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Resenha do livro: "Estranhos à nossa porta".

Resenha do livro: "Estranhos à nossa porta" - BAUMAN, Zigmmund. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

Book review: Strangers at our door” - BAUMAN, Zigmmund. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

Reseña del libro: Estranhos à nossa porta” - BAUMAN, Zigmmund. Río de Janeiro: Zahar, 2017.

Resumo

"Estranhos à Nossa Porta," de Zygmunt Bauman, publicado em 2017, é uma obra que mergulha nas complexidades da migração na sociedade contemporânea. Bauman desmistifica a designação de "estranhos" atribuída aos migrantes, destacando as histórias individuais por trás das pessoas deslocadas devido a conflitos, pobreza e desigualdades globais. Ele analisa a influência da mídia e dos discursos políticos na criação de um clima de medo e desconfiança em relação aos migrantes, enquanto explora a dissonância entre a promessa da globalização e a realidade enfrentada por eles. Bauman também examina a interligação entre identidade, cidadania e pertencimento, revelando como esses conceitos moldam políticas migratórias e se transformam em ferramentas de exclusão. Além disso, ele critica a resposta superficial da sociedade às comoções midiáticas sobre a migração e destaca a necessidade de diálogo e solidariedade para superar a crise migratória. A obra de Bauman transcende a sociologia, oferecendo reflexões profundas sobre a condição humana na sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Migração. Globalização. Exclusão.

Abstract

"Strangers at Our Door," by Zygmunt Bauman, published in 2017, is a work that delves into the complexities of migration in contemporary society. Bauman demystifies the "outsider" designation attributed to migrants, highlighting the individual stories behind people displaced by conflict, poverty and global inequalities. It analyzes the influence of media and political discourses in creating a climate of fear and distrust towards migrants, while exploring the dissonance between the promise of globalization and the reality they face. Bauman also examines the interconnection between identity, citizenship and belonging, revealing how these concepts shape migration policies and become tools of exclusion. Furthermore, he criticizes society's superficial response to media commotion about migration and highlights the need for dialogue and solidarity to overcome the migration crisis. Bauman's work transcends sociology, offering profound reflections on the human condition in contemporary society.

Keywords: Migration. Globalization. Exclusion.

Resumen

"Extraños a nuestra puerta", de Zygmunt Bauman, publicada en 2017, es una obra que profundiza en las complejidades de la migración en la sociedad contemporánea. Bauman desmitifica la designación de "forasteros" atribuida a los migrantes, destacando las historias individuales detrás de las personas desplazadas por conflictos, pobreza y desigualdades globales. Analiza la influencia de los medios de comunicación y los discursos políticos en la creación de un clima de miedo y desconfianza hacia los migrantes, al tiempo que explora la disonancia entre la promesa de la globalización y la realidad que enfrentan. Bauman también examina la interconexión entre identidad, ciudadanía y pertenencia, revelando cómo estos conceptos dan forma a las políticas migratorias y se convierten en herramientas de exclusión. Además, critica la respuesta superficial de la sociedad al revuelo mediático sobre la migración y destaca la necesidad de diálogo y solidaridad para superar la crisis migratoria. La obra de Bauman trasciende la sociología y ofrece profundas reflexiones sobre la condición humana en la sociedad contemporánea.

Palabras clave: Migración. Globalización. Exclusión.

Apresentação e desenvolvimento

"Estranhos à Nossa Porta," lançado por Zygmunt Bauman em 2017, é uma obra que transcende o âmbito da mera análise sociológica para se tornar uma profunda reflexão sobre as complexidades da migração na sociedade contemporânea. Neste livro, Bauman emprega sua vasta expertise e profundo conhecimento interdisciplinar para contextualizar a crise migratória no cenário das falhas estruturais da modernidade e da globalização.

Uma das contribuições mais marcantes de Bauman é a desmistificação do termo "estranho". Ele argumenta que, por trás dessa designação, encontram-se seres humanos deslocados de seus locais de origem devido a uma série de fatores que vão desde conflitos armados e guerras até desastres naturais, pobreza extrema e desigualdades globais. Bauman desafia a sociedade a enxergar além das categorizações simplistas e a compreender a complexidade das histórias individuais por trás dos migrantes e refugiados.

