O goleiro Bruno Fernandes está próximo de voltar aos gramados. O Operário Várzea-grandense, do Mato Grosso, apresentou na manhã do dia 14 de janeiro um pedido à justiça mineira para contratar o atleta.
A contratação do goleiro Bruno pelo Operário Várzea-grandense está perto de um anúncio oficial. A diretoria do clube já tem acerto com o jogador. Falta apenas a liberação do Ministério Público e da justiça de Varginha-MG, onde o jogador cumpre restante da pena em regime semiaberto pelo homicídio de Eliza Samúdio.
Confesso que fiquei feliz com tal proposta, uma vez que a ressocialização é um grande desafio em nossa sociedade; mas, infelizmente, muitas pessoas ainda tem aquele preconceito sobre um detento ou ex-detento onde se julga que ele não será capaz de viver em total harmonia com a coletividade. Nota-se que o objetivo aqui não é proteger pessoas criminosas; tampouco os delitos cometidos por eles. No caso especifico, o goleiro Bruno, cumpre pena em regime semiaberto domiciliar, busca uma nova oportunidade de trabalho e eu não vejo nada de errado nisso. Agora eu pergunto, por que é errado tal contratação? Ele não tem direito a ressocialização? Ele tem que ficar trancado em uma salinha e viver de luz? Ninguém tem a capacidade de mudar? É tão difícil entender que a ressocialização é necessária?Confesso que certas coisas me impressionam de uma forma absurda. Indivíduos de alto escalão matam dezenas de pessoas diariamente ao desviarem dinheiro público; inúmeras pessoas infringem a lei dirigindo embriagado e matando inocentes, dentre tantos outros crimes que não tem a mesma retumbância. Acredito que reintegrar um indivíduo a sociedade é oferecer ao infrator, condições para que ele consiga se regenerar e, desta maneira, não voltar mais a cometer o mesmo crime ou outros (digo no modo geral). Além disso, percebe-se a suma importância do trabalho nesse processo de recuperação do apenado. O artigo 28 da LEP reza: “O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva”. A falta de programas sociais de reabilitação, somado ao preconceito estigmatizador da sociedade e as condições desumanas das prisões (superlotação, alimentação inadequada, falta de higiene, etc.) é que faz do encarceramento uma escola especializadora do crime, acarretando consequências graves tanto para o próprio condenado, quanto para a sociedade.
A população menciona a bíblia; menciona o pecado; menciona o crime bárbaro cometido - de certa forma - pelo goleiro bruno; contudo, não mencionam o perdão, não mencionam que na mesma bíblia onde diz "não matarás", alude também: perdoar 70 x 7.
O erro é (in) discutível; mas há de concordarmos que o goleiro bruno vem cumprindo a pena em regime semiaberto domiciliar, pagando por aquilo que ele cometeu e, como eu disse, não vejo motivos para a não contratação.
Recente uma jornalista repudiou tal contratação com seguinte argumento: “Um condenado pode e deve ser ressocializado. Deve merecer uma segunda chance. Mas penso que, depois de um crime tão perverso, voltar a ser ídolo, a estar numa posição que lhe confere status de ídolo, é bastante questionável. Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer torcida."
Ora, voltar a ser ídolo? Quem faz de um jogador um ídolo somos nós e não ele. Além disso, é o que ele sabe fazer - ser goleiro e, recentemente, está quase fechando um contrato com salário de R$ 6 mil, juntamente com um clube de Mato Grosso - Operário; este, vai disputar o Campeonato Mato-grossense, Copa do Brasil e a Série D.
Convenhamos que tal salário não chega nem perto comparando ao salário de muitos jogadores e, é um dos motivos para não avistar problemas - uma vez que ele começará do zero.
Por fim, digo que a minha indignação não é somente com o Goleiro Bruno - que busca uma oportunidade de emprego; mas também com todos os outros que buscam o mesmo.