera a hidrosfera e a biosfera, esse processo é altamente gritante nas encostas instáveis, áreas alagadiças e áreas inundadas. Desta forma, com o presente relatório buscou-se trazer a relevância da Restauração Ecológica, na citada área, que foi restaurada com técnica de Muvuca no Município de Jataí-GO.

Trata-se de área com vegetação nativa remanescente e adjacente ao local onde houve a supressão da vegetação em detrimento do agronegócio e da construção da Hidrelétrica PCH Jataí. Nesse passo, o levantamento que se verá adiante buscou subsidiar o relatório de aula-campo e apresentação de dados levantados em ocasião de monitoramento realizado na área de restauração Ecológica no mês de outubro de 2019.

2 Material e métodos

2.1 Área de estudo

A área destinada à restauração ecológica monitorada está localizada às margens do Rio Claro, afluente do rio Paranaíba. Com as coordenadas Geográficas 17º 56’37,6” latitude sul e 51°43’34,2” longitude oeste, na Microrregião Geográfica Sudoeste de Goiás, no Município de Jataí-GO. Pertence à empresa Jataí Energética S/A, onde está instalado o empreendimento PCH Jataí. A área começou a ser restaurada em 2016 através da técnica de Semeadura direta conhecida por Muvuca de sementes.

2.2 Histórico de uso do solo em Jataí-GO

Antes do empreendimento hidrelétrico a região passou por distintos graus de interferências antrópicas que remontam há pelo menos 11 mil anos de ocupação. Observações da vegetação remanescente no entorno indicam que a vegetação predominante no local é a de floresta decidual.

A região do rio Claro, conforme informa Barbosa (2002), foi originalmente coberta por florestas, pois “as áreas florestadas são constituídas pelas matas ciliares que ocorrem nas cabeceiras dos pequenos córregos e rios margeando estes, como também se espalham em áreas mais extensas, acompanhando as manchas de solo de boa fertilidade natural como, por exemplo, as matas do rio Claro e outras vertentes do Paranaíba” (BARBOSA, 2002, p. 143).

Barbosa (2002), diz que no Sudoeste de Goiás desde 1950, constataram que as regiões originalmente florestadas do domínio morfoclimático do Cerrado, quando sofrem ações antrópicas, se regeneram com maioria de espécies típicas de mata, havendo perda nas espécies características de Cerrado:

Costa Lima e Barbosa constataram que em áreas onde a vegetação original era constituída por matas, e quando estas são degradadas e abandonadas, sem atividades que requeiram manejo de solo, a tendência é o aparecimento de espécies típicas da mata, associada com leguminosas, que formam uma paisagem de árvores de crescimento rápido, retilíneo e finas, denominada regionalmente de “Capoeiras”. Esse fenômeno foi observado em várias localidades do sudoeste de Goiás, em manchas de matas com cerrado as proximidades. (BARBOSA, 2002, p.362)

Os estudos são mencionados para ilustrar o quão complexo pode ser o processo de restauração ecológica nos domínios morfoclimáticos do Cerrado, pois além da variedade de gradientes de densidade de biomassa – que vão dos campos limpos às florestas, passando por distintas densidades de savanas – quando degradados, os Cerrados não se regeneram em sua morfologia original ou, se o fazem é em um largo intervalo de tempo.

O uso e ocupação dos solos da microrregião geográfica Sudoeste de Goiás, local da área de estudo considerada, pode ser dividido, no geral, em quatro fases, sendo possível verificar um aumento gradual da interferência antrópica e da degradação dos Cerrados.

A primeira fase foi a ocupação pelos povos originários caçadores, coletores e com agricultura de subsistência. A degradação ambiental de seus manejos era mínima. A segunda fase se deu com a chegada das frentes de ocupação colonizadora na região a partir da década de 1830 do século XIX, que praticou a pecuária extensiva e agricultura de subsistência. A degradação ambiental gerada por esse modelo de ocupação foi pequena.

Em meados do século XX o modelo de pecuária extensiva foi substituído pela pecuária intensiva e a introdução de gramíneas exóticas, como a braquiária. Nessa terceira fase da ocupação a degradação foi bem maior.

A partir da década de 1970 foi implantado um processo de modernização conservadora na região, que alterou a composição química dos solos para a monocultura de soja, milho e outras commodities. A quarta fase do uso e ocupação dos solos do Sudoeste de Goiás tem gerado níveis altíssimos de degradação dos solos e da vegetação original do Cerrado.

