UM VETO CENSURÁVEL
Rogério Tadeu Romano
Segundo o Estadão, em sua edição de 28 de abril do corrente ano, o presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente projeto de lei que dispõe sobre a regulamentação da profissão de historiador e lista condições e requisitos para seu exercício. O veto está publicado no Diário Oficial da União (DOU).
A rejeição da matéria foi baseada em manifestações do Ministério da Economia e da Advocacia-Geral da União (AGU). Para a Presidência, ao disciplinar a profissão de historiador com a imposição de requisitos e condicionantes, o projeto ofende o direito fundamental do livre exercício profissional, "a ponto de atingir seu núcleo essencial".
A razão do veto publicada no Diário Oficial também diz que as disposições do projeto vão contra trecho do artigo 5º da Carta Constitucional que estabelece que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença".
Dentre vários pontos, o projeto vetado determina que, para exercer a atividade de historiador, o profissional precisa ter diploma de curso superior, mestrado ou doutorado em História, ou diploma de mestrado ou doutorado obtido em programa de pós-graduação reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com linha de pesquisa dedicada à História. Além disso, poderá exercer a atividade o profissional com formação em outras áreas que comprovar ter atuado como historiador por mais de cinco anos a contar da data da promulgação da lei.
Não pode um aventureiro exercer pesquisa histórica confiável sem uma correta formação acadêmica. Isso fugiria à própria razoabilidade.
. A providência fere o princípio da razoabilidade.
A razoabilidade é vista na seguinte tipologia:
a) Razoabilidade como equidade: exige-se a harmonização da norma geral com o caso individual;
b) Razoabilidade como congruência: exige-se a harmonização das normas com suas condições externas de aplicação;
c) Razoabilidade por equivalência: exige-se uma relação de equivalência entre a medida adotada e o critério que a dimensiona.
Não se pode eleger uma causa inexistente ou insuficiente para a atuação estatal. Os princípios constitucionais do Estado de Direito (artigo 1º) e do devido processo legal (artigo 5º, LIV), da Constituição exigem o confronto com parâmetros externos a elas.
Não se pode conviver com discriminações arbitrárias.
Há de se considerar uma razoabilidade interna, que se referencia com a existência de uma relação racional e proporcional entre motivos, meios e fins da medida e ainda uma razoabilidade externa, que trata da adequação de meios e fins. No caso em tela há absoluta dissonância entre os motivos, meios e fins da medida, de forma a aduzi-la como fora do razoável.
Então, diante disso, poderia a disciplina de história ser ministrada por pessoa sem formação acadêmica para tal, sem possuir cursos de graduação, mestrado e doutorado?
A mim me parece que não.
Discute-se com relação à liberdade de profissões.
O art. 5º, XIII, da Constituição Federal assegura a qualquer pessoa o exercer a título profissional, mediante retribuição, e, em caráter permanente e sistemático, uma atividade que não seja socialmente recriminada, satisfeitos os requisitos definidos em lei. Por certo necessário compatibilizar o exercício desse direito à atividade profissional com o exercício de outros direitos.
Por certo essa Lei que vier a regulamentar o exercício de profissão há de ser razoável substancialmente sob pena de incidir em abuso de direito e tornar-se inconstitucional.
Qualquer atividade econômica é livre, salvo os casos previstos em Lei.
Certamente não é lícito à lei fazer depender de autorização do órgão público atividades não sujeitas à exploração pelo Estado e nem a uma especial regulação por parte do poder de polícia. É aceitável que dependam de autorização certas atividades sobre as quais o Estado tenha a necessidade de exercer uma tutela, quanto ao seu desempenho no atinente à segurança, à salubridade pública etc.
Colho na matéria importante lição de José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo, RT, 5ª edição, pág. 229) de que o princípio é o da liberdade de escolha profissional. No entanto, a Constituição Federal ressalva, quanto à escolha e exercício de ofício ou profissão, que ela fique sujeita à observação das qualificações profissionais que a Lei exigir. Há, de fato, ofícios e profissões que dependem da capacidade especial, de certa formação científica e cultural, competindo privativamente, não exclusivamente, na forma do art. 22, XVI, da Constituição Federal, à União Federal legislar sobre as condições para o exercício da profissão.
A Constituição Federal reserva ao legislador ordinário competência para estabelecer as áreas de atuação de cada profissão e as condições de capacidade para o exercício das atividades correspondentes.
Em brilhante voto, na Representação de Inconstitucionalidade nº 1256 – 5, Distrito Federal, o Ministro e mestre Oscar Dias Corrêa aludiu que não e possível restringir o exercício da atividade profissional quando o currículo da especialidade contiver as disciplinas que o autorizam.
