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O Senhor das Moscas e Hobbes

O presente trabalho trata do filme “o senhor das moscas” adaptado no cinema em 1963 por Peter Brook. Pois, na verdade é um livro escrito por William Golding, vencedor do prêmio Nobel em 1983. Considerando um dos mais expressivos estudos da natureza humana, contendo reflexões sobre o ser humano e civilização. Se tratando da obra de Leviatã escrita por Thomas Hobbes, e publicada em 1651 o livro foi escrito durante a guerra civil inglesa, Hobbes defende um contrato social e um governo de um soberano absoluto para ser mais exata a monarquia.

Segundo Hobbes o estado de natureza da humanidade, os levam à um outro estado, o estado de guerra, da desconfiança, fora dos estados civis há sempre guerra de todos contra todos, numa tal guerra nada é injusto. Sendo assim, ele justifica o estado civil sobrepondo se o estado de natureza como uma solução para a guerra, em busca da paz.

Retornando ao filme que retrata uma época de guerras mundiais, ocorre um naufrágio levando alguns garotos sobreviventes para uma ilha deserta longe da vida cotidiana dos personagens na sociedade. Os garotos de inicio pensam estar em um paraíso, de férias, distante de suas obrigações. Porém logo se deparam com dificuldades e questionamentos de como sobreviver, de que se alimentar, e como poderiam chamar atenção de um possível resgate. Eles conseguem aos poucos ir sobrevivendo se alimentando da caça e da pesca, ascendendo uma fogueira ao topo de uma rocha, para tentar chamar atenção.

Porém logo inicia se as discussões sobre regras para sobreviver na ilha, às punições, e retornam a alguns questionamentos como, por exemplo, a perspectiva de serem encontrados ou não, discutem sobre quem ficará responsável pela concha que produz um som alto para chamar atenção e também sobre quem ficará com o compromisso de ascender à fogueira feita por eles.  Então o conflito se instaurou na ilha e uma competição também.

Na medida em que os dias vão indo, novos acontecimentos surgem, novos conflitos entre eles, desafios e até que um garoto se torna chefe da tribo submetendo se os demais garotos as suas ordens e tarefas e apenas dois garotos deste se opõem. E então inicia se uma guerra, na nova sociedade denominada por o grupo de tribo onde tudo é possível, se transformando em uma guerra de todos contra todos.

Segundo Hobbes com relação a natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a gloria; os garotos queriam obter vantagens na forma de sobrevivência, nas disputas por objeto, nos espaços da ilha, então o que causou uma competição; a desconfiança dos garotos entre eles, e a perspectiva de socorro, de sobrevivências na ilha. E por ultimo a gloria comparando com o chefe da tribo que tinha uma espécie de domínio sobre os demais garotos e também reputação e respeito.

No filme mostra o grupo de garotos com diferenças de opiniões e objetivos. Uns acreditam no resgate, outros não, uns acreditam em um possível monstro na floresta, outros não, uns queriam viver na ilha respeitando e ajudando uns aos outros, outros não. Essas diferenças também se tornaram essenciais para as conseqüências que levaram os garotos a uma guerra entre eles.

Hobbes enfatiza que a natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, embora por vezes, se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que o outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto a diferença entre um homem e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer beneficio a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, que por secreta maquinação quer aliando se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo.   

Relacionando se com o filme isso bem acontece através da união da tribo entre uns, colocando o que para eles seria mais justo, matando se fosse preciso ou não, como ocorre com dois garotos um da mesma tribo, e o outro que não se uniu a eles. Sendo que este último antes de morrer tinha na madrugada, sido atacado pelos garotos da tribo que ainda lhe roubaram seus óculos, lhe causando uma fragmentação, pois como ele enxergaria e lutaria contra eles.

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Restando apenas um garoto que era de oposição da tribo então decidiram mata – lo também, percorrendo a ilha eles correram atrás do garoto, na tentativa de fugir dos garotos da tribo, este caiu aos pés de um soldado do exercito, que estava com um helicóptero de resgate, o soldado se espantou diante da cena em que presenciou e questionou aos garotos qual era a pretensão dos garotos. E assim acaba o filme.