Antes da presença da colonização moderna, os habitantes humanos originários já alteravam a vegetação através do manejo, conforme assinalam Costa Lima e Barbosa, pioneiros dos estudos arqueológicos no Sudoeste de Goiás. Nos Cerrados, “quando degradados, brota de imediato um conjunto de espécies, que representam antigos cultígenos como feijão (Phaseolus sp.), algodão (gossypium), Guariroba (Syagrus oleracea). Tal fato tem inclusive servido como indicador para balizar sítio arqueológicos, correspondentes à agricultores no centro do Brasil” (BARBOSA, 2002, p. 363).

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As frentes de ocupação ligadas à colonização de origem europeia se instalaram no sudoeste de Goiás a partir da segunda metade do século XIX. Nas margens do rio Claro, área da restauração ecológica, a primeira fazenda foi formada a partir do ano de 1838. A pecuária extensiva era a principal atividade desenvolvida, e a degradação dos solos e da vegetação original nesse período não foram de grandes proporções. “à atividade produtiva predominante, a criação em campo aberto, favorecia, até certo ponto, a permanência do povoamento disseminado e rarefeito” (FRANÇA, 1975, p. 97)

O terceiro momento das interferências antrópicas que contribuíram para a degradação do Cerrado no sudoeste de Goiás foi a introdução das gramíneas exóticas. A chegada das gramíneas exóticas trouxe danos irreversíveis para o Cerrado, condenando à extinção muitas espécies nativas. A escritora Maria Eloá de Souza Lima narra os prejuízos da chegada da braquiária para o Cerrado em um dos afluentes do rio Verde, tributário do Paranaíba, irmão e vizinho do rio Claro.

Lima (2014, p. 104) lamenta que, impassíveis diante da beleza natural daquela região, os novos donos das terras transformaram-nas em invernadas vastíssimas de braquiária que, na mais cruel monotonia, perdem de vista e afirma: “Adeus, capim-do-campo! Adeus, lindas moitas de canela-de-ema e de muçumbé! Adeus, águas claras da região do Douradinho”.

A partir da década de 1970, em decorrência dos Planos Nacionais de Desenvolvimento criados pelo governo Federal, um forte investimento financeiro transformou drasticamente as paisagens do Sudoeste de Goiás. A região foi identificada como sendo de boa vocação agrícola mecanizada e os Cerrados substituídos pela monocultura de milho e soja.

De acordo com Almeida (2008, p. 63), “com a implantação de projeto desenvolvimentista no Brasil, a partir dos anos 1970, o governo federal, principal interventor na região com seus financiamentos subsidiados e seus incentivos fiscais, deu início à modernização dos Cerrados”. Imerso a esse contexto está a área examinada.

3 Resultados e discussão

3.1 Histórico do processo de restauração ecológica na PCH Jataí

A análise está concentrada na parcela da Área de Preservação Permanente (APP) da PCH Jataí em que está sendo realizado o processo de Restauração ecológica a partir da Semeadura Direta, por meio da técnica de muvuca de sementes. De acordo com o relatório da PCH Jataí (2016-2017), antes da APP a atividade predominante na localidade era a pecuária.

Uma área de aproximadamente 13 hectares foi isolada e preparada com trator e grade para a semeadura, que ocorreu em janeiro de 2016. O plantio das sementes se deu através de plantadeira de precisão e lançadeira Vincón. Foi plantado um coquetel de sementes de árvores nativas com distintos ciclos de sucessão ecológica. Também compuseram o coquetel leguminosas forrageiras (crotalária, feijão de porco e feijão guandu), plantas de ciclo de vida curto que promovem a cobertura do solo, que impedem o estabelecimento de gramíneas exóticas que suprimiriam a sobrevida das plântulas, além de promoverem a adubação do solo com nitrogênio. Foram realizadas capinas químicas com o herbicida Verdict, para conter a invasão por gramíneas.

As sementes que compuseram o coquetel lançado foram adquiridas no Instituto Socio Ambiental e são provenientes de Canarana-MT, localizada a mais de 600 km da área a ser restaurada.