Ora, é tradição no nosso sistema jurídico, como se lê da lição de Ruy Barbosa (Comentários à Constituição Federal Brasileira, coligidos por Homero Pires, 1934, vol. 6, pág. 37), que há de existir uma correlação entre liberdades profissionais e habilitação técnica, pois satisfeitas as condições subjetivas de capacidade estatuídas em lei, nenhuma restrição pode ser oposta ao direito individual de exercer a profissão.
A esse respeito arremata Ruy Barbosa:
“... demonstrada a aptidão profissional mediante a expedição do título, que, segundo a lei, cientifica a existência dessa aptidão, começa, constitucionalmente o domínio da liberdade profissional. Este não pode depender senão da prova de capacidade. Feita ela, firmado está, para o indivíduo, o seu direito constitucional.”
.
Certamente o professor de História precisará da necessária formação profissional para transmitir seus conhecimentos ao curso discente.
Ab initio, trago à colação o currículo do ensino de história na graduação:
Disciplinas Obrigatórias |
|||||||
1º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Metodologia da História I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História do Brasil Colonial I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Ibérica I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da América Colonial |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
20 |
4 |
420 |
80 |
|||
2º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Metodologia da História II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História do Brasil Colonial II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Ibérica II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
15 |
3 |
315 |
60 |
|||
3º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Geografia Humana, Geral e do Brasil |
4 |
0 |
60 |
||||
História Antiga I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Medieval I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
14 |
2 |
270 |
40 |
|||
4º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Antiga II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Medieval II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da África |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
15 |
3 |
315 |
60 |
|||
5º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Moderna I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História do Brasil Independente I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da América Independente I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
15 |
3 |
315 |
60 |
|||
6º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Moderna II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História do Brasil Independente II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da América Independente II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
15 |
3 |
315 |
60 |
|||
7º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Contemporânea I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Teoria da História I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
10 |
2 |
210 |
40 |
|||
8º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Contemporânea II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Teoria da História II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Subtotal: |
10 |
2 |
210 |
40 |
|||
Disciplinas Optativas Eletivas |
|||||||
2º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Contemporânea da Rússia/URSS |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da Alimentação |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Cultura Visual e Ensino de História |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Uma História para a Cidade de São Paulo: Um Desafio Pedagógico |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da África e dos Afrodescendentes no Brasil: Conteúdos e Ferramentas Didáticas para a Formação de Professores do Ensino Médio e Fundamental |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Práticas Sociais e Circulação de Artefatos na América Portuguesa |
5 |
1 |
105 |
||||
3º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Leitura e escrita acadêmica na formação de professores I |
4 |
2 |
120 |
20 |
20 |
||
História da Cultura I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da Ásia |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Estudos Latino-americanos: Ficção e História |
2 |
0 |
30 |
||||
4º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História Contemporânea com ênfase em Ásia |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Social das Idéias Políticas na América Colonial |
5 |
1 |
105 |
||||
História Empresarial |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História das Relações de Gênero |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Leitura e escrita acadêmica na formação de professores II |
4 |
2 |
120 |
20 |
20 |
||
A Escola no Mundo Contemporâneo |
5 |
1 |
105 |
30 |
|||
História da Cultura II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Econômica I |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História dos Estados Unidos |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Fotografias em Acervos Museológicos Históricos |
5 |
1 |
105 |
||||
Introdução ao Estudo da Cultura Material |
5 |
1 |
105 |
||||
Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil: Conceitos, Políticas Públicas, Estratégias. |
5 |
1 |
105 |
||||
Espaço Doméstico e Sociedade na Perspectiva da Cultura Material I |
5 |
1 |
105 |
||||
5º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História do Pensamento Econômico |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História das Ciências e Técnicas no Brasil |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Indígena Colonial |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Social do Tempo |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Ensino de História: Teoria e Prática |
5 |
2 |
135 |
100 |
20 |
||
História das Religiões e os Encontros Culturais entre Europa e América |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História das Instituições |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História e Historiografia: Tendências Contemporâneas |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Arqueologia |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
