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MATODOLOGIA PARA O USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NA EJA

Este artigo contém um relato de experiência da execução do projeto desenvolvido com alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) no município de Itarema-Ceará. Neste demonstramos a importância do uso do computador e da internet como suporte...



METODOLOGIA PARA O USO DO COMPUTADOR E INTERNET NO ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

RESUMO

Este artigo contém um relato de experiência da execução do projeto desenvolvido com alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) no município de Itarema-Ceará, realizado durante o primeiro semestre do ano de 2009, na sala de informática do CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos) Rita Nilce de Vasconcelos Amorim, a mesma contendo 10 computadores adquiridos com recursos da prefeitura municipal e todos com sistema operacional Windows. Neste demonstramos a importância do uso do computador e da internet como suporte de aprendizagem da leitura e escrita para os alunos dessa modalidade de ensino, levando-os também a apresentar maior interesse na participação das atividades de sala de aula e melhorar a frequência escolar. Neste são apresentadas as metodologias utilizadas durante a execução do projeto, tratando com clareza dos temas abordados no estudo e descrevendo as atividades realizadas, de maneira a facilitar a compreensão do leitor, e, promovendo ao mesmo tempo, a este, o conhecimento de autores que defendem o uso das tecnologias como facilitadores de aprendizagem.

Palavras-chave: educação; jovens e adultos; computador; internet.

ABSTRACT

This article contains performance experience report of the project developed with the EJA students (Education for Young and Adults) in Itarema County, Ceara State, carried out during the first half of 2009 at the IT classroom Rita Nilce de Vasconcelos of the CEJA (Education Center for Young and Adults), equipped with 10 computers acquired with resources of the Itarema city council, all of them with Windows operational system. During the course it was demonstrated the importance of computer and internet use as support for learning of reading and writing for students of this kind of education, allowing them to show higher interest in participating of activities in the classroom and also improving their scholar frequency. At the opportunity, the methodologies used during the project were presented, clearing treating the themes approached in the study and describing the activities performed in such a way to make easy the comprehension of the reader, at the same time giving them the possibility of knowing authors who defend the use of the technologies as tool to make easier the learning.

Keywords: education, young and adults, computer, internet.

INTRODUÇÃO

A Educação básica de adultos começou a delimitar seu lugar na história do Brasil a partir da década de 1930, quando se inicia a consolidação de um sistema público de educação em nosso país. Nesse período a sociedade brasileira passa por grandes mudanças, estas associadas ao processo de industrialização, além da grande concentração populacional nos centros urbanos. Em meio a essas mudanças, se inclui então os esforços articulados nacionalmente com a extensão para o ensino da Educação de Jovens e Adultos, de maneira mais precisa, nos anos 40. Quando então, na era Vargas, a Educação de Jovens e Adultos define sua identidade tomando a forma de uma campanha nacional de massa, lançada em 1947. Foi a chamada Campanha de Educação de Jovens e Adultos. Esta campanha veio diminuir o entusiasmo pelas lutas na década de 50, dando lugar à conformação de um campo teórico-pedagógico direcionado para discussões sobre o analfabetismo de adultos no Brasil.

Naquela época, o analfabeto era entendido como causa da situação econômica, social e cultura do país, o que legitimava a visão do adulto analfabeto como incapaz e marginal identificado psicológica e socialmente com a criança.

Durante a própria campanha, essa visão foi modificada. O adulto analfabeto foi reconhecido como ser produtivo, capaz de raciocinar e de resolver seus problemas. Para isso, houve a contribuição de teorias mais modernas da psicologia que desmentiam idéias de que a capacidade de aprendizagem dos adultos seria menor do que a das crianças. Lourenço Filho em 1949 já argumentava neste sentido, lançando mão de estudos de psicologia experimental realizados nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30.

A ação da campanha estava claramente orientada para o atendimento às exigências da cidadania. O esforço de educação popular era real. Segundo Cosme dos Anjos, Lourenço Filho[1] afirmava que:

A recuperação de grandes massas da população que vivia praticamente à margem da vida nacional (...), era necessário educar o adulto, antes de tudo, para que esse marginalismo desaparecesse e o país pudesse ser homogêneo, mais coeso e mais solidário e para que cada homem ou mulher melhor pudesse ajustar-se à vida social e às preocupações do bem-estar e do progresso social (DOS ANJOS 2007, p. 04).

Essa década, que difundiu a educação de adultos como educação de base e como desenvolvimento comunitário, chegaria ao seu final com duas tendências mais significativas:

A educação de adultos entendida como educação libertadora, como “conscientização” (Paulo Freire) e a educação de adultos entendida como educação funcional (profissional), isto é, o treinamento de mão-de-obra mais produtiva, útil ao projeto de desenvolvimento nacional dependente (GADOTTI, 2001, p. 35)

As iniciativas e ações que ocorrem nesse período passam à margem das reflexões e discussões sobre o analfabetismo e acerca de um referencial teórico próprio para a educação de adultos no Brasil e para a consolidação de um novo paradigma pedagógico cuja referência principal foi o pernambucano Paulo Freire. Esse paradigma pedagógico baseava-se num novo entendimento de relação entre o problema educacional e o problema social, propondo uma relação dialógica educando/educador onde os sujeitos se educavam por meio da problematização das situações concretas de vida de cada grupo de trabalho e ampliando suas visões de mundo.

O pensamento pedagógico do educador pernambucano Paulo Freire, bem como sua proposta de alfabetização de adultos, no início dos anos 60, inspirou os principais programas de alfabetização e educação popular do país desde então.  Programas esses delineados por intelectuais, estudantes e católicos engajados em ação política junto aos grupos populares.

O governo militar, para tentar neutralizar a lembrança e a força dos movimentos educacionais existentes, criou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), em 1969, constituído como uma organização autônoma em relação ao Ministério da Educação, um programa de proporção nacional, para alfabetizar adultos em todo o país. Nesse momento o governo federal investiu grande quantidade de recursos e montou uma estrutura nacional. Já na década de 1970 o Mobral torna-se expansivo atingindo todo o território nacional.

