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A escola dos Annales – a revolução francesa da historiografia.

Agenda 10/04/2021 às 04:05

Escrito entre 1929 e 1989, A Escola dos Annales é obra fundamental, para se transformar as correntes historiográficas tradicionais. A velha historiografia era baseada como documentos oficiais, não aceitando outros argumentos e ou fontes para se desdobrar

CONTEÚDO

Os contextos históricos, Annales foi sem dúvida um divisor de águas para a historiografia, inserindo novas fontes fundamentais para o desenvolvimento das disciplinas, onde qualquer marca deixada pelo homem, se tornaria um dos aspectos para fins de estudos e buscas históricas.

Sobre os Annales, poderíamos dizer: Annales, Nova História e História das Mentalidades; surgindo em 1929 com a publicação de uma revista, Lucien Febvre e Marc Bloch, três gerações e oposição às correntes historiográficas tradicionais.

O livro A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da Historiografia (Fundação Editora da UNESP, Tradução Nilo Odalia, 1992), do historiador Peter Burke. O livro vem trazer um estudo do movimento dos Annales, que tenta compreender o mundo francês em si, explicando desde a década de 20, até às gerações posteriores, a teoria e a prática do historiador para outros cientistas sociais.

Dentro do contexto apresentado no livro dos Annales, observa se, um movimento dividido em três interessantes fases: a primeira apresenta a guerra radical contra a história tradicional, a história política e a história dos eventos; já na segunda fase, o movimento aproxima-se verdadeiramente de uma “escola”, por isso a denominação “A Escola dos Annales”, com conceitos e novos métodos dentro de conceitos da história em geral, dominada, prevalentemente, pela presença de Fernand Braudel (46-69); a terceira traz uma fase marcada pela fragmentação e por exercer grande influência sobre a historiografia e sobre o público leitor, em abordagens que comumente chamamos de Nova História ou História Cultural, ou seja, a influência do historiador para com os leitores e ou estudiosos de um determinado assunto e ou fato.

Em se destacando sobre o contexto, destaca se que, os Annales começou como uma revista de seita herética, depois da guerra, se tornou oficial. Aos poucos se converteu no centro de uma escola histórica que foi transmitida para escolas e universidades e outros mais.

Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos, destaca se, que os anos iniciais foram muito bem trabalhados no quesito de transformação, chegando com muito trabalho positivo nos anos iniciais.

Dentro do processo de fundação e criação da Escola dos Analles, encontramos várias situações, dentre elas; os anos iniciais, Fato marcante em Estrasburgue, A Criação dos Annales e a Institucionalização do Annales.

Com a criação da Escola dos Annales, aconteceu rapidamente, um renovo com ampliação dos novos quadros das pesquisas históricas nos estudos das atividades humanas, rompendo em si, a compartimentação interdisciplinar das ciências de forma em geral. Destaca se então, ponto positivo, com abrangência para mais aprendizado e busca de novos conhecimentos.

Como docentes da Universidade de Estrasburgo, Bloch e Febvre, tinha vários colaboradores que sempre se reuniam para produzir uma análise que rejeitava a ênfase predominante em políticadiplomacia e guerras, característica de muitos historiadores dos séculos XIX e XX. Destaca se nesse sentido, a colaboração daqueles que também viam as questões históricas como Bloch e Febvre, em transformações para melhor estudo, entendimento e conceitos.

Dentro da contextualização dos Annales, várias ações aconteceram, tanto com os criadores, quanto com outros coadjuvantes participativos dentro dos Annales, mudanças e criações fizeram parte de diversas situações; o próprio Febvre, depois da guerra, foi convidado a auxiliar na reorganização de uma das instituições mais prestigiosas no sistema francês de educação superior, a École Pratique des Hautes Études, fundada em 1884. Entretanto, a mais importante conquista de Febvre, no pós guerra, foi criar a organização dentro da qual “sua” história poderia desenvolver-se, a VI Seção da École Pratique des Hautes Études, em 1947. Ele tornou-se Presidente da VI Seção, dedicada às ciências sociais, e Diretor do Centro de Pesquisas Históricas, uma seção dentro da seção. Nomeou discípulos e amigos para as posições-chave da organização. Braudel, a quem tratava como um filho, auxiliou-o a administrar o Centro de Pesquisas Históricas e os Annales.

