Direito civil na era digital: a interseção da ia, smart contracts e novas formas de propriedade

04/11/2024 às 12:56
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Resumo

O presente artigo examina o impacto da revolução digital no Direito Civil, com foco em três temas centrais: a responsabilidade civil no contexto da inteligência artificial, o uso da tecnologia blockchain em contratos inteligentes e a proteção da propriedade intelectual e dos bens digitais. A análise aborda os desafios de atribuir responsabilidade por danos causados por sistemas de IA, a necessidade de adaptação da legislação contratual à realidade dos smart contracts e as novas formas de propriedade no mundo digital, aprofundando a análise de cada tema e explorando suas nuances e desafios específicos. O objetivo é contribuir para a compreensão das implicações jurídicas dessas novas tecnologias e para a construção de um arcabouço legal que promova a justiça, a segurança jurídica e a inovação.

Palavras-chave: Inteligência Artificial. Responsabilidade Civil. Contratos Inteligentes. Blockchain. Propriedade Intelectual. Bens Digitais. Direito Civil. Era Digital. Criptomoedas. NFTs. Metaverso. Direito do Consumidor. LGPD. Ética. Governança de Dados.

Abstract

This article examines the impact of the digital revolution on Civil Law, focusing on three central themes: civil liability in the context of artificial intelligence, the use of blockchain technology in smart contracts, and the protection of intellectual property and digital assets. The analysis addresses the challenges of attributing liability for damages caused by AI systems, the need to adapt contract law to the reality of smart contracts, and the new forms of ownership in the digital world, with an in-depth exploration of each topic and its specific nuances and challenges. The objective is to contribute to the understanding of the legal implications of these new technologies and to the construction of a legal framework that promotes justice, legal certainty, and innovation.

Keywords: Artificial Intelligence. Civil Liability. Smart Contracts. Blockchain. Intellectual Property. Digital Assets. Civil Law. Digital Age. Cryptocurrencies. NFTs. Metaverse. Consumer Law. GDPR. Ethics. Data Governance.


Introdução:

A era digital, marcada pela onipresença da internet, da computação em nuvem e de dispositivos inteligentes, inaugurou uma nova fase na sociedade, impactando profundamente as relações interpessoais e, consequentemente, o Direito. As novas tecnologias, com seus avanços exponenciais, têm desafiado os conceitos e paradigmas tradicionais do Direito Civil, demandando uma releitura e atualização constante para garantir a justiça, a segurança jurídica e a adaptação às novas realidades.

Nesse contexto de transformação digital acelerada, três temas emergem como particularmente desafiadores para o Direito Civil: a inteligência artificial (IA), os contratos inteligentes e as novas formas de propriedade. A inteligência artificial, com sua capacidade de simular a inteligência humana e tomar decisões autônomas, levanta questões complexas sobre responsabilidade civil por danos causados por sistemas de IA. Os contratos inteligentes, habilitados pela tecnologia blockchain, desafiam os conceitos tradicionais de contratos e demandam uma adaptação da legislação para garantir sua validade e eficácia. As novas formas de propriedade, como bens digitais e propriedade intelectual, exigem uma revisão dos conceitos tradicionais de posse e propriedade para assegurar sua proteção jurídica adequada.

Este artigo se propõe a analisar esses desafios, explorando a responsabilidade civil no contexto da IA, o uso da tecnologia blockchain em contratos inteligentes, e a proteção da propriedade intelectual e dos bens digitais. A análise buscará aprofundar a compreensão das implicações jurídicas dessas novas tecnologias, identificando os desafios e as oportunidades que elas apresentam para o Direito Civil, e contribuindo para a construção de um arcabouço legal que promova a justiça, a segurança jurídica e a inovação na era digital.


