Resumo
Este trabalho possui a finalidade em desmistificar aos sete mitos aos quais provocam prévios conceitos que menosprezam a arte, as crenças, as culturas, as tradições e as vidas dos povos originários do Brasil e fortalece a dignidade humana em face de proteção integral envolvendo a curadoria destes povos nas áreas florestais que habitam e conservar a natureza vital ecológica englobando a fauna e a flora silvestre e o protecionismo das terras e águas que permeiam as florestas em sua biodiversidade.
Palavras-chave: Colonização; Ecologia humana; Povos Originários.
Abstract
This work aims to demystify the seven myths that provoke previous concepts that belittle the art, beliefs, cultures, traditions and lives of the original peoples of Brazil and strengthens human dignity in the face of integral protection involving the curation of these people in the forest areas they inhabit and conserve the vital ecological nature, encompassing wild fauna and flora and the protection of lands and waters that permeate the forests in their biodiversity.
Keywords: Colonization; Human ecology; Original Peoples.
INTRODUÇÃO
Este trabalho visa refletir sobre os impactos de cada mito que rotulam a vida como um todo dos povos originários brasileiros que se faz presente, salienta-se a ordem social, aos costumes, as crenças, línguas maternas e as tradições, voltados as origens e os direitos em exercerem suas atividades sobre a terra que ocupam e a preservação.
Apontar caminhos para realçar as tradições e a real necessidade em se conservar valores axiológicos a luz dos direitos fundamentais inseparáveis das condições humanas e sociais, juntamente com a órbita ecológica situadas em áreas de florestas e matas servindo de conditio sine qua non por uma convivência sadia e pacífica.
Os povos originários possuem característica própria em sua ancestralidade serem nômades e como as florestas são repletas de extensão territorial e são receptivas para manter ativa essa condição humana, ressalta-se que os mesmos são unidos para manter em salvaguardo a floresta ou as aldeias de quaisquer destruições.
Válido frisar que os povos originários sempre foram vítimas de opressão, discriminação, pré-conceitos e intolerâncias culturais e religiosas. Estas formas da sociedade pós-contemporânea em rechaçar estes povos se voltam para a redução de políticas públicas a estes povos.
As experiências dos moradores das florestas brasileiras, são importantes em sua conservação em acentuar de forma holística em dignidade da pessoa humana interligado aos povos originários, permeando uma política em resistir-se a biodiversidade das florestas em comunhão sagrada de seus natos habitantes.
1º Mito: Motivos de cultivar a linguagem “povos originários” de povos “indígenas”.
Palavra de origem grega mythós, mito significa uma sabedoria popular simbólica para explicar determinados comportamentos sociais. No contexto ambiental voltado ao desenvolvimento humano, Povos Originários possuem a magnânima ancestralidade em cuidar e a conviver com a terra como todos os elementos e recursos naturais para que haja a continuidade de vida humana e ecológica, por ser ao habitat natural dentro das florestas brasileiras, que existem e tentam resistir sem influências e interferências de colonizadores e de povos considerados forasteiros sem os hábitos históricos e culturais, ou seja, sendo um impacto cultural para com os povos originários, porque cultivam a existência de vida natural em gerir a qualidade de vida com todos os subsídios que a floresta lhes oferecem como, as árvores frutíferas e as plantas alimentícias, medicinais, água potável e límpida sem interferência de reagentes químicos, ar puro, cuidam das árvores e do trabalho campestre agrícola para a manutenção sustentável de vida destes povos atrelados a preservação axiológica da vida de animais e de plantas silvestres, além do plantio das mesmas plantas e das árvores para manter o ciclo vital natural e humano para as presentes e gerações futuras destes povos originários. Inclusive com as suas crenças, culturas, habilidades artísticas, religiosas e a língua materna sem influência de outras línguas faladas e escritas como, por exemplo, a língua portuguesa. A arte de vida ecológica representa a história que resplandece como era e continua sendo a vida humana e a vida ambiental natural antes e depois da colonização do Brasil e por essa pós-modernidade social, que se volta a tecnologia moderna. Traz em seu bojo preconceituoso de ainda utilizar o termo índio apresentado como um povo retrógrado com a cultura e estilo de vida arcaico. Embora os povos originários deveriam juntamente com as florestas terem as preservações vitais ambientais conservadas e respeitadas, há um mito de que ainda são povos indígenas, ou seja, povos originários são os primeiros habitantes do Brasil antes de ser colonizados pelos europeus e a arte em viver pela e para a floresta como manutenção de qualidade vitalícia, impondo e exigindo tratamento digno a firmeza, a força e a coragem para imperar esta sagacidade para reverberar contra a prevalência sociocultural de povo indígena, uma vez que fere a dignidade humana dos povos originários desde os primórdios de habitar o território brasileiro. Mas, a civilização urbana pós modernidade não enxerga a grandiosidade do legado destes povos originários, como explica Zygmunt Bauman (2015, p. 63).