O que se vê neste sentido, é que Febvre, conquista através de suas ações e lutas por defender seus pontos de vistas, a lugares altos que portanto, além de assumi los, lembra de seus “parceiros” para também ter um lugar de destaque em outras esferas.  

A Era Braudel, é marcada por um historiador professor, que escrevia sua tese em horas vagas de lecionar, no entanto, durante a segunda guerra mundial, preso, ficará longe dos livros e bibliotecas, fato em que dedicou em escrever e enviar seus escritos a Febvre, para guardar e um dia formar sua tese, o famoso, Mediterrâneo. [...] “Era e é normal para os historiadores acadêmicos franceses lecionarem em escolas enquanto escrevem suas teses” [...]. destaca se que, o Mediterrâneo foi um livro de grandes dimensões, mesmo que consideremos os padrões da tradicional tese de doutoramento francesa.

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[...] “Braudel foi não apenas o mais importante historiador francês, mas também o mais poderoso. Em 1949, no mesmo ano em que sua tese foi publicada, tornou-se professor do Collège de France, e passou a acumular ao lado de Febvre, a função de Diretor do Centre Recherches Historiques, na École de Hautes Études” [...]. Notadamente, vê se as conquistas daqueles que lutam, dedicam e sonham. Braudel não foi apenas um grande historiador e sim um conquistador como foi contextualizado.

Dentro da Terceira Geração, destaca se um policentrismo, onde vários grupos levaram adiante os ideiais e projetos de Febvre, estendendo assim, de forma sutil, as fronteiras da história de forma em geral. Isso porque, nos anos de 1968, firma se o surgimento da chamada Terceira Geração. Em 1969, quando alguns jovens como André Burguière e Jacques Revel envolveram-se na administração dos Annales, em 1972, quando Braudel aposentou-se da Presidência da VI seção, ocupada, em seguida, por Jacques Le Goff; e em 1975, quando a velha VI Seção desapareceu e Le Goff tornou-se o Presidente da reorganizada École des Hautes Études en Sciences Sociales, sendo substituído, em 1977, por François Furet. Destaca se, o interesse de outras pessoas com visção dentro do projeto histórico de forma mais abrangente, assim como os fundadores dos Annales. Fato positivo para compreensão e crescimento do projeto.

Fato de relevância é o destaque que somente na terceira geração, que a mulher veio a fazer parte dos acontecimentos e postulamentos, como: Christiane Klapisch, que trabalhou sobre a história da família na Toscana durante a Idade Média e o Renascimento, assim como várias outras como: Arlette Farge, Mona Ozouf e Michèle Perrot. Compreende se, a abertura para vários tipos de ideias e ideais novos com essa abertura para as mulheres também se postularem.

Relevante também junto a terceira geração, é a postulação vinda do exterior, ambos que além de falar em inglês, também escrevia na língua. Ou seja, é a redescoberta por pessoas interessadas e simpatizantes dos Annales. Vejamos como fatos positivos junto aos contextos dos Annales, haja vistas que, o coro passou a conquistar outras pessoas, lugares etc.

Novas abordagens foram difundidas não só na França e sim por várias partes do globo terrestres, seja com as mulheres e ou com outros simpatizantes de uma nova forma de se pensar, estudar e difundir a história com preceitos dos Annales.

Três temas maiores tomam conta da situação dos Annales: [...] “a redescoberta da história das mentalidades, a tentativa de empregar métodos quantitativos na história cultural e, finalmente, a reação contrária a tais métodos, quer tomem a forma de uma antropologia histórica, um retorno à política ou o ressurgimento da narrativa” [...]. Disso destaca se, um trabalhar de forma mais expressiva e em busca de mais conheceres com a história, não só contada por si só, mais estudada ponto a ponto com suas formas e intenções diversas.