Sempre confiáramos no povo. Sempre rejeitáramos fórmulas doadas. Sempre acreditávamos que tínhamos algo a permutar com ele, nunca exclusivamente a oferecer-lhe. Experimentávamos métodos, técnicas, processos de comunicação. Superamos procedimentos. Nunca, porém, abandonamos a convicção que sempre tivemos, de que só nas bases populares e com elas, poderíamos realizar algo de sério e autêntico para elas. Daí, jamais admitirmos que a democratização da cultura fosse a sua vulgarização, ou por outro lado, a doação do povo, do que formulássemos nós mesmos, em nossa biblioteca e que a ele entregássemos como prescrições a serem seguidas. (FREIRE apud GADOTTI, 2005, p. 110)

A repressão contra as ações educativas e culturais populares foi imediata, muitos de seus líderes presos, como o próprio Paulo Freire, que foi obrigado, logo depois, a exilar-se fora do país, inicialmente no Chile e posteriormente na Suíça, de onde influiu em programas educativos de vários países. Mesmo o exílio não impediu que o educador Paulo Freire continuasse a desenvolver sua proposta de educação conscientizadora, indo muito além da alfabetização.

De acordo com Melo (2009, p. 5), na década de 1950 e 1960, Paulo Freire destacou que os homens precisavam se reconhecer como indivíduos formadores de cultura e possuidores de ação política na sociedade. A educação seria elemento de conhecimento e conscientização para uma possível ação política "transformadora" no social. O método de alfabetização deveria partir de palavras e temas geradores, tornando-se importante que o educador considere a identidade cultural dos alunos em processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita.

Para a autora acima citada, as experiências de Paulo Freire em alfabetização o levavam a reafirmar a importância que atribuía à valorização do indivíduo como ser ativo no processo de sua aprendizagem de leitura e escrita. A cultura do aluno era vista como importante para sua aprendizagem, devendo ser tomada como ponto de partida para aquisição de novos conhecimentos.

Um dos eixos principais de toda a teoria freiriana, é o diálogo, nascido na prática da liberdade e enraizado na existência, comprometido com a vida, que se historiciza no seu contexto.

O diálogo é este encontro dos homens, imediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo entre os que querem a pronúncia do mundo e os que não querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste direito. (FREIRE, 2005, p. 91).

Os debates sobre a necessidade de democratizar as condições de acesso ao ensino publico às camadas populares foram intensos no início dos anos de 1960. As taxas de analfabetismo no Brasil, nessa década, demonstravam altos índices, daí acirraram-se as discussões sobre a importância de erradicar o analfabetismo. Paulo Freire foi um dos maiores defensores da erradicação do analfabetismo naquela época, pois sabia que o analfabetismo na sociedade provocava más implicações políticas e sociais ao prejudicar o desenvolvimento nacional e emancipação dos indivíduos.

Da diversificação do Mobral no país, surge o Programa de Educação Integrada (PEI), que correspondia à condensação do antigo curso primário, com possibilidade de continuidade de estudos para os recém-alfabetizados, bem como para os alfabetos funcionais, ou seja, aqueles que dominavam precariamente a leitura e a escrita.

Com o início da abertura política na década de 80, as pequenas experiências de alfabetização tomam nova dimensão, surgindo então a troca de experiência, a reflexão e a articulação. Em conseqüência de tudo isso os projeto então, de alfabetização, se desdobram em turmas de pós-alfabetização, avançando para um trabalho mais concreto direcionado à escrita e operações básicas de matemática.

Um dos princípios pedagógicos já assimilados entre aqueles que se dedicam à Educação de Jovens e Adultos, era o que incorporava a cultura e a realidade vivencial dos alunos como conteúdo da prática educativa.

Para a década de 90, a Educação de Adultos buscou consolidar-se a partir de reformulações pedagógicas, que vem se mostrando ser tão necessárias em todo o ensino fundamental. O público da EJA em sua maioria é constituído por pessoas que já tiveram uma passada fracassada pela sala de aula do ensino regular.

As exigências educativas de uma sociedade contemporânea são crescentes e a maioria delas está ligada diretamente ao trabalho, à participação na sociedade, a vida em família e na comunidade, o que interfere diretamente nas diversas dimensões da vida do ser humano.

No município de Itarema, a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino tratada com uma atenção toda especial, voltada para além do desenvolvimento de novas habilidades e novos conhecimentos, melhorar a auto-estima e desenvolver a autonomia e o potencial de jovens e adultos que por diversos motivos, não tiveram a oportunidade de acesso e permanência à educação básica na idade certa, e que, hoje, apresentam diversas dificuldades, inclusive de convivência no meio social.

Nos dias atuais, as mais diversas mídias estão presentes em praticamente todas as camadas sociais. Esse fenômeno facilita o acesso às informações e ao conhecimento de forma acelerada e atualizada. Isso também é visível dentro das instituições de ensino, onde alunos e professores no seu cotidiano escolar já têm, à sua disposição, mídias como o computador conectado a internet facilitando tanto o trabalho do educador quanto a realização das atividades dos educandos. O computador com Internet na escola podem ser facilitadores da aprendizagem, que é foco principal de todo o fazer pedagógico.

Por isso, e, percebendo as dificuldades enfrentadas pelos alunos de Educação de Jovens e Adultos do município de Itarema no que diz respeito ao manuseio do computador e o pouco conhecimento da internet como ferramenta de suporte para a melhoria da aprendizagem, buscamos desenvolver um trabalho com uma turma de 30 alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), advindos do II Segmento (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental das turmas existentes na Sede do Município, esse, voltado para o uso do computador e da internet no ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, para, além disso, dominarem as ferramentas básicas da informática, como o editor de texto, planilha eletrônica, software de apresentação e internet.  

Essa idéia é fortalecida com a citação de Basso quando diz que:

                                                          

o uso de computadores como um meio de interação social, onde o conflito cognitivo, os riscos e desafios e o apoio recíproco entre pares está presente, é um meio de desenvolver culturalmente a linguagem e propiciar que o sujeito construa seu próprio conhecimento. (2004, p. 5).