1. A Inteligência Artificial e o Direito Civil

A inteligência artificial (IA) está rapidamente se tornando uma força poderosa na sociedade moderna, impactando diversos setores, desde a saúde e o transporte até as finanças e o entretenimento. Com sua capacidade de processar grandes quantidades de dados, aprender com eles e tomar decisões autônomas, a IA apresenta um potencial transformador sem precedentes. No entanto, essa mesma capacidade também levanta questões complexas sobre responsabilidade, ética e o próprio futuro do trabalho, desafiando o Direito a se adaptar e criar mecanismos para regular o uso dessa tecnologia inovadora.

1.1 Da Ficção Científica à Realidade: Conceitos e Evolução da IA:

A busca por replicar a inteligência humana em máquinas é um sonho antigo da humanidade, presente em mitos e lendas desde a antiguidade. No entanto, a IA como campo de estudo se consolidou apenas em meados do século XX, com o desenvolvimento dos primeiros computadores e a convergência de ideias de diversas áreas, como matemática, lógica, neurociência e filosofia. O termo "inteligência artificial" foi cunhado na Conferência de Dartmouth em 1956, reunindo pesquisadores que compartilhavam o objetivo de criar máquinas capazes de "pensar" como seres humanos.

A partir da década de 1950, a IA passou por períodos de grande entusiasmo e decepção, conhecidos como "verões" e "invernos" da IA. Os "verões" foram marcados por avanços significativos, como o desenvolvimento de programas capazes de jogar xadrez e traduzir idiomas, alimentando grandes expectativas sobre o potencial da IA. No entanto, as limitações da tecnologia e a dificuldade de simular a complexidade da inteligência humana levaram aos "invernos" da IA, com redução do financiamento e estagnação das pesquisas.

Nas últimas décadas, a IA experimentou um renascimento impulsionado por diversos fatores, como o aumento exponencial da capacidade de processamento dos computadores, a disponibilidade de grandes conjuntos de dados (Big Data) e o desenvolvimento de algoritmos mais sofisticados. Técnicas como machine learning e deep learning permitiram que os sistemas de IA aprendessem com dados e tomassem decisões de forma autônoma, abrindo um leque de novas possibilidades e aplicações.

1.2 Machine Learning e Deep Learning: A Ascensão da IA Autônoma:

O machine learning e o deep learning são as principais forças motrizes por trás do recente avanço da IA. Essas técnicas permitem que os sistemas de IA aprendam com dados, identifiquem padrões e tomem decisões de forma autônoma, sem a necessidade de programação explícita.

O machine learning utiliza algoritmos para analisar grandes conjuntos de dados, extrair informações relevantes e fazer previsões ou tomar decisões com base nos padrões identificados. Essa abordagem tem sido aplicada com sucesso em diversas áreas, como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural, detecção de fraudes e diagnóstico médico. Por exemplo, algoritmos de machine learning são utilizados em sistemas de recomendação de produtos em sites de e-commerce, na filtragem de spams em serviços de email e na identificação de rostos em fotos.

O deep learning é um subcampo do machine learning que utiliza redes neurais artificiais com múltiplas camadas para analisar dados complexos. As redes neurais são inspiradas no funcionamento do cérebro humano e são capazes de aprender representações hierárquicas dos dados, permitindo a resolução de tarefas complexas como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural e tradução automática. O deep learning tem impulsionado avanços significativos em áreas como visão computacional, robótica e veículos autônomos.

A capacidade da IA de aprender e tomar decisões autônomas levanta questões importantes sobre responsabilidade civil. Se um sistema de IA causa danos a terceiros, quem deve ser responsabilizado? O fabricante do sistema, o desenvolvedor do algoritmo, o usuário do sistema ou o próprio sistema? As teorias tradicionais de responsabilidade civil, baseadas na culpa, podem se mostrar inadequadas para lidar com a complexidade dos sistemas de IA. Afinal, como determinar a culpa em um sistema que aprende e toma decisões de forma autônoma?

1.3 Aplicações da IA: Transformando a Sociedade e o Direito:

A IA está transformando diversos setores da sociedade, com aplicações que vão desde o diagnóstico médico e a prevenção de fraudes até o desenvolvimento de carros autônomos e a personalização de experiências de consumo. Essa revolução tecnológica também impacta o Direito, demandando uma adaptação do arcabouço legal para regular o uso da IA e garantir a proteção dos direitos individuais.

