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A ADOÇÃO DE PARADIGMA NOS ESTUDOS DA LINGUAGEM

Agenda 04/08/2017 às 09:36

A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Desde a antiguidade clássica até o início do século XIX a pesquisa linguística estava inserida em outras ciências, tais como a lógica, filosofia, não sendo reconhecida como ciência autônoma.

A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Desde a antiguidade clássica até o início do século XIX a pesquisa linguística estava inserida em outras ciências, tais como a lógica, filosofia, não sendo reconhecida como ciência autônoma. Mas, em 1786, final do século XVIII, Willian Jones (juiz inglês) descobriu o sânscrito e procura identificar semelhanças entre sânscrito, latim e grego, desencadeando estudos comparativos, agrupando dados para identificar a origem comum. No início do Século XIX o estudo comparativista ganha força com Schelegel (1808), Bopp (1816) e Grim (1819) que pressupõe a existência de regras uniformes dentro do método comparativista que se desenvolveu ao longo do século XIX. Mas é preciso reconhecer que as línguas mudam ao longo do tempo, deixando de ter postulados uniformes, surgindo assim no final do século XIX os jovens gramáticos ou neogramáticos, que buscam explicações aos processos de mudança linguística, questionando os pressupostos do histórico-comparativista destacando Osthoff e Brugmann (1878)  e Schuchardt (1842-1927) com uma concepção subjetivista do estudo da linguística. Mas Whitney defende a necessidade de uma ciência autônoma da linguagem, não sendo necessariamente teórica como proponha o método histórico-comparativista, independente das ciências naturais e da psicologia, focando no estudo da linguagem enquanto “sistema de signos arbitrários e convencionais”, como instituição social e sistema autônomo.

Assim, tornar a linguística ciência autônoma exige delimitação de seu objeto de estudo, estabelecer princípios próprios e identificar seu método de analise do objeto, mas para isso, se faz necessário um progresso científico, e segundo Kuhn períodos de estabilidade sucedem transformações, marcadas por rupturas e geram extraordinários resultados, denominado de virada pragmática, período de ciência extraordinária, visto que temos as grandes alterações científicas, paradigmas são quebrados ou alterados e novas estruturas despontam no cenário para discussão e estudo. Portanto, segundo Kuhn, citado por Coracini (2007): “são os períodos de crise, que precedem as chamadas revoluções científicas, que provocam o aparecimento de novas teorias e de paradigmas concorrentes, com o intuito de criar uma alternativa mais adequada”.  Assim, para se fazer ciência não se pode ter um único parâmetro, visto que implicaria na não atualização social ou evolução da ciência ou de qualquer campo do conhecimento humano, pois no momento em que o paradigma atual entra em crise é que o conhecimento científico desponta de modo extraordinário.

Assim, com a intenção de tornar a linguística uma ciência autônoma, deixando de ser exclusivamente histórica comparativista, buscando definições, conceitos, classificação de fatos, esboçar esquemas, despontam os estudos de Saussure, no intuito de construir uma ciência, estruturando-a e conceituando a língua como um sistema descritivo, denominado estruturalismo linguístico, abandonando os ideais neogramáticos, visto que propõe um estudo descritivo sobre a linguagem, com um olhar abstrato e geral. Essa linguística do início do século XX, dirigida pelo estruturalismo, adquire o status de ciência.

Mas, segundo Camacho (1994, p. 24) “momentos de tensão e discussão característicos dos períodos de crise, não se produzem durante o predomínio de um paradigma, mas a partir do momento em que uma nova formulação desencadeia o fato de que nenhum dos paradigmas disponíveis é capaz de conquistar a adesão da comunidade profissional”. Momento este que ocorreu no fim da década de 50, tensão entre estruturalistas e gerativistas, não tendo sido gerada pela ineficácia do estruturalismo, mas como fruto da evolução gerada pelos estudos estruturalistas que possibilitaram a autonomia epistemológica da ciência da linguagem e a abertura da linguística a outras ciências e o surgimento da abordagem interdisciplinar como uma prática metodológica efetiva.

Foi em 1957 o marco de uma nova revolução na linguística, a publicação de Estruturas Sintáticas, de Noam Chomsky, decorrente da concepção racionalista da teoria gerativista, com a ideia de que a linguagem é a expressão do pensamento. Propõe o estudo baseado na competência do falante e com isso, percebemos que as ideias de Kuhn, quando descreve a evolução científica, se encaixam perfeitamente neste contexto, visto que o gerativista visa combater o estruturalismo no plano filosófico e ético e quando realiza uma análise sintática, desenvolvem ideias baseadas na capacidade criadora dos falantes, sendo estes dotados de princípios e parâmetros geneticamente determinados, formadores de uma gramática universal que lhes permite colocar em prática o conhecimento da língua definido como gramatica particular.

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Pelos postulados filosóficos do século XVIII os estudos sobre a linguagem eram divididos em nocional e filológica. No século XIX, os ideiais de tornar a linguistica uma ciência surgem e a opção histórica, com a linguistica histórico-comparativa esponta no cenário, passando pelo estruturalismo de Saussure, pelo gerativismo de Chomsy e pela sociolionguistica de Labov com o foco nas mudanças linguisticas através dos tempos, logo, percebemos que a pluralidade teórica se torna importante para o avanço científico segundo Kuhn, favorecendo o desenvolvimento da ciência, possibilitando que os recortes da realidade sejam analisados de modo mais profundo, sendo que uma nova analise considera a anterior e dá continuidade ao ciclo e foi isso que a sociolinguistica fez, pois os recortes do estruturalista e fo gerativismo permitiram a analiso diacronica da fala pelos sociolinguistas, ou seja, ela estudou os períodos da linguistica e ambasou-se em alguns deles para formular seus prórpios princípios.

Sendo assim, conclui-se que a pesquisa cientifica se faz, partindo do conhecimento já desenvolvido pelos antecessores e dando continuidade, de modo que a mudança de paradigmas se torna eficaz ao cenário científico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARROS, L. Curso Básico de Terminologia. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

BEVILACQUA, C. R. A Fraseologia jurídico-ambiental. Dissertação (mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Pós-Graduação em Letras, Porto Alegre, 1996.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo, Cultrix, 1973.

Sobre a autora
Daniela Galvão Araújo

Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário Euripedes de Marília (2002), Pós-graduação em Direito Processual: Civil, Penal e Trabalho e Mestrado em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Euripedes de Marília (2005). Atualmente é professora e coordenadora do curso de Direito da UNILAGO (União das Faculdades dos Grandes Lagos). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Teoria do Direito, Teoria do Estado, Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Penal, Direito Constitucional.

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