Audiência de Conciliação: Como Funciona Esse Processo?

22/11/2023 às 10:32
Leia nesta página:

A audiência de conciliação é uma etapa essencial no âmbito de um processo judicial, cujo objetivo é promover a resolução amigável de conflitos entre as partes envolvidas. Trata-se de uma reunião na qual as partes se encontram com um conciliador ou mediador imparcial, com o intuito de buscar um acordo negociado que seja satisfatório para ambas as partes.

Nesta era de sobrecarga do sistema judicial e busca por soluções mais rápidas e eficientes, a audiência de conciliação desempenha um papel crucial. Ela oferece às partes a oportunidade de terem controle sobre o resultado do litígio, evitando assim um julgamento formal.

Além disso, a conciliação pode ser uma alternativa mais econômica, uma vez que reduz os custos associados a um processo judicial prolongado. Pensando em esclarecer as principais dúvidas sobre esse processo, os nossos advogados especialistas elaboraram esse artigo. Confira.

O que é uma audiência de conciliação?

Uma audiência de conciliação é uma reunião realizada no contexto de um processo judicial, na qual as partes envolvidas em um litígio se encontram com um terceiro imparcial chamado conciliador ou mediador. O propósito principal dessa audiência é buscar uma solução amigável para o conflito, por meio de um acordo negociado entre as partes.

Durante a audiência de conciliação, as partes têm a oportunidade de expor seus pontos de vista, discutir suas demandas e tentar chegar a um consenso sobre os termos de um acordo. O conciliador desempenha um papel fundamental nesse processo, atuando como um facilitador neutro e imparcial.

O conciliador ou mediador ajuda a estabelecer um ambiente de diálogo e cooperação entre as partes, incentivando a comunicação aberta, identificando interesses comuns e explorando opções de acordo que sejam mutuamente satisfatórias. Eles podem fornecer orientações, facilitar a negociação e ajudar a superar impasses, com o objetivo de auxiliar as partes a chegar a um acordo que resolva o conflito de forma justa.

É obrigatório estar presente na audiência de conciliação?

No Brasil, a presença na audiência de conciliação pode ser obrigatória, dependendo das circunstâncias do caso e do sistema jurídico aplicável. A Lei nº 13.140/2015, conhecida como Lei de Mediação, estabelece regras para a realização de audiências de conciliação e mediação no país. De acordo com essa lei, a participação na audiência de conciliação é facultativa, ou seja, as partes não são obrigadas a comparecer.

No entanto, existem exceções a essa regra. Por exemplo, em alguns tribunais e em certos tipos de ações judiciais, como em questões de família, o comparecimento à audiência de conciliação pode ser obrigatório. Além disso, se uma das partes solicitar a conciliação e a outra parte se recusar a participar sem uma justificativa adequada, o juiz pode impor penalidades ou consequências processuais para a parte que se recusar a comparecer.

É obrigatório a presença de um advogado na audiência de conciliação?

O Código de Processo Civil brasileiro estabelece que, em audiências de conciliação ou mediação, as partes devem estar acompanhadas por advogados ou defensores públicos. Conforme previsto no artigo 334, § 9º do CPC:

"§ 9º. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. Parágrafo acrescentado pela Lei nº 13.467, de 2017"

Isso significa que, de acordo com a legislação brasileira, é recomendado e preferível que as partes estejam acompanhadas de seus advogados durante a audiência de conciliação.

É importante notar que ter um advogado durante a audiência de conciliação pode ser benéfico, especialmente em casos complexos ou quando as partes desejam ter o apoio de um profissional jurídico para proteger seus interesses e garantir que os termos do acordo sejam justos e adequados. O advogado pode oferecer orientação jurídica, representar a parte de forma mais eficaz e ajudar a alcançar um acordo satisfatório.

A presença do advogado ou defensor público durante a audiência de conciliação contribui para garantir que as partes sejam adequadamente representadas e orientadas no processo de conciliação, aumentando a possibilidade de se alcançar um acordo justo e equilibrado.

No entanto, é importante mencionar que o parágrafo 9º do artigo 334 do CPC também permite que as partes constituam representantes, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. Isso significa que, em alguns casos, as partes podem designar um representante legalmente autorizado a participar da audiência de conciliação em seu nome.

O advogado desempenha um papel fundamental e traz benefícios significativos durante uma audiência de conciliação.

Onde e como é realizada a audiência de conciliação?

No Brasil, a audiência de conciliação pode ser realizada em diferentes locais, dependendo do tipo de processo e da jurisdição. Geralmente, as audiências de conciliação são realizadas nos fóruns ou nos tribunais onde o processo está sendo conduzido.

