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O método a serviço da criação: uma ferramenta auxiliar para o TCC e a monografia jurídica

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Agenda 01/08/2017 às 09:15

Busca-se construir uma ferramenta auxiliar para ajudar a vencer os obstáculos mais comuns para a elaboração de trabalhos de conclusão de curso e monografias, contudo, sem afastar a importância da motivação e do acolhimento.

Resumo: O início de qualquer atividade apresenta dificuldades e com os Trabalhos Acadêmico-Científicos não é diferente. Os motivos do problema variam muito, desde aspectos pessoais até a complexidade do assunto, porém, muitas vezes, basta um primeiro contato – não dos mais positivos –, para que estabelecida verdadeira aversão. No entanto, os critérios empregados pela Metodologia Científica não foram criados ao acaso, mas sim para facilitar a pesquisa e a divulgação do conhecimento. O papel da Metodologia Científica, porém, não se restringe a fornecer critérios para o desenvolvimento de ideias, também estabelecem limites éticos à sua produção e, dentre eles, a busca do bem comum. Por outro lado, se percebe que sem Método boas ideias seriam adiadas ou, mesmo, se perderiam. A Metodologia também demonstra que o conhecimento se divide em fases, etapas, graus – nem sempre lineares –, tais como as de assimilação, interação, reflexão e síntese dos conteúdos preexistentes, a partir dos quais é possível elaborar conhecimento novo. Daí a importância do equilíbrio forma-conteúdo, aspecto indispensável não apenas ao início, ao desenvolvimento, mas também a conclusão de qualquer Trabalho Acadêmico-Científico. Por fim, o que aqui se almeja é construir em conjunto com o(a) leitor(a) uma “ferramenta auxiliar”, que ajude o(a) aluno(a) vencer os obstáculos mais comuns, contudo, sem afastar a importância da motivação [interna e externa] e do acolhimento, sobretudo para os(as) mais iniciantes e, assim, vencer o maior desafio da vida: começar!

Palavras-chave: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Monografia Jurídica – Noções Básicas de Metodologia Científica – Critérios para a Produção de Trabalhos Acadêmicos – A Importância do Acolhimento e da Motivação como fonte de Inspiração – A Escolha e Delimitação do Tema – O Projeto ou Roteiro de Pesquisa – As Partes do Trabalho: Elementos Pré-Textuais, Textuais e Pós-Textuais – As Referências – Citações e Notas de Rodapé – Projeto ou Roteiro de Pesquisa – Meio Dinâmico de Desenvolvimento do Trabalho Acadêmico – Elementos Gráficos Básicos.

Sumário: Introdução. 1. Noções relativas à Metodologia Científica. 2. Por que e para que Monografia? 3. Escolha e Delimitação do Tema. 3. Algumas das Técnicas de Estudo e Pesquisa. 1.3 A Ferramenta da Motivação e/ou Inspiração. 1.4. Um Instrumento de Trabalho: O Projeto de Pesquisa. 2 Os Elementos do Trabalho Acadêmico. 2.1 Elementos Pré-Textuais, Textuais e Pós-Textuais. 2.2 As Referências: Citações e Notas de Rodapé. 2. 3 A União das Referências Como Meio Dinâmico de Desenvolvimento do Trabalho. 3. Elementos Gráficos Básicos. 3.1 Tamanho da Folha. 3.2 Margens. 3.3 Numeração das Páginas. 3.4 Tipo e Tamanho da Letra. 3.5 Parágrafos. 3.6 Espaços Entrelinhas e nas Partes e Seções do Trabalho. Conclusão. Referências.


Introdução

O objetivo do presente trabalho parece muito simples: apresentar os aspectos elementares, para o início do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ou a Monografia.

Quer dizer, não se trata de desenvolver o assunto de maneira completa – o que iria prejudicar esse objetivo –, e sim se colocar na posição do(a) aluno(a), que procura o melhor caminho para começar.

O contato inicial com os critérios da Metodologia Científica não costuma ser positivo, quando não degenera em aversão: Afinal o que priorizar forma ou conteúdo?

O diagnóstico da mencionada dificuldade é simples: o(a) aluno(a) argumenta, que é preciso priorizar o conteúdo – e não a forma –, do Trabalho Acadêmico.

