ANÁLISE COMPARATIVA DO ROMANCE E FILME “TERRA SONÂMBULA”

COMPARATIVE ANALYSIS OF THE NOVEL AND MOVIE “TERRA SONÂMBULA”

04/01/2023 às 13:25
Leia nesta página:

Estudo comparativo entre o romance "Terra Sonâmbula" (1992) de Mia Couto e a narrativa fílmica com o mesmo título produzida pela diretora Teresa Prata em 2007.

RESUMO: Esta pesquisa procura analisar comparativamente o romance "Terra Sonâmbula" (1992) de Mia Couto e a adaptação cinematográfica de mesmo nome realizada pela diretora Teresa Prata em 2007. Nessa análise destaca-se que embora a Literatura e Cinema sejam sistemas semióticos diferentes, no contexto de Terra Sonâmbula, ambas as artes, buscam retratar os sofrimentos advindos da guerra civil moçambicana pós-independência.

PALAVRAS CHAVE: Literatura. Cinema. Mia Couto. Análise Comparativa.

ABSTRACT: This research seeks to comparatively analyze the novel Terra Sonâmbula (1992) by Mia Couto and the cinematographic adaptation of the same name made by director Teresa Prata in 2007. In this analysis, it is highlighted that although Literature and Cinema are different semiotic systems, in the context of Terra Sonâmbula, both arts seek to portray the suffering arising from the post-independence Mozambican civil war.

KEYWORDS: Literature. Movie theater. Mia Couto. Comparative Analysis.

  1. Introdução

Este artigo buscou estabelecer uma análise comparativa entre o romance Terra Sonâmbula (1992) de Mia Couto e a narrativa fílmica homônima dirigida em 2007 por Teresa Prata..

Trata-se de um tema importante, pois, busca refletir sobre a comunicação entre as artes e sobre a transposição da literatura para o cinema.

O problema central dessa pesquisa foi o seguinte: Quais as similitudes e desemelhanças entre o romance Terra Sonâmbula (1992) de Mia Couto e a Produção cinematográfica feita por Teresa Prata?

Dentre os muitos objetivos que nortearam essa pesquisa, pode-se ressaltar o diálogo entre Literatura e cinema e analisar como a Guerra civil moçambicana são representadas na literatura e narrativa fílmica.

Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, que utilizou-se de fontes secundárias, artigos e livros, com vistas, que os objetivos fossem alcançados.

Para essa pesquisa foram utilizados dos seguintes autores: David Gonçalves da Cruz, José Allan Nogueira Cavalcante e Werley Souza.

Embora Literatura e cinema sejam linguagens próprias, elas se interrelacionam, e isso pode ser evidenciado a partir da análise de Terra Sonâmbula, como indica a análise desse artigo.

  1. Apontamentos sobre a produção literária de Mia Couto

Terra Sonâmbula é um romance moçambicano escrito pelo literário Mia Couto, que foi publicado no ano de 1992. Sobre o referido autor vale destacar que Antônio Emílio Leite Couto é um escritor moçambicano, nascido em 5 de julho de 1955, na cidade de Beira (SOUZA, 2018, s/p).

Sobre a vida profissional de Mia Couto é possível ressaltar que trabalhou como jornalista durante quase 10 anos, porém ingressou na Faculdade de Biologia e, posteriormente, tornou-se professor universitário, profissão que concilia com a sua carreira de escritor (SOUZA, 2018, s/p).

Mia Couto no campo literário tem uma vasta obra, composta por poesias, contos, crônicas, romances, e literatura infantil que ressaltamos:

POESIA: Raiz de orvalho (1983); Raiz de orvalho e outros poemas (1999); Idades, cidades, divindades (2007); Tradutor de chuvas (2011) CONTOS: Vozes anoitecidas (1987); Cada homem é uma raça (1990); Estórias abensonhadas (1994); Contos do nascer da Terra (1997); Na berma de nenhuma estrada (1999); O fio das missangas (2003) CRÔNICAS: Cronicando (1991); O país do queixa andar (2003); Pensatempos. Textos de opinião (2005); E se Obama fosse africano? e outras interinvenções (2009); Pensageiro frequente (2010) ROMANCES: Terra sonâmbula (1992); A varanda do frangipani (1996); Vinte e zinco (1999); Mar me quer (2000); O último voo do flamingo (2000); Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra (2002); O outro pé da sereia (2006); Venenos de Deus, remédios do diabo (2008); Jerusalém (2009); A confissão da leoa (2012); Vagas e lumes (2014); Mulheres de cinzas (2015); A espada e a azagaia (2016); O bebedor de horizontes (2017) LITERATURA INFANTIL: O gato e o escuro (2001); A chuva pasmada (2004); O beijo da palavrinha (2006); O menino no sapatinho (2013) (SOUZA, 2018, s/p).

