ARNAS, Edgard Rasquini. Gestão da inovação em medicina diagnóstica: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Economia, USP, São Paulo, 2017.
1. Problematização
Busca-se no texto responder ao questionamento: Como ocorre a gestão da inovação em uma empresa de Medicina Diagnóstica? (ARNAS, 2017, p. 08).
Medicina Diagnóstica seria aquele serviço que engloba as atividades de laboratório clínico, também chamado medicina laboratorial e medicina por imagem, que engloba radiografia, ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, medicina nuclear, endoscopia, cardiologia e outras especialidades médicas [...]. O objetivo da medicina diagnóstica é detectar ou excluir a existência de doenças, bem como avaliar o prognóstico, monitorar um tratamento médico adotado e fornecer subsídios que possibilitem uma avaliação do estado geral da saúde do paciente (ARNAS, 2017, pp. 40-41).
De fato, independentemente do tipo de serviço ou produto que ofereça, a empresa capitalista está fadada a uma luta por manter-se no mercado, para tanto a competitividade exige adequações e inovações. E as empresas médicas não estão isentas desta regra.
O autor define o que entende por inovação: Um processo de várias etapas através das quais as organizações transformam ideias em produtos novo/melhorados, serviços ou processos, a fim de avançar, competir e se diferenciar com sucesso em seu mercado (ARNAS, 2017, p. 21).
Não há nada de muito novo nisso, no entanto, o pesquisador pergunta-se sobre a inovação no setor da saúde, ou seja, quer saber como as empresas médias têm lidado com os avanços e retrocessos do capitalismo. Argumenta ele que o setor da saúde é um dos mais importantes para o Brasil, representado mais de 10 % do PIB. Dentro do setor de saúde, a Medicina Diagnóstica representaria cerca de 21% dos negócios. Em suma, é uma empresa de grande relevância. Daí o interesse de verificar em que situação está a capacidade de inovar desta empresa.
A partir do exposto, objetiva o autor três metas basilares: a) Entender o processo de ideação, conversão e difusão da inovação em Medicina Diagnóstica; b) Entender como a estratégia de inovação se insere no processo de gestão da inovação; c) Entender como pessoas e organização se inserem no processo de gestão da inovação (ARNAS, 2017, p. 22).
Em um país onde a população idosa está cada vez mais crescente, e a saúde pública onerosa na mesma proporção, a medicina diagnóstica parece ser uma empresa que tem muito para crescer. No entanto, o serviço em si será prestado, mas isso não quer dizer que as empresas que estejam hoje no ramo tenham uma garantia de continuidade, pois poderão ser substituídas, inclusive pelas estrangeiras.
Ou seja, conhecimento científico na área da saúde, para o autor, vem crescendo velocidade superior aos modelos de gestão voltados para a saúde. Na verdade, quase todos os ramos empresariais estão passando por este mesmo processo: o saber científico-tecnológico está obrigando as empresas públicas e privadas a modificarem-se constante e rapidamente.
2. Resultados
O autor fez sua pesquisa basicamente analisando o grupo Fleury, especializado na área de saúde. Observou que há décadas a empresa vem destacando-se em quase todo o país e quando analisou o porquê viu que a resposta estava na inovação constante. O grupo, tanto quanto preocupar-se em oferecer um produto de qualidade, quanto inovadores. Demonstrou que o processo inovador diminui custos e aumenta a qualidade do produto/serviço final.
Mostrou, ademais, que a inovação surge de duas formas: a) de maneira forçada, ou seja, a empresa ou se adapta ou vai à falência; b) de forma espontânea, quando a empresa sabe que deve investir em tecnologia e técnicas, tanto para a organização dos sistemas internos quanto para formação e capacitação de pessoal.
Para tudo isso, deve-se sempre ter um planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, relacionando o contexto interno da empresa com o externo, buscando entender as ansiedades dos consumidores, seus gostos e preferências.
Essas informações são valiosíssimas, e não é por menos que aplicativos como o WhatsApp possuem um preço de mercado exorbitante, embora não possuam propaganda. Como os donos de tal aplicativo ganham dinheiro então? Buscando entender o que cada usuário gosta, fala ou deseja. Com isso, os donos podem fazer uma sondagem do perfil de cada usuário e utilizá-lo em outros aplicativos que permitem o envio de propagandas, como o Youtube, por exemplo.
Assim, conclui o autor, a inovação empresarial deve ser utilizada nas empresas de medicina diagnóstica, pois sem isso elas podem perder espaço em um mercado tão competitivo.