Tal problema não decorre da excelente bibliografia sobre o tema, mas do contexto do(a) aluno(a) no final do curso: prazos curtos, acúmulo de tarefas e a falta de uma compreensão básica ou elementar acerca da importância do método.

O desafio do presente texto é mostrar que um melhor entendimento da(s) forma(s) pode auxiliar – e muito –, na elaboração do conteúdo, o que afasta uma ideia mecanicista do método.

Os critérios formais ou a forma possuem importantes finalidades não apenas no que tange à divulgação do conhecimento, mas também à sua criação, o que se pode notar já na fase inicial da pesquisa do TCC e da Monografia.

O Projeto de Pesquisa é um guia para a elaboração do conteúdo – e não um compartimento fechado ou estanque –, daí porque pode ser – e certamente será –, alterado à medida que avance o conhecimento e o desenvolvimento do tema.

No entanto, é preciso ter em mente que o equilíbrio forma-conteúdo deve orientar aquele(a), que se propõe a produzir um Trabalho Acadêmico ou Técnico-Científico.

Nesse passo, parece interessante chamar atenção do(a) leitor(a) para o título desse ensaio – o “Método a Serviço da Criação” –, se o(a) amigo(a) prioriza o conteúdo teria continuado a leitura se a ideia transmitida traduzisse um elogio à Metodologia?

Certamente, o título exprime certa dose de subjetividade – e, mesmo, poderia revelar uma tomada de posição –, todavia, o histórico de acertos e acertos, registrados na experiência pessoal, fez perceber a importância do método para o desenvolvimento do conteúdo.

Dito de outro modo, boas ideias, bons projetos, realizações acadêmico-científicas – ou, mesmo, profissionais e pessoais –, podem ser frustradas ou adiadas pela falta de utilização de técnicas ou meios mais eficientes de se alcançar a produção do conhecimento.

Posto isso, se apresenta a presente “ferramenta auxiliar” elaborada a partir o exercício profissional da advocacia, bem como da produção de artigos de jornal, artigos de periódicos, capítulos de livro, mas também de TCC e Monografia, enriquecida pelos questionamentos de amigos(as), colegas de trabalho e depois ampliada através da organização de Grupos de Estudos e apresentação de Palestras, nas quais se procura ressaltar a importância da motivação, para vencer a primeira e maior barreira: começar!


1. Noções Básicas acerca da Metodologia Científica

Inicialmente, parece importante destacar a importância e/ou utilidade do Método, tal como ensina Lino Rampazzo citado por Roberta Liana Pimentel Cajueiro:

Para melhor entendermos a metodologia, que etimologicamente vem do grego métodos – de meta (objetivo, finalidade), que significa maneira, forma de fazer algo, como se faz; hodos – caminho ou direção; ou seja, `meio mais eficaz de atingir a meta, o objetivo.´ Logo, metodologia é o estudo da melhor maneira de executar uma ação, seja ela qual for. Mas quando usamos os termos metodologia científica ou metodologia de pesquisa, referimo-nos ao estudo da ação científica, ou seja, do estudo da pesquisa científica. `A pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. [...] a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico´ (RAMPAZZO, 2002, p. 49, grifo do autor). Ou seja, devemos obedecer alguns critérios de organização na produção de pesquisa seguindo etapas de progressão processual. (CAJUEIRO, 2013: p. 17-18)

O Método, portanto, busca a melhor forma de avaliar, estudar e resolver problemas, além de fornecer instrumentos para uma atuação prática mais dinâmica e eficiente.

A importância do Método cresce diante de questões de maior complexidade, que exigem um maior planejamento para a sua execução ou, mesmo, condições mais elaboradas

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A despeito, reitere-se, da importância sso resulta a importância de se estabelecerem critérios ou procedimentos sistemáticos – e, pois, controlados, críticos e reflexivos –, daí porque o método se mostra aplicável a todas as áreas do conhecimento.

A busca pela forma mais eficiente de atingir um objetivo ou executar uma ação se encontra mesmo nas atividades mais simples e corriqueiras do dia-a-dia, como escrever um bilhete ou uma lista de supermercado.

Assim, mesmo sem se perceber – de maneira intuitiva –, se lança mão do método quando se busca a melhor forma apresentar as ideias ou, então, o meio mais lógico de se organizar as informações ou referências mais importantes.