Na área da saúde, a IA tem sido utilizada para auxiliar no diagnóstico de doenças, como câncer e doenças cardíacas, com maior precisão e rapidez. Algoritmos de IA podem analisar imagens médicas, como radiografias e tomografias, para identificar anomalias e auxiliar os médicos na tomada de decisão. A IA também tem sido utilizada para desenvolver novos medicamentos e terapias, acelerando o processo de pesquisa e desenvolvimento e personalizando os tratamentos para cada paciente.

No setor financeiro, a IA é utilizada para detectar fraudes, prevenir lavagem de dinheiro e automatizar investimentos. Algoritmos de IA podem analisar transações financeiras em tempo real, identificando padrões suspeitos e alertando as instituições financeiras sobre possíveis fraudes. A IA também tem sido utilizada para personalizar serviços financeiros, como recomendações de investimento e gerenciamento de carteiras.

No transporte, a IA está impulsionando o desenvolvimento de carros autônomos, que prometem revolucionar a forma como nos locomovemos. Carros autônomos utilizam sensores, câmeras e algoritmos de IA para perceber o ambiente ao seu redor, tomar decisões de direção e navegar de forma segura e eficiente. Essa tecnologia tem o potencial de reduzir acidentes de trânsito, melhorar o fluxo de tráfego e aumentar a acessibilidade ao transporte.

No entanto, a aplicação da IA também levanta preocupações éticas e sociais. Algoritmos de IA podem refletir vieses presentes nos dados com os quais foram treinados, levando à discriminação em áreas como contratação, crédito e justiça criminal. A substituição de trabalhadores humanos por sistemas de IA também levanta questões sobre o futuro do trabalho e a necessidade de políticas públicas para garantir a transição justa para uma economia impulsionada pela IA.

O Direito precisa se adaptar a essa nova realidade, criando mecanismos para regular o uso da IA e garantir a proteção dos direitos individuais. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo, estabelece regras para o tratamento de dados pessoais, incluindo aqueles utilizados em sistemas de IA. É fundamental que o desenvolvimento e a aplicação da IA sejam guiados por princípios éticos, como transparência, justiça, responsabilidade e não discriminação.

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Capítulo 2: Contratos Inteligentes e a Tecnologia Blockchain: Automatizando as Relações Jurídicas

A tecnologia blockchain tem o potencial de revolucionar a forma como celebramos e executamos contratos, trazendo maior segurança, eficiência e transparência às relações jurídicas. Os contratos inteligentes (smart contracts), habilitados pela blockchain, são programas de computador que automatizam a execução de acordos, eliminando a necessidade de intermediários e reduzindo custos de transação.

2.1 Blockchain: A Tecnologia da Confiança Descentralizada:

A blockchain é uma tecnologia de registro distribuído que permite a criação de um banco de dados seguro, transparente e imutável, compartilhado por uma rede de computadores. Cada bloco na blockchain contém um conjunto de transações e é ligado ao bloco anterior, formando uma cadeia cronológica de registros. A descentralização e a criptografia garantem a segurança e a integridade dos dados armazenados na blockchain, tornando-a uma tecnologia altamente resistente a fraudes e manipulações.

A blockchain ganhou notoriedade com o surgimento das criptomoedas, como o Bitcoin, mas suas aplicações vão muito além do mercado financeiro. A blockchain pode ser utilizada para registrar e autenticar uma variedade de informações, como registros de propriedade, históricos médicos e resultados de eleições. No contexto jurídico, a blockchain tem o potencial de transformar a forma como os contratos são celebrados e executados, dando origem aos contratos inteligentes.

2.2 Contratos Inteligentes (Smart Contracts): Automatizando Acordos e Eliminando Intermediários:

Os contratos inteligentes são programas de computador que automatizam a execução de contratos. Eles são codificados em linguagem de programação e armazenados em uma blockchain, o que garante a sua imutabilidade e transparência. Quando as condições predefinidas no contrato são atendidas, o contrato é automaticamente executado, sem a necessidade de intervenção humana.