Durante o uso do computador surgem trocas dialógicas entre amigos ou com as idéias e informações disponíveis na internet, e só desenvolve habilidades como a linguagem, o manuseio adequado e rápido para a resolução de atividades e produções textuais, quando do momento do envio de mensagens por e-mails ou outros, além de poder desenvolver cálculos matemáticos; ou, via internet levantar discussões com outras pessoas, professores e /ou alunos sobre idéias matemáticas, bem como atualizar-se sobre o que ocorre em qualquer parte do mundo.

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O projeto desenvolvido teve como incentivo principal as dificuldades enfrentadas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos da sede do município de Itarema, no que tange o manuseio do computador e o uso da internet e a motivação que estas ferramentas podem proporcionar no desenvolvimento da leitura e da escrita. O mesmo foi desenvolvido na sala de Informática do CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos) Rita Nilce de Vasconcelos Amorim, com uma turma de 30 alunos.

Autores como Moran (2005, p. 11) quando diz que “podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on-line e off-line juntos e separados”, e, Freire, apud Gadotti (2005, p. 27) quando afirma que “a educação de jovens e adultos busca desenvolver o senso crítico quando se faz a análise da realidade concreta necessitando que o educando seja um sujeito cognoscente, num movimento de superação do senso comum pelo conhecimento mais crítico em torno do mundo e de si no mundo e com ele”, além de outros que serviram como embasamento teórico, de maneira a fundamentar de forma mais concreta o conteúdo aqui abordado, além de proporcionar maior segurança, trouxeram melhor compreensão para as questões que surgiram durante o desenrolar das atividades, bem como, os questionamentos feitos pelos alunos a respeito da importância da internet e do computador no que diz respeito à aprendizagem.

Todo o trabalho foi desenvolvido no intuito de ultrapassar as barreiras das dificuldades enfrentadas pelos alunos da EJA no uso do computador e da internet, enfocando tais ferramentas como suporte de aprendizagem para o desenvolvimento da leitura e da escrita, fazendo com que possam desenvolver novas habilidades e apresentar suas potencialidades.

Para isso, foi desenvolvido um trabalho de conscientização junto aos alunos sobre a importância de fazer uso das mídias existentes na escola, o que levantou diversos questionamentos por parte tanto dos gestores, quanto de professores, sobre as dificuldades que enfrentaríamos, já que a maioria dos alunos de EJA em nosso município, até então, não tivera nenhum contato direto com um computador. Foi necessário lançar mão de um trabalho de conscientização diante do computador, apresentando-o e demonstrando utilidades desse instrumento tecnológico para ao dia-a-dia dos alunos. Inicialmente, apenas discutido em sala de aula para, conseguinte, adentrar ao mundo das mídias e buscar novas metodologias que fomentassem o desejo por novos conhecimentos e ao mesmo tempo criassem um ambiente adequado para uma aprendizagem sólida e com qualidade.

Tudo isso foi realizado em etapas metodológicas, para que fosse possível um maior acompanhamento do desenvolvimento das habilidades de cada aluno. Durante as 4 etapas/blocos em que o trabalho foi realizado, foram aplicadas atividades de níveis diferentes, para que fosse possível acompanhar, de maneira mais precisa, a aprendizagem e ao mesmo tempo para que se criassem novas situações, caso as atividades propostas naquele bloco não atendessem aos anseios dos envolvidos ou mesmo aos objetivos propostos no projeto.

A sala em que foi desenvolvido o projeto continha 10 computadores, por isso a turma de 30 alunos foi dividida em três, todas com as mesmas atividades. Cada turma tinha um tempo de uma hora por dia, no turno da manhã, para realizar as atividades do projeto.

Os alunos que apresentavam maior habilidade no uso do computador participavam apoiando as atividades dos demais, de maneira que fosse possível melhor atender a individualidade de cada um.

Nessa perspectiva, busquei inserir os alunos da Educação de Jovens e Adultos no mundo digital e, ao mesmo tempo, fazer despertar neles um maior interesse pela aprendizagem, não apenas dos conteúdos desenvolvidos na sala de aula como também no uso do computador e da internet como suporte para adquirir maiores e melhores conhecimentos, tanto advindos das informações disponíveis na internet, como ao ler ou digitar um texto, desenvolvendo assim a leitura e a escrita.

  1. Os jovens e adultos e a escola

Nos últimos anos, a Educação de Jovens e Adultos vem sendo pauta de muitas discussões, principalmente quando se trata de qualidade no ensino porque, por muitos anos, essa modalidade carregou o descrédito e a falta de apoio para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico mais direcionado ao seu público há muito estava fora da sala de aula. Hoje já se pode discutir melhorias, desde a disponibilização de recursos, perpassando por toda a questão pedagógica até o desvelo no trato com os educandos.

É sabido que há milhares de pessoas, jovens e adultos, que não completaram os primeiros anos das séries inicias de estudo em nosso país. São muitas as causas que levaram essas pessoas a terem que deixar de estudar, entre as mais comuns podemos citar: a necessidades de trabalhar para prover o sustento familiar; o cansaço e fadiga depois de um dia de trabalho que esgota as forças para a tarefa do estudo; a má distribuição de renda no país, o que proporciona a necessidade do trabalho no mesmo tempo em que se deveria está estudando; entre outras questões ainda tão discutidas no entorno educacional e social.

Entre os motivos que levam jovens e adultos voltarem à escola, conta o fato de verem na escola uma oportunidade de ainda poderem retomar o tempo perdido, isso entre os mais jovens, já aqueles que têm uma idade mais avançada buscam muitas vezes aprender algo novo e assim poder se inserir melhor na sociedade, demonstrando que sua experiência de vida pode ajudar mais na construção de uma sociedade melhor, se isso estiver unido a um grau maior de instrução, outros vêem a possibilidade de poder apenas aprender a ler e escrever.