Ao tratar do assunto Antônio Joaquim Severino acrescenta que:

Quando observamos a prática científica concreta, o que nos aparece de forma mais evidente é a aplicação de atividades de caráter operacional técnico. Uma infinidade de aparelhos tecnológicos enchem os laboratórios, desenvolvem-se variados procedimentos de observação, de experimentação, de coleta de dados, de registro de fatos, de levantamento, de identificação e catalogação de documentos históricos, de cálculos estatísticos, de tabulação, de entrevistas, depoimentos, questionários etc.

Mas todo esse sofisticado arsenal de técnicas não é usado aleatoriamente, ou seja, ele cumpre um roteiro preciso, ele se dá em função de um método. A aplicação de um processo metodológico, da prática do método de pesquisa que está sendo usado. (SEVERINO, 2007: p. 100).

O método, portanto, não se confunde com os aparelhos tecnológicos, embora esses, de alguma sorte, espelhem a concretização daquele na assimilação e/ou ordenação das informações, contudo, não basta esse aparato é preciso saber utilizá-lo.

O método também pode ser percebido pelas regras de etiqueta à mesa, pois muitas delas, na realidade, se baseiam no uso dos talheres de modo a evitar acidentes, mas também no intuito de possibilitar uma melhor forma de se alimentar.

Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, por sua vez, tratam das diferentes espécies de pesquisa, a partir do critério do modo de obtenção dos dados ou informações:

A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos. Especificamente é `procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento´ (Ander-Egg, 1978:28).

Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. Os dois processos pelos quais se podem obter dados são a documentação direta e a indireta.

A primeira constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser conseguidos de duas maneiras: através de pesquisa de campo ou de pesquisa de laboratório. Ambas se utilizam das técnicas de observação direta intensiva (observação e entrevista) e de observação direta extensiva (questionário, formulário, medidas de opinião, atitudes técnicas mercadológicas).

A segunda serve-se de fontes de dados coletados por outras pessoas, podendo constituir-se de material já elaborado ou não. Dessa forma, divide-se em pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias). (LAKATOS; MARCONI, 2012: p. 43) (grifo do autor)

A pesquisa, portanto, se caracteriza como forma de obtenção e/ou seleção de dados ou informações e se esse for efetuada especialmente para esse fim – como se verifica nos casos de pesquisa de campo ou de laboratório –, se está diante de uma pesquisa direta, a partir de fontes primárias e, por isso, documental.

Ao contrário, se a pesquisa se desenvolve a partir da coleta de dados já realizada – ainda que com o mesmo objetivo –, tem-se a pesquisa indireta, secundária ou bibliográfica.

De qualquer sorte, também essas autoras, realçam o caráter sistemático da pesquisa, porque controlado, além de crítico-reflexivo, porque orientado por uma forma determinada, em especial quando essa envolva riscos.

Por fim, o aprofundamento de um tema ou assunto principal do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ou da Monografia, sem prejuízo do estudo e pesquisa dos assuntos iniciais ou a aquele de alguma maneira interligados, pode ser melhor alcançado através do Método.


2. Por Que e Para Que Monografia?

O aprendizado certamente depende da capacidade de percepção do destinatário da informação, contudo, a inteligência não é apartada da emoção, daí a preocupação em criar formas, para que os(as) estudantes interajam com o conteúdo.

Assim, ao invés de aulas discursivas ou expositivas, passaram a ser utilizados, com maior frequência, painéis, seminários, trabalhos em grupo, jogos cooperativos, programas de computador, enfim, instrumentos que permitam uma maior interação, inclusive mediante programas de computador.

No entanto, não basta criar novas ferramentas ou formas de interagir com o conhecimento, é preciso compreendê-las e, assim, utilizá-las, o que “justifica a própria metodologia aplicada”, tal como enfatiza Antônio Joaquim Severino (SEVERINO, 2007: p. 100).

Nesse contexto, de uma maior integração com o conteúdo – a ser analisado, apreendido, criticado, refletido, sintetizado e elaborado –, se insere a Monografia, tal como ensina Rizzatto Nunes:

A elaboração de um trabalho monográfico de estudo e pesquisa, antes de ser uma imposição legal, é uma opção didática.

De há muito os professores universitários perceberam que uma das boas maneiras de ensinar e avaliar um aluno era através da feitura de uma monografia.