6º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
A Revolução Russa: História e Historiografia |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
O Ensino de História e a Questão Indígena |
5 |
1 |
105 |
0 |
20 |
||
História Política |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
A Economia nas Sociedades Pré-modernas |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História e Liberalismo |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Bíblia: história e memória |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da América Pré-Hispânica |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História do Cotidiano |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Social da Arte |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
A Formação do Estado Brasileiro: Projetos, Políticas e Tensões (1822-1889) |
4 |
1 |
90 |
||||
7º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Museologia Histórica |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da Cultura III |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História das Ideias |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da Ciência, da Técnica e do Trabalho |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Introdução à Pesquisa em História I |
0 |
2 |
60 |
||||
História e Fontes Visuais |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
8º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Introdução à Arquivologia |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História da Cultura IV |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
História Econômica II |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Introdução à Pesquisa em História II |
0 |
2 |
60 |
||||
FLH0639 - Introdução à Pesquisa em História I |
Requisito |
||||||
Disciplinas Optativas Livres |
|||||||
2º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
A Música do Brasil Independente |
3 |
1 |
75 |
||||
3º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Estudos sobre o Pensamento - Módulo I |
2 |
0 |
30 |
||||
4º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Estudos sobre o Pensamento - Módulo II |
2 |
0 |
30 |
||||
5º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
Aramaico Bíblico |
2 |
0 |
30 |
||||
6º Período Ideal |
Créd. |
Créd. |
CH |
CE |
CP |
ATPA |
|
História de São Paulo Colonial |
5 |
1 |
105 |
20 |
|||
Origins of Capitalism |
5 |
1 |
105 |
||||
Anote-se aqui as disciplinas que deverão ser estudadas em disciplina curricular do mestrado em história:
Disciplinas - Linha de pesquisa: Sociedades indígenas, cultura e memória
Formação e Transformação das Sociedades Indígenas
- A disciplina se ocupa da formação das sociedades indígenas na América Latina sob o aspecto econômico, cultural, social e político. Também trata das especificidades regionais, dos processos de desestabilização criados pelo colonizador, com reestruturação por estados nacionais e movimentos de reafirmação identitária.
Sociedades Indígenas: História e Historiografia
- A disciplina se propõe a discutir as atuais tendências da historiografia produzida na e sobre a América Latina. Essa produção vem sofrendo sensível transformação nas últimas décadas em decorrência, entre outras coisas, da aproximação entre os campos disciplinares da História e da Antropologia, que contribuiu para a reavaliação de uma série de teorias e conceitos. Em relação às sociedades indígenas, especificamente, essa perspectiva tem evidenciado novas possibilidades de tratar os temas do contato interétnico.
Cultura, Memória e Patrimônio
- A disciplina se ocupa com estudos de cultura material e imaterial, criação de memória, de patrimônio e de identidades, preferencialmente ligados à história indígena na América Latina. Interessa-se pela história desses conceitos, pelos processos que os inter-relacionam a objetos e locais em que podem ser estudados, como sítios e coleções arqueológicas, documentos, arquivos e museus, tradições orais e paisagens. Também se ocupa da organização e socialização desse conhecimento.
Práticas de Escrita, Representações e Sociedades Indígenas
- A disciplina propõe o estudo dos processos que envolvem a elaboração, circulação e recepção de diversos tipos de narrativas elaboradas na e sobre as Américas. Importam para a análise produções como os antigos códices indígenas, as crônicas coloniais, os relatos de missionários, administradores e viajantes, bem como gravuras, textos literários ou fílmicos. Sem pretender uma abordagem linear ou cronológica, prevê o estudo da produção textual e iconográfica das sociedades americanas e daquela elaborada sobre essas sociedades por historiadores, antropólogos e etnólogos.
Igrejas, Missões e Movimentos Religiosos
- A disciplina propõe o estudo da atuação das instituições civis e eclesiásticas nas Américas, abarcando um amplo marco temporal, contemplando a análise do processo de missionação ou da constituição de organizações devocionais, bem como dos movimentos religiosos decorrentes do contato intercultural.
Disciplinas - Linha de pesquisa: Migrações, territórios e grupos étnicos
Populações e Etnicidade: Conceitos e Teorias
- Contempla abordagens teóricas e a história comparativa das populações, das migrações, da escravidão, das identidades étnicas e das relações entre grupos, visando a fornecer ao aluno ferramentas conceituais essenciais para esta área de pesquisa e conhecimento básico da história das populações e da etnicidade na América Latina. A disciplina enfatiza continuidades e mudanças na história populacional, causas e consequências das migrações, políticas populacionais, a construção relacional das identidades étnicas e raciais, e processos de dominação e resistência raciais.
Populações, Territórios e Grupos Étnicos: Debate Historiográfico
- Contempla discussões historiográficas a respeito de temas tais como a história da família, das religiosidades, da imigração e colonização, da escravidão, das sociabilidades.