 

Detentor de um talento para a escrita literária, Mia Couto conta com o reconhecimento mundial por sua produção literário e isso se torna evidente pelas muitas premiações que o autor já recebeu, dentre esses prêmios destacamos:

Prêmio Anual de Jornalismo Areosa Pena (1989); Vergílio Ferreira (1990); Prêmio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos (1995); Mário António (2001); União Latina de Literaturas Românicas (2007); Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura (2007); Eduardo Lourenço (2011); Camões (2013); Prêmio Internacional de Literatura Neustadt (2014) (SOUZA, 2018, s/p).

A literatura de Mia Couto, emerge de um contexto histórico de uma Moçambique pós-independente. Já que se trata de um país que foi colônia de Portugal e que conseguiu sua emancipação política em 1975 e que após a independência enfrentou uma extensa e cruel guerra civil. Em decorrência disso, muitos dos livros publicados por Mia Couto retratam esse contexto adverso. Dentre as principais características da Literatura Contemporânea de Mia Couto, pode-se mencionar: Presença de neologismos; realismo mágico ou fantástico; resgate da tradição; Busca da identidade nacional (SOUZA, 2018, s/p), também se percebe-se marcas de oralidade; Multiculturalismo; Valorização da memória cultural; uso de alegorias; engajamento político; lirismo (SOUZA, 2018, s/p).

  1. Interseções entre o Romance e a Narrativa fílmica

O romance Terra Sonâmbula pelo qual se debruça essa pesquisa, foi eleito como um dos melhores livros africanos do século XX durante a Feira do Livro de Zimbabwe (SOUZA, 2018, s/p).

A História de Terra Sonâmbula gira em torno de Muidinga um garoto que perdeu a memória, mais que ansiava em encontrar os seus familiares e Tuahir que se trata de um ancião dotado de muita sabedoria e que tem a intenção de resgatar fragmentos da história de Muidinga perdidos da memória. Tuahir também objetiva inserir positivamente essa criança ao mundo lhe ensinando importantes fatos sobre a vida. Ambos estão fugindo da crueldade e mazelas provocadas pela Guerra Civil Moçambicana.

O nome do romance Terra Sonâmbula decorre do fato de não apenas os moçambicanos estarem atormentados pela guerra, mas, também o território que não descansa em decorrência do conflito, vive sonâmbulo.

Se dizia daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam, a terra se movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o novo rosto da paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho (Crença dos habitantes de Matimati COUTO, 2007, p. 01).

No início do romance é relatado que Muidinga e Tuahir estão fugindo dos conflitos pela estrada, e que encontram abrigo em um ônibus queimado abandonado. Junto ao esqueleto do ônibus é encontrado o cadáver do menino Kindzu e seu diário. Nessa caderneta são contados fatos da vida desse menino.

No seu diário, Kindzu relata que seu pai Taímo era um pescador, que além de sofrer de sonambulismo era alcoólatra. Através do diário se percebe a falta de recursos materiais da família de Kindzu que lançam luz a miséria vivida por muitas famílias moçambicanas no período da Guerra Civil no país. Pelo diário também percebe-se a violência sofrida pela mulher através da personagem Farida, abusada por seu pai adotivo Romão, e vitimada pelo desaparecimento do seu filho Gaspar, fruto do estupro perpetrado sobre ela. Pelos relatos de Kindzu fica clara uma região devastada pela Guerra. Em Terra Sonâmbula Mia Couto descreve a desolação de um território assolado pela Guerra, onde os animais carniceiros disputam os cadáveres humanos que se espalhavam pelos campos.

Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte (COUTO, 2007, p. 02).

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A história de Kindzu narrada no diário é importante pois se associa as histórias reais de tantos moçambicanos que tiveram suas famílias esfaceladas pela guerra, já que, Kindzu foi abandonado pela mãe, e que na fuga da guerra o garoto acaba morrendo.

As História de Muidinga e Tuahir se misturam com o relato do diário de Kindzu, ao ponto que: Muidinga acorda com a primeira claridade. Durante a noite, seu sono se estremunhara. Os escritos de Kindzu lhe começam a ocupar a fantasia (COUTO, 2007, p. 27).

