Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

A queda da extrema direita no mundo

Agenda 30/06/2020 às 12:47

Atualmente é possível observar uma queda dos governos de extrema direita no mundo, o que ocasionaria uma nova fase na política mundial.

INTRODUÇÃO

Após o início da pandemia do coronavírus, foi observado que os países mais afetados eram governados pela extrema-direita. Isso pode ser exemplificado no caso do Brasil e dos Estados Unidos, que hoje lideram a lista de infectados e mortos pela doença, em razão de políticas públicas que se contrariavam a adotar o isolamento social, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Ademais, muitos países, no presente ano passam por procedimentos eleitorais, para a escolha de presidentes.

O próprio Trump vem perdendo diversos eleitores, estando hoje atrás de seu concorrente. Na Polônia, o que parecia improvável está ocorrendo, diante do crescimento do concorrente de Duda, atual presidente do país, que pertence a um partido de extrema direita. No caso do Brasil, Bolsonaro vem perdendo popularidade, com diversas manifestações contra o seu governo ocorrendo em todo país. É visível que ocorre uma possível queda de governos de extrema-direita no mundo, o que será objeto de análise nesse artigo.

1 - DA POPULARIDADE DE BOLSONARO

Uma pesquisa do Datafolha apontou que o grupo defensor do atual presidente corresponde a aproximadamente 32% da população. A porcentagem da sociedade que reprova o mandatário é de 44% e a dos que consideram regular, por sua vez, é de 23%. A grande parcela que não apoia Bolsonaro pode se afirmar que surgiu diante da pandemia do Covid-19, onde o Presidente sempre lutou contra o isolamento e hoje o Brasil é o epicentro mundial da doença. Ademais, uma investigação envolvendo o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, também ajudou no aumento da rejeição do chefe do executivo[1].

Além disso, vem acontecendo diversas manifestações pelo país contra o governo Bolsonaro, chamadas de manifestações antifascistas. Os protestos foram influenciados principalmente em razão da morte do norte-americano George Floyd e do menino brasileiro João Pedro, que tiveram viés racista. O uso de cartazes com a frase “vidas negras importam” ou “fora Bolsonaro” foram comuns, mostrando que ambas as causas andam lado a lado[2].

2 - DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NOS EUA

Os Estados Unidos da América hoje é o país com o maior número de infectados e mortos pelo coronavírus no mundo. Por esse motivo, o atual presidente Donald Trump, que tenta a reeleição esse ano, vê sua candidatura ir por água abaixo. Seu concorrente, Joe Biden, tem dez pontos de vantagem na corrida presidencial, o que assusta ainda mais o atual Presidente do país. Ocorre que, na antiga eleição, disputavam Donald Trump e Hillary Clinton, onde Trump aparentemente estava em desvantagem, quando surpreendeu a todos com a vitória.

Contudo, a situação que ocorre nos dias de hoje é diferente. Anteriormente, a distância entre Clinton e Trump era menor nessa mesma altura na média do site Real Clear Politics: em 25 de junho de 2016, a ex-secretária de Estado liderava por seis pontos (43% a 37%), enquanto quatro anos depois, a diferença nesse mesmo dia entre Biden e o presidente chegou a dez pontos (51% a 41%). E os números nos Estados essenciais de 2016, que foram mais duvidosos para Clinton, também estão começando a sorrir ao ex-vice-presidente da era Barack Obama. Biden vence nos três que liquidaram Clinton e perde em Ohio[3].

3 - DAS ELEIÇÕES NA POLÔNIA

Diante da crise do Covid-19, as eleições na Polônia tiveram que ser adiadas. Antes, o atual presidente Andrzej Duda já estava praticamente comemorando a vitória. No entanto, o prefeito de Varsóvia e candidato à presidência Rafal Trzaskowski vem tumultuando as eleições, pelo seu risco à reeleição de Duda. Ambos são diferentes, Trzaskowski, do partido Plataforma Cívica (centro-direita), é a face cosmopolita, integrada à União Europeia, ecumênica em religião, moral e cultura. Duda corresponde a valores católicos e contra os princípios europeus, tentando o segundo mandato de cinco anos com o apoio do partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), que integrou até assumir a Presidência (presidentes não podem ser filiados).

Nos últimos dias, o atual presidente polonês lançou uma “Carta da Família”, na qual se compromete a impedir que gays se casem ou adotem crianças. Além de chamar o grupo LGBT de “ideologia pior que o comunismo” e disse que vai barrar seu ensino. Na contramão de Duda, no ano passado, Trzaskowski patrocinou a primeira parada do orgulho gay da capital polonesa e prometeu aulas antipreconceito nas escolas. Mesmo se Trzaskowski ganhar, ainda terá dificuldades para governar diante do parlamento, que é composto em sua maioria por apoiadores do atual governante[4].

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

4 - CONCLUSÃO

É possível observar que os governos de extrema-direita estão caindo em grandes países. No Brasil e nos Estados Unidos, a pandemia do coronavírus e movimentos antirracistas fizeram a popularidade de Jair Bolsonaro e Donald Trump despencar, com o pior ocorrendo com o Presidente norte-americano, que passa por um ano eleitoral, totalmente delicado para a sua continuidade no cargo. Na Polônia, Rafal Trzaskowski vem ganhando pontos na eleição, superando o atual presidente, Andrzej Duda, que dava a eleição como vencida antes da chegada do Covid-19. Portanto, fica claro que os governos de extrema-direita cada vez mais balançam, podendo estar realmente em queda, podendo ocasionar o início de uma nova era na política global.

Referências

https://brasil.elpais.com/internacional/2020-06-26/biden-decola-nas-pesquisas-contra-um-trump-enfraquecido-pela-crise.html. s.d.

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/06/07/rio-tem-manifestacoes-contra-bolsonaro-e-contra-o-racismo.ghtml. s.d.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/surpresa-progressista-muda-o-jogo-na-polonia-e-deve-levar-eleicao-presidencial-ao-2o-turno.shtml. s.d.

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/06/eles-sao-32.shtml. s.d.

NOTAS

[1] (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/06/eles-sao-32.shtml s.d.)

[2] (https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/06/07/rio-tem-manifestacoes-contra-bolsonaro-e-contra-o-racismo.ghtml s.d.)

[3] (https://brasil.elpais.com/internacional/2020-06-26/biden-decola-nas-pesquisas-contra-um-trump-enfraquecido-pela-crise.html s.d.)

[4] (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/surpresa-progressista-muda-o-jogo-na-polonia-e-deve-levar-eleicao-presidencial-ao-2o-turno.shtml s.d.)

Sobre o autor
Pedro Vitor Serodio de Abreu

LL.M. em Direito Econômico Europeu, Comércio Exterior e Investimento pela Universität des Saarlandes. Legal Assistant na MarketVector Indexes.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!