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HOMOSSEXUALIDADE ENTRE OS CLÁSSICOS

Violência grega à romana

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Agenda 14/01/2019 às 14:50

[1]          O paradigma se refere a um esquema global de algumas hipóteses de base sobre as quais cada época científica baseia as suas orientações e valores. Não obstante, com o tempo, este modelo se torna obsoleto e não responde mais as demandas e exigências da sociedade: cria-se então a crise do paradigma dominante. Cf. SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso sobre as Ciências. Porto: Edições Afrontamento, 2001.

[2]          DICIONÁRIOS ACADÊMICOS. Grego-Português; Português-Grego. Portugal: Porto, 2009.

[3]          O termo lésbica foi usado pela primeira com sentido de homossexualidade feminina numa carta do rei William, em 1736, à duquesa de Newburgh. No conteúdo da carta, o rei utilizou a denominação lesbian para ofender a duquesa. Cf. NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 210.

[4]          LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 71.

[5]          LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 73.

[6]          DICIONÁRIOS ACADÊMICOS. Grego-Português; Português-Grego. Portugal: Porto, 2009.

[7]          A paixão pedagógica impele todos para os jovens belos e bem-dotados, mas no caso Alcibíades é a profunda força de atração espiritual, que irradia de Sócrates, que surte efeito e que, invertendo a relação normal de amante e amado, faz com que seja o próprio Alcibíades a aspirar em vão pelo amor de Sócrates. Para a sensibilidade grega é o cúmulo do paradoxo que um jovem belo e festejadíssimo como Alcibíades ame um homem grotescamente feio como Sócrates. Cf. JAEGER, Werner. Paideia: A Formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 747.

[8]          EISLER, Riane. O prazer sagrado: sexo, mito e política do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1996, p. 144.

[9]          A sexualidade grega pode ser considerada bissexual? Segundo Foucault, é de certo modo equivocado falar em bissexualidade, uma vez que os gregos não pensavam a relação sexual de forma dicotomizada, ou seja, pulsões homossexuais e pulsões heterossexuais. A sexualidade era pensada mais como possuidora de duas fases. Primeiramente, adolescentes passivos; depois como adultos ativos, até se casarem. Evidentemente, que após o casamento, a monogamia não era obrigatória, nem recomendada aos homens. Estes tinham total liberdade para participar de cultos religiosos e festas, ambos banhados a muita orgia, tanto homossexual quanto heterossexual. Nesse aspecto, talvez seja possível dizer que, passada a fase de passividade juvenil, para o homem adulto existia uma possibilidade de certa inclinação à bissexualidade. A mulher, contudo, se não fosse prostituta, deveria permanecer fiel ao marido e conservar sua heterossexualidade, pelo menos segundo os ditames sociais. Cf. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: O uso dos prazeres. São Paulo: Graal, 1984, p. 150.

[10]        O casamento entre os romanos, assim como entre os gregos, continuou a ter um aspecto simplesmente formal visando à proteção patrimonial. Para o homem, significava a garantia de que seus bens permaneceriam entre seus herdeiros, na hipótese de sua morte ou de sua temporária ausência. Mesmo casado, o homem não se submetia a qualquer recriminação moral ou legislação em relação à fidelidade ou adultério. Ele poderia participar das festividades da cidade, dos banhos públicos e dos serviços prestados nos bordeis. Já para a mulher, o casamento significava a continuação de uma vida dominada, outrora pelo pai, agora era submetida às vontades do marido. Eventualmente poderia sair de caso, mas sempre acompanhada do marido. O medo do adultério, do estupro e do rapto não equivalia ao temor de perder a esposa, mas ao pânico obsessivo de ter o sangue de seus descendentes sujado por um possível herdeiro bastardo.

