Sobre bússolas sem norte

07/06/2024 às 13:17
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SOBRE BÚSSOLAS SEM NORTE

 

Autor: Eduardo Luiz Santos Cabette, Delegado de Polícia Aposentado, Mestre em Direito Social, Pós – graduado em Direito Penal e Criminologia e Professor de Direito Penal, Processo Penal, Medicina Legal, Criminologia e Legislação Penal e Processual Penal Especial em graduação, pós – graduação e cursos preparatórios.

 

Em sítio da internet do facebook deparo com a seguinte publicação a respeito de uma edificante história:

Quando o Titanic afundou, levava a bordo o milionário John Jacob Astor IV. O dinheiro em sua conta bancária foi suficiente para construir 30 Titanics. Porém, ao se deparar com um perigo mortal, escolheu o que considerava moralmente correto e cedeu seu lugar em um barco salva-vidas para salvar duas crianças assustadas.

O milionário Isidor Straus, coproprietário da maior rede de lojas de departamentos americana "Macy's", que também esteve no Titanic, disse:

“Nunca entrarei em um bote salva-vidas antes dos outros homens.”

Sua esposa, Ida Straus, também se recusou a embarcar no bote salva-vidas, cedendo seu lugar à sua nova governanta, Ellen Bird. Ela decidiu passar seus últimos momentos de vida com o marido.

Esses indivíduos ricos preferiram desistir de sua riqueza e até mesmo de suas vidas, em vez de comprometer seus princípios morais. A sua escolha em favor dos valores morais destacou o brilho da civilização humana e da natureza humana. [1]

 

Quais seriam as reações esperadas diante de uma história tão bela e edificante? Certamente de louvor aos envolvidos, admiração, respeito e sentimentos em geral positivos.

Não obstante, se verifica que boa parte das pessoas que comentam o post são simplesmente insensíveis aos atos de desprendimento, caridade, coragem, fortaleza e, substancialmente, amor. Há muitas reações de risos e pilhérias, literalmente ridicularizando o episódio e seus personagens.

E quando um usuário da rede social se atreve a comentar que tais pessoas haviam seguido os passos de Jesus, dando as suas vidas pelos irmãos, aí é que os sarcasmos, ofensas e piadas de mau gosto aumentam grotescamente.

Àqueles que ridicularizam esses nobres atos, resta somente a seguinte resposta: não podemos nos importar com os que riram ou criticaram. Essas pessoas precisam de orações por piedade. São os resultados funestos de uma modernidade e pós-modernidade que perdeu a noção dos valores, de forma que atos de heroísmo e até santidade são objeto de riso e escárnio ao invés de admiração e respeito profundo.

A bússola moral perdeu o norte, nem sequer tem mais ponteiros.

A questão é saber como a humanidade irá se manter sem a mais mínima noção do bom, do belo, do justo e do verdadeiro? Em que bases se sustentará a Ética, a Deontologia, o Direito, a Ciência, a Arte, a Cultura humana em geral?

 



[1] TERRA, Maria Vitória Ribeiro. Facebook Post. Disponível em https://www.facebook.com/photo?fbid=7988184767893737&set=a.1104848139560802 , acesso em 07.06.2024.

Sobre o autor
Eduardo Luiz Santos Cabette

Delegado de Polícia Aposentado. Mestre em Direito Ambiental e Social. Pós-graduado em Direito Penal e Criminologia. Professor de Direito Penal, Processo Penal, Medicina Legal, Criminologia e Legislação Penal e Processual Penal Especial em graduação, pós - graduação e cursos preparatórios. Membro de corpo editorial da Revista CEJ (Brasília). Membro de corpo editorial da Editora Fabris. Membro de corpo editorial da Justiça & Polícia.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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