Ela é fundamental não só porque mostra o conhecimento que o aluno tem da matéria, como também simultaneamente, permite ao estudante, em uma tarefa isolada, aprofundar o seu aprendizado no assunto tratado.

É uma das formas mais modernas de avaliação, mas, principalmente, de aprendizado, porque é o próprio estudante que aprende trabalhando.

A monografia é muito útil para demonstrar que atualmente não se pode mais aceitar a ideia (dogmática) de que é `o professor que ensina´, mas sim é `o aluno que aprende´. A função do professor é orientá-lo nesse aprendizado. (RIZZATTO, 2013, p. 31)

A Monografia e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) fornecem, portanto, meios para a pesquisa, estudo, desenvolvimento e apresentação de um tema, cuja compreensão, mais abrangente e profunda, altera, para melhor, o próprio aprendizado.

Dito de outro modo, essa forma de aprendizado possibilita interessante mudança de paradigma, o(a) aluno(a), antes espectador(a) do conhecimento, sob orientação do(a) professor(a), torna-se agente, partícipe e coautor(a) do conteúdo desenvolvido.

Destarte, a pesquisa, estudo, desenvolvimento e redação do TCC ou da Monografia, mediante a técnica de aprofundamento de um tema único – na realidade, central ou principal –, propiciam a realização de capacidades potenciais, em especial aquelas mais voltadas ao lado criativo.

Aqui, parece interessante refletir sobre os benefícios que a emancipação – ou o empoderamento –, do(a) aluno(a) ocasiona, tais como o crescimento do senso crítico, a percepção quanto às capacidades e os atuais limites, dentre outros.

Ainda sob esse enfoque, a prática da pesquisa parece evidenciar um aspecto importante – inclusive em termos éticos –, o de que o(a) aluno(a) não se encontra sozinho(a) no mundo.

Sob esse enfoque, parece importante perceber que o(a) pesquisador(a) sempre parte de conhecimentos já produzidos – inclusive quanto ao Método –, sem os quais, aliás, seria difícil ou, mesmo, impossível aferir se o resultado alcançado representa algum aspecto novo.

O Método, portanto, ainda que implicitamente, revela um elemento indispensável: o da humildade científica, a condição de cocriador(a) e não de autor(a) original ou único do saber.

Por outro lado, embora o TCC e a Monografia se dirijam à pesquisa e estudo de um tema central ou principal, sua elaboração depende de outros elementos – iniciais, complementares ou, mesmo, subsidiários –, a serem incluídos, em ordem lógica, no seu conteúdo.

A despeito disso, os assuntos preparatórios, complementares ou subsidiários devem ter uma relação – mais ou menos direta –, com a ideia central ou principal a ser debatida ou problematizada, tal como explica Antônio Joaquim Severino:

Em primeiro lugar, busca-se saber-se do que fala o texto. A resposta a esta questão revela o tema ou assunto da unidade. Embora aparentemente simples de ser resolvida, essa questão ilude muitas vezes. Nem sempre o título da unidade dá uma ideia fiel do tema. Às vezes apenas o insinua por associação ou analogia; outras vezes nada tem que ver com o tema. Em geral, o tema tem determinada estrutura: o autor está falando não de um objeto, de um fato determinado, mas de relações variadas entre vários elementos; além dessa possível estruturação, é preciso captar a perspectiva de abordagem do autor: tal perspectiva define o âmbito dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites determinados.

Avançando um pouco mais na tentativa de apreensão da mensagem do autor, capta-se a problematização do tema, porque não se pode falar coisa alguma a respeito de um tema se ele não se apresentar com um problema para aquele que se discorre sobre ele. [...]

[...]

Captada a problemática, a [...] questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja, como responde à dificuldade, ao problema levantado? Que posição assume, que ideia defende, o que quer demonstrar? A resposta a essa questão revela a ideia central, proposição fundamental ou tese: trata-se da ideia mestra, da ideia principal defendida pelo autor naquela unidade. Em geral, nos textos logicamente estruturados, cada unidade tem sempre uma única ideia central, todas as demais ideias estão vinculadas a ela ou são apenas paralelas ou complementares. Daí a percepção de que ela representa o núcleo essencial da mensagem do autor e a sua apreensão torna o texto inteligível. Normalmente, a tese deveria ter uma formulação expressa na introdução da unidade, mas isto não ocorre sempre, estando, às vezes, difusa no corpo da unidade. (SEVERINO, 2007: p. 57-58)

Quer dizer, o tema ou assunto central, bem como o assunto das diferentes unidades do Texto Acadêmico – Introdução, Desenvolvimento e Conclusão –, aspectos iniciais, complementares ou subsidiários da ideia central devem se encontrar ligados por um eixo central.