[11]         No início da Antiguidade, há inúmeros relatos de tribos mediterrâneas que possuíam rituais de iniciação masculinos envolvendo o sêmen. Era uma evidente relação com o leite materno, que ainda tardava em ser cultuado como sagrado, numa antiga alusão à fertilidade da grande Deusa. Segundo a cultura primitiva, os homens não conseguiriam atingir a puberdade sem a produção de sêmen, que só seria atingida por meios ritualísticos de ingestão. “A partir dos sete anos os meninos eram separados de suas mães e levados à casa dos homens. Nesse período, eles eram submetidos a periódicos rituais de iniciação sexual. No primeiro estágio, aprendiam a praticar a felação com mais velho, enquanto engoliam o precioso sêmen. Num segundo estágio, já mais velhos, trocavam de papeis e proporcionavam o sêmen aos mais novos. Quando um menino mostrava sinais de maturidade sexual, fazia-se uma grande cerimônia e ele se juntava aos homens caçadores” Cf. SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999, p. 23.

[12]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 59.

[13]         “A palavra impudicitia é geralmente usada para referir a disponibilidade de um homem para ser penetrado por outro homem. Ficou demonstrado que os médicos romanos consideravam o desejo de ser penetrada uma patologia que podia ser diagnosticada, uma classificação da homossexualidade como doença anterior a sua invenção no século XIX”. Cf. NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 65.

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[14]        SUETÔNIO. As Vidas dos Doze Césares. São Paulo: Atena, 1956.

[15]        SUETÔNIO. As Vidas dos Doze Césares. São Paulo: Atena, 1956, p. 105.

[16]         “A Lei Scantinia, confirmada pela legislação da época de Augusto, protege o adolescente contra o estupro pelo mesmo motivo que protege a virgem livre nascença. A relação homossexual com um jovem era aceitável, desde que fosse a relação ativa de um homem livre com um escravo ou um homem de baixa condição social; as pessoas se divertiam com isso no teatro popular e se vangloriavam disso na alta sociedade” Cf. LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 120.

[17]         LACHATRE, Maurice. Os crimes dos Papas. São Paulo: Madras, 2005.

[18]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 69.

[19]        A história está cheia de absurdos relatos de ufanistas que levaram os princípios católicos às últimas consequências. São Francisco de Assis, filho de um rico aristocrata, ao receber o chamado divino retorna para sua cidade, de onde tinha partido para se juntar às Cruzadas, no caminho, avista um mendigo leproso, pois o santo desce de seu cavalo, enrola o mendigo com sua suntuosa capa e lhe beija as feridas da testa. Em análoga biografia, São Bento, rejeita sua herança palaciana desejoso de se tornar monge, no caminho para o mosteiro se depara com uma prostituta, era o próprio demônio lhe tentado, mais do que depressa arranca as roupas e se joga num espinhal. Cf. ASTRUGA, Maria del Carmo. Dicionário dos Santos. São Paulo: Santáurio, 2011.

[20]        Em realidade os verdadeiros ensinamentos e as máximas cristãs jamais foram seguidos. O repúdio a intolerância, a caridade, o perdão, mas, sobretudo, o amor ao próximo, o princípio básico ensinado por Jesus Cristo, nunca se concretizaram durante a dominação cristã, tornaram-se presentes apenas nas falácias e nos sermões. Mesmo nos séculos que irão se seguir, em quase que dois milênios de efetiva instituição, nada que Jesus tenha realmente pregação foi seguido. As mortes nas Cruzadas, as torturas inquisitoriais, tudo se resume a uma grande hecatombe santa. O estandarte episcopal é manchado de sangue das inúmeras vítimas dessa instituição criminosa que se auto-intitula santificada. Em suma, dizer que a imaculada imagem da Igreja Católica foi construída sobre mentiras e hipocrisias constituem mero eufemismo. Nietzsche, enquanto ferrenho defensor da cultura antiga, critica o cristianismo na medida em que este cultuava o que havia de pior na acepção humana: a feiura, a pobreza e a castidade: “Já a palavra cristianismo é um mal-entendido – no fundo, houve apenas um cristão, e esse morreu na cruz. O evangelho morreu na cruz. O que a partir de então se chamou evangelho já era o oposto do que Ele tinha vivido: uma má nova, um disangelho. É falso até o absurdo ver em uma fé, a fé, por exemplo na salvação por Cristo, o sinal distintivo do cristão: apenas a prática cristã, uma vida como a Aquele que morreu na cruz, é cristã” Cf. NIETZSCHE, Friedrich. O Anticrsito: A Maldição contra o Cristianismo. São Paulo: L&MP, 2012, p. 71.