O ideal da democracia sempre contemplou o ideal de uma educação escolar básica universalizada. Através dela se pretende consolidar a identidade de uma nação e criar a possibilidade para que todos participem como cidadãos na definição de seus destinos. Para participar politicamente de uma sociedade complexa como a nossa, uma pessoa precisa ter acesso a um conjunto de informações e pensar uma série de problemas que extrapolam suas vivências imediatas e exigem o domínio de instrumentos da cultura letrada. Um regime político democrático exige ainda que as pessoas assumam valores e atitudes democráticas: a consciência de direitos e deveres, a disposição para a participação, para o debate de idéias e reconhecimento de posições diferentes das suas. (RIBEIRO, 1996, p.16)

Existe uma necessidade urgente de se compreender os percalços da sociedade no que diz respeito ao acesso a informação e a cultura, isso porque as teorias muito se distanciam da realidade enfrentada por uma maioria absoluta de pessoas que muitas vezes se quer tem um prato de comida à mesa todos os dias, o que os levam a buscarem meios de sobrevivência, deixando a opção do estudo para um segundo plano, quiçá último.

Já vem de longas datas (anos 50) as muitas críticas relacionadas a campanhas de alfabetização em poucos meses, que apresentam poucas chances de continuidade do processo de escolarização. Isso vem mudando nos últimos anos, com um tempo maior e um incentivo mais acentuado à continuidade de permanência na escola, garantindo que o jovem ou adulto atinja maior domínio dos instrumentos da cultura letrada, de maneira que possa utilizá-la na vida quotidiana e que o permita prosseguir estudos, completando seu processo de escolarização.

Todos os adultos, quando se integram a programas de educação básica, têm uma idéia de quem seja a escola, muitas vezes construída baseada na escola que eles freqüentaram brevemente quando crianças. Quase sempre, apesar de se referirem à precariedade dessas escolas, lembram delas com carinho e sentem com pesar o fato de terem tido de abandoná-la ou de nunca terem tido chance de freqüentá-la. (RIBEIRO et al, 2001, p. 42)

De acordo com o IBGE, na última década do século XX - 1991/2000 - a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 20,1% para 13,6 % (Tabela 1).

Taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade Brasil

1970

33,60%

1980

25,50%

1991

20,10%

2000

13,60%

Tabela 1 – Taxa de analfabetismo
Fonte: Síntese de Indicadores Sociais 2000

Essa queda continua sendo percebida ao longo dos primeiros anos do século XXI, chegando a 11,8% em 2002. Apesar dessa redução, o país ainda tem um total de 14,6 milhões de pessoas analfabetas. Além do mais, a redução na taxa de analfabetismo não foi a mesma nas grandes regiões do país. Na Figura 1 abaixo podemos identificar essas desigualdades:

Figura 1 Taxa de escolarização das pessoas de 15 a 17 anos de idade

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1992/2002.

Analfabetismo Funcional

Segundo Carvalho, analfabeto funcional é a pessoa que possui menos de quatro anos de estudos completos. Ainda de acordo com esse autor, na América Latina, a UNESCO ressalta que o processo de alfabetização só se consolida de fato para as pessoas que completaram a 4ª série. Entre aquelas que não concluíram esse ciclo de ensino, se tem verificado elevadas taxas de volta ao analfabetismo.

De acordo com essa definição, em 2002, o Brasil apresentava um total de 32,1 milhões de analfabetos funcionais, o que representava 26% da população de 15 anos ou mais de idade. Confira na Tabela 2 as diferenças das taxas de analfabetismo funcional entre as Grandes Regiões.

Taxa de analfabetismo funcional das pessoas de 15 anos ou mais de idade, segundo as grandes regiões - 2002

1992

2002

Brasil

36,9%

26%

Norte

33,2%

24,7%

Nordeste

55,2%

40,8%

Sudeste

29,4%

19,6%

Sul

28,9%

19,7%

Centro-Oeste

33,8%

23,8%

Tabela 2 Taxa de analfabetismo funcional

Fonte: Síntese de Indicadores Sociais 2000

De acordo com o IBGE, em 2007, o Brasil tinha 14,1 milhões de analfabetos, de 15 anos ou mais de idade, o que corresponde a uma taxa de 10% da população. A distribuição é desigual no país e a região Nordeste concentra 52% desse grupo. Por grupos etários, 40,1% dos não letrados têm mais de 60 anos de idade; e 36,5% têm de 20 a 59 anos.

Diante das taxas de analfabetismo apresentadas pelos indicadores nos últimos anos, é possível perceber que o número de analfabetos em nosso país ainda é muito grande. Mesmo com tantos programas de alfabetização de adultos, objetivando a redução ou a erradicação do analfabetismo, ainda não se vê o resultado tal qual se visa com tais programas, o que nos faz parecer que o trabalho desenvolvido no âmbito da EJA não vem surtindo efeito algum, ou pelo menos o desejado. Não podemos afirmar que os programas de alfabetização de adultos oferecem um fortalecimento concreto para que seja possível a  continuidade dos estudos dos adultos, isso porque, para tal modalidade de ensino, os recursos ainda são muitos limitados, dificultando o trabalho desenvolvido pelos educadores de EJA. Mesmo que tenha sido realizado um bom trabalho de alfabetização, se não houver as condições essenciais básicas para a continuidade desse, nas turmas de EJA, como por exemplo, a formação continuada de professores e livros didáticos apropriados, não será possível obter um resultado satisfatório no que tange a aprendizagem. É necessário para isso que seja pensado políticas de fortalecimento onde o professor tenha acesso aos mais diversos programas de formação continuada na sua área de atuação, além da disponibilização aos alunos de livros didáticos próprios para tal modalidade de ensino.

São muitas as formas de incentivo que podem levar os alunos da EJA a permanecerem em sala de aula, entre elas podemos mencionar os programas de informatização das escolas, uma grande ferramenta que proporciona melhorias incontáveis, mas que quando se fala em Educação de Jovens e Adultos, a limitações vem à frente, trazendo consigo diversos obstáculos. As turmas de EJA não têm computadores à sua disponibilidade como hoje é visto nas turmas do ensino regular nas escolas, mas mesmo dentro das possibilidades alguns professores de EJA ainda buscam desenvolver trabalhos com computador e a internet, mesmo que para isso precise lançar mão de horários extras para que seja possível desenvolver projetos com o uso dessas mídias.