A rigor, isso também deveria ocorrer nas unidades, ainda que implicitamente encadeadas ou ligadas por associação ou analogia – relação de complementariedade ou subsidiariedade, portanto –, o que conforme a critica acima apresentada, nem sempre ocorre.

Com efeito, destaca o autor a importância de o título da unidade ou capítulo guardar correspondência com a ideia tratada, ou seja, buscar a ligação com os aspectos ou elementos centrais da ideia que se almeja transmitir.

Tal estruturação, como ressalta o citado autor, se mostra útil para que o(a) aluno(a) não apenas desenvolva o texto de uma forma coerente com o conteúdo anunciado, mas, tal como se verá adiante, no sentido de delimitar o tema.

A estruturação do assunto ou tema central, bem como dos assuntos iniciais, complementares ou subsidiários àquele relacionados, é útil não apenas à delimitação do conteúdo do TCC e da Monografia, mas para a dinâmica do seu desenvolvimento.

Isto porque, embora o Projeto Provisório, muitas vezes, possa ser elaborado através de um contato mais ou menos superficial do tema central, o mesmo não se verifica quando do desenvolvimento do TCC ou da Monografia.

Com efeito, sem uma maior integração com o conteúdo a ser desenvolvido, fica difícil perceber quais assuntos são diretamente relacionados ao tema ou assunto principal e, assim, definir qual o eixo central e quais são as “ideias paralelas ou complementares”.

Dito de outro modo, é preciso saber identificar quais assuntos se encontram diretamente ligados ao tema e, por isso, essenciais ao seu desenvolvimento – aqui denominados complementares –, para diferenciá-los daqueles que, embora úteis, se mostrem apenas indiretamente pertinentes ao assunto central.

Outro aspecto importante, mesmo porque relacionado ao Método, consiste em observar a diferença entre as atividades profissionais e o desenvolvimento de Trabalhos Acadêmicos, tal como salienta Rizzato Nunes:

Este primeiro comentário, ainda que particularmente dirigido aos profissionais do direito que se encaminham para a produção de trabalho monográfico – especialmente a dissertação de mestrado, mas também o trabalho de conclusão de curso de especialização e das disciplinas cursadas no mestrado/ doutorado –, vale da mesma maneira para o aluno da graduação.

A feitura da monografia é completamente diferente da produção do trabalho profissional ou acadêmico regular.

Não se trata de fazer uma peça processual mais longa, uma pesquisa de jurisprudência para sustentar razões de recurso, a busca de uma opinião doutrinária que sustente uma tese a ser levada em juízo, ou faça parte de um parecer etc.

A realização de uma monografia, desde a escolha do tema até a sua redação final, difere muito de um longo trabalho profissional.

Dizemos isso pela constatação de que a confusão tem sido corrente neste aspecto.

É que bons profissionais do direito – e bons estudantes que nunca fizeram uma monografia – acabem cometendo o erro de acreditar que, exatamente por não terem dificuldades em fazer peças, pareceres e pesquisas rotineiras nas suas áreas de atuação conseguiram um bom resultado ao elaborar uma monografia com o mesmo método um pouco ampliado em termos de tempo dedicado à execução e na maior quantidade de páginas escritas. Ledo engano.

Bons profissionais têm produzido más monografias, pelo equívoco inicial na escolha do método.

Uma coisa é fazer petições – curtas e longas –, e que muitos são capazes de produzir diretamente no microcomputador em cima do prazo; outra, bem diferente, é planejar, executar e realizar uma monografia. [...] (RIZZATTO, 2013: p. 31)

O autor tem razão, o problema descrito é, realmente, frequente, em especial para o(a) aluno(a) da graduação, de curso de especialização e, mesmo, para os bons profissionais de todas as áreas, inclusive o Direito.