Quanto ao formato, a audiência de conciliação pode ser realizada de diferentes maneiras. Em alguns casos, a audiência é conduzida de forma presencial, em uma sala de audiências, na qual as partes, seus advogados e o conciliador estão presentes fisicamente. Nesse formato, as partes têm a oportunidade de se comunicar e negociar pessoalmente, buscando um acordo.

No entanto, também é possível realizar audiências de conciliação de forma virtual, utilizando meios de comunicação online, como videoconferência. Essa modalidade tem se tornado mais comum, especialmente em função das tecnologias disponíveis e das necessidades de distanciamento social.

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

Quanto à condução da audiência, o conciliador desempenha um papel central. Ele é responsável por facilitar a comunicação entre as partes, auxiliar na identificação dos interesses e necessidades envolvidos no conflito e buscar alternativas de acordo que sejam mutuamente satisfatórias. O conciliador é um terceiro imparcial, que não tem poder de decisão, mas atua como mediador e facilitador do processo de conciliação.

Vale ressaltar que, apesar das variações de local e formato, as audiências de conciliação são regidas por regras e procedimentos estabelecidos pela legislação e pelas normas processuais brasileiras. Essas regras garantem a confidencialidade das informações compartilhadas durante a audiência, a imparcialidade do conciliador e a busca por um acordo consensual entre as partes.

O que acontece quando não há acordo na audiência de conciliação?

Quando não há acordo na audiência de conciliação, o processo segue para as etapas subsequentes do sistema judicial. Nesse caso, as partes não conseguiram chegar a um consenso sobre os termos do acordo e a resolução do conflito não foi alcançada por meio da conciliação.

Após a audiência de conciliação sem acordo, o processo pode prosseguir para uma fase de instrução, na qual serão apresentadas provas, depoimentos de testemunhas e argumentos legais. O juiz ou tribunal responsável pelo caso tomará uma decisão com base nas evidências e nos argumentos apresentados pelas partes.

É importante destacar que a falta de acordo na audiência de conciliação não significa necessariamente que uma das partes "ganhou" ou "perdeu" o processo. A ausência de um acordo não prejudica a posição das partes perante o tribunal nem possui influência sobre a decisão final do juiz.

No entanto, em alguns casos, a legislação ou as regras processuais podem exigir a realização de uma audiência de conciliação antes de prosseguir para um julgamento formal. Se as partes não comparecerem ou se recusarem a participar da audiência de conciliação sem uma justificativa adequada, podem haver consequências processuais, como a imposição de penalidades ou restrições na condução do processo.

Mesmo que não haja acordo na audiência de conciliação, é importante reconhecer que a tentativa de conciliação pode ter sido benéfica, pois ofereceu às partes a oportunidade de discutir suas questões, expressar seus interesses e explorar possíveis soluções antes de prosseguir com um processo mais longo e litigioso.

Conclusão

A audiência de conciliação é uma oportunidade para as partes envolvidas em um litígio resolverem suas disputas de forma amigável e pacífica, evitando um processo judicial prolongado e custoso. Ao participar do processo de conciliação, as partes têm a chance de buscar soluções mutuamente satisfatórias, em vez de dependerem exclusivamente de uma decisão imposta pelo tribunal.

Além disso, o processo de conciliação coloca o poder de decisão nas mãos das partes envolvidas. Elas têm a oportunidade de discutir diretamente suas preocupações, interesses e necessidades, e buscar uma solução que atenda a ambas as partes de forma mais adequada. Isso permite que as partes exerçam maior controle sobre o resultado e contribui para a sensação de autonomia na resolução do conflito.

A presença do advogado em uma audiência de conciliação é de extrema importância, pois ele oferece representação legal, orientação, conhecimento processual e habilidades de negociação. O advogado trabalha em benefício de seu cliente, protegendo seus direitos, buscando um acordo justo e equilibrado e ajudando a parte a tomar decisões informadas e fundamentadas durante o processo de conciliação.

Sobre o autor
Galvão & Silva Advocacia

O escritório Galvão & Silva Advocacia presta serviços jurídicos em várias áreas do Direito, tendo uma equipe devidamente especializada e apta a trabalhar desde questões mais simples, até casos complexos, que exigem o envolvimento de profissionais de diversas áreas. Nossa carteira de clientes compreende um grupo diversificado, o que nos força a ter uma equipe multidisciplinar, que atua em diversos segmentos, priorizando a ética em suas relações e a constante busca pela excelência na qualidade dos serviços.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos