Resumo: A estatística não é um ramo da matemática onde apenas se investigam os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre uma determinada população. Não se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um fato social. Não se resume somente a números, tabelas e gráficos usados para o resumo, a organização e apresentação dos dados percebidos no cotidiano. Sendo assim, este trabalho busca discutir sobre a importância dos indicadores sociais, que são estatísticas sobre aspectos da vida de uma nação que, em conjunto, retratam o estado social desse conjunto e permite conhecer o nível de desenvolvimento social.
Palavras-chave: Estatística, Indicadores, Serviço Social.
1. INTRODUÇÃO:
A utilização de indicadores sociais torna-se imprescindível, uma vez que se configura em um instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas (Jannuzzi, 2004, p. 15), que auxilia no trabalho de planejamento, implementação, execução, avaliação.
Os indicadores sociais possibilitam informações importantes, o que nos permite o nível de desenvolvimento social para fins de estudo, ou visando à formulação, monitoramento e avaliação de programas e políticas públicas adequadas para a atuação do serviço social e que forma seguir, em relação aos valores e ao alcance dos objetivos previamente identificados.
O assistente social precisa estar atento aos indicadores e pesquisas que instrumentalizam seu planejamento e atuação profissional com o compromisso voltado para a ética da profissão e com a real intenção de oferecer seus serviços sociais com qualidade, orientados no aprimoramento intelectual e no desafio de superar as dificuldades constantes apresentadas pela própria realidade social estudada em questão, referenciando a utilização da estatística direcionada à técnica específica de manipulação das informações relacionadas ao público-alvo das políticas sociais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
Estatística é uma ciência exata que visa a fornecer subsídios ao analista para coletar, organizar, resumir, analisar e apresentar dados. Trata de parâmetros extraídos da população, tais como média ou desvio padrão.
As primeiras aplicações da estatística estavam voltadas para as necessidades de Estado, na formulação de políticas públicas, fornecendo dados demográficos e econômicos à administração pública. A abrangência da estatística aumentou no começo do século XIX, para incluir a acumulação e a análise de dados de maneira geral. Hoje, a estatística é largamente aplicada nas ciências naturais, e sociais, inclusive na administração pública e privada.
Seus fundamentos matemáticos foram postos no século XVII, com o desenvolvimento da teoria das probabilidades por Pascal e Fermat, que surgiu com o estudo dos jogos de azar. O método dos mínimos quadrados foi descrito pela primeira vez por Carl Friedrich Gauss cerca de 1794. O uso de computadores modernos tem permitido a computação de dados estatísticos em larga escala e tornaram possível novos métodos antes impraticáveis a nossa sociedade.
A estatística fornece-nos as técnicas para extrair informação de dados, os quais são, muitas vezes, incompletos, na medida em que nos dão informação útil sobre o problema em estudo. Sendo assim, é objetivo da Estatística extrair informação dos dados para obter uma melhor compreensão das situações que representam. Os números fazem parte do dia a dia de todas as classes sociais e todas as categorias profissionais. No meio universitário e acadêmico, há certa oposição ao que se refere aos conceitos sobre estatísticas.
Marcelino (2010, p. 1), ressalva:
[...] a estatística é uma ciência que estuda e pesquisa sobre: o levantamento de dados com a máxima quantidade de informação possível para um dado custo; o processamento de dados para a quantificação da quantidade de incerteza existente na resposta para determinado problema; a tomada de decisões sob condições de incerteza, sob o menor risco possível.
Diante disto, depreende-se que a estatística é importante, pois utiliza dados e referenciais para a pesquisa do profissional no campo da assistência social, ajudando não só a entender os casos, como também, a buscar estratégias para a ação, análise e interpretação dos dados coletados, estabelecendo a ligação dos resultados obtidos aos propostos no problema.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é o principal provedor de informações geográficas e estatísticas do Brasil e foi fundado pelo estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas para atuar em geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas. Assim, o IBGE tem a função de realizar censos e organizar as informações públicas obtidas em pesquisas com milhões de brasileiros. O instituto realiza pesquisas e estatísticas dos variados temas, do meio ambiente à política e à economia. Ele também é responsável por divulgar os indicadores sociais do Brasil.
A utilização de indicadores sociais apresenta-se imprescindível, uma vez que se trata de um instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas (Jannuzzi, 2004, p. 15), que auxilia no trabalho de planejamento, implementação, execução, avaliação dos programas, projetos, serviços sociais.
Conforme Jannuzzi (2004), um indicador social é uma medida, em geral, quantitativa, dotada de um significado social, utilizado para quantificar, substituir, operacionalizar um conceito social abstrato. É um recurso metodológico que informa algo sobre um aspecto da realidade social; é um instrumento programático operacional para planejamento, execução, monitoramento, avaliação de políticas públicas. Ou seja, de acordo com Bonadío (2003, p.129), compõe a agenda da política social como um referencial indispensável para a definição de prioridades e alocação de recursos.
Indicadores não são simplesmente dados, números; eles nos permitem conferir os dados de acordo com as questões postas na realidade social, ou seja, é uma atribuição de valor, números, a situações sociais. Entretanto, é importante lembrar que existe uma diferença entre indicador social e estatística pública, embora estes sejam interpretados corriqueiramente com o mesmo conceito.
Resumidamente, estatísticas públicas correspondem ao dado em sua forma bruta - por meio de números - não se encontra contextualizado em um debate dialético, são representações advindas de um campo empírico ou de determinada realidade. Já os indicadores sociais apresentam, conforme Jannuzzi (2004), um conteúdo informacional, um valor contextual baseado em uma Teoria Social, não se tratando da simples junção de dados e sim, da contextualização e da interpretação dos conceitos operacionalizados. Porém, os dados estatísticos são úteis para a construção dos indicadores, são matérias-primas para estruturar um indicador.
Novamente, para Jannuzzi (2002, p5), o Indicador Social é uma medida em geral quantitativa, dotada de significado social substantivo, utilizado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato. Indicadores têm a finalidade de subsidiar as atividades de planejamento público e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, bem como possibilita aprofundamento sobre as mudanças sociais e os determinantes dos diferentes fenômenos sociais.
Hoje, os indicadores sociais são expressos usualmente, como taxa de desemprego, taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo, são termos comumente utilizados por políticos, jornalistas, estudantes, pela população para avaliar as políticas públicas, além de argumentar, a partir da utilização dos mesmos, as prioridades sociais defendidas por determinada classe social.
Na assistência social, têm-se os indicadores sociais, utilizados como recurso metodológico, que indicam os aspectos da realidade social ou as mudanças ocasionadas pelos determinantes dos diferentes fenômenos sociais. Os indicadores sociais são subsídios que contribuem para o planejamento e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas governamentais, possibilitando assim o monitoramento das condições de vida e bem-estar da população por parte do poder público e da sociedade civil.
Os indicadores sociais também podem ser utilizados para subsidiar o diagnóstico social de modo a contribuir para intervenção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Graças a padronização dos atendimentos ofertados pelo SUAS mediante o fortalecimento e favorecimento da coleta de informações, foi possível a organização do Censo SUAS, que por sua vez, contribui significativamente para a avaliação e o monitoramento das ações desenvolvidas em todo o território nacional.
Algumas das principais fontes de dados do âmbito do SUAS:
1. Dados e Indicadores Sociais e de Programas do MDS: permite conhecer o panorama social, perfil econômico e estrutura demográfica de municípios e estados brasileiros e obter informações sobre as ações e públicos-alvo dos programas do MDS.
2. Matriz de Informação Social do Sistema de Monitoramento Gerencial dos programas/ações/serviços conduzidos pelo MDS: permite a visualização de informações físico-financeiras e indicadores sociais em tabelas, gráficos e mapas.
