A inteligência artificial consiste em replicar diversas operações da mente humana capazes de produzir, de desenvolver e de acumular raciocínios aprendidos ao longo do tempo pelas pessoas em uma velocidade alta e com grande grau de eficiência. Para se alcançar isso, a inteligência artificial usa algoritmos matemáticos capazes de desempenhar tarefas que antes eram considerados de exclusividade humana.
Em quase todos os setores da sociedade, a evolução tecnológica representa um processo disruptivo. No século anterior, os robôs na indústria transformaram os modos de produção, e, atualmente, muitos sistemas incorporaram a inteligência artificial para automatizar processos em áreas como telecomunicações, saúde e até mesmo a Justiça, por exemplo.
O número cada vez maior de demandas que chega ao Poder Judiciário impulsionou a busca por mecanismos para a realização de uma Justiça mais rápida e econômica.
Dessa maneira, verifica-se que a inteligência artificial tem transformado o cotidiano dos litígios no Judiciário. É que esses sistemas, por trazerem diversos benefícios práticos, terão influência cada vez mais forte, o que significa afirmar que a tecnologia, no campo do Direito, é um caminho sem volta.
De acordo com os estudos da Consultoria Global Deloitte[1], até 2036, cerca de 100.000 postos de trabalho na área jurídica serão automatizados, isto é, serão desempenhados pelos sistemas de inteligência artificial.
Em 2016, o mesmo relatório da Deloitte havia apontado que as tecnologias de automação extinguiram cerca de 31.000 trabalhos na área.
Apesar disso, o relatório mostrou, curiosamente, que os mesmos sistemas de inteligência artificial ajudaram a desenvolver 80.000 novas funções jurídicas de alta especialização.
Portanto, o que se observa é que, para se evitar o desemprego, os profissionais deverão adaptar-se às mudanças e ficarem atentos às transformações nas novas formas de prestação de trabalho, porque, com certeza, a inovação tecnológica criará oportunidades que antes não existiam.
Então, apesar dos inegáveis reflexos positivos da tecnologia na área do Direito, principalmente, através da economia e da maior agilidade nos processos, há que se considerar ainda outros impactos possíveis na sociedade: os questionamentos de base ética e moral.
Ou seja, o uso da tecnologia no Direito pode conduzir a condutas não éticas? Possivelmente sim, por exemplo, quando os algoritmos perpetuam preconceito e discriminação. Neste caso, como ficam os sensos de igualdade e de justiça?
[1] https://www.sajdigital.com/pesquisa-desenvolvimento/exemplos-inteligencia-artificial/