Se percebe através do narrador o cenário desolador daquele território arrebatado pela Guerra.

Uma vez mais Tuhair decide explorar os matos vizinhos. A estrada não traz ninguém. Enquanto a guerra não terminasse era mesmo melhor que nenhuma pessoa estradeasse por ali. O velho sempre repetia: - Alguma coisa, algum dia, há-de acontecer. Mas não aqui, emendava baixinho (COUTO, 2007, p. 36).

Num gesto de respeito aos corpos que são encontrados no derredor do ônibus, Muidinga e Tuahir os enterram. O ônibus serviu de proteção para esses dois retirantes por bastante tempo, até caírem numa armadinha e serem feitos prisioneiros pelo velho Siqueleto. Porém não dura muito esse cativeiro e após serem libertados, Siqueleto que é um sobrevivente da sua aldeia, suicida-se. Vale destacar, as reflexões feitas sobre a morte depois que Siqueleto se mata, pois, a morte não marca apenas o fenecimento da matéria orgânica humana, mas, também as tradições, os laços de ancestralidade, os costumes e memórias que se perdem com a dizimação das aldeiras africanas.

Muidinga pousou os cadernos, pensageiro. A morte do velho Siqueleto o seguia, em estado de dúvida. Não era o puro falecimento do homem que lhe pesava. Não nos vamos habituando mesmo ao nosso próprio desfecho? A gente vai chegando à morte como um rio desencorpa no mar: uma parte está nascendo e, simultânea, a outra já se assombra no sem-fim. Contudo, no falecimento de Siqueleto havia um espinho excrescente. Com ele todas as aldeias morriam. Os antepassados ficavam órfãos da terra, os vivos deixavam de ter lugar para eternizar as tradições. Não era apenas um homem mas todo um mundo que desaparecia (COUTO, 2007, p. 49).

 

Em sua produção literária Mia Couto acrescenta um toque de fantasia e surrealismo no romance, mesclando assim a realidade com a fantasia (realismo mágico). O foco narrativo do romance demostra também essa mescla, ou seja, ora é narrado em terceira pessoa, ora em primeira (SOUZA, 2018, s/p). E no decorrer da História Tuahir revela um fato inusitado, que Muidinga foi levado até um feitiçeiro para que através de um ritual tivesse suas memórias olvidadas, visto que, as lembranças que o menino conservava poderiam que trazer muito sofrimento.

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Mia Couto através do seu romance Terra Sonâmbula tinha como objetivo central revelar os horrores e desgraças que envolveram a guerra civil em Moçambique. E os conflitos, o cotidiano, os sonhos, a esperança e a luta pela sobrevivência são os pontos mais relevantes do enredo (SOUZA, 2018, s/p). Dessa forma, percebe-se o desejo de Tuahir de sair da estrada junto a Muidinga e construir um barco, com vistas, a encontrar uma rota de fuga pelo mar.

Na parte final do Diário de Kindzu, ele narra através de uma visão premonitória, a chegada da sua morte que se daria do lado de um onibus queimado. Também através dessa visão Kindzu viu Gaspar com seu diário, o filho desaparecido de Farida, que ele prometeu encontrar. Dessa forma, pode-se predispor pelo extrato textual que o garoto desmemoriado Muidinga, seja na realidade Gaspar, como indica o seguinte trecho:

Me apetece deitar, me anichar na terra morna. Deixo cair ali a mala onde trago os cadernos. Uma voz interior me pede para que não pare. É a voz de meu pai que me dá força. Venço o torpor e prossigo ao longo da estrada. Mais adiante segue um miúdo com passo lento. Nas suas mãos estão papéis que me parecem familiares. Me aproximo e, com sobressalto, confirmo: são os meus cadernos. Então, com o peito sufocado, chamo: Gaspar! E o menino estremece como se nascesse por uma segunda vez. De sua mão tombam os cadernos. Movidas por um vento que nascia não do ar mas do próprio chão, as folhas se espalham pela estrada. Então, as letras, uma por uma, se vão convertendo em grãos de areia e, aos poucos, todos meus escritos se vão transformando em páginas de terra (COUTO, 2007, p. 120).

A partir da leitura do romance Terra Sonâmbula de Mia Couto percebe-se alguns termos locais que são utilizados na linguagem do romance, marcando a oralidade. Além das descrições, o discurso indireto é muito utilizado, com inclusão da fala dos personagens (SOUZA, 2018, s/p).