A elaboração do TCC e da Monografia reclama pesquisa e desenvolvimento específico – o que deve afastar um exagerado improviso –, daí a importância de um conhecimento – básico ou, mesmo, mínimo –, do Método.

Evidentemente, que, numa série de situações, se mostram úteis os avanços trazidos pela experiência profissional, capazes, por si só, de gerar motivação propiciar ao(à) aluno(a), uma sensível melhora na técnica de pesquisa e redação.

Isso, contudo, realmente, não basta.

asso, parece importante dizer que, embora as atividad

Neste sentido, é comum se relacionar como causas desde problemas simples do dia-a-dia, inclusive o cansaço relacionado às atividades cotidianas, a fatores outros, às vezes, complexos, tais como problemas ou questões relacionadas ao Sistema de Ensino, bem como as características de aprendizado de cada aluno(a), dentre outras.

Sobre esse último aspecto, todavia, cumpre lembrar que existem pessoas que gostam de estudar e grifar textos – memória visual –, outras que acionam os mecanismo de aprendizado a partir da leitura em voz alta – memória auditiva –, outras ainda que preferem grifar ou resumir o que foi lido, outras ainda que aderem aos diferentes métodos e isso através dos mais modernos recursos tecnológicos.

Por outro lado, parece importante mencionar o obstáculo representado pela escassez de tempo para a elaboração, pesquisa, estudo e redação do TCC ou da Monografia, problema que se vê ampliado pela falta de prática na redação de textos e, mesmo, muitas vezes, agravado pelas dificuldades relacionadas à escolha e, principalmente, a delimitação do assunto ou tema, às quais se seguem bloqueios diversos e, dentre elas, a falta de compreensão do motivo para existência de regras formais ou normas técnicas para trabalhos científicos, o que aumenta os problemas de elaboração do texto – ou, às vezes, mesmo impede sua realização –, haja vista o impacto emocional com o qual tal aspecto é recebido por muitos(as) estudantes a ponto de travar suas iniciativas, o que chega ao ponto, em alguns casos, de sequer permitir o início das tarefas.

Antes de prosseguir, parece importante cuidar de uma das dúvidas que surgem diante da elaboração de Textos Acadêmicos, ou seja, qual o motivo ou porquê de se imporem amarras ao(à) aluno(a)? Dito de outro modo, Por que regras formais diante de um trabalho de criação ou elaboração?

A resposta é simples, embora nem sempre bem recebida, são instrumentos para auxiliar o desenvolvimento das ideias e, mesmo, oferecer um “Roteiro de Pesquisa e Redação” para auxiliar a compreensão e desenvolvimento do assunto central ou tema principal escolhido e, futuramente, permitir a veiculação em linguagem escrita [TCC ou Monografia] ou falada [Banca Examinadora].

Quer dizer, a pesquisa científica é fator disseminador do conhecimento e, pois, de profunda importância social, através dela é que se obtém o desenvolvimento de novas tecnologias, não apenas no que diz respeito à produção de bens e serviços – e, dentre eles, de mercadorias e produtos essenciais como alimentos e remédios –, mas também para a solução de antigos e novos problemas, daí a importância da metodologia ou dos métodos que lhe são próprios.

Por fim, vários outros fatores podem criar dificuldades à elaboração de textos acadêmicos, aqui foram mencionados apenas alguns para lembrar, que estão ou estarão presentes, em maior ou menor grau, o que, todavia, não deve anular ou impedir o desenvolvimento do estudo e pesquisa do tema central ou principal, bem como dos assuntos a ele relacionados – conhecimentos antecedentes ou complementares ou subsidiários, não importa –, o que, todavia, não deve dificultar ou mesmo impedir o momento de apreensão, síntese, elaboração, redação e, finalmente, a exposição do TCC ou Monografia pelo(a) aluno(a).

Sobre o autor
Hugo Barroso Uelze

Advogado militante; Mestre em Direito da Sociedade da Informação pelo Centro Universitário FMU-SP; Especialista em Direito Civil pelo Centro Universitário FMU-SP; Especialista em Bioética pela Faculdade de Medicina da USP; Especialista em Direito Administrativo pela PUC-SP.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

UELZE, Hugo Barroso. O método a serviço da criação: uma ferramenta auxiliar para o TCC e a monografia jurídica. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 5144, 1 ago. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/59477. Acesso em: 22 nov. 2024.

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