Resumo:
No presente artigo será abordado o pensamento teológico/filosófico de Frantz Fanon, também conhecido como Ibrahim Frantz Fanon, nascido em 20 de julho de 1925, Fort-de-France, Martinica descendente de escravos africanos, Fanon cresce no seio de uma classe média ascendente, o que lhe permite prosseguir os estudos. Foi um psiquiatra e filósofo político natural das Antilhas francesas da colónia francesa da Martinica. As suas obras tornaram-se influentes nos campos dos estudos pós-coloniais, da teoria crítica e do marxismo. Além de intelectual, Fanon era um radical político, pan-africanista e humanista marxista preocupado com a psicopatologia da colonização e as consequências humanas, sociais e culturais da descolonização.
Palavras-chave: Frantz Fanon, político, colonização, filosofo, colônia francesa
Abstract
In this article the theological/philosophical thought of Frantz Fanon, also known as Ibrahim Frantz Fanon, born on July 20, 1925, Fort-de-France, Martinique descended from African slaves, Fanon grows in the bosom of an ascending middle class, allowing him to continue his studies. He was a psychiatrist and political philosopher from the French Antilles of the French colony of Martinique. His works produced influence in the fields of postcolonial studies, critical theory and Marxism. In addition to being an intellectual, Fanon was a radical politician, pan-Africanist and Marxist humanist concerned with the psychopathology of colonization and the human, social and cultural consequences of decolonization.
Keywords: Frantz Fanon, politician, colonization, philosopher, French colony
Introdução:
Psiquiatra, filósofo, mas essencialmente revolucionário marxista anti-colonialista, Franz Fanon dividiu o seu curto tempo de vida entre a militância independentista, sobretudo na Argélia, e a teoria crítica comunista e pós-colonial, desenvolvendo ainda uma tese pioneira que batizou de psicopatologia da colonização: Peles Negras, Mascarás Brancas (1952).
Principais conceitos:
Sua produção intelectual pode ser compreendida como um resultado explicito de suas experiências e vivências. A produção de Frantz Fanon pode ser captada a partir de suas experiências acadêmicas, que foram intensamente impulsionadas por seus deslocamentos. Deste modo, compreender os percursos deste autor torna-se fundamental para a compreensão de sua obra. A denúncia de Frantz Fanon ao colonialismo na Argélia revela uma posição intelectual e política contrária a esta estrutura de poder.
Autor da expressão "descolonização das mentes", Frantz Fanon é destaque no pensamento negro desde o século 19, com escritos traduzidos em mais de dez línguas. Um episódio importante da adolescência do pensador, que marcaria o início de suas reflexões, foi o contato mais próximo com a sociedade francesa, como informa Nkosi:
"A França estava em guerra com a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. Vários soldados franceses foram para a Martinica e, nesse processo, a ilha sofreu uma reviravolta, porque os soldados eram brancos e os martinicanos negros, e essa presença dos soldados evidenciou o racismo de uma forma que não havia sido vista antes", narra.
As diferenças raciais ficaram muito mais aparentes quando o jovem Fanon se associou a um grupo de rebeldes franceses na batalha pela retomada da República Francesa enquanto o país estava em posse da Alemanha. Ali Fanon percebeu as diferenças de tratamento entres jovens brancos e negros. Experiente de guerra, Fanon voltou para a Martinica onde teve a oportunidade de estudar na França, onde se formou como psiquiatra e grafou uma das obras mais importantes sobre o racismo, traduzido em português como Pele Negra, Máscaras Brancas.
Fanon deixou sua marca como filósofo e marxista, abordando os efeitos psíquicos do racismo, analisados como um subsídio para as estratégias da militância negra até os dias atuais, como ressalta Dennis de Oliveira. "Ele apresenta algumas pistas para entendermos como é possível construir um olhar que contraponha a colonialidade do poder".
Como disse o filósofo, antes de qualquer coisa, “é preciso superar o ódio”. A ideia de trabalhar com o filósofo segue nesta direção, isto é, de combater o racismo e superar o ódio ao mesmo tempo. Para Fanon, em sua obra Pele negra, máscaras brancas, colonizadas e colonizados buscam sobreviver ou atingir seus objetivos fazendo o teatro das máscaras brancas, vale dizer que ele escreveu para seu povo, os martinicanos, na intenção de chamar a atenção deles para essa alienação que existe entre o/a negro/a colonizado/a, que busca suas máscaras como tentativa de sobreviver ou ser aceito diante da sociedade racista.
Conclusão:
Fanon ainda é pouco estudado e discutido, especialmente no Brasil. Dennis de Oliveira atribui essa invisibilidade a uma das "feridas mais fortes das relações sociais brasileiras": o racismo. A temática dos “dois campos” evocada por Fanon não é exclusivamente uma oposição entre essas duas cores de pele; se inscrevem na antinomia “opressores” e “oprimidos”. Em sua visão, “uma sociedade é racista ou não é” e “o racismo colonial não difere de outros racismos”. Por fim, o que nos resta é a visão de que Fanon é mais do que paixão e mais do que um projeto de ação política. Temos um retrato rico dos nossos dilemas coletivos. Sem violência, não podemos conseguir nada. Mas a violência, por mais terapêutica e eficaz que seja, não resolve nada. Sem rompermos com a dominação pela cultura pan-europeia, não seremos capazes de ir em frente.
Referências Bibliográficas:
https://outraspalavras.net/outrasmidias/por-que-ler-frantz-fannon-no-seculo-xxi/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Frantz_Fanon
https://revistacult.uol.com.br/home/fanon-racismo-e-pensamento-descolonial/