Lei Maria da Penha: um marco de justiça e proteção à mulher

10/07/2023 às 11:35
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Na vida de todas as mulheres brasileiras, um nome se destaca como um símbolo de resistência, luta e vitória: Maria da Penha. Poucos sabem, no entanto, a profunda história por trás do nome que hoje representa uma das leis mais importantes na luta contra a violência doméstica. A Lei Maria da Penha, criada em 2006, é fruto da bravura de uma mulher que não se calou e mudou a realidade do Brasil.

Quem é Maria da Penha?

Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica bioquímica cearense que, após ser vítima de tentativas de homicídio pelo seu ex-marido, tornou-se um ícone na luta pelos direitos das mulheres. Na madrugada de 29 de maio de 1983, ela foi alvejada com um tiro enquanto dormia. Como resultado, ficou paraplégica. Apenas alguns meses depois, o marido tentou eletrocutá-la.

A luta de Maria da Penha foi além da busca por justiça. Ela se tornou um rosto conhecido no combate à violência contra a mulher, tendo sua história reconhecida internacionalmente. Mas foi em solo nacional que seu nome ganhou uma conotação ainda mais significativa.

A Lei Maria da Penha

A Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, estabeleceu mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Ela recebeu esse nome como uma homenagem à farmacêutica, cuja luta foi fundamental para a concretização deste importante instrumento legal.

Esta lei inovou ao alterar o Código Penal Brasileiro e permitir que agressores domésticos sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. Ela também impõe o afastamento do agressor do lar e a proibição de sua aproximação da vítima.

Por que a Lei Maria da Penha é importante?

A Lei Maria da Penha representou um marco na luta pelos direitos das mulheres. Ela reconheceu a vulnerabilidade das mulheres em contexto familiar e doméstico, e buscou prover proteção e justiça. Não se trata apenas de punição, mas também de prevenção e educação, permitindo que as mulheres se sintam mais seguras e protegidas.

Além disso, a lei sinaliza uma mudança de mentalidade. A violência doméstica, antes vista como um "problema privado", passou a ser tratada como uma questão de interesse público, que afeta toda a sociedade.

A abrangência da Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha vai além de casos de violência física. A lei categoriza cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quais sejam:

Violência física: Atos que ofendam a integridade ou saúde corporal da mulher.

Violência psicológica: Comportamentos que causem danos emocionais e diminuição da autoestima, ou que controlem suas ações, comportamentos, crenças e decisões por meio de ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contínua, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir.

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Violência sexual: Ações que forcem a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, seja por intimidação, ameaça, coação ou uso da força.

Violência patrimonial: Atos que envolvam retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos.

Violência moral: Condutas que configurem calúnia, difamação ou injúria.

O afastamento do agressor do lar

De acordo com a Lei Maria da Penha, uma das medidas que podem ser tomadas para a proteção da mulher é o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Esta é uma decisão que cabe ao juiz. É ele quem, após a análise do caso e de acordo com os requisitos legais, tem a prerrogativa de determinar o afastamento do agressor. Este é um passo importante para garantir a segurança da vítima e a eficácia das demais medidas protetivas.

Conclusão

Como advogado de defesa na área criminal, compreender a história da Lei Maria da Penha e sua relevância é crucial. Essa legislação é um exemplo de como a justiça pode evoluir para proteger aqueles que estão em situação de vulnerabilidade. Além disso, a história de Maria da Penha serve como um lembrete de que cada um de nós tem a capacidade de provocar mudanças significativas.

Engajar-se na discussão e na promoção da Lei Maria da Penha é fundamental para a construção de uma sociedade mais segura e justa para todas as mulheres. É preciso conhecer, divulgar e assegurar que esta lei seja aplicada. Afinal, o respeito à dignidade e aos direitos humanos deve ser o alicerce de qualquer sociedade.

Sobre o autor
Marcelo Campelo

Advogado criminalista com 23 anos de experiência, com mestrado e pós-graduação na área. Atendimento profissional e sigiloso.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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