A dissidência com o estado das coisas e com o modo de vida responsável por sua continuação já não é mais vista como defesa justificável dos direitos humanos perdidos/roubados (embora ostensivamente inalienáveis) e que deveriam ser respeitados, cujos princípios deveriam ser reconhecidos e que ofereciam tratamento igual. BAUMAN (2015, p. 63).
Esse mito desumano em taxar e estigmatizar os povos originários de indígenas referem-se ao menosprezo pela incompreensão de não enxergarem as qualidades e a não aceitação pela existência e a totalidade em tolerar a agir com altruísmo sustentável para manter em equilíbrio a tradição e o ambiente presente na plenitude vital destes povos originários. Álvaro de Azevedo Gonzaga (2021, p.30) nota-se: “A maneira do indivíduo da terra agir o seu pensamento, a sua virtude, a sua alimentação e seus adornos são os mundos da natureza que o envolve”. Estas características possuem ao dever impositivo em serem respeitadas para se consagrar a saga vitalícia e altruística pela humanidade ao exercício de cidadania ambiental em transmitir saberes coletivos e educação axiológica aos povos originários presentes no Brasil.
2º Mito: Forma de proteção entre armas rudimentares como o arco e a flecha.
“- Quem disparou dois tiros junto ao rio, quando tua senhora estava no banho? – Foi Peri. – Quem atirou uma flecha que caiu junto de Cecília? – Um Aimoré, respondeu o índio estremecendo. – Porque a outra flecha ficou sob o lugar onde estão os corpos dos selvagens? Peri não respondeu”. Neste relato literário de José de Alencar em sua obra clássica O Guarani, aponta para o mito de arco e flecha se volta para um instrumento artesanal feito por raízes de árvores consideradas rígidas com envergaduras e confeccionadas com cipó para fazer-se rápidos movimentos em forma de elástico rígido aumentando a velocidade para lançar com agilidade e precisão a flecha muitas vezes feitas com galhos de árvores de modo maciço para atingir muitas vezes povos de tribos rivais, como forma de ser guerreiro, tomar o território e ao mesmo tempo a defesa de sua tribo, passando essa tradição com a hierarquia entre caciques, chefes guerreiros e o chefe religioso denominado guerreiro, havia também o chefe religioso, utilizavam-se destes instrumentos para ferir e até mesmo ceifar a vida dos inimigos, como forma de garantir a tranquilidade da aldeia e da terra indígena. Os arcos e flechas possuem diversos tamanhos e medidas para serem utilizados com maior preparo e ser certeira a flecha contra os alvos rivais. E alcançar maiores distâncias. Não era o arco e flechas utilizadas como instrumentos recreativos ou simbólicos por ser um instrumento puramente artesanal. Havia rivalidade com outras tribos entre os povos originários. Quando não havia embate entre as aldeias, esses instrumentos eram utilizados para a pesca de peixes como forma de alimentar a população das tribos e também de proteção contra animais de grandes portes que invadiam ao território das aldeias colocando em risco a segurança dos habitantes principalmente as crianças. Com o passar do tempo e não havendo mais os embates de aldeias rivais e em algumas tribos com a proximidade e até a união entre madeireiros, garimpeiros e a população urbana inclusive alguns povos originários que começaram a trabalhar no comércio, adquirem armas de fogo, ou se apoderam ao matar os exploradores de madeiras ou minérios e substituem os arcos e as flechas como forma de uma defesa pessoal mais eficaz e com elevado impacto lesivo. E o arco e flecha passou a ser comercializado por causa do turismo e pela visitação dos povos de civilização urbana, o mesmo ocorrera com a substituição do arco e flecha na atividade de pesca, para as varas de pescar com anzóis e linhas que avançam nas profundezas dos rios.