Por exemplo, um contrato inteligente pode ser utilizado para automatizar o pagamento de um seguro quando determinadas condições forem atendidas, como a ocorrência de um acidente de carro. O contrato inteligente pode ser programado para acessar dados de sensores no veículo e liberar o pagamento automaticamente se os dados indicarem que ocorreu um acidente.

Os contratos inteligentes oferecem diversas vantagens em relação aos contratos tradicionais, como maior segurança, eficiência e redução de custos. A imutabilidade da blockchain garante que os termos do contrato não possam ser alterados após a sua criação, eliminando o risco de fraude ou manipulação. A automação da execução do contrato reduz a necessidade de intermediários, como advogados e cartórios, agilizando o processo e reduzindo custos de transação. Além disso, a transparência da blockchain permite que todas as partes envolvidas tenham acesso aos termos do contrato e ao histórico de execução.

2.3 Desafios e Considerações Jurídicas sobre os Contratos Inteligentes:

Apesar das vantagens, os contratos inteligentes também apresentam desafios para o Direito. A ausência de um intermediário humano na execução desses contratos exige a criação de mecanismos para garantir a interpretação e a resolução de conflitos. Além disso, a imutabilidade dos registros em blockchain pode gerar dificuldades em caso de necessidade de modificação ou rescisão do contrato.

A legislação contratual precisa se adaptar a essa nova realidade, estabelecendo regras claras para a validade, a interpretação e a execução de contratos inteligentes. É fundamental garantir a segurança jurídica e a proteção dos direitos das partes envolvidas, sem impedir a inovação e o desenvolvimento dessa tecnologia promissora.

Algumas questões que demandam atenção do Direito em relação aos contratos inteligentes incluem:

  • Validade jurídica: Os contratos inteligentes são válidos e eficazes juridicamente? Quais são os requisitos para a sua validade?

  • Formação do contrato: Como se dá a formação do contrato inteligente? Quais são os momentos de sua conclusão e aperfeiçoamento?

  • Interpretação: Como interpretar as cláusulas de um contrato inteligente em caso de ambiguidade ou conflito?

  • Jurisdição e lei aplicável: Qual a jurisdição competente para dirimir conflitos envolvendo contratos inteligentes? Qual a lei aplicável a esses contratos?

  • Responsabilidade por falhas: Quem é responsável por falhas na execução de um contrato inteligente? Como lidar com erros de programação ou vulnerabilidades na blockchain?

2.4 Aplicações e Potencial dos Contratos Inteligentes:

Os contratos inteligentes têm o potencial de revolucionar diversos setores, automatizando processos e reduzindo custos de transação. Algumas áreas com grande potencial de aplicação dos contratos inteligentes incluem:

  • Serviços financeiros: Automatização de pagamentos, empréstimos, seguros e outros serviços financeiros.

  • Cadeia de suprimentos: Rastreamento de produtos, gerenciamento de estoque e automação de pagamentos.

  • Setor imobiliário: Registro de propriedades, transferência de títulos e gerenciamento de aluguéis.

  • Saúde: Gerenciamento de registros médicos, compartilhamento de dados e automação de pagamentos.

  • Votação: Criação de sistemas de votação seguros e transparentes.

À medida que a tecnologia blockchain amadurece e se torna mais acessível, é esperado que os contratos inteligentes se tornem cada vez mais comuns em diversos setores da economia, transformando a forma como as relações jurídicas são conduzidas.


Capítulo 3: Direito de Propriedade e as Novas Formas de Posse: Os Desafios da Era Digital

A era digital trouxe consigo novas formas de propriedade, desafiando os conceitos tradicionais e demandando uma revisão do arcabouço legal para garantir a proteção adequada desses novos bens. Bens digitais, propriedade intelectual e o metaverso apresentam desafios específicos que exigem uma análise cuidadosa e soluções inovadoras.

