Qual a realidade do crime?
Comecemos este texto com a narrativa a seguir: “Uma garota, durante o funeral da sua mãe, conheceu um rapaz que nunca tinha visto antes. Achou o cara tão maravilhoso que acreditou ser o homem da sua vida. Apaixonou-se por ele e começaram um namoro que durou uma semana. Sem mais nem menos, o rapaz sumiu e nunca mais foi visto. Dias depois a gorota mata a irmã. Qual o motivo da garota para ter assassinado a própria irmã?”. É pertinente fazer uma breve pausa para pensarmos sobre uma possível resposta para a pergunta. Você leitor, reflita e se puder lançar mão de papel e caneta, anote suas conclusões para mais tarde retomarmos a questão.
Dando continuidade ao texto, é perceptível que ao longo da história, surgiram várias teorias para explicar o fenômeno do crime, como e porque acontece. Para a teoria clássica o criminoso é um pecador, aquele que comete o delito o faz por escolha, pelo livre-arbítrio.
Os positivistas defendem o que está evidente, está posto na realidade, desconsideram o livre-arbítrio, este visto como uma ilusão já que não é palpável, não possui materialidade,então não existe.
Para explicar o crime, os maiores expoentes da Escola Positivista valerem-se de fatores biológicos, sociais e psicológicos. Lombroso estudou e ampliou a teoria darwiniana do atavismo. Para ele, o criminoso é um homem menos civilizado, anacrônica e mentalmente atávico. Esta teoria considera que se pode biologicamente determinar comportamentos.
Enrico Ferri discordava de que o crime era produto exclusivo de patologias, acreditava que o fenômeno acontecia em decorrência dos fenômenos sociais, podendo as causas do crime ser individuais ou antropológicas, físicas ou naturais e sociais.
Saindo do positivismo, a chamada Criminologia Socialista explica a causa do delito como sendo o egoísmo, este decorrente da sociedade capitalista.
Atualmente a Criminologia tem como ponto de partida a normalidade do criminoso, busca uma análise global da realidade para melhor identificar as causas do delito e preveni-lo.
Cada teoria tentou explicar a origem do crime sob diferentes aspectos. Mas a despeito do que foi abordado, é necessário frisar que nenhum fator biopsicossocial é determinante para que o sujeito cometa um delito, visto que em todas as teorias se encontram falhas e exceções. O homem é um ser complexo, com um sistema motivacional e de incentivo, igualmente complexo. Isso é nítido quando se observa diferentes pessoas em uma mesma situação. Apesar das possíveis atitudes e reações semelhantes, cada qual dará uma resposta subjetiva ao fato, levando em conta suas necessidades, emoções e cognições, personalidade e até patologias.
Retomando o caso inicial sobre a garota ter assassinado a irmã, talvez tenha sido um pouco difícil de pensar e uma lógica para o crime, ou talvez nem tanto para outros. Enfim, o caso é, na verdade, um teste psicológico americano para reconhecer a mente de assassinos seriais (serial killers), sendo que a maioria dos presos acertou a resposta. Mas qual seria a resposta? Pasmem os bons, a garota matou porque esperava que o rapaz pudesse aparecer no funeral da irmã.
Em conclusão, de tudo o que foi exposto, é possível elucidar que na origem do fenômeno criminal, não há um único fator determinante, pois a dinâmica do meio está intimamente ligada a da personalidade, sendo dessa forma, sugerem uma infinidade de possibilidades de resposta para a pergunta tão falada :
“ QUAL A REALIDADE DO CRIME?”