3. Mapa de Oportunidades e Serviços Públicos (MOPS): sistema que reúne e organiza informações de diferentes fontes, oportunidades de inclusão produtiva, disponibilidade e localização de serviços, equipamentos e programas públicos identificados em municípios de todo país, com objetivo de cooperar na identificação das áreas que mais carecem de intervenção social. O MOPS contribui para que gestores e técnicos da assistência social possam orientar a população de baixa renda quanto ao atendimento de suas carências e necessidades.
4. Identificação de Localidades e Famílias em Situação de Vulnerabilidade (IDV): aplicativo desenvolvido para construção de mapas de pobreza ao nível de estados, municípios e setores censitários, e que apresenta dados e indicadores de pobreza, vulnerabilidade e grupos populacionais específicos. Apresenta indicadores dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 e do Cadastro Único (CadÚnico), possibilitando assim o dimensionamento e localização de áreas em situação de pobreza e/ou vulnerabilidade.
No âmbito do SUAS, os diagnósticos são estudos realizados acerca de um determinado assunto predominante em um território, e que contribuem para o trabalho dos técnicos e gestores, além de servir como instrumento para a elaboração do Plano Municipal de Assistência Social (PMAS) e das estratégias municipais de combate à pobreza e para o acompanhamento dos programas e ações desenvolvidas pelo SUAS.
Assim, os indicadores construídos a partir da análise dos dados permitem a definição de prioridades em uma intervenção além de mensurar e monitorar a realidade que está sendo abordada, Em outros termos, os indicadores sociais atuam na mensuração dos avanços ou retrocessos nas condições de vida da população, direciona as prioridades sociais e aponta aos erros e acertos das políticas públicas.. (GIROTO et al., 2006, p. 7) [...] os indicadores sociais se prestam a subsidiar as atividades de planejamento público e a formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitando o monitoramento das condições de vida e o bem-estar da população por parte do poder público e da sociedade civil.(JANNUZZI, 2012, p.15) Dessa forma, Jannuzzi (2012, p. 22-23) evidencia a diferença entre dados estatísticos e indicadores: os dados estatísticos em si correspondem ao dado social na sua forma bruta e não contextualizada, entretanto servem os dados de matéria prima para a construção de indicadores, o que requer um conteúdo, uma análise, um valor contextual do que o dado expressa.
3. MATERIAIS E MÉTODOS:
Tem como objeto de estudo pesquisas bibliográficas, pesquisa exploratória, descritiva e analítica com revisão de literatura sobre o tema, fundamentado em base teórico-histórico crítico. Inclui análise de documentos de fontes oficiais como IBGE, MDS, NOB/SUAS. Diante do estudo realizado, temos como um dos objetos de estudo o livro abaixo:
[2]
5. CONCLUSÃO:
Os indicadores são importantes ferramentas para a elaboração, monitoramento e avaliação de programas, projetos e ações estatísticas. Realizam e organizam os dados coletados para auxiliar e identificar o público-alvo para quantificar todos os resultados adquiridos. As ações interventivas, em sua maioria, fazem parte de serviços sociais prestados por meio de projeto e programas sociais que devem ser geridos de forma a construir respostas profissionais às demandas da população.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Fantini Schmitt, Prof.ª Ana Luisa / Braz Wegrzynovski, Prof.ª Silvana. Estatística e Indicadores Sociais /uniasselvi 2015.
MARTIN, Olivier. Da estatística política à sociologia estatística. Desenvolvimento e transformações da análise estatística da sociedade (séculos XVII-XIX).
MARTINELLI, Maria Lucia. Serviço Social, Identidade e Alienação. Cortez. 2009.São Paulo. FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "Os Indicadores Sociais"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/os-indicadores-sociais.htm>.
Toledo. 2006. IBGE, Gov. IBGE. Disponível em: JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações para formulação e avaliação de políticas públicas, elaboração de estudos socioeconômicos.
-
...........
-
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 13ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.