3º Mito: Indígenas vivem sem a ambição econômica, agem com extrema violência e praticamente atos imorais como o canibalismo.
Cada integrante de uma aldeia possui afazeres divididos por seguir a tradição dos povos mais experientes e que passa essa vivência de geração em geração, as mulheres cuidavam da alimentação, de prestarem cuidados aos enfermos e a cuidar dos filhos, as crianças eram ensinadas pela própria família em aprender a língua pátria de cada tribo, a serem espiritualizadas, a se constituírem como pessoa humana, os jovens tinham a missão de aprender os ofícios de caça e de pesca com os familiares mais velhos, as adolescentes são ensinadas a cuidar da organização da tribo, aos caprichos culinários, religiosos, a arte da maternidade e a cuidar de pessoas enfermas, ao trabalho com a arte como as pinturas corporais, artesanato na confecção de cocares e vestimentas típicas etc. Os homens adultos pelo porte físico carregavam madeiras, lenhas, matavam animais mais avantajados, os rapazes com uma habilidade física mais ágil subiam nas copas das árvores para recolherem frutos ou até mesmo para a retirada das cascas de algumas árvores para fazerem as canoas, com alguns galhos espessos para fazerem remos. Para exemplificar a espécie arbórea, Hymenaea Courbaril, conhecida popularmente como Jatobá, segundo os estudos de Harri Lorenzi (2016, p. 132):
Os frutos contêm uma farinha comestível e muito nutritiva, consumida tanto pelo homem como pelos animais silvestres. Colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea ou recolhê-los no chão após sua queda durante o mês de setembro. Em ambos os casos levá-los ao terreiro para secagem, quebrando-os em seguida para liberação das sementes; estas se encontram envolvidas pelo material farináceo existente dentro do fruto”. (LORENZI, 2016, p.132).
As pessoas mais idosas ficavam a ensinar a arte de religiosidade ou o curandeirismo para os antepassados. Algumas tradições tribais seguem a tradição canibalista por acreditarem que um guerreiro ou um intelectual ao falecer, se fosse o corpo servido como alimento poderia ser encarnado com as habilidades que possuíam de aspecto imanente e essa prática é vista como a imortalidade e moralidade costumeira. E com aval das crenças espirituosas ferrenhas. As práticas de violências eram contra os animais silvestres predadores que ao colocar em risco integrantes da tribo poderiam ter vidas ceifadas, contra quem praticavam adultérios, ou contra as tribos rivais. Algumas tribos por suas crenças religiosas, praticavam o infanticídio, assassinatos de recém-nascido e de crianças por serem deficientes físicos e/ou mentais e até mesmo por serem frutos de adultérios e por isso, o envenenamento era mais comum por causa das crendices espirituosas. Muitas aldeias construíram a cultura poliorgânica e outras aldeias a cultura monogâmica, com isso, havendo a traição e com a fé religiosa o feto ou a criança era considerada amaldiçoada, que trazia males conflituosos para a família refletindo-se também na coletiva vida da tribo. Ou no momento em que havia a exploração e a invasão e a colonização de Europeus e de Portugueses, para fugir dos ataques pela truculência aplicadas por armas de fogo e o arco e flecha não era suficiente para conter os invasores, abandonaram o segundo filho, a própria sorte na floresta, ou então envenenavam. Como forma de facilitar a fuga para outros campos florestais ou se unirem com outras aldeias, mas, sem a preocupação em cuidar de um recém nascido ou de uma criança devido ao trabalho de assistência maternal ou ainda de educá-la com todos os devidos cuidados que uma criança deve ter, por parte dos genitores, principalmente quando as mães dos filhos faleciam e haviam que o genitor ou outros familiares ou outros membros da aldeia pudessem cuidá-los, mas, dependendo das necessidades de sobrevivência contra os invasores europeus o abandono ou a morte era inevitável. Constata-se em José de Alencar (2009, p.259).