As sementes ficaram armazenadas em câmara fria por aproximadamente um ano e passaram por um processo de quebra de dormência por choque térmico, para aceleração da germinação. Foram lançadas no solo no período chuvoso, entre janeiro e fevereiro de 2016.

Tabela 1: Nome regional e científico das espécies que compuseram o coquetel da muvuca de sementes

Jatobá-do-cerrado

Jatobá-da-mata

Ipê-amarelo-do-cerrado

Ipê-roxo

Ipê-amarelo-da-mata

Ipê-caraíba

Lixeira

Leiteiro-do-cerrado

Lobeira-da-mata

Lobeira-do-cerrado

Pau-d’óleo

Sucupira-preta

Xixá

Tingui

Urucum

Vinhático

Tamarindo

Tamboril

Pata-de-Vaca

Mutamba

Murici-do-campo

Mamoninha

Gueiroba

Gonçalo-alves

Goiabeira

Garapa

Fedegosão

Carvoeiro

Faveira

Carobinha

Cajuzinho-do-cerrado

Caju

Baru

Aroeira

Angico-branco

Angelim-do-cerrado

Trema

Hymenaea stigonocarpa

Hymenaea courbaril

Handroanthus ochraceus

Handroanthus impetiginosus

Handroanthus serratifolius

Tabebuia aurea

Curatella americana

Himatanthus cf. obovatus

Solanum excelsum

Solanum eryanthum

Copaifera langsdorfii

Bowdichia virgilioides

Sterculia striata

Magonia pubescens

Bixa orelana

Plathymenia reticulata

Tamarindus indica

Enterolobium timbouva

Bauhinia sp.

Guazuma ulmifolia

Byrsonima cydoniifolia

Mabea fistulifera

Syagrus oleracea

Astronium fraxinfolium

Psidium guajava

Apuleia leiocarpa

Senna sp.

Tachigali vulgaris

Dimorphandra mollis

Jacaranda brasiliana

Anacardium nanum

Anacardium occidentale

Dipterix alata

Myracrodruon urundeuva

Anadenanthera colubrina

Andira cujabensis

Trema micranta

Fonte: BRASIL PCH JATAÍ, 2017, p. 7.

Quatro parcelas de cinco metros de largura por cem metros de comprimento foram destacadas aleatoriamente na área da muvuca para que fosse realizado o monitoramento.

Todos os indivíduos de espécies arbóreas ou arbustivas localizados dentro das parcelas estão sendo, desde o estabelecimento em 2016, levantados e identificados, sendo registrados a altura, o diâmetro, a família e a espécie botânica. Os indivíduos são classificados, ainda, como originários do coquetel da muvuca de sementes ou provenientes de regeneração natural. Desde o início do monitoramento acompanha-se os indivíduos sobreviventes, registra-se os mortos e faz-se a inclusão das novas germinações, os indivíduos recrutas.

3.2 Arbustos e árvores presentes nas parcelas

Em um levantamento feito em outubro de 2019, mais de três anos após o processo de semeadura direta, as parcelas da área da Restauração ecológica selecionadas para amostragem registraram a presença dos indivíduos constantes na Tabela 2. A seguir apresentaremos uma breve descrição das espécies, buscando dar enfoque em se são ou não nativas do domínio fitogeográfico Cerrado.

Tabela 2: Nome Científico, Nome Regional e Quantidade de Indivíduos na área da restauração ecológica em 2019
Nome Científico Nome Regional Indivíduos em 2019

Anadenanthera colubrina

Astronium fraxinifolium

Bixa orellana

Brosimum gaudichaudii

Cecropia pachystachya

Curatella americana L.

Dipteryx alata

Enterolobium timbouva

Guazuma ulmifolia

Handroanthus impetiginosus

Hymenaea courbaril

Jacaranda brasiliana

Machaerium brasiliensis

Myracrodruon urundeuva

Solanum excelsum

Tabebuia avellanedae

Tabebuia roseoalba

Terminalia brasiliensis

Trema micrantha

Angico-vermelho

Gonçalo-alves

Urucum

Mama-cadela

Embaúba

Lixeira

Baru

Tamboril

Mutamba

Ipê roxo

Jatobá-da-mata

Caroba

Jacarandá-cascudo

Aroeira

Lobeira-da-mata

Ipê-roxo-grande

Ipê-branco

Capitão

Trema

1

7

13

3

1

2

5

22

9

1

1

8

3

65

49

1

1

1

4

Total: 197

Fonte: Dos Autores, 2019.

