1- Introdução
A importância do trabalho como elemento objeto de de estudo para a sociologia, ocorre no fato de o mesmo apresenta influencia na vida das pessoas, em razão da grande parcela de tempo que estas dedicam-se a tal atividade, assim como as formas de desenvolvimento deste reflexa na forma de vida e nas relações sociais das pessoas. Assim, podemos dizer que a importância da sociologia do trabalho como ramo de estudo das ciências sociais, ocorre do fato de a mesma fazer parte da estrutura da vida social dos indivíduos.
O crescimento do interesse da sociologia pelo estudo de mercado de trabalho e suas maneiras de apresentação, sua relação ao desemprego e as formas que este impacta nas relações sociais, advém do resgate de um ramo da sociologia que ha certo tempo não estava em pauta, qual seja, a sociologia do trabalho.
2- A sociologia contemporânea e os modelos de trabalho
Para alguns setores da sociologia contemporânea, o trabalho não e estrutura central de compreensão e analise de estudo sociológico, conforme teoriza alguns autores clássicos; contudo o mesmo gera observância em razão dos seus impactos nas dinâmicas sociais. Os frutos do trabalho, a titulo exemplificativo, definem a posição estrutural do individuo na estratificação social, definindo o capital através da relação de trabalho produtiva o detentor dos meios de produção (dono do capital), e aquele que executa a produção através de seu trabalho, em troca de parte de capital (salario), definindo assim a relação social em razão do trabalho sob a ótica do capital.
Contudo para a logica do fim do trabalho, Offe teoriza que se antes o trabalho era visto como centro de gravidade de várias práticas sociais, certos indicadores teriam começado a pressionar por um deslocamento do trabalho enquanto preocupação teórica. Relações e identidades estabelecidas no que seria a “vida cotidiana”, em contraposição ao “mundo do trabalho”, teriam, se não ocupado a posição que o trabalho ocupava, ao menos ganho uma potência de determinação semelhante quando não invertendo certas relações.
Por outro lado nos ensina Antunes, o qual destaca que o conhecimento social gerado pela ciência tem seu objetivo restringido pela lógica do capital ao mesmo tempo que ocorre a apropriação desigual dos resultados e benefícios da ciência e da tecnologia, bem como do aumento da produtividade do trabalho social. O autor ressalta que a teoria do valor reconhece o papel crescente da ciência, mas afirma que esta se encontra tolhida em seu desenvolvimento pela base material das relações entre capital e trabalho, a qual se encontra submetida
O modelo Toyotista surge com destaque na década de 80 do século XX, em contrapartida ao modelo fordista, o qual estava em declínio na década de 70 do mesmo século. A principal ruptura inovativa se de uma ruptura do paradigma de produção. A grande inovação do Fordismo foi fixar o trabalhador na linha de produção, fazendo a tarefa designada em uma posição predeterminada diante de uma esteira rolante. Dessa maneira, havia uma simplificação muito grande de cada etapa na linha de produção: o operário realizava apenas uma determinada operação ao longo da jornada de trabalho.
O modo de produção toyotista surgiu nas unidades fabris da Toyota, a partir da década de 1950. Esse modelo é considerado um exemplo de produção flexível, no qual o trabalhador é constantemente qualificado, podendo, caso necessário, atuar em diversas funções relacionadas ao processo de produção. Cada qual representa uma forma de produção dentro do sistema capitalista, contudo a inovação do ultimo apresentou a solução a adequação de demanda ocorrida no modelo capitalista.
3- A precarização do trabalho
A precarização do trabalho possui duas dimensões essenciais que se complementam: a precarização salarial, que diz respeito, por um lado, à precarização das condições salariais propriamente ditas (contrato, remuneração e jornada de trabalho) e, por outro lado, à precarização das condições de trabalho por conta das mudanças na organização da produção com a implantação do novo arcabouço tecnológico informacional e novo método de gestão de matriz flexível que contribui para a intensificação das rotinas de trabalho e reforça o controle e envolvimento do trabalho vivo no processo produtivo do capital.
A precarização salarial diz respeito à morfologia social do trabalho flexível e suas consequências na força de trabalho como trabalho vivo; e a precarização do homem-que-trabalha, que diz respeito à precarização do ser genérico do homem por conta das novas condições salariais de exploração/espoliação da força de trabalho. Nesse caso, a precarização do homem-que-trabalha ocorre no plano da subjetividade humana, reverberando-se em desequilíbrios metabólicos das individualidades pessoais de classe que conduzem, no limite, no caso de singularidades pessoais, às situações de adoecimentos.
É importante salientar que a diferenciação entre “precarização salarial” e “precarização do homem-que-trabalha” é tão-somente uma divisão heurística (a precarização salarial tende a ocultar a precarização do homem-que-trabalha).
4- Considerações finais
Para Marx As relações de produção regulam tanto a distribuição dos meios de produção e dos produtos quanto à apropriação dessa distribuição e do trabalho. Para Marx elas expressam as formas sociais de organização voltadas para a produção. Os fatores decorrentes dessas relações resultam em uma divisão no interior das sociedades. Desta forma por ter uma finalidade em si mesmo, o processo produtivo acaba por alienar o trabalhador, já que é somente para produzir que ele existe. Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores e os não detentores dos meios de produção. Surgem, então, a classe dominante e a classe dominada (ou seja, a dos trabalhadores).
Contudo, diferentemente de Marx, Bourdieu não limita o conceito de classe social apenas ao campo econômico. Bourdieu vai mais além, se apropriando do conceito de capital em Marx que por sua vez, é uma característica das classes dominantes donas dos meios de produção ele desenvolve a ideia de capital simbólico. Porém para entender a luta de classes em diferentes campos, é necessário antes compreender alguns conceitos (campo, habitus, hexis, capital e doxa) utilizados por ele no desenvolvimento de sua teoria.O conceito de campo é proposto por Pierre Bourdieu vincula-se com a idéia de espaço social, onde há disputas constantes de poder.
Referencias
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