Segundo as leis tradicionais do povo bárbaro, toda a tribo devia tomar parte do festim: as mulheres moças tocavam apenas na carne do prisioneiro; mas os guerreiros a saboreavam como um manjar delicado, adubado pelo prazer de vingança; e as velhas com a gula feroz das harpias que sevam no sangue de suas vítimas. (ALENCAR, 2009, p.259).
Este trecho de O Guarani nos desvenda a tradição de necrofagia de alguns Povos Originários do Brasil.
4º Mito: Povos originários desfrutam de muitas áreas florestais.
A Constituição Federal, em seu artigo 231, caput, de modo exegético e taxativo afirma: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens” (BRASIL, 1988).
Esta afirmação legal traz em seu bojo ao modus vivendi dos povos tradicionais brasileiros como ressalva Darcy Ribeiro (1995, p.45):
Para os índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver, tão rico de aves, de peixes, de raízes, de frutos, de flores, de sementes, que podia dar as alegrias de caçar, de pescar, de plantar e colher a quanta gente aqui viesse ter. Na sua concepção sábia e singela, a vida era dádiva de deuses bons, que lhes doaram esplêndidos corpos, bons de andar, de correr, de nadar, de dançar, de lutar. Olhos bons de ver todas as cores, suas luzes e suas sombras. Ouvidos capazes da alegria de ouvir vozes estridentes ou melódicas, cantos graves e agudos e toda a sorte de sons que há. Narizes competentíssimos para fungar e cheirar catingas e odores. Bocas magníficas de degustar comidas doces e amargas, salgadas e azedas, tirando de cada qual o gozo que podia dar. E, sobretudo, sexos opostos e complementares, feitos para as alegrias do amor. (RIBEIRO, 1995, p.45).
Desta forma é de competência incisiva zelar e proteger as terras indígenas com as demarcações justas e seguras ecologicamente adequadas para a preservação de vida sadia com qualidade e preservando a longevidade dos povos originários com todas as suas tradições e costumes juntamente com a integral proteção e garantia de toda ordem pelos Órgãos Federais como a Funai, Ibama, Polícia Federal e as Forças Armadas contra os invasores como, por exemplo, os garimpeiros. Como reza ao Decreto n° 11.405/23: “O Ministério da Defesa atuará:
I - na execução de ações preventivas e repressivas contra delitos transfronteiriços e ambientais, na faixa de fronteira terrestre e nas águas interiores, por meio da promoção de ações de patrulhamento, de revista de pessoas, veículos terrestres, embarcações e aeronaves, e de prisões em flagrante delito, entre outras; II - no fornecimento de dados de inteligência; e III - no transporte aéreo logístico das equipes da Polícia Federal, do Ibama e dos demais órgãos e entidades da administração pública federal que participarão diretamente na neutralização de aeronaves e de equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território Yanomami.”
Além de cuidar das florestas contidas nas destes povos para que possa se consagrar o equilíbrio e o fomento de todos os recursos naturais renováveis e não renováveis por uma sobrevivência justa e adequada de sobremaneira a manter a íntegra e dígna conservação da fauna e da flora por um viés ecológico atribuído segurança de paz ambiental justamente para a segurança social e jurídica do ambiente e das vidas dos povos originários possam se encontrar cada vez mais com zelo de permanência em suas terras com todos os cuidados reforçados juntamente com as vidas ecológicas amparadas e sob toda política ecológica sustentável. Estes cuidados valorativos com as ecológicas reservas naturais são salientados por Leonardo Boff (2009, p.79):
Ela não é terra virgem e intocável. Em milhares de anos, dezenas de povos indígenas, que ali viveram e vivem, atuaram como verdadeiros ecologistas, grande parte de toda Floresta Amazônica, especialmente de várzea, foi manejada pelos indígenas, promovendo “ilhas de recursos”, criando condições favoráveis para o desenvolvimento de espécies vegetais úteis como o babaçu, a palmeira, o bambu, os bosques de castanheiras e frutas de toda espécie, plantadas ou cuidados para si e para aqueles que, por ventura, por lá passassem. (BOFF, 2009, p.79).