Após mais de três anos da Semeadura direta na área de restauração ecológica é possível notar o estabelecimento majoritário de espécies de arbustos e árvores nativas do Cerrado, em especial das regiões de formação florestal. As espécies presentes que não são nativas desse domínio são as de ciclo rápido e que foram inseridas no coquetel de sementes como pioneiras, para conter as gramíneas exóticas que impedem o estabelecimento das plântulas.

A presença de gramínea exótica é notável nas parcelas analisadas, sendo o maior empecilho para restauração ecológica de áreas de Cerrado, mesmo se tratando, como é o caso, de uma formação florestal, pois as plântulas nativas possuem um crescimento lento.

Conforme explicam Silva et al (2015, p. 400), para melhor resultado na restauração ecológica dos Cerrados, “é necessário implementar práticas de gerenciamento de longo prazo, como capinar plantas invasoras e prevenir incêndios, enquanto as plantas nativas são pequenas.

A inclusão de gramíneas, ervas e arbustos nativos para cobrir o solo antes que as plantas exóticas colonizem também pode valer a pena”. Um manejo voltado para as gramíneas exóticas invasoras pode melhorar os resultados.

3.3 Elementos conceituais da Restauração Ecológica

Segundo Resende & Leles (2017), de forma diferenciada da agricultura que trabalha de forma específica com a produção, o que se busca em um povoamento florestal com fim de restauração é o crescimento satisfatório e sustentável nas formas econômica, social e ambiental das plantas arbóreas e o avanço da sucessão ecológica com os todos os componentes herbáceos, arbóreos e arbustivos. Ambos os autores afirmas que quando se trata do Brasil, a maior parte dos projetos de reflorestamento com espécies florestais nativas possui fim ambiental.

Entende-se que um ecossistema foi recuperado – e restaurado – quando contém recursos bióticos suficiente para continuar seu desenvolvimento sem mais assistência ou subsídio. Há atributos importantes que são fundamentos para determinar se uma restauração foi completada. Atributos de Ecossistemas Restaurados, trajetória adequada do desenvolvimento do ecossistema na direção do objetivo pretendido ou referência.

Desse modo, é necessário que o ambiente físico do ecossistema restaurado seja capaz de sustentar suficientes populações reprodutivas de espécies para sua estabilidade continuada ou desenvolvimento ao longo da trajetória desejada.

Devendo funcionar normalmente para seu estágio ecológico de desenvolvimento e não havendo sinais de disfunção, que seja adequadamente integrado em uma ampla paisagem ou matriz ecológica que interage através de trocas e fluxos bióticos e abióticos.

3.4 Semeadura direta no processo de restauração ecológica na PCH Jataí

As possibilidades desencadeadas pela técnica da semeadura direta vêm ganhando destaque no campo da restauração ecológica, consolida-se como um método viável na recomposição da vegetação nativa dos mais variados biomas. No caso específico a ser analisado, trata-se de área de cerrado.

Vários são os sentidos que fazem pensar a semeadura direta enquanto forma viável, desde a necessidade de fácil aparato de transporte de mudas, até mesmo a ausência de custos na produção de mudas, já que mudas na semeadura direta não são necessárias e as sementes não são germinadas anteriormente. Segundo Resende & Leles (2017) o povoamento, da implantação dos projetos de restauração até os três primeiros anos, possui elevados custos que variam de acordo com as condições do local de implantação do projeto de restauração, do relevo e do manejo adotado no controle das chamadas plantas daninhas.

Um sentido interessante de ser analisado é a semelhança da semeadura direta com os processos naturais de sucessão ecológica, as transformações desencadeadas pelo processo podem acelerarem os processos de restauração ecológica. Veja-se, por obviedade, que o controle de plantas daninhas em áreas de restauração ecológica e em específico as chamadas gramíneas exóticas é um dos principais instrumentos avaliativos do sucesso ou fracasso de um projeto de restauração florestal.

Segundo Resende & Leles (2017) a restauração florestas ganhou importância ao longo das últimas décadas. Dentre os motivos está a necessidade de adequar diversos segmentos produtivos, as propriedades rurais, empresas públicas e privadas a legislação ambiental, além da tarefa de recuperar áreas perturbadas e degradadas.