[21]         Em O Anticristo, Nietzsche traça uma interessante comparação entre o Deus construído no cristianismo e os deuses da Antiguidade. Segundo o autor, as divindades são um reflexo da própria autoestima do povo, que por sua vez está relacionada com sua própria cultura. Assim, um povo forte terá um deus forte, enquanto um povo fraco terá um deus fraco. O que dizer de um deus das minorias, benevolente e essencialmente ligado ao amor? “O conceito cristão de Deus – Deus na condição de deus dos doentes, Deus na condição de aranha, Deus na condição de espírito – é um dos mais corruptos conceitos de deus que foram alcançados sobre a terra; talvez ele até represente o nível mais baixo na evolução descendente dos tipos divinos”. Cf. NIETZSCHE, Friedrich. O Anticrito: A Maldição contra o Cristianismo. São Paulo: L&MP, 2012, p. 35.

[22]        “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes”. Cf. BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 950.

[23]         LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 125.

[24]         FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: O uso dos prazeres. São Paulo: Graal, 1984.

[25]        BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 1121.

[26]         LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 142.

[27]        “Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada” Cf. BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 11.

[28]         “Simbolicamente, a costela de Adão é o equivalente do ventre mater. Se Deus é o criador de Eva, então Adão é sua mãe, ou mais exatamente o pai. A paternogênese masculina justifica a diferente qualitativa entre Adão e Eva” Cf. BADINTER, Elizabeth. Um é o outro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 105.

[29]        BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 15.

Sobre o autor
Felipe Adaid

Advogado e consultor jurídico em Direito Penal e Direito Penal Empresarial no Said & Said Advogados Associados. Foi Diretor de Gerenciamento Habitacional da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação e Primeiro Secretário do Conselho de Habitação do Município da Valinhos, SP. Mestre em Educação e Políticas Públicas pela PUC Campinas. Ingressou em primeiro lugar no mestrado e foi contemplado com a bolsa CAPES durante os dois anos de curso. Cursou disciplinas de pós-graduação na Unicamp. É especializando em Direito Penal, Processo Penal e Criminologia, pela PUC Campinas. Na graduação, tem 5 semestres de créditos no cursos de Psicologia, também pela PUC Campinas. Durante a graduação de Direito também foi bolsista de iniciação científica, CNPq, e foi monitor em diversas disciplinas, tanto no curso de Direito como no curso de Psicologia. Foi membro do grupo de pesquisa Direito à Educação do Programa de Pós-Graduação da PUC Campinas. É corretor de revistas científicas pedagógicas e jurídicas. É autor de 11 livros, sendo 3 ainda em fase de pré-lançamento, e organizador de outros 10 livros, além da autoria de 44 capítulos de livros publicados no Brasil, no Chile e em Portugal. É autor de mais de 100 publicações científicas, entre artigos científicos, resenhas e anais, nacionais e internacionais. Ademais, também escreve periodicamente ensaios e artigos para jornais e blogs. No âmbito acadêmico, suas principais bases teóricas são: Foucault, Lacan, Freud, Dewey e Nietzsche. Por fim, tem interesse sobre os seguintes temas: Direito, Direito Penal, Criminologia, Psicologia, Psicologia Forense, Psicanálise, Sexualidade, Educação e Filosofia.

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