Nas eleições municipais de São Leopoldo/RS, um episódio peculiar chama a atenção para o comportamento de certos atores políticos. No feriado de Finados de 2022, logo após o segundo turno das eleições presidenciais, minha mãe, como de costume, pretendia visitar o cemitério para prestar homenagens aos meus avós, mas foi impedida pelo caos instaurado pelos autointitulados “patriotas”. Liderados pelo Delegado Aposentado Heliomar, esses manifestantes montaram acampamento em frente ao quartel do 16º GAC AP, protestando contra a derrota do então presidente Jair Bolsonaro e alegando que as urnas eletrônicas não eram auditáveis, apesar de a Missão de Observação Eleitoral (MOE), coordenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ter atestado a transparência do sistema.
Os manifestantes clamavam por um golpe militar para reverter o resultado eleitoral, mostrando sua recusa em aceitar a vontade popular. Dois anos depois, o mesmo Heliomar, que outrora questionava a legitimidade das urnas, foi eleito prefeito de São Leopoldo sem qualquer contestação sobre a integridade do processo. Isso nos leva a refletir: o sistema eleitoral passou por alguma mudança, ou foi o discurso do Delegado Aposentado Heliomar que se ajustou a suas novas conveniências?
Esse caso revela uma dinâmica política em que os princípios são moldados de acordo com os interesses momentâneos. A lisura do sistema eleitoral brasileiro já foi amplamente comprovada por órgãos competentes, mas o comportamento daqueles que antes descreditavam a democracia e agora se beneficiam dela expõe uma flexibilidade ética preocupante. Isso levanta uma questão fundamental: quantos municípios, no último pleito, não testemunharam esse mesmo tipo de contradição política?
Relatório da Polícia Civil identificou o ex-delegado Heliomar Ataydes Franco como organizador dos protestos antidemocráticos em São Leopoldo, destacando que ele apagou postagens nas redes sociais relacionadas aos atos golpistas. Em sua defesa, Franco, por meio de nota publicada nas redes sociais, afirmou que participou de uma única manifestação, na condição de cidadão, sem exercer autoridade. Alegou não ter identificado lideranças ou atividades ilícitas, descrevendo o evento como um movimento popular e pacífico que buscava transparência e esclarecimentos sobre o resultado eleitoral, e não uma ação “contra as eleições”.
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Em 06 de outubro de 2024, conforme dados oficiais extraídos das urnas eleitorais, Heliomar Ataydes Franco foi eleito prefeito de São Leopoldo para o mandato de 2025-2028, ao obter 51,24% dos votos válidos atribuídos a todos os candidatos.