Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

Produto 7D: aprofundamento de verticais - indústrias

Agenda 10/08/2022 às 16:13


BNDES. BRASIL. Produto 7D: aprofundamento de verticais - indústrias, Brasília, 2017.


É o Relatório um dos resultados do projeto denominado Internet das Coisas: um plano de ação para o Brasil. Tal estudo tem como financiadores principais o BNDES e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações da Ciência (MCTIC). A expressão Internet das Coisas, em inglês Internet of Things (IoT), surgiu em 1999. Mas a ideia de dispositivos conectados já existia há mais tempo, pelo menos desde os anos 70. Naquela época, a ideia era frequentemente chamada de internet embarcada. O termo Internet das Coisas foi cunhado por Kevin Ashton em 1999 durante seu trabalho na Procter & Gamble. Ashton, que trabalhava na otimização da cadeia de suprimentos, queria atrair a atenção da gerência sênior para uma nova tecnologia interessante chamada RFID. Como a internet era a tendência mais quente em 1999 e por que de alguma forma fazia sentido, ele chamou sua apresentação de Internet das Coisas

Em uma tentativa de definir Internet das Coisas, deve-se levar em conta que talvez fosse mais correto defini-la como Internet dos Objetos. Na verdade, existem objetos inteligentes (os chamados smart objects) na base da Internet das Coisas. E não estamos falando apenas de computadores, smartphones e tablets, mas sobretudo dos objetos que nos cercam dentro de nossas casas, no trabalho, nas cidades, no dia a dia. A Internet das Coisas nasceu aqui mesmo: da ideia de trazer os objetos da nossa experiência diária para o mundo digital [...]. No mercado de consumo, a tecnologia IoT é associada ao conceito de casa inteligente, incluindo dispositivos e eletrodomésticos (como luminárias, termostatos, sistemas e câmeras de segurança doméstica e outros eletrodomésticos) podendo ser controlados por meio de dispositivos como smartphones (ALFACOMP, disponível em https://alfacomp.net/portfolio-item/iot-internet-of-things/?).

Deste modo, projeto brasileiro Internet das Coisas: um plano de ação para o Brasil tenta trazer essa inovação para o Brasil, para isso elaborou objetivos, divididos em quatro etapas: 1) Diagnóstico geral e aspiração para o Brasil: obtenção de uma visão geral do impacto de IoT no Brasil, entendimento das competências de tecnologias de informação e comunicação (TIC) do país e definição de aspirações iniciais; 2) Seleção de verticais e horizontais: definição de critérios-chave para seleção e priorização de verticais e horizontais; 3) Aprofundamento e elaboração de Plano de Ação (2018-2022): aprofundamento nas verticais escolhidas, elaboração de visão para IoT para cada vertical e do Plano de Ação 2018-2022; 4) Suporte à implementação: apoio à execução do Plano de Ação 2018-2022" (BNDES, 2017, p. 03).

Cada etapa possui uma serie de objetivos a se cumprir. 

Na primeira, ou seja, a do Diagnóstico Geral e aspiração para o Brasil, há três objetivos: a) Desenvolver benchmark de projetos e políticas de IoT; b) Mapear roadmap tecnológico de IoT no mundo; c) Analisar demanda e oferta de IoT no Brasil (BNDES, 2017, p. 03). Aqui a intenção é sondar até que ponto a geração de tecnologia e ciência na área ora estudada está difundida no país.

Na segunda, isto é, a Seleção de verticais e horizontais: definição de critérios-chave para seleção e priorização de verticais e horizontais, os objetivos foram dois: a) Definir critérios-chave de seleção; b) Priorizar verticais e horizontais BNDES, 2017, p. 03).

Na terceira, a do Aprofundamento e elaboração de Plano de Ação (2018-2022): aprofundamento nas verticais escolhidas, elaboração de visão para IoT para cada vertical e do Plano de Ação 2018-2022, as metas foram: Aa) profundar-se nas verticais escolhidas; b) Elaborar Visão para IoT para cada vertical; c) Elaborar Plano de Ação 2018-2022" (BNDES, 2017, p. 03).

Por fim, a quarta etapa, quer dizer, a de Suporte à implementação: apoio à execução do Plano de Ação 2018-2022, a meta é Apoiar e acelerar a implementação do Plano de Ação (BNDES, 2017, p. 03).

