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O artigo 47, da Lei Complementar nº 123/2006, aplica-se às contratações públicas do Poder Judiciário e do Poder Legislativo?

Agenda 13/03/2015 às 18:21

O presente artigo tem como objetivo verificar se as exigências de concessão de tratamento diferenciado e simplificado, previstas no artigo 47 da LC 123/2006, recentemente alterada pela LC 147/2014, se aplicam aos Poderes Judiciário e Legislativo.

Inicialmente, cabe esclarecer que a problemática posta em discussão neste artigo é relevante, tendo em vista que o artigo 47 da Lei Complementar - LC 123/2006, foi alterado pela LC 147, de 07 de agosto de 2014, passando a determinar que sejam concedidos, nas licitações públicas, tratamentos diferenciados e simplificados às microempresas - ME e empresas de pequeno porte - EPP, trazendo modificações substanciais no planejamento e na execução da licitação.

Destacam-se como inovações da LC 147/2014 a exigência de licitações exclusivas para ME e EPP nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), a possibilidade de subcontratação de ME e EPP na aquisição de obras e serviços e a exigência de se estabelecer, para aquisições de bens de natureza divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) para a contratação de ME e EPP.

A LC 147/2014 alterou, ainda, outros dispositivos da Lei Complementar 123/2006, e das leis 5.889/1973, 11.101/2005, 9.099/1995, 11.598/2007, 8.934/1994, 10.406/2002 e a 8.666/1993.

O artigo 47, da LC nº 123/2006, passou, com a alteração mencionada, a ter a seguinte redação, in verbis:

Art. 47. Nas contratações públicas da administração direta e indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, deverá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica.” (grifo meu)

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Diante da dicção do referido artigo, emerge dúvida, no meio acadêmico, na doutrina, e nas execuções das licitações públicas sobre a aplicabilidade ou não deste dispositivo nas contratações púbicas no âmbito do Poder Judiciário e do Poder Legislativo.

No meu entender, ele não se aplica aos referidos Poderes pelas seguintes razões:

Art. 47. Nas contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios, poderá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente.” (grifo meu)

Pelo exposto, identificam-se razões que nos levam a concluir pela não obrigatoriedade de aplicação do artigo 47 e dos subsequentes que dele dependam, da LC 123/2006, às contratações públicas do Poder Judiciário e do Poder Legislativo.

Não obstante a conclusão mencionada, pode ser defendida a tese de se recomendar a sua aplicação nas contratações dos Poderes Judiciário e Legislativo, com o fim de colaborar com a política de fomento do Poder Executivo e de maximizar os objetivos propostos no referido artigo, desde que tal medida não traga prejuízos aos órgãos promotores do procedimento licitatório.

Observa-se, por fim, que a aplicação do artigo 47, nas licitações públicas, por parte dos demais Poderes, não prejudicaria diretamente a missão institucional de cada um deles, haja vista que a sua execução se circunscreveria somente às atividades administrativas.

Sobre o autor
Manfredo Schwaner Gontijo

Servidor Público Federal do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Atua como Assistente Jurídico de Desembargador. Bacharel em Direito e em Administração de Empresas, especialista em Administração de Marketing. Autor do livro "Constitucionalismo: evolução, características e tendências".

Informações sobre o texto

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