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Estamos perto de um novo muro de Berlim?

Agenda 20/03/2018 às 14:43

Declaração de Agnaldo Timóteo sobre o sul do país.

Estamos próximos a um novo muro de Berlim?

   Um dos assuntos mais comentados nos últimos dias foi a infeliz declaração do cantor Agnaldo Timóteo sobre o sul, mais especificamente citando os Gaúchos, Catarinenses e Curitibanos. Como bom e orgulhoso curitibano, reagi, em um primeiro momento, com indignação e raiva. Como aprendi nessa vida que devemos deixar passar alguns minutos, respirar e então tomar um partido, assim o fiz. Menos motivado pela raiva, passei a analisar mais racionalmente cada palavra que ele disse.

   Meu intuito nesse texto não é defender o sul, que é uma região linda, de alto valor cultural. Possuímos um setor industrial sólido, assim como o pecuário e agrícola. Qualquer pessoa, por mais  leiga que seja, consegue ver a importância que o sul tem para a economia da nação. Portanto, dispensa defesa. Nordeste então, dispensa mais ainda os comentários. Terra de riqueza literária incalculável, de paraísos tropicais e turismo, petróleo, entre outros. 

O que realmente me preocupa nessa história é o que nós, brasileiros, estamos nos tornando.

   Ao ler os comentários do vídeo do Agnaldo, vi dezenas (reitero, dezenas, sem generalização) de nordestinos criticando o sul e vice-versa. Um país tão maravilhoso sendo segregado por uma fatia de ignorantes e aproveitadores. Como filho de professora de língua portuguesa, hoje aposentada, sempre convivi em meio dos livros. Minha mãe, amante da literatura, sempre ressaltou autores como Jorge Amado, Gregório de Matos e Graciliano Ramos. Ressaltava o imenso valor cultural que a região norte/nordeste possui, bem como suas maravilhas e riquezas naturais, durante suas viagens.

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   Não sei onde foi que se criou a lenda de que, aqui no sul, desprezamos o povo do nordeste. Os criadores do tal "O Sul é meu país" representam uma minoria que lutam por algo que jamais irá ocorrer, que é inconstitucional. Reitero, representam a minoria e não todo o povo do Sul. Adere ao movimento quem quer. 

Não estaríamos sendo vítimas e causadores de uma generalização descabida? Tenho certeza que nem todos os nordestinos são dessa opinião. Assim como nem todos os "sulistas" pensam ser melhores ou superiores que os nordestinos. Somos BRASILEIROS e isso deveria bastar.

   Todos os dias lutamos pra sobreviver em um dos países com maior índice de criminalidade no mundo. Todos os dias acordamos cedo para trabalhar, colocar comida à mesa, sustentar nossas famílias e ter uma vida minimamente digna. Temos batalhas diárias demais pra criar mais um problema segregando nosso imenso e maravilhoso país.

   Pouco me importa o lado político que Agnaldo apoia e o que ganha comprando uma briga que não é dele. O que me importa é o efeito devastador que suas infelizes palavras causaram e, principalmente, a quantidade de pessoas que acharam graça no que ele falou. Vivemos uma falsa democracia. Uma falsa liberdade. Vivemos sob constantes olhos críticos. Te julgam por sua religião, por sua opção sexual, pelas roupa que veste, pelas opiniões que tem. Mundo onde se cobra respeito mas não se dá respeito na mesma moeda.

   Temos dois caminhos: a união ou a segregação. Se a segregação fosse solução, muro de Berlin não teria sido derrubado. Nos resta optar: avançaremos como seres humanos ou iremos retroceder?  Nenhum político, bandeira ou partido político merece que deixemos a honra e respeito de lado. A partir do momento que esquecemos a humanidade, então perdemos tudo.

Sobre o autor
Rafael Eduardo Falat

Graduado em Direito pela FAE Centro Universitário. Pós-Graduação a título de especialização em Direito Civil e Processo Civil pela Escola Brasileira de Direito Aplicado e Pós-Graduação a título de especialização em Direito Tributário e Processo Tributário pela UNICURITIBA. Especialista em Direito de Família, com ênfase em Alienação Parental.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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