Sendo a Internet das Coisas uma realidade já em muitas residências, como ela está sendo percebida pelo setor industrial? Dentro de uma perspectiva inovadora, a Internet das Coisas deve ser trabalhada a sério, pois, do contrário, a empresa nacional perderá em competitividade.  Para sondar isso, o relatório, em termos de população de estudo optou por avaliar os dois grandes grupos nos quais se esperam maiores impactos da adoção e difusão de IoT industrial: (1) as indústrias de base/processos e (2) as fábricas/manufatura. Para isso, foram selecionados setores representativos, sendo dois para cada grupo: a) Indústrias de base intensivas em processo de exploração e produção de petróleo e gás natural e em upstream de mineração; b) Manufaturas fábricas do setor automotivo e têxtil (Adaptado de BNDES, 2017, pp. 04-05).

Fique sempre informado com o Jus! Receba gratuitamente as atualizações jurídicas em sua caixa de entrada. Inscreva-se agora e não perca as novidades diárias essenciais!
Os boletins são gratuitos. Não enviamos spam. Privacidade Publique seus artigos

Em seguida, o relatório analisa algumas empresas, mostrando alguns problemas do uso da Internet das Coisas para o parque produtivo nacional: A maior disponibilidade de dados em conjunto com novas ferramentas de análise, interpretação e tomadas de decisão viabilizam uma maior integração e autonomia nos sistemas de produção. Diferente de avanços tecnológicos anteriores, a adoção de IoT pode ocorrer de forma mais gradual pela incorporação de sensores e conectividade nos sistemas, máquinas e equipamentos já em operação, pois existe um grande desafio gerencial de atualizar o parque de máquinas, de acordo com os novos requisitos tecnológicos. As empresas pesam cuidadosamente os benefícios de introduzir novas tecnologias quanto a possíveis riscos de confiabilidade dos processos. Dessa forma, a necessidade de menor substituição das máquinas pode impulsionar o desenvolvimento e adoção de IoT. No entanto, é necessário que a base industrial instalada seja relativamente moderna (BNDES, 2017, p. 06).

No entanto, apesar dos distintos e específicos problemas para a implementação do sistema, os resultados para as empresas, em termos econômicos, são muito mais superiores. Depois de demonstrar cada um dos problemas e as soluções para as empresas estudadas, conclui o relatório: Há muitas aplicações possíveis de IoT na indústria, do monitoramento remoto de ativos até manutenção preditiva, passando por soluções de controle e gestão de estoque. Porém, o desenvolvimento ainda é desigual entre indústrias e o ritmo de adoção é baixo no Brasil. Todos os setores podem se beneficiar com o desenvolvimento e adoção de IoT, porém em muitos casos isso depende da aplicação customizada das soluções. A realização de projetos experimentais (testbeds) possibilita o aprendizado e a maior aceitação das novas tecnologias nos diversos setores. Ampliar esse processo e viabilizar o desenvolvimento de tecnologias mais complexas e sofisticadas nos diversos segmentos dependeria também do incentivo à cooperação entre empresas, seus fornecedores, demandantes de serviços e equipamentos, universidades e centros de pesquisa. Focalizar em alguns desafios e grandes demandas locais poderia ser uma alternativa para incentivar essa cooperação. A elaboração de projetos icônicos que representam determinadas "missões" é uma forma de estabelecer uma visão de futuro e incentivar a participação e coordenação entre diferentes atores públicos e privados. Ao se desenvolver soluções inovadoras, é possível incorporar tecnologias que gerem repercussões em outros setores da economia. Assim, tais desenvolvimentos serviriam de exemplo para acelerar a adoção e a difusão de novas soluções (BNDES, 2017, p. 03).

Ou seja, se a indústria brasileira quiser modernizar-se, isso não dependerá de uma ou um grupo reduzido, mas uma parceria entre elas e o Estado. No mundo globalizado pela internet, no qual a velocidade da informação é um bem precioso, a perda de tempo nas diversas fases da produção e distribuição dos produtos é algo que deve ser combatido de maneira conjunta.


Sobre o autor
Elton Emanuel Brito Cavalcante

Doutorando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UNIR; Mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia (2013); Licenciatura Plena e Bacharelado em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia (2001); Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (2015); Especialização em Filologia Espanhola pela Universidade Federal de Rondônia; Especialização em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela UNIRON; Especialização em Direito - EMERON. Ex-professor da rede estadual de Rondônia; ex-professor do IFRO. Advogado licenciado (OAB: 8196/RO). Atualmente é professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!