O autor mergulha profundamente na chamada "crise do pânico moral" que envolve a questão migratória. Ele destaca como a mídia e os discursos políticos muitas vezes perpetuam uma visão distorcida dos migrantes, criando uma atmosfera de medo e desconfiança na sociedade. Bauman explora como a globalização, que teoricamente aproximaria as pessoas, muitas vezes resulta na exclusão e marginalização dos migrantes, revelando assim a dissonância entre a promessa da globalização e a realidade dura enfrentada pelos que buscam uma vida melhor em terras estrangeiras.

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Uma das análises mais contundentes de Bauman é a interligação entre identidade, cidadania e senso de pertencimento. Ele demonstra como esses conceitos moldam as políticas migratórias e se transformam em ferramentas de exclusão e segregação. Ao mesmo tempo, ele critica a resposta superficial e efêmera da sociedade contemporânea às comoções midiáticas sobre a migração em massa. Bauman desmascara a hipocrisia arraigada na percepção dos refugiados e como essa insegurança existencial é explorada por instituições sociais em benefício próprio, afetando substancialmente a maneira como os refugiados são percebidos, acolhidos e tratados.

Além disso, a obra de Bauman se estende para além da crise migratória, adentrando o cenário da sociedade da performance, onde os indivíduos são incessantemente julgados e avaliados com base em sua capacidade de se adequar ao sistema vigente. Essa abordagem reforça de maneira contundente a exclusão social daqueles rotulados como "diferentes" ou não conformes com as expectativas estabelecidas, criando um ciclo de marginalização e responsabilização individual diante das estruturas excludentes e opressivas da sociedade contemporânea.

No cerne de sua obra, Bauman adverte e lança um alerta contundente sobre a tendência de buscar soluções superficiais e ilusórias para problemáticas de extrema complexidade, como a crise migratória. Ele propõe a promoção ativa do diálogo e a consolidação de um espírito solidário entre os diversos estratos sociais como um caminho para superar essa crise. Bauman enfatiza a necessidade de reconhecer os indivíduos rotulados como "estranhos" não apenas como sujeitos de um estigma, mas como legítimos seres humanos detentores de direitos inalienáveis, fomentando, assim, uma visão humanizada e inclusiva perante essa realidade desafiadora.

Em resumo, "Estranhos à Nossa Porta" é uma obra magistral de Zygmunt Bauman que oferece uma análise profunda e abrangente das complexidades da migração na sociedade contemporânea. O livro não apenas critica a crise migratória, mas também desafia os leitores a refletirem sobre suas próprias convicções em relação a essa questão humanitária. Bauman demonstra um vasto conhecimento e uma habilidade singular em explorar os elementos intricados da sociedade contemporânea, transcendendo os limites da sociologia e tocando questões fundamentais da condição humana. Sua obra permanece como uma referência essencial para quem deseja compreender as nuances da migração e suas implicações na sociedade moderna.

Referências bibliográficas

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BASTOS, Maria Clotilde Pires; FERREIRA, Daniela Vitor. Metodologia científica. Londrina: Educacional S.A., 2016.

BAUMAN, Zigmmund. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

Sobre os autores
Ari Ricardo Avila Schuller

Mestre em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa – Portugal. Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal. Graduação em Direito. Servidor do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Ex-servidor da Marinha do Brasil e da Brigada Militar. Professor de Direito e de Criminologia. Experiência na área de Direito, com ênfase em Sociologia Jurídica, Filosofia do Direito, Direito Penal Econômico e Execuções Criminais. Pesquisador nas áreas de Direito Fraterno, Sociologia do Constitucionalismo, Direito Antidiscriminatório, Relações Raciais e Ações Afirmativas. Membro do Coletivo da Igualdade Racial do Sindjus/RS.

Marina da Silva Pereira

Graduanda em Direito na UFPEL. Educadora Social na Prefeitura Municipal de Pelotas na Casa Luciety (abrigo de acolhimento a mulheres vitimas de violência domestica - 2016-2017). Assessora Parlamentar na Câmara de Vereadores de Pelotas (2022). Pesquisadora nas áreas de feminismo jurídico, feminismo negro, relações raciais sob a ótica da sociologia jurídica, bem como pesquisas, investigações empíricas que conectem direito, arte, raça e gênero.

Informações sobre o texto

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