O computador e a internet são, atualmente, grandes aliados dos professores e dos alunos para o desenvolvimento de muitas de suas atividades educativas. Mesmo assim, quando falamos em EJA não temos os mesmos recursos tecnológicos à disposição para que se possa desenvolver algum trabalho com tais ferramentas, a não ser de forma esporádica.

A prática educativa da EJA no município de Itarema-Ceará

A Educação de Jovens e Adultos visa inserir, no meio social e educativo, jovens e adultos que não tiveram, na idade certa, a oportunidade de estar na sala de aula. Dentre os diversos fatores, o mais comum é a necessidade de trabalhar para sustentar a família, não conseguindo conciliar estudo e trabalho, o que causa a falta de estímulo em permanecer lutando na busca pelo conhecimento adquirido dentro da escola. Para mantê-los na escola, a dimensão pedagógica deve estar direcionada à superação das dificuldades apresentadas. Os conteúdos devem ser selecionados a partir do universo temático dos alunos, nunca esquecendo que o foco principal é aprendizagem do todo.

No município de Itarema, a Educação de Jovens e Adultos é discutida por educadores, gestores e comunidade local, como forma de melhoria da educação, porque acreditam que é necessário atender a todas as modalidades ensino de maneira igualitária. Por isso a EJA está como parte importante das políticas públicas do município.

É necessário pensar que o educador de jovens e adultos é a mola propulsora da EJA. Isso significa dizer que o mesmo deve estar a cada dia atualizado com as informações e ao mesmo tempo capacitado para desenvolver um trabalho adequado junto aos alunos da EJA. Em Itarema, nos últimos quatro anos, os professores são convidados a participarem de capacitações periódicas de maneira a levá-los a refletir sobre o seu agir pedagógico.

É preciso sempre lembrar que o fazer pedagógico não se encerra na sala de aula, mas, vai muito além. Rompe as barreiras das dificuldades enfrentadas por cada um e ultrapassa o desejo de preencher o ego pessoal podendo assim aprender que é na sala de aula que se dá os primeiros passos para percorrer o mundo.

2. Primeiros momentos diante do computador: aula inaugural do projeto

As instituições educacionais precisam atentar para a importância das tecnologias digitais, o que vai de encontro aos anseios dos alunos e, ao mesmo tempo, condiz com a realidade extra-escolar da maioria.

As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores dos instrumentos. (PERRENOUD, 2000, p. 139)

Ao se depararem com um computador, os alunos da EJA no município de Itarema sentiram grande dificuldade de utilizar tal ferramenta porque, há bem pouco tempo, os mesmos não tinham o acesso que tem hoje. Com a realização deste trabalho, pude perceber o quanto, mesmo nos dias de hoje, ainda existem pessoas que sequer conhecem um computador, mesmo esta ferramenta sendo tão presente na vida do homem e tão necessário à realização de muitas das nossas atividades diárias.

Para iniciar o projeto de informática com os alunos da EJA, primeiramente lancei o convite ao instrutor de informática do CEJA Rita Nilce de Vasconcelos Amorim, para que pudesse me ajudar na realização desta tarefa, o qual logo aceitou. Em seguida, preparei uma aula inaugural onde os alunos deveriam sentar diante do computador, ligar e realizar uma atividade qualquer. Para a minha surpresa e do instrutor, dos 30 alunos presente na sala, apenas quatro sabiam como ligar o computador, o que fez com que modificássemos algumas das atividades no projeto, visto que, quando planejei, eu pensava que os alunos já tinham algum conhecimento ou ao menos sabiam ligar o computador. Ao contrário do esperado, demonstraram não conhecer as formas mais básicas de uso dessa ferramenta.

Diante disso, foi preciso pensar em novas atividades que pudessem ajudá-los não apenas a conhecer, a aprender a ligar, como também a poder realizar suas atividades da escola ou outras. Para isso, dividi as atividades em etapas/blocos de maneira a priorizar as necessidades mais urgentes. As atividades do projeto foram, então, divididas em quatro blocos com níveis de conteúdos diferentes, para ser possível um melhor acompanhamento do nível de aprendizagem dos alunos.

3. Descrevendo as etapas do projeto

São muitos os benefícios que se obtém ao desenvolver um projeto, quando bem aplicado. Além de oferecer possibilidades múltiplas de aplicar conhecimentos teóricos à prática individual de cada ser, leva o aluno a tornar-se um construtor de novos significados e possibilita também ao professor refletir sobre sua práxis.

De acordo com Antunes (2008, p. 154): “A grande diferença entre um projeto que se desenvolve e um conteúdo que se ministra é que nessa atividade altera-se o papel do professor e do aluno, pois que em todo projeto o aluno é sempre o centro da ação.”

Para se ter maior clareza do que se quer alcançar em um projeto é necessário pensar em atividades que vão de encontro com os anseios mais imediatos dos alunos.

As atividades desse projeto foram distribuídas em 4 blocos, para serem realizadas num período de 2 meses; dessa maneira, foi possível atender aos alunos de forma individualizada e, ao mesmo tempo, permitiu que todos concluíssem com níveis de aprendizagem equivalentes. Na conclusão de cada bloco, foi feita uma avaliação para verificar o nível de conhecimento adquirido, através de perguntas orais e demonstração prática, sobre o uso das ferramentas utilizadas durante a realização das atividades do bloco. Utilizei o sistema pedagógico de monitoria, no qual é proposto que cada aluno, ao encerrar suas atividades com êxito, dê suporte aos que apresentam maior dificuldade. As estratégias utilizadas para a realização do projeto foram: aulas teóricas, aulas práticas com o manuseio do computador, pesquisas, produção de texto, reescrita de texto e divulgação dos resultados. Para a realização das atividades de cada bloco, foi necessário um tempo de duas semanas, assim descrito:

                 

 BLOCO I – Desenvolvendo as primeiras atividades

Nesse bloco foram apresentadas algumas atividades próprias para os alunos que não tem conhecimento algum do computador. No primeiro momento apresentei as partes do computador e suas funções, inclusive como ligar e desligar.

