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Análise do filme Nise - O Coração da Loucura

Agenda 06/01/2021 às 17:35

A psiquiatra Nise da Silveira lutou contra o uso de técnicas desumanas em pacientes psiquiátricos e revolucionou o tratamento ao usar a arte como terapia.

Nise – O Coração da Loucura, de Roberto Berliner, é um filme brasileiro lançado em 2015 e baseado em acontecimentos reais. O filme retrata a luta que a psiquiatra Nise da Silveira enfrentou ao recursar-se utilizar técnicas de eletrochoque e lobotomia em pacientes tido como perigosos por conta de seus quadros psiquiátricos irreversíveis.

O filme se inicia com a protagonista Nise chegando ao Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, localizado no Rio de Janeiro, onde a mesma percebe que os pacientes do local encontravam-se em condições sub-humanas, pois o ambiente era morboso e os pacientes tinham que viver presos, como se fossem animais.

Os pacientes, diagnosticados com os mais diversos quadros clínicos, eram tratados de forma hostil e padronizada e a eles eram aplicados os mesmos tratamentos, como se o método utilizado para um fosse suscetível aos demais. Fato esse é percebido na cena em que todos vão ao auditório para a apresentação de uma nova técnica de indução à convulsão através da eletricidade, onde um paciente foi usado como cobaia para a demonstração do tratamento.

Com o desenrolar da história, é possível perceber o descaso em que são tratados os pacientes, o ambiente hostil que os cerca e a má vontade dos funcionários em ajudar e é devido a isso que Nise decide se instalar no Setor de Terapêutica Ocupacional, o qual ela dirige entre os anos 1946 e 1974, tendo sucesso ao utilizar técnicas de tratamento mais humanas e alternativas.

No lugar de práticas degradantes e desumanas que eram decorrentes nos hospitais psiquiátricos, a médica passou a utilizar a arte como tratamento, revolucionando a lógica psiquiátrica válida na época. O método utilizado por ela, foi definido como uma busca artística, científica e política, pois além de trazer inúmeros benefícios para o desenvolvimento psíquico, também ajudava na maneira em que os internos interagiam entre si.

Nesse sentido, a fim de abarcar a dimensão das emoções humanas, Nise procura conhecer mais sobre arte, da religião, dos mitos, da literatura e da psicologia junguiana. Além disso, a protagonista busca colocar o bem-estar dos pacientes sempre em primeiro lugar, sobretudo, daqueles considerados perigosos e sem perspectiva de melhora.

Aos poucos, ela conquista seu espaço e vê que seu trabalho está gerando bons frutos, assim, ela cria uma relação de afinidade com todos, justamente pelo poder em que sua sensibilidade tem de resgatar a humanidade que existe em seus clientes. Com a ajuda de seus companheiros de trabalho, Nise consegue implantar um ateliê de pintura, local responsável por desenvolver as potencialidades criativas dos pacientes.

Além do ateliê, Nise também pôde proporcionar aos pacientes diversas atividades de lazer, como festividades e passeios, estimulando entre eles a interação social. Outro ponto crucial retratado no filme, é o fato de que ela percebe que muitos não gostam de interagir com outras pessoas e, dessa forma, Nise os incentiva a adotarem um animal de estimação.

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Contudo, em determinado dia, todos os animais são encontrados mortos por envenenamento, após desavenças entre ela e a administração do hospital, que não admite que os pacientes convivam com animais. Tal situação gera muita revolta entre os internos e Nise decide encerrar o Setor de Terapêutica Ocupacional, levando consigo as obras produzidas pelos seus pacientes para uma exposição em uma galeria de artes de bastante prestígio, as quais tiveram grande aceitação do público.

Em decorrência de sua dedicação pela psiquiatria no país, Nise da Silveira tornou-se uma das mais influentes pioneiras do movimento da Reforma Psiquiátrica brasileira, pois, através da arte, trouxe um novo olhar para a loucura, confirmando que a criatividade proporciona autoconhecimento e novos meios de subjetivação do sujeito, sendo inspiração para a estrutura dos modelos atuais dos Centros de Atenção Psicossocial, conforme conhecemos atualmente, os quais estão relacionados à percepção do sujeito no âmbito da Saúde Mental.


REFERÊNCIAS

Redação Blog da Saúde de MG. (17 de maio de 2016). #Resenha: Nise da Silveira, a mulher que mudou a história da psiquiatria no Brasil. Fonte: Blog Saúde MG: http://blog.saude.mg.gov.br/2016/05/17/resenha-nise-da-silveira-a-mulher-que-mudou-a-historia-da-psiquiatria-no-brasil/

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Sobre a autora
Ana Flávia Lages

Perfil criado com o intuito de compartilhar meus trabalhos desenvolvidos na faculdade, como forma de auxiliar outras pessoas que ainda estão iniciando a carreira jurídica assim como eu.

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