Decisão do STJ sobre a restituição do ICMS na conta de luz (tema 986)

19/07/2024 às 16:52

Resumo:


  • Diversos tribunais decidiram que consumidores poderiam restituir desconto mensal de ICMS sobre tarifas de energia dos últimos 5 anos.

  • STJ estabeleceu que TUSD e TUST integram base de cálculo do ICMS quando lançadas na fatura como encargo direto.

  • Modulação dos efeitos da decisão do STJ estabeleceu marco em 27/03/2017 para recolhimento do ICMS sem TUSD/TUST na base de cálculo.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Antes de março de 2024, diversos tribunais vinham decidindo que os consumidores poderiam restituir o desconto mensal de ICMS sobre as tarifas (TUST, TUST e Encargos Sociais) na conta de luz dos últimos 5 anos.

Contudo, ao analisar o caso sob o rito dos recursos especiais repetitivos (Tema 986), a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu, por unanimidade, que devem ser incluídas na base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de energia elétrica a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e a Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST), nas situações em que são lançadas na fatura de energia como um encargo a ser pago diretamente pelo consumidor final.

A tese firmada no tema repetitivo 986, foi a seguinte:

A Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e/ou a Tarifa de Uso de Distribuição (TUSD), quando lançada na fatura de energia elétrica, como encargo a ser suportado diretamente pelo consumidor final (seja ele livre ou cativo), integra, para os fins do art. 13, § 1º, II, 'a', da LC 87/1996, a base de cálculo do ICMS.”

Com esse entendimento do STJ, todos os demais juízes e tribunais, devem aplicar a tese firmada em processos semelhantes em trâmite em todo o país, visto que o julgamento foi realizado sob o rito dos repetitivos.

Os ministros decidiram ainda, a modulação dos efeitos da decisão, estabelecendo como marco o julgamento, pela Primeira Turma do STJ, do REsp 1.163.020, tendo em vista que, até esse momento, a orientação das turmas de direito público do STJ era favorável aos contribuintes.

Senão vejamos:

Considerando que até o julgamento do REsp 1.163.020/RS - que promoveu mudança na jurisprudência da Primeira Turma, a orientação das Turmas que compõem a Seção de Direito Público do STJ era, s.m.j., toda favorável ao contribuinte do ICMS nas operações de energia elétrica, proponho, com base no art. 927, § 3º, do CPC, a modulação dos efeitos, a incidir exclusivamente em favor dos consumidores que, até 27.3.2017-data de publicação do acórdão proferido julgamento do REsp 1.163.020/RS-, hajam sido beneficiados por decisões que tenham deferido a antecipação de tutela, desde que elas (as decisões provisórias) se encontrem ainda vigentes, para, independente de depósito judicial, autorizar o recolhimento do ICMS sem a inclusão da TUST/TUSD na base de cálculo. Note-se que mesmo estes contribuintes submetem-se ao pagamento do ICMS, observando na base de cálculo a inclusão da TUST e TUSD, a partir da publicação do presente acórdão-aplicável, quanto aos contribuintes com decisões favoráveis transitadas em julgado, o disposto adiante, ao final.

Assim, conforme o julgamento, até o dia 27 de março de 2017 – data de publicação do acórdão do julgamento na Primeira Turma –, estão mantidos os efeitos de decisões liminares que tenham beneficiado os consumidores de energia, para que, independentemente de depósito judicial, eles recolham o ICMS sem a inclusão da TUSD e da TUST na base de cálculo.

Porém, mesmo nesses casos, esses contribuintes deverão passar a incluir as tarifas na base de cálculo do ICMS a partir da data da publicação do acórdão do Tema Repetitivo 986.

Outro ponto importante é que, de acordo com o ministro relator, Herman Benjamin, a modulação não beneficia contribuintes nas seguintes condições: a) sem ajuizamento de demanda judicial; b) com ajuizamento de demanda judicial, mas na qual inexista Tutela de Urgência ou de Evidência (ou cuja tutela outrora concedida não mais se encontre vigente, por ter sido cassada ou reformada); c) com ajuizamento de demanda judicial, na qual a Tutela de Urgência ou Evidência tenha sido condicionada à realização de depósito judicial; e d) com ajuizamento de demanda judicial, na qual a Tutela de Urgência ou Evidência tenha sido concedida após 27.3.2017.

Já no caso de processo com trânsito em julgado, ou seja, quando não cabe mais recurso, que estejam com decisão favorável ao contribuinte, eventual modificação deverá ser analisada de forma individual (caso a caso), mediante utilização, quando possível, da via processual adequada.

Sobre o autor
Valter dos Santos

Acesse: www.professorvalterdossantos.com

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