Para a realização desse bloco foram utilizados slides em software de apresentação, contendo as atividades descritas; material impresso com imagens dos mais diversos tipos de computadores surgidos até hoje; textos informativos; data-show, computador e internet.

Vejamos as atividades propostas nesse primeiro bloco, com um tempo de duas semanas para a conclusão das mesmas:

1. História dos primeiros computadores e sua evolução até os dias de hoje.

2. Como ligar e desligar o computador, voltagem.

3. Inicializar o computador e colocar dispositivos externos.

4. Como acessar as ferramentas básicas, tais como: Word, Excel, Power point.

5. Primeira parte de um mini curso de digitação com o curso Digicerto [2]

Durante a realização dessas atividades, os alunos participaram com suas perguntas e dúvidas. Todas as atividades acima foram realizadas com a ajuda do instrutor, que durante a aula fez intervenções, com perguntas para que os alunos pudessem demonstrar o nível de compreensão das atividades que estavam realizando e para provocar a curiosidade dos mesmos. Foram feitas perguntas aos alunos, como: Que parte do computador chamamos de monitor? Que parte do computador chamamos de CPU? Como conectar um mouse no computador? Se o teclado não estiver funcionando, o que deve ser feito durante a realização de uma atividade? Qual a forma correta de desligar o computador?

Surgiram muitas dúvidas, já que os alunos até então não haviam tido contato direto com tal ferramenta, mas essas foram sanadas com a prática do uso do computador.

Para encerrar cada bloco de atividade, no final da segunda semana foi feita uma avaliação prática do uso do computador sem minha intervenção ou do instrutor e em seguida atribuída uma nota para o desempenho de cada aluno.

O resultado foi interessante porque todos os alunos participaram com muita empolgação e entusiasmo.

 BOLCO II – 2º Etapa de atividades

Nesse segundo momento, foram apresentadas atividades de nível mais elevado, como conhecer algumas ferramentas importantes no computador e que utilidade tem para nós.

1.  Conhecendo o Windows: tela inicial do Windows, dimensionando e movendo Janelas do Windows, executando um programa no Windows.

Nessa atividade pedi para que os alunos abrissem a tela inicial do Windows e procurassem alguns programas, como o Word, Excel, WordArt, paint, bloco de notas. Depois de abrir cada um, pedi para que minimizassem as janelas abertas, depois que estavam todas abertas pedi para que maximizassem e assim o fizeram, isso depois que expliquei o que significava (minimizar e maximizar).

2.  Criar pastas, excluindo documentos, movendo e copiando documentos

Essa atividade foi realizada com uma demonstração do instrutor no data-show, abrindo pastas, documentos e movendo-os de um lugar para outro. Em seguida pedi para que os alunos sentassem diante dos computadores para realizarem essas mesmas atividades, agora sozinhos.

3. Formatar documento, formatar parágrafos, formatar páginas

Durante essa atividade, pedi para que os alunos abrissem um documento do Word e digitassem um pequeno texto sobre a história da EJA no Brasil e logo em seguida após concluírem, mostrei no data-show como selecionar um texto, uma frase e uma linha do texto, mostrei também como formatá-lo e logo em seguida pedi para que fizessem o mesmo com seus textos. Durante essa atividade, mostraram-se muito empolgados e assim fizeram como eu havia explicado.

4. Segundo momento do mini curso de digitação Digicerto. [3]

5. Visualizar e imprimir documentos.

Como na sala tinha impressora, pedi para que os alunos abrissem o documento que haviam digitado na atividade anterior e em seguida fizessem a impressão, nisso aproveitei para mostrar-lhes as opções de impressão de documentos.

6. Inserir colunas e tabelas

Nessa atividade pedi para que os alunos abrissem um documento em branco do Word e em seguida para que acessassem a opção inserir tabela e para que construíssem uma tabela e colocassem nela os dados de uma feira mensal de compras. Como não tenho habilidade no uso do Excel pedi para que o instrutor mostrasse como essa atividade podia ser feita também no Excel.

7. Inserir imagens gráficas, desenhando formas e criando efeitos de texto com o WordArt.

Os alunos foram convidados a abrir um documento do Word e nele copiar imagens contidas em outros documentos. Para isso, pedi para que o instrutor demonstrasse no data-show como poderia ser feito essa atividade, demonstrando também como utilizar o WordArt.

Nessa etapa, os alunos foram convidados a demonstrar maior habilidade diante do computador, criando, excluindo, inserindo, movendo, formatando e imprimindo documentos. No princípio dessas atividades, os alunos demonstram algumas dificuldades, entretanto, muitos já demonstram segurança quanto à realização das mesmas.

Nessa etapa, só houve intervenção quando havia necessidade de mudança de uma atividade para outra, procurando sempre dar as primeiras instruções para que fosse possível o início da atividade seguinte. Nesse bloco, muitos alunos já se sobressaiam demonstrando maior habilidade no uso do computador. Aqui, dos 30 alunos que participaram do projeto, 19 já conseguiam concluir suas atividades de forma mais rápida, o que facilitou para os demais, pois assim, aproveitei para pedir que ajudassem seus colegas na realização de atividades.

A avaliação desse bloco se deu pela demonstração de textos feitos e formatados pelos alunos, contendo gráficos, tabelas, imagens e impresso em seguida apresentados.

 BOLCO III – 3º Etapa de atividades

Aqui os alunos foram convidados a entrarem na internet, fazerem pesquisas e digitarem textos. Para isso foram sugeridas atividades como:

1. O que é a Internet? E quais seus serviços? Pesquisando na Internet.

Para iniciar essa atividade, pedi para que o instrutor fizesse uma apresentação usando o data-show para demonstrar como acessar a internet e abrindo alguns sites para apresentar alguns conteúdos neles contidos. Durante essa atividade, aproveitei para falar sobre a importância da internet nos dias de hoje e de saber fazer bom uso do conteúdo nela disponível, visto que tem todo tipo de material que se possa querer.  Após esse primeiro momento, pedi para os alunos, já diante do computador, acessarem alguns sites. Durante essa atividade, foi possível perceber o quanto estava se tornando interessante a realização desse projeto pois, até o momento, essa foi uma das atividades que mais lhes chamou a atenção, pois puderam acessar diversos conteúdos. Nesse momento, inclusive, pediram para aproveitar e ver se poderiam encontrar resposta para uma atividade da escola que o professor havia pedido no dia anterior.

