Transtorno bipolar pode gerar aposentadoria? conheça os direitos de quem sofre com a doença

11/09/2024 às 10:53
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O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo trabalhadores que, em muitos casos, se veem incapazes de manter suas atividades profissionais de forma estável. Os sintomas do transtorno podem oscilar entre episódios de depressão profunda e de euforia (mania), o que pode comprometer severamente a vida pessoal, social e laboral do indivíduo. Mas será que o transtorno bipolar pode gerar o direito à aposentadoria por invalidez? Neste artigo, abordaremos tudo o que é necessário saber sobre os direitos previdenciários de quem sofre dessa condição.

O que é o transtorno bipolar

O transtorno bipolar é uma doença psiquiátrica caracterizada por mudanças extremas de humor, energia e comportamento. Os episódios de mania são marcados por euforia, impulsividade, hiperatividade, e, em alguns casos, delírios ou alucinações. Já os episódios depressivos provocam tristeza profunda, desânimo, falta de energia, e até pensamentos suicidas. Em alguns casos, esses extremos ocorrem com frequência, enquanto em outros, os episódios podem ser mais espaçados.

Essa instabilidade pode afetar gravemente a capacidade de uma pessoa manter um trabalho regular, o que faz com que o transtorno bipolar seja considerado um fator de incapacidade para certas atividades profissionais.

Como o transtorno bipolar pode afetar a vida profissional

Pessoas com transtorno bipolar enfrentam grandes dificuldades em ambientes de trabalho. Os episódios de mania podem levar o indivíduo a tomar decisões impulsivas e imprudentes, enquanto os períodos de depressão profunda podem torná-lo incapaz de sair da cama ou de realizar tarefas básicas. Em muitos casos, essas oscilações imprevisíveis de humor resultam em uma incapacidade total ou parcial para o trabalho.

Para os empregadores, lidar com um funcionário bipolar pode ser um desafio, especialmente quando a empresa ou o ambiente de trabalho não oferece suporte psicológico ou flexibilidade de horário para lidar com o tratamento da condição. Muitas vezes, os trabalhadores com transtorno bipolar precisam de afastamento prolongado e acompanhamento médico contínuo, o que os coloca em uma situação de vulnerabilidade no emprego.

Quando o transtorno bipolar pode levar à aposentadoria

A aposentadoria por invalidez é um benefício concedido a trabalhadores que, devido a uma doença ou lesão, ficam permanentemente incapacitados de exercer qualquer tipo de atividade laboral. No caso de pessoas com transtorno bipolar, esse benefício pode ser concedido se for comprovado, por meio de laudos médicos e perícias, que a doença afeta de forma permanente a capacidade do trabalhador de desempenhar suas funções.

Para solicitar a aposentadoria por invalidez em função do transtorno bipolar, é necessário que o segurado passe por uma perícia médica do INSS, onde será avaliada a gravidade da condição e se ela realmente impossibilita o exercício de qualquer atividade remunerada.

Documentos necessários para solicitar a aposentadoria por invalidez

O processo de solicitação da aposentadoria por invalidez para quem sofre de transtorno bipolar exige a apresentação de documentos que comprovem a incapacidade do trabalhador. Os principais documentos são:

  • Laudos médicos detalhados, emitidos por um psiquiatra, que comprovem o diagnóstico de transtorno bipolar e a gravidade dos sintomas

  • Relatórios de tratamentos anteriores, como medicações prescritas, internações hospitalares ou sessões de psicoterapia

  • Atestados médicos que demonstrem a incapacidade de trabalhar de forma contínua

  • Declarações do empregador, caso o trabalhador já tenha se afastado do trabalho em decorrência da doença

Esses documentos serão analisados pelo perito do INSS, que determinará se a aposentadoria por invalidez é ou não necessária.

A importância do laudo médico

O laudo médico é o documento mais importante no processo de concessão da aposentadoria por invalidez. Nele, o psiquiatra deverá descrever em detalhes o histórico do paciente, a gravidade dos episódios de mania e depressão, e como esses fatores afetam a capacidade do trabalhador de manter um emprego estável.

Além disso, o laudo deve demonstrar que o paciente está em tratamento contínuo e que, mesmo com o uso de medicações ou outras intervenções terapêuticas, sua condição não permite o retorno às atividades laborais.

Auxílio-doença para trabalhadores com transtorno bipolar

Caso o trabalhador com transtorno bipolar não seja considerado permanentemente incapacitado, mas ainda assim esteja impossibilitado de trabalhar temporariamente devido à doença, ele pode solicitar o auxílio-doença. Este benefício é destinado a segurados que ficam temporariamente incapacitados para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos.

Para solicitar o auxílio-doença, o trabalhador também deve apresentar laudos médicos e exames que comprovem a condição de saúde, além de passar por uma perícia médica do INSS. Durante a perícia, o médico avaliará se o trabalhador está, de fato, temporariamente incapacitado e qual será o período de afastamento necessário para sua recuperação.

Auxílio-acidente para portadores de transtorno bipolar

O auxílio-acidente é outro benefício que pode ser concedido a trabalhadores que, após um acidente ou doença, ficam com sequelas que reduzem sua capacidade de trabalho. No caso do transtorno bipolar, se a doença resultar em uma sequela permanente que impeça o trabalhador de exercer sua função de maneira plena, o auxílio-acidente pode ser uma opção.

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Esse benefício não impede o trabalhador de continuar trabalhando, mas é uma compensação pela diminuição de sua capacidade produtiva. O auxílio-acidente é pago de forma vitalícia ou até que o segurado atinja a idade mínima para a aposentadoria.

Aposentadoria por invalidez e transtorno bipolar: o que o INSS considera

O INSS considera uma série de fatores antes de conceder a aposentadoria por invalidez para portadores de transtorno bipolar. Além dos laudos médicos, a autarquia avalia o histórico de afastamentos anteriores, a gravidade e a frequência dos episódios de crise, bem como o impacto da doença na vida pessoal e profissional do segurado.

O instituto também leva em conta se o trabalhador foi submetido a tratamentos adequados e se existem alternativas que possam permitir o retorno ao trabalho. A aposentadoria por invalidez só é concedida quando fica comprovado que a doença incapacita o trabalhador de forma definitiva.

O que fazer em caso de negativa do benefício

Se o pedido de aposentadoria por invalidez for negado, o trabalhador tem o direito de recorrer da decisão. O recurso pode ser feito diretamente pelo portal “Meu INSS” ou em uma agência física da Previdência Social. Caso o recurso administrativo também seja negado, o segurado pode ingressar com uma ação judicial para contestar a decisão.

É importante que, nesse processo, o trabalhador apresente toda a documentação possível e, se necessário, busque o apoio de um advogado especializado em direito previdenciário.

Conclusão

O transtorno bipolar é uma doença mental grave que pode comprometer a capacidade de trabalho de forma significativa, especialmente quando não é possível controlar os sintomas com tratamento médico. Para trabalhadores que sofrem com a doença, o INSS oferece benefícios como o auxílio-doença, o auxílio-acidente e, em casos mais graves, a aposentadoria por invalidez.

Para garantir esses direitos, é essencial reunir laudos médicos detalhados e comprovar a incapacidade laboral. Além disso, o trabalhador deve estar preparado para eventuais recursos e, se necessário, buscar apoio legal para ter seu direito reconhecido.

Sobre o autor
Gustavo Fonseca

Cofundador da Empresa Doutor Multas. Especializada em recursos de multas de trânsito.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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