Li preocupado... não, melhor, decepcionado, no facebook de certo procurador de justiça aposentado a crítica a uma decisão judicial havida pelo juiz Max Carrion Brueckner, da 6ª Vara do Trabalho de Porto Alegre[1]. O dito jurista fala, criticando a decisão, em direito pret a porter (não seria “prêt-à-porter”?), em cursinhos preparatórios caça-níquel, cursos quiz show e livros de direito simplificados. Faz referência à crise em que vivemos e se pergunta para que ainda estudar direito.
O que me cabe aqui não é defender a decisão. Até porque quem foi ou é juiz sabe como e quando uma testemunha mente, desmente ou mente muito (que parece ter sido o caso).
O juiz Max é um profissional experiente. Foi procurador federal e passou em um dos certames mais difíceis do hemisfério sul: o concurso para a magistratura. Não bastasse, duvido muito que tenha estudado por manuais conta gotas ou participado de cursinhos caça-níquel (aliás, nobre professor, o que são os cursos de pós-graduação de hoje?).
Quanto aos argumentos da sentença é bom que se diga, ao contrário do que alerta o professor, que juiz solipsista é aquele que decide apenas de acordo com as suas experiências. Experiências? Mas elas não podem ser usadas conforme CPC? E mais, o juiz Max não agiu de acordo com os preceitos do solipsismo e sim de acordo com suas regras de experiência e conforme o caso concreto exigiu, levando em conta a psicologia da análise do depoimento, o que o transforma, quem sabe, professor, em um juiz que busca, nas demais áreas do conhecimento (e que sei que o senhor faz o mesmo), a resposta para o caso concreto. Não tenho certeza mas acho que já li em textos seus algo a respeito.
Aliás, a linguagem não é a morada do ser?[2] E o que é linguagem... os movimentos corporais e os sinais também fazem parte da linguagem.
É por demais simples a análise havida em sua página do facebook professor. Não é compatível com sua grandeza. Quem sabe esteja o senhor, em razão de sua “retraite”, perdendo o trem da história....
Nunca é tarde para dizer que quem vive como autoridade, no momento em que a perde morre ou, inconformado, quer matar... e a sana pelo desejo de morte do outro, do diferente, daquele que também cria, cega... cega pelo ciúme... “não sou eu e não mais serei eu... e por isso quero matar...”.
Professor, esta análise não é compatível com sua história. Este desrespeito não é compatível com sua história... para alguém que constantemente é citado pelo STF, caberia ao senhor saber que a decisão judicial comporta regras de experiência.... siga escrevendo sua história de forma coerente prezado professor....
Antes de terminar faço que saiba que o ato de julgar não é para qualquer um... são poucos... o ato de criticar sim... faz parte da vida de qualquer pessoa... Esta diferença, lamento, o senhor nunca vai saber.
[1] http://justificando.com/2016/02/10/juiz-descarta-depoimento-de-testemunha-que-fez-gestos-incompativeis-com-o-que-dizia/ - acesso 11 de fevereiro de 2016, às 8h25min.
[2] HEIDEGGER, Martin, Cartas sobre el humanismo. Traducción de Helena Córtes y Arturo Leyte, Madrid: Alianza Editorial, 2006, p. 43