Os autores analisam que é necessário ter em mente que um projeto de reflorestamento ambiental deve estabelecer inicialmente as principais funções ecológicas que as árvores desempenham na formação de uma floresta.

4 Considerações finais

Os procedimentos da chamada semeadura direta, dispensam as cansativas e onerosas germinações de sementes e a consequentemente a produção de mudas. A saber, um outro trabalho dispensado pela semeadura direta é o transporte e o plantio das mudas em covas.

Com a exclusão desses processos a semeadura direta se tornou um método menos oneroso em relação ao plantio de mudas. A semeadura direta é caracterizada pelo semear de espécies variadas diretamente no solo que foi anteriormente preparado para germinação.

Embora na semeadura direta utiliza-se uma grande quantidade e variedade de sementes, pois não são todas que germinam e daquelas que germinam, muitas morrem ou tem seu ciclo findado. Para Resende & Leles (2017) as características das gramíneas as tornam espécies agressivas e indica que o controle nas épocas iniciais do reflorestamento primordial para sucesso da restauração.

Os autores analisam que métodos de controle de plantas daninhas no âmbito agronômico e na área da silvicultura de pinus e eucalipto estão bastante consolidados. No entanto, em se tratando de restauração florestal, devido a vários fatores como a diversidade de espécies e ao crescimento relativamente lento das plantas, muito ainda precisa ser estudado.

A densidade dos arbustos é extremamente relevante, a vegetação cobrindo o terreno, pode reduzir a área de solo exposto e assim a possibilidade de infestação ou (re) infestação por capins exóticos. É de se dizer que a possibilidade da técnica da muvuca de sementes em alta densidade pode favorecer a sucessão ecológica ocorra de forma similar a natural.

As plantas de ciclo de vida curto podem serem substituídos por espécies de ciclos de vida mais longos, estabelecendo assim, uma dinâmica inicial de restauração. O que se nota é que a proteção ao Meio Ambiente por meio de processos de restauração ecológica tornou-se uma das grandes preocupações do último século.

Por tais considerações, a expansão da fronteira agrícola e a exploração do meio natural são indispensáveis para o crescimento econômico do país, porém esta exploração tem seus efeitos colaterais que de forma direta ou indireta influenciam na ocorrência de danos ambientais que chamam a atenção pela imensa devastação causada e pelo grande número de vítimas atingidas, não restando outra alternativa a não ser multiplicar e difundir a restauração ecológica pela técnica da semeadura direta.

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Sobre o autor
Hebert Mendes de Araújo Schütz

É Doutor em Geografia pela UFJ (2023); linha de pesquisa "análise ambiental do cerrado" e Mestre em Direito Agrário pela UFG (2014). Graduado em Direito pela UNIRV (2005) e foi advogado no escritório Brasil Salomão e Mattes Advocacia de Ribeirão Preto (SP), junto a filial de Três Lagoas (MS), com a OAB n 16.730 (atualmente licenciado para exercício de cargo público). Ex-bolsista e membro da Rede Goiana de pesquisa em Direito Agroalimentar, financiada pela FAPEG. Membro do conselho editorial da Revista Científica do Centro de Ensino Superior Almeida Rodrigues, Rio Verde, FAR/ISEAR, ISSN: 2317-7284. Foi professor do SENAC - Unidade Rio Verde e nos cursos de direito das Faculdades Objetivo, FAR - Faculdade Almeida Rodrigues (Rio Verde) e UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Campus Três Lagoas). Foi professor do Instituto n 1 (curso preparatório para concursos). Autor dos livros: "A arbitragem e sua forma jurisdicional" e "O município e o interesse local" publicados pela Editora Ebenezer. Co-autor do livro: "Versões e ponderações" publicado pela Editora Boreal, ISBN 978-85-8438-028-2. Co-autor do livro: REFLEXÕES GEOGRÁFICAS NO CERRADO BRASILEIRO dimensões enquanto componentes integradas e dinâmicas - Volume 3, pela Editora CRV - link: https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37559-reflexoes-geograficas-no-cerrado-brasileirobrdimensoes-enquanto-componentes-integradas-e-dinamicasbr-volume-3 É servidor efetivo no cargo de analista judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e estuda a gestão ambiental em áreas de preservação permanente na perspectiva de práticas conservacionistas.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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