Não se pode afirmar que as terras indígenas são gigantescas, uma vez que boa parte delas foram violentadas pela contaminação de mercúrio, óleos e combustíveis e outros solventes por causa das barcas, dos barcos, aviões e máquinas agrícolas para a exploração de garimpeiros ilegais, contrabandista de madeiras e traficantes de animais e de flora silvestres. Como ocorreu com os povos originários Yanomamis. Isto posto se faz presente ao cuidar destas terras, por sustentar a órbita ecológica e ao amparo de aumentar a população dos povos originários dentro das reservas o que aumenta a cultura em manter as florestas nativas intocáveis.
5° Mito: Povos originários encontram-se em extinção no Brasil.
“Depois de exterminada a última nação indígena”- Caetano Veloso.
A relevância dos problemas enfrentados por estes povos merece toda atenção, em específico, a sua inclusão como cidadãos nacionais, sem haver o desrespeito a sua identidade, ancestralidade e a cultura. Porém, observa-se hodiernamente que os conflitos antes da existência do Ministério dos Povos Originários a perdurar-se com o aumento da população urbana, com os avanços irrefreáveis de agronegócio, extrações de pedras preciosas e minérios, desmatamentos que promovem ao comércio ilegal de tráfico de madeiras, tráfico de animais e de flora silvestres, as queimadas criminosas e a redução de terras indígenas para estas atividades expansivas de monoculturas e atividades agropecuária em fazendas situadas próximas em terras indígenas, elevando-se ao biocídio desta população originária. A crise politica no período 2018 até o final de 2022, houve um significativo abalo contra o povo originário Yanomami, havendo um biocídio, advindo de fome, desnutrição aguda, porque as terras deste povo se encontravam e ainda se encontram contaminas juntamente com os rios devido as atividades criminosas do garimpo ilícito. Como pode- se notar nos estudos de Míriam Leitão (2015, p. 193):
Se o país aumentar muito o desmatamento na região da Amazônia, o PIB registrará isso como positivo. O termômetro não nos dirá que aquilo é insustentável, que se está destruindo um patrimônio que não será reposto ou que aquela queima do patrimônio não está sendo usada para garantir o bem-estar futuro dos brasileiros. Tratores de esteiras serão comprados para arrastar as árvores e deixar o terreno limpo, trabalhadores serão atraídos para as cidades próximas dos pontos de destruição, negócios vão ter avanço rápido no faturamento ao atender às necessidades básicas dos recém chegados. A madeira vai circular, mesmo ilegalmente pelo país. Tudo isso vira alta do PIB. Árvores centenárias serão abatidas e perdidas, a biodiversidade será destruída. (LEITÃO, 2015, p.123).
E desta forma a população originária correrá o risco de ser extinta, por causa de devastações de seus recursos ambientais vitais, perda de fontes de renda e de sobrevivência, não havendo mecanismos de defesa para aumentar aos protecionismos destas terras florestais e ao habitat natural destes povos, para que haja um aumento considerável dos povos originários.
6º Mito: A Ditadura Militar e a Repressão aos povos originários.
Nos temidos Anos de Chumbo, período de violência, opressão e repressão contra a população brasileira que se opunham ao regime de estado de exceção, porque os governos antidemocráticos tinham por ações reprimir manifestações culturais, artísticas, esportivas, cercear a liberdade de imprensa e de informações em não deixar veicular as atitudes cruéis e desumanas que os governistas militares cometiam. Como ressalta Elio Gaspari (2014, p.240):
A ditadura assumira o controle das chaves dos cárceres e dos cofres, os partidos políticos estavam inertes, a atividade parlamentar resumira-se ao exercício de investigação dos limites do Congresso, e os empresários faziam seus negócios no varejo enquanto seus órgãos de classe banqueteavam o regime no atacado. Concluíra-se o processo de desmobilização da sociedade brasileira. (GASPARI, 2014, p. 240).
