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CESAR BENJAMIN ALERTA PARA ENXURRADA DE NOMEAÇÕES NA POLÍCIA FEDERAL; A CRISE ATINGE OUTRO PATAMAR.

Agenda 27/05/2020 às 10:17

Enquanto o STF apura as denúncias de Sergio Moro, de interferência presidencial na PF para torná-la uma espécie de guarda pretoriana de Jair Bolsonaro, o diretor-geral colocado à frente da instituição efetiva, de uma penada só, centenas de remanejamentos.

Total de óbitos sobe vertiginosamente: já chegou a 24,6 mil!

Está no Diário do Centro do Mundo:

"O novo chefe da Polícia Federal publicou nesta 4ª feira (26), poucos dias depois de assumir, 99 portarias de uma só vez, preenchendo 16 páginas do Diário Oficial.  

Cada portaria muda de um a cinquenta ocupantes de cargos, modificando a composição da PF de alto a baixo em todo o país. São centenas de alterações de uma só vez.  

Este projeto não pode ter sido concebido em alguns dias. Já estava pronto.  

Bolsonaro pode ter transformado a PF em polícia particular". (por Cesar Benjamin)

Com o Governo Bolsonaro marchando inexoravelmente para o fim pelas vias democráticas, uma tentativa desesperada de golpe é a última cartada que lhe resta. E ela, percebe-se pela intervenção descarada na Polícia Federal, está em plena execução.

Generais baterão continência a milicianos?

Não tenho dúvida de que tal virada de mesa, em meio à pandemia e à depressão econômica, geraria um governo efêmero, insustentável em médio prazo. Mas, o dano que causaria nos poucos meses que durasse seria devastador.

Só o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional podem cortar a cabeça da víbora com a presteza necessária. É preciso que finalmente decidam fazê-lo, caso contrário teremos centenas de milhares de mortos pelo vírus sanitário e sabe lá quantos outros pelo vírus fascista. 

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Quanto às Forças Armadas, há sempre a esperança de que os militares da ativa não embarquem numa aventura que terá consequências terríveis para a Nação e as vai desmoralizar como jamais o foram em sua história. 

Têm é de agir como em 1938, quando frustraram tentativa assemelhada, proveniente dos integralistas de Plínio Salgado.  

Isto, claro, se os generais brasileiros não quiserem bater continência para a ralé miliciana. Eu quero crer que não se prestarão a tal indignidade!

PRECEDENTE HISTÓRICO: O EXPURGO APÓS O FRACASSO DO GOLPE DE 1961                                                                                                                     .

Que desta vez seja o Brasil inteiro repudiando o golpismo!

De resto, vale notarmos que a História se repete: houve um expurgo de características semelhantes precedendo o golpe de 1964. 


Quando Jânio Quadros renunciou em 1961, havia um dispositivo golpista sendo pacientemente montado, mas os conspiradores tentaram queimar etapas para aproveitar a oportunidade. Pretendiam usurpar o direito do vice-presidente João Goulart.


Uma enérgica reação liderada pelo governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, com o apoio do comandante do III Exército José Machado Lopes e de uma rede antifascista de sargentos e cabos das Forças Armadas acabou forçando o recuo dos golpistas, que acabaram aceitando a posse de Jango, com seus poderes limitados pela introdução do parlamentarismo.


Nos anos seguintes os golpistas trataram de corrigir os erros que haviam cometido, principalmente buscando sensibilizar a classe média para seu intento e afastando de suas unidades os cabos e sargentos a eles contrários, dispersando-os por todo o Brasil.

III Exército respaldou a resistência de Brizola ao golpe 


A diferença é que puderam fazê-lo aos poucos, sem darem muito na vista e contando com a pusilanimidade de Jango, que tomou conhecimento do expurgo e o deixou acontecer.


Já nas atuais circunstâncias os golpistas tiveram de agir da forma mais explícita possível, pois sabem estar queimando seus últimos cartuchos. 


O açodamento é tamanho que forneceram um caminhão de evidências jurídicas dos crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro e denunciados pelo Sergio Moro.

A palavra está com Celso de Mello. (por Celso Lungaretti)

Sobre o autor
Celso Lungaretti

Jornalista, blogueiro, escritor e veterano da resistência à ditadura militar. Ingressei na luta contra a ditadura militar ainda secundarista, aos 17 anos. Passei um ano na clandestinidade, como dirigente estadual da VPR e VAR-Palmares. Preso, sofri uma lesão permanente que me prejudicaria tanto no convívio social quanto nos desempenhos profissionais. Mesmo assim, fiz longa carreira jornalística. Hoje sou escritor, articulista e blogueiro, atuando frequentemente na defesa dos direitos humanos. Observador atento da cena política brasileira há mais de meio século, além de haver sido, aos 18 anos, o primeiro e único comandante de Inteligência de uma organização que travava a luta armada, tento dar aos leigos no assunto um quadro realista das perspectivas atuais, para dissipar um pouco das paranoias e alarmismos que tantos pesadelos lhes causam .

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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Denúncia do cientista político, jornalista e veterano da resistência à ditadura de 1964-1985 Cesar de Queirós Benjamin, por mim analisada e expandida

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