É possível ainda destacar que o enredo não é linear, ou seja, momentos da história dos personagens são intercalados com outros (SOUZA, 2018, s/p).

Dessa forma, o romance de Mia Couto Terra Sonâmbula além de trazer as consequências deletérias da Guerra Civil para o território moçambicano, debate a questão da memória, as dificuldades de preservação das tradições africanas e a busca pela identidade.

Em 2007, o romance Terra Sonâmbula é adaptado para o cinema sob a direção de Teresa Prata, através de uma produção portuguesa e moçambicana.

A história contada na narrativa filmica tem muitas similaridades com o romance, pois, conta a história de Muidinga, um jovem amnésico, que em meio a uma terrível Guerra Civil no Estado de Moçambique intenciona encontra a sua familía. Numa estrada Muidinga encontra um cadáver com diário. Com a leitura desse diário Muidinga descobre uma sofrida história de uma mulher cujo filho se encontra desaparecido.

Insuflado de esperança em encontrar seus familiares, e acreditando ser essa criança desaparecida, Muitinga parte junto de Tuahir, um ancião sábio e solitário, que gosta de contar histórias, em uma trajetória em busca dessa mulher.

Entretando não será um trajeto fácil, uma vez que, irão vagar errantes na estrada como verdadeiros sonâmbulos e será a mágica do desejo de chegarem até o mar que não vai deixa-los perecer nesse local de intempéries.

O filme Terra Sonâmbula tem muitas correspondências com o romance, talvéz a maior diferença se encontre no fato que o fantástico está presente no filme mas em muito menos medida do que no romance de Mia Couto (CRUZ, 2018, p.20) o que deve-se as dificuldades orçamentárias do filme em utilizar de maiores efeitos especiais.

Embora haja muitas similaridades entre o romance e a narrativa cinematográfica, no filme há modificações, adições de elementos, ou, ainda, exclusões de determinadas passagens do romance (CAVALCANTE, 2010, p. 95) o que não se trata de uma infidelidade ao romance de Mia Couto, pois:

O estudo da adaptação do romance para o cinema nos mostra que o trabalho cinematográfico, como resultado de uma adaptação, pode ser considerado uma recriação, uma transformação ou transcriação, da obra original. Ou seja, trata-se de outra obra, tendo como pontos de encontro determinados elementos da narrativa e alguns processos que esses textos ativam. (CAVALCANTE, 2010, p. 95)

A adaptação cinematográfica promovida por Teresa Prata deve ser encarada como uma interpretação e tradução do romance, que carrega seus mecanismos particulares, como seus recursos estilisticos próprios.

Tanto o romance de Mia Couto quanto o filme de Teresa Prata, contribuem para denúnciar as mazelas provocadas pela Guerra Civil na Nação Moçambicana, as mortes de milhares de pessoas que seriam responsáveis por dar continuidades a importantes tradições que se perderam. Ambas as artes denunciam a condição das crianças orfãs que se formaram em Moçambique em decorrência do conflito civil. Crianças que ficaram errantes sob o solo de uma terra/mãe arrasada e sonâmbula, que não dorme e que apenas chora por seus filhos que morreram.

  1. Considerações Finais

A partir do romance Terra Sonâmbula (1992) de Mia Couto e do filme homônimo de Teresa Prata (2007) é possível refletir tanto sobre a correspondência entre as artes, Literatura e Cinema e como tais gêneros retratam o contexto de Guerra Civil de Moçambique pós-independência, partinto de momentos históricos distintos e de estéticas próprias. Entretanto, ambas as artes confluem para mostrar a devastação provocada em Moçambique entre os anos 1977 a 1992 em decorrência do conflito armado.

  1. Referências

CAVALCANTE, José Allan Nogueira. Relações intersemióticas entre o romance de Graciliano Ramos e o filme de Nelson Pereira dos Santos. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2010. Dissertação de Mestrado.

COUTO, Mia. Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CRUZ, David Gonçalves da. Dois signos duma Terra Sonâmbula: Comparação entre o romance de Mia Couto e o filme de Teresa Prata. Estudos Lusófonos. Vigo: Espanha, p. 01-25, 2018.

SOUZA, Werley. Biografia de Mia Couto. Mundo Educação, 2018. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/mia-couto.htm. Acessado em 29/11/2021.

Sobre o autor
Vinícius Amarante Nascimento

Graduado em História, Mestre em História Social e Bacharel em Direito

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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