Dos três temas maiores dentro da terceira geração, é importante destacar suas vantagens em prol dos Annales, empregando em si, uma riqueza imensurável no que diz respeito a história descrita, estudada, incrementada e difundida; I – do porão ao sótão, II – O “Terceiro nível” da história serial e III – Reações: Antropoligia, Política e Narrativa. O que se direciona a cada um dos três temas maiores é no sentido agregador e amostral de cada um por situação dos Annales: notadamente, situações de ascensão e transformações da história de modo geral, estudos e pesquisas desenvolvidas em várias áreas, por exemplo, um grupo de historiadores no centro dos Annales, estivera sempre envolvidos com fenômenos culturais etc.  A história quantitativa em geral, ou seja, a história por vez, poderia ter suas críticas alusivas em todas as ações, pesquisas evoluíram e deram lugar a mais ações em busca de novas informações, como exemplo, registros em cartórios, livros em bibliotecas e muitas outras fontes agregadoras por vez.

[...] “Não estou sugerindo que a mídia tenha criado a onda de interesse para esse tipo de história, embora possa tê-la encorajado. Produtores e editores devem ter imaginado que havia demanda para a história em geral e, em particular, para a história sociocultural, ao estilo dos Annales. Essa demanda não está restrita a França. É tempo de examinar a acolhida dispensada aos historiadores dos Annales além das fronteiras de seu país e de sua disciplina” [...].

Em resenha final sobre os Annales, dispõem, que na primeira geração, Marc Bloch e Lucien Febvre iniciou um campo historiográfico de conceito história-problema com novas visões e mais abertura de estudos e aprendizagens; n a segunda geração, dando sequência na revista dos Annales, Braudel, o sequenciador da revista, teve grande importância na inovação do conceito da geo-história e do tempo por sua vez e na terceira geração, diversos historiadores teve participação junto aos mesmos, como Le Goff e Pierre, estes com afirmação de que Febvre e Bloch era ter uma revista com estutrura internacional. Além de dinamizar a história de vários modos, deixando por vez não só o fato falado e descrito, mais o intuitivo, estudado, pesquisado, com um novo paradigma historiográfico. Com isso reafirmamos que a história como ciências, é fruto dos trabalhos árduos dos Annales.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que nestes contrastes, o trabalho dos Annales é sem dúvidas em prol da dinamização da história em si, destacando a ciência como fruto dos trabalhos dos mesmos, contrastando a busca de mais estudo acima do já anunciado e descrito na história, ou seja, um amplo e mais vantajoso campo para se buscar através de pesquisas, estudos e ações, mais informações historiográficas.

A primeira geração dos Annales é composta por seus fundadores, Marc Bloch e Lucien Febvre que vão inaugurar no campo historiográfico.

 

 

REFERÊNCIAS

- BURKE, Peter. Os Fundadores: Lucien Febvre e Marc Bloch. In.: A Escola dos Annales – 1929-1989. São Paulo: Ed. UNESP. p. 20-89;

 

 

Sobre o autor
Delidio Pereira Nery

Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade Leonardo da Vinci. Graduado em História e Geografia pela Universidade Católica Claretiano. Graduado em Pedagogia pela Universidade Unigran. Graduado em Recursos Humanos pela Universidade Pitágoras. Graduando em História pela Universidade Federal de Goiás. Pós-graduado em História e Cultura do Brasil; Educação Especial e Inclusiva; Gestão de Pessoas e Liderança; Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica; Psicopedagogia; Educação e Sociedade. Professor do Estado de Goiás. Jornalista e editor do Jornal Opinião Regional.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Mais informações

Resenha apresentada durante a graduação de História pela Universidade Federal de Goiás.

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