Colonização e Ocupação Territorial
- A disciplina estuda os diversos agentes da colonização e da ocupação do território na América Latina, as políticas populacionais, assim como a atuação e composição de redes familiares e sociais. Para compreender os processos de colonização, importa refletir sobre as relações estabelecidas entre a população radicada nos novos territórios e instituições como o Estado e a Igreja, levando em consideração o constante fluxo e refluxo no espaço ibero-americano.
Escravidão e Populações Negras
- A disciplina analisa a presença de populações africanas e afro-descendentes na América Latina, desde os primórdios da colonização até o pós-emancipação. Através do debate historiográfico, a disciplina aborda temas como família escrava, alforrias, irmandades, religiosidades, territorialidades negras, identidades étnico-raciais, trabalho, saúde e práticas de cura, associativismo. São enfocadas as estratégias de negociação e resistência da população cativa e as políticas senhoriais de dominação, bem como suas experiências como livres e forros.
Migrações e Populações de Imigrantes e Descendentes
- A disciplina trata do fenômeno das migrações internacionais em sua dupla face - a da emigração e a da imigração - assim como as políticas migratórias dos países latino-americanos nos séculos XIX e XX. Estuda as migrações internas, a organização econômica e social e as relações de imigrantes e descendentes com os Estados e com outros grupos étnicos. Investiga, ainda, os imigrantes e descendentes nos espaços rurais e urbanos, as sociabilidades desenvolvidas, as trajetórias familiares e políticas, bem como traz à tona a questão das identidades étnicas.
Disciplinas - Linha de pesquisa: Poder, ideias e instituições
Cultura Política na América Latina
- Esta disciplina dedica-se ao estudo dos processos e/ou fenômenos políticos, enfocando as orientações políticas dos atores em meio aos variados “desenhos” institucionais e constitucionais que historicamente têm lugar na América Latina. Além do estudo de processos e fenômenos empíricos, a disciplina busca discutir teoricamente como as análises do campo da política no conhecimento histórico podem se valer da abordagem multidisciplinar presente em variadas formulações e usos do conceito de cultura política.
Intelectuais e Pensamento Latino-Americano
- A disciplina estuda temas pertinentes aos intelectuais, considerados como importantes atores da história política e cultural da América Latina. Trata de temas como a formação de redes de sociabilidade e de circulação de ideias, trajetórias e gerações de intelectuais, confronto entre tradição e modernidade, nacionalismos e regionalismos entre outros. A esses temas pode ser acrescentada a peculiaridade do pensamento acerca da identidade da América Latina. Nesse sentido, a disciplina visa a analisar a contribuição de intelectuais que, desde a formação dos estados independentes, refletiram sobre a identidade cultural latino-americana, sobre seus eixos constitutivos e acerca da relação da América Latina com os paradigmas norte-americanos, europeus e do pós-colonialismo.
Estado e Sociedade Civil na América Latina
- Esta disciplina dedica-se ao estudo da formação e dinâmica do Estado Nacional nos países da América Latina, enfocando especialmente suas relações com a sociedade, por meio de movimentos sociais. Nesse sentido, analisa, por um lado, a presença e o alcance da atuação do Estado, e, por outro, a organização da sociedade, cuja atuação em variadas formas associativas potencializam e dão visibilidade a problemas, a demandas e a projetos políticos alternativos. Busca discutir os variados graus de autonomia e/ou tutelamento implicados nessa relação e seus desdobramentos para o processo de construção da sociedade na América Latina.
Representações, Arte e Mídia na América Latina
- A disciplina focaliza as discussões teórico-metodológicas envolvendo o conceito de “representação” e suas interfaces com as temáticas da arte e da mídia. Permite, ao lado do debate teórico, análises historiográficas que envolvem a produção dos campos das Artes, da Comunicação e das Ciências Humanas de uma maneira geral, e que focalizam, em um tratamento transdisciplinar, estudos centrados na América Latina.
Práticas de Memória e Escritura na América Latina
Por sua vez, dada a vastidão necessária dos conhecimentos precisará o doutorando, no doutorado se submeter a estudos de História Demográfica, Teoria da História, Metodologia, História Medieval, Pré-História etc. Ao longo do curso o estudante irá desenvolver noções críticas e aprender a entender textos de alta complexidade.
Ora, como se lê de Cláudio Pacheco (Tratado das Constituições Brasileiras, 1965, vol. 10, pág. 189), os dispositivos constitucionais que tratam da liberdade de profissões e permitem o condicionamento legal indicam que a Lei pode fazer exigências respeitantes a qualquer espécie de capacidade, seja científica, seja técnica, seja moral.
Portanto, data vênia, deve ser o veto apresentado pelo atual presidente da República derrubado a bem da razoabilidade.