O filme aborda os garotos em uma situação que aparentemente viviam em uma sociedade de civilização, e até de estado civil, indo a um estado natural, poderia ser definida por alguns evolucionistas como uma selvageria. Para Hobbes esse estado de selvageria poderia ser o estado selvagem, trazendo o pior que há nos homens e do que eles podem causar. Utilizando se de uma esperteza e justificando a importância do estado para uma sociedade em paz, defendendo uma monarquia, e um contrato social do povo para o bem do povo.

Para Hobbes no estado de guerra tudo é valido não há espaço para indústria, pois nada é certo, e os homens vivem em um constante temor e perigo da morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. Como bem é mostrado no filme retratando especialmente essa tensão de perigo, de incertezas, e de medo sentida pelos garotos.

O filme retrata um período de pós – guerra uma fase de desencantamento da humanidade trazendo aparentemente a descoberta do mal como algo natural na existência do ser humano independente da idade e do meio onde vive. É interessante como essa situação é bem retratada n filme, trazendo um sentimento de ligação com o estado de natureza apresentado por Hobbes.

Hobbes então sugere que para todos saírem do estado de natureza, pois também os homens irão compactuar entre si, pois o medo da morte irá fazer com que eles se preservem saindo do estado de natureza para o estado civil. Então para Hobbes era necessário o pacto social que seguiria a paz entre eles.

Sendo assim, a presença do estado era essencial para garantir a paz civil, mas também de um soberano reduzindo as diversas vontades de um povo em uma só, o soberano é o estado, pois a desigualdade entre o povo é soberano gera a paz, o estado está acima dos homens, sendo garantidor da paz civil. Para Hobbes o soberano não poderia se transformar em um ditador, pois ele só quer o bem do povo, ele não deve satisfação de seus atos a outras pessoas. Mas sabe se que em um desdobramento tudo isso poderia acontecer.

No leviatã Hobbes (1587-1666) parte do principio de que os homens são egoístas e que o mundo não satisfaz todas as suas necessidades defendendo por isso que no estado natural sem a existência do estado civil há necessariamente competição entre os homens pela riqueza, segurança, e gloria. A luta que se segue é a guerra de todos contra todos.

Ou seja, Hobbes defendia a tese do homem que por viver num estado de natureza onde todos estariam preocupados com os seus próprios interesses seria necessária a existência de um governo forte para apaziguar os conflitos humanos. Só seria possível através do contrato social.    

  Relacionando se com o filme fica claro o desdobramento que vai de uma civilização para um estado de natureza, abordando isso com os garotos na ilha, porém isso também, fazendo uma correlação com a teoria de Hobbes poderia ser uma forma de ele justificar sua defesa. Apesar de que justifica a importância que se tem o estado civil ainda encontramos algumas contradições como exemplo de uma sociedade indígena que vive em sua aldeia apesar de possuírem suas leis não vivem o estado de natureza tão enfatizado por Hobbes e abordado no filme. Hobbes utilizou se de uma época fragilizada da humanidade para defender sua teoria do estado civil, e da forma de governo monárquica, mas não podemos de afirmar sua importância e sua contribuição que nos servem até os dias atuais.  


Referencias Bibliográficas

BROOK. Peter. Filme: o senhor das moscas (LORD OF THE FLIES). EUA – 1963.

HOBBES. Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um estado Eclesiástico e Civil, tradução de João Paulo Morais e Maria Beatriz Nizza da Silva, 2.ª Ed., Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda («Estudos Gerais»).

Sobre os autores
Rodrigo da Paixão Pacheco

Advogado. Membro das Comissões de Direito do Consumidor, Família e Sucessões e Advocacia Jovem, da OAB seccional Goiás. Mestrando em Serviço Social pela PUC Goiás. Possui graduação em Direito e Administração PUC Goiás. Pós graduando em Direito Civil e Processo Civil e Direito Penal e Processo Penal pela UCAM/RJ.

Aline Pereira Dias

Mestranda em Serviço Social pela Puc GO, possui graduação em Serviço Social pela Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, Brasil.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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