Principalmente barbarizar os povos originários, de modo a extinguilos de suas terras naturais, com a exploração e extração de todos os recursos ambientais, de suas aldeias, escravizando estes povos e torturando mulheres e crianças do sexo feminino porque amplia a cultura do estupro, violência e escravidão para fins sexuais, não havendo política alguma para manter a biodiversidade intacta. E todos os direitos individuais, sociais, artísticos e culturais destes povos originários encontravam-se em risco de genocídios. Salienta-se ao Relatório Figueiredo:
Os espancamentos, independentes de idade, sexo, participavam de rotina e só chamava atenção quando, aplicados de modo exagerado, ocasionavam a invalidade ou a morte. Isso porque, de maneira geral, não se respeitava o indígena como pessoa humana, servindo homens e mulheres, como animais de carga, cujo trabalho, deve reverter ao funcionário. No caso da mulher, torna-se mais revoltante porque as condições eram degradantes.
Sobretudo contra os povos Yanomamis, levando-se em consideração a prisão de população originária por vadiagem e homossexualidade aplicada a época a legislação de costumes e moral vigente. Havendo inclusive a tortura dos mesmos dentro dos cárceres. O que dificultava a qualidade de vida e o respeito em garantias de paz social e a pacificação ecológica.
7ºMito: A originalidade populacional do Brasil sendo a população indígena.
“Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante. De uma estrela que virá numa velocidade estonteante. E pousará no coração do Hemisfério Sul, na América, num claro instante”- Caetano Veloso.
Os povos originários são considerados a população existente no território brasileiro antes da colonização do país pelos europeus. É a população nativa, ou seja, nascidos em território de origem. Essa população originária busca manter uma vida pautada em cultura milenar com as tradições, culturas, atividades de pescas, plantios, replantios e a preservação das florestas e a harmônica convivência com a fauna silvestre. Na arte, no artesanato, nos afazeres diários e manter as línguas maternas de cada povo, mantida para se obter as características em valoriza-las para não se perder a materialidade linguística, religiosa etc. Ações estas que determinam a originalidade, sem perder a insígnia raiz de ancestralidade. José Renato Nalini (2015, p.119) registra-se:
O marco dos quinhentos anos do Descobrimento revigorou uma discussão recorrente. O Brasil já possuía habitantes e donos quando aqui chegaram os portugueses. Nações indígenas viviam num território preservado, quase completamente coberto de mata virgem, que só veio a ser dizimada pelo colonizador luso. O constituinte de 1988 contemplou os índios[povos originários] como nenhum outro. Reconheceu ao índio sua organização social, costumes, língua, crenças e tradições, além dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. (NALINI, 2015, p. 119).
Desta forma os povos originários consagram a história brasileira e a construção em garantir a viva história da população originária brasileira para perfazer com mais força a permanência holística e axiológica destes povos originários.
Considerações Finais
Isto posto fica explícito que os povos originários do Brasil, vem antes da colonização pelos Europeus, quanto a origem latina, veio trazida pelos jesuítas que ao querer de maneira impositiva e truculenta catequisar os povos originários, com a língua latim e desta forma passou para a história que povos originários brasileiros são considerados povos latinos. Descaracterizando a existência real e pátria dos mesmos. Deste modo agir com altruísmo em reconhecer as características ancestrais e o modus de se viver em aldeias indígenas representa a qualidade em agir e a viver nos mesmos costumes. E leva-se em consideração que há povos originários descendentes de povos colonizadores Europeus, fruto de abusos ou de envolvimento com mulheres indígenas aos quase foram contidos e criados nas aldeias e aprendendo toda a cultura e os costumes dos povos originários. Por isso, os povos originários brasileiros precisam ser reconhecidos por sua perspectiva ancestral e histórica para estimular a consagração e a preservar ativamente a sadia qualidade de vida e a honra-dignidade destes povos e o papel do Estado é muito importante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009, p. 141.
BAUMAN, Zygmunt. A riqueza de poucos beneficia todos nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
BOFF, Leonardo. A opção-Terra: a solução para a Terra não caí do céu. Rio de Janeiro, Record, 2009.
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Decolonialismo indígena. São Paulo: Matrioka Editora, 2021.
LEITÃO, Míriam. História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, vol.1, 7. Ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2016.
NALINI. José Renato. Ética Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995
VELOSO, Caetano. Índio. Doces Bárbaros, Bahia-BA. Philips, 1976.