2. Criando um e-mail e aprendendo a usar os seus recursos.

Para iniciar essa atividade, com o auxílio do data-show, pedi para que o instrutor abrisse uma pagina do Yahoo (www.yahoo.com.br) e iniciasse o processo de criação de conta de correio eletrônico, ensinando aos alunos todos os passos, e que demonstrasse como escrever um e-mail e enviar. Após esse momento diante do computador, pedi que os alunos fizessem o mesmo que haviam acabado de ver na demonstração. A priori foi muito fácil, abrir a pagina do Yahoo mas,  quando pedi para que tentassem criar sozinhos uma conta de e-mail para eles, uns conseguiam alguns passos, outros não. Percebendo tal dificuldade, pedi para que o instrutor me ajudasse na orientação da criação das contas de e-mails dos alunos e depois de alguns minutos todos estavam com a sua conta de e-mail criada. Logo após a criação do e-mail, pedi para abrirem, no e-mail, a opções novo e-mail, escreverem um pequeno texto, e enviá-lo a um de seus colegas. Propus que, sempre que usassem a internet, procurassem enviar um e-mail para alguém, de maneira que ficassem exercitando o que haviam estudado.

3. Terceira parte do mini curso de digitação Digicerto[4]

4. Microsoft Word: acessando o Word e digitando texto.

Durante essa atividade, convidei todos os alunos para criarem um texto sobre o projeto que ora participavam, aproveitando para ter maior afinidade com o Word, além de poderem demonstrar sua escrita.

Trecho do texto de um aluno do projeto

Quando o projeto começou pensei que ia logo desistir porque tava achando as atividades muito difícil, mas quando terminou a primeira semana, comecei a achar as tarefas mais legal, por isso quero terminar esse projeto e poder continuar vindo pra cá, pra continuar o que aprendi...

Texto de aluna da 4ª etapa da EJA, turma A, no turno da noite

5. Formatar texto para impressão, usando seleção (selecionar palavras e frases), negrito, itálico e mudar fontes.

Essa atividade foi a intensificação da atividade três (3) do BLOCO II, sendo que aqui os alunos também foram convidados a utilizar fontes e mudança dessas num texto, além de usar itálico e negrito.

Nesse bloco, 63,3% dos alunos já apresentam uma boa compreensão do computador, sendo que para algumas atividades novas há sempre a necessidade de, além de fornecer as primeiras informações, estar também acompanhando a realização das atividades. Há uma grande empolgação quando o assunto é internet, principalmente porque esses alunos até o momento do projeto não tinham tido ainda contato direto com computador. Para eles, essas foram as atividades mais interessantes, visto que o uso da internet foi muito motivador, quando apresentado os benefícios que essa ferramenta lhes traria e principalmente quando fizeram uso prático dela.

Ao encerrar essa etapa, 19 dos 30 alunos inseridos no projeto já apresentavam habilidade suficiente para poderem participar de cursos de informática com níveis mais elevados e sem dificuldades. Isso ocorreu porque esses alunos procuravam, em outros locais, fazer uso do computador para realizarem suas atividades de aula, como pesquisas ou digitação de textos. Isso facilitou o progresso na aprendizagem do uso do computador e, assim, puderam ser utilizados como monitores na mesma turma do projeto ao qual estavam inseridos.

 BOLCO IV – Atividades finais e avaliação

As últimas atividades do projeto foram direcionadas a criação de e-mails, busca de sites, produção de textos e anexá-los em e-mails. Além do uso do Excel e do Power Point.

Durante essa etapa do projeto, os alunos já foram convidados a criar e-mails e anexar documentos, fazer buscas em sites a partir de temas sugeridos, digitar texto e em seguida formatar e anexar arquivos em um e-mail, agora sem a ajuda minha ou do instrutor, ou com ajuda apenas quando solicitada pelo aluno.

O uso do Power Point foi muito gratificante para todos. Todos os alunos quiseram fazer suas apresentações e aproveitei para pedir que todos fizessem sua avaliação utilizando o Power Point. Para isso, pedi que cada aluno fizesse uma demonstração de uma apresentação das etapas do projeto, mencionando o conteúdo de um ou mais blocos utilizando alguma atividade que estivesse contida nestes ou em uma outra que quisesse apresentar.

Primeiramente, deixei-os bem à vontade para programarem o que iriam apresentar e como iriam construir. Para dar mais agilidade a esta atividade, dividi o grupo em equipes de 3 alunos e assim foram formadas 10 equipes, de todo o grupo.  Nas equipes, tivemos trabalhos diferenciados.

Duas das equipes fizerem um relatório no Power Point sobre tudo o que tinham visto até o momento durante o projeto, relatando as dificuldades e o que conseguiram aprender. Sobre as dificuldades mencionaram o Excel como sendo o mais difícil para usar, e como parte mais interessante citaram o uso da internet para fazer pesquisas e o uso do e-mail.

Uma outra equipe, de 3 alunas, apresentou uma receita de comida típica de nossa região, mostrando os ingredientes em uma tabela feita no Word e apresentada no Power Point. Essa mesma equipe aproveitou para me enviar um e-mail falando o quanto o projeto estava sendo bom e demonstrando que haviam aprendido a usá-lo.  Mais que isso, utilizaram o Power Point para sintetizar o conteúdo estudado nos blocos.

Todos os alunos fizeram suas apresentações e, em seguida, foi pedido para desligarem o computador, ligar novamente e dar início a uma sequência de atividades proposta pelo instrutor, atividades essas já aplicadas durante o projeto nos blocos. Foi percebido que alguns dos alunos ainda apresentavam dificuldades para realizar determinadas atividades que requerem mais prática, como por exemplo, a criação de e-mails e anexar documentos, formatação de textos, o uso da planilha do Excel. Mesmo assim, o nível de compreensão do que foi estudado era semelhante. Por isso, foi pedido que a partir do encerramento do projeto todos os alunos deveriam freqüentar a sala de informática do CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos) do Município do Itarema para fazer uso do computador colocando em prática tudo o que foi desenvolvido no projeto.

4. Reflexões finais

Quando da realização de todo e qualquer trabalho, é importante se pensar nos desafios que surgirão. É importante conhecer o caminho a ser percorrido para que se possa construir melhor os alicerces que servirão de suporte para uma construção sólida e segura. O conhecimento adquirido em sala de aula não acontece de maneira semelhante em todos os alunos, isso porque cada um possui suas limitações e habilidades. Mas é necessário que se faça uma sondagem para conhecer os diferentes níveis dos alunos e assim poder traçar metas e objetivos a serem desenvolvidos durante o percurso das aulas que se seguirão durante o ano.

A partir do momento em que se conhece o nível dos alunos, é possível delinear as ferramentas que servirão como suporte para desenvolver todo o trabalho a ser realizado. Não esquecendo que a flexibilidade deve fazer parte do processo.

Para a realização deste estudo, foi necessária a observação e participação da prática de um curso desenvolvido no laboratório de informática do CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos) Rita Nilce de Vasconcelos Amorim. Esta aconteceu com uma turma de 30 alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da sede do município de Itarema. Os alunos com uma faixa etária entre 15 e 50 anos, em sua maioria agricultores, comerciários e comerciantes, além de alguns desempregados.  

O objetivo daquela prática, pedagógica foi estimular os alunos a buscarem os recursos disponíveis na escola para realizarem suas atividades pedagógicas, além de demonstrar o quanto o computador e a internet podem ser úteis a aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos da EJA, servindo como suporte pedagógico para a realização de suas atividades quotidianas e ao mesmo tempo rompendo as barreiras das dificuldades enfrentadas por esses no uso de tais ferramentas.

Ao concluírem as atividades propostas no projeto, todos os alunos se sentiram mais motivados na escola, demonstrando sempre um maior interesse e participação, além de ter aumentado a frequência na sala de aula. Isso também facilitou o trabalho pedagógico do professor, pois, desde a realização do projeto, os alunos sempre buscavam trazer prontas as atividades propostas pelo professor, o que não acontecia antes da idealização do projeto, pois os mesmo eram faltosos e raramente trazia suas atividades feitas.

Os alunos da EJA sabem da dificuldade que enfrentam para recuperar um tempo perdido, principalmente quando diz respeito ao estudo, por isso a auto-estima desses alunos, a priori, é muito baixa, o que dificulta o trabalho desenvolvido pelo professor. Diante disso, é necessário que se pense em alternativas que favoreça a melhoria da auto-estima e provoque nos alunos um desejo maior de ir de encontro do acesso do conhecimento proporcionado dentro da sala de aula.

Após a e durante a realização do projeto, foi percebido o quanto os alunos melhoraram tanto na frequência da sala de aula quanto na aprendizagem, pois sempre pensavam que, para realizarem melhor suas atividades do projeto, era necessário saberem ler e escrever melhor. Isso provocou não apenas o entusiasmo, como também proporcionou uma maior participação durante as aulas e no projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BASSO, Cíntia Maria. Algumas reflexões sobre o ensino mediado por computadores. 2004, p. 05. Disponível em: http://www.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm.

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MORAN, José Manoel. As múltiplas formas do aprender. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/positivo.pdf

PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. Capítulo 8, Utilizar novas tecnologias.

RIBEIRO, Vera M. M. Educação de jovens e adultos: proposta curricular para o I segmento do Ensino Fundamental. São Paulo: Ação Educativa, 1996.


[1] Educador brasileiro conhecido sobretudo por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova. Sua contribuição abrange temas como educação pré-primária, alfabetização infantil e de adultos, ensino secundário, ensino técnico rural, universidade, didática, metodologia de ensino, administração escolar, avaliação educacional, orientação educacional, formação de professores, educação física e literatura infanto-juvenil – textos espalhados por numerosos livros, revistas, jornais, cartilhas, conferências, apresentações e prefácios. Há publicação de alguns de seus escritos em inglês, francês e espanhol.

[2]DigiCerto Master tem como objetivo levar o usuário a uma digitação rápida e com a posição correta dos dedos. Por mais que uma pessoa digite rápido com dois ou mais dedos, nunca conseguirá digitar com a agilidade de quem digita com um posicionamento correto e com os dez dedos.Com o nosso método, o aluno irá, automaticamente, associar cada dedo à tecla correspondente, tornando a digitação intuitiva. É realmente um excelente método de datilografia computadorizada.

[3] O software educativo Digicerto possui 180 aulas, que são divididas em 4 fases. Entretanto, usamos uma versão gratuita que disponibiliza 32 aulas para avaliação e que é suficiente para se ter um bom resultado. O treinamento é completo: Teclado alfanumérico e teclado numérico. 1ª Fase: Conhecer as posições das teclas do teclado alfanumérico treinando velocidade e precisão. 2ª Fase: Velocidade e precisão na digitação de palavras utilizando seqüências que são muito utilizadas. 3ª Fase: Velocidade e precisão na digitação de frases, utilizando acentuação e pontuação. 4ª Fase: Velocidade e precisão no teclado numérico.

[4] É necessário terminar a lição atual com êxito para poder fazer a lição seguinte, e entre as lições existem os exercícios de teste, que servem para garantir que você memorize as posições das teclas. O Digicerto contém um recurso que permite controlar vários alunos na escola. Pode ser usado em casa e sem professor.

Sobre os autores
Auberione José Marques dos Santos

Professor, Licenciado em Ciências com Habilitação em Matemática pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, Especialista em Mídias na Educação pela UFC, Pós graduação em Psicopedagogia Institucional pelo INTA.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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