3.1 Bens Digitais: Criptomoedas, NFTs e o Direito em Território Virtual:

Os bens digitais, como criptomoedas, tokens não fungíveis (NFTs) e outros ativos digitais, representam um novo tipo de propriedade que existe apenas no mundo virtual. A natureza intangível desses bens exige uma reavaliação dos conceitos de posse e propriedade, bem como a criação de mecanismos para garantir sua segurança e proteção contra fraudes.

As criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, são moedas digitais descentralizadas que utilizam criptografia para garantir a segurança das transações e controlar a criação de novas unidades. Elas operam independentemente de bancos centrais e governos, e têm ganhado popularidade como forma de investimento e meio de pagamento. No entanto, a volatilidade do mercado de criptomoedas e a falta de regulamentação clara apresentam riscos para os investidores.  

3.2 Propriedade Intelectual: Protegendo a Criatividade na Era Digital:

A propriedade intelectual, que abrange direitos autorais, marcas, patentes e outros direitos relacionados à criação intelectual, enfrenta novos desafios na era digital. A facilidade de reprodução e distribuição de conteúdo digital torna a proteção da propriedade intelectual ainda mais complexa, exigindo mecanismos eficazes para combater a pirataria, o plágio e garantir a remuneração dos criadores.

Os direitos autorais protegem obras literárias, artísticas e científicas, incluindo livros, músicas, filmes, softwares e obras de arte digital. Na era digital, a pirataria e o compartilhamento ilegal de conteúdo protegido por direitos autorais se tornaram um problema crescente. Sites de torrent, streaming ilegal e redes de compartilhamento de arquivos facilitam o acesso não autorizado a obras protegidas, prejudicando os criadores e a indústria criativa.

Para combater a pirataria, diversas estratégias têm sido implementadas, como a remoção de conteúdo ilegal da internet, o bloqueio de sites que oferecem acesso a conteúdo pirateado e a educação do público sobre a importância de respeitar os direitos autorais. No entanto, a luta contra a pirataria é complexa e exige uma abordagem multifacetada, com a cooperação entre governos, empresas e a sociedade civil.

As marcas identificam e distinguem produtos e serviços no mercado, enquanto as patentes protegem invenções e inovações tecnológicas. Na era digital, a proteção de marcas e patentes se torna ainda mais importante, com o crescimento do comércio eletrônico e a intensificação da competição global. A internet facilita a contrafação de marcas e a violação de patentes, exigindo uma vigilância constante e mecanismos eficazes de repressão.

O software e os algoritmos que impulsionam a IA e outras tecnologias também são objeto de proteção pela propriedade intelectual. A legislação precisa se adaptar para garantir a proteção adequada desses ativos intangíveis, que são essenciais para a inovação e o desenvolvimento tecnológico. No entanto, a natureza complexa do software e a rapidez da evolução tecnológica tornam a proteção da propriedade intelectual no campo da tecnologia um desafio constante.

3.3 O Metaverso: Um Novo Universo de Desafios Jurídicos:

O metaverso, um ambiente virtual imersivo que permite a interação social, o entretenimento e a realização de negócios, apresenta novos desafios para o Direito. A criação de avatares, a aquisição de bens virtuais e a realização de transações no metaverso demandam uma regulamentação específica para garantir a segurança jurídica e a proteção dos direitos dos usuários.

A identidade digital no metaverso é um tema complexo. Como garantir a autenticidade e a privacidade dos usuários em um ambiente virtual? Como prevenir o roubo de identidade e a fraude? A legislação precisa se adaptar para lidar com essas questões e garantir a segurança dos usuários no metaverso.

A propriedade de bens virtuais no metaverso também levanta questões jurídicas importantes. Como garantir a propriedade e a transferência de bens virtuais? Como proteger os direitos dos criadores de conteúdo no metaverso? É necessário desenvolver um arcabouço legal que garanta a segurança jurídica e a proteção dos direitos de propriedade no metaverso.

A realização de transações no metaverso também exige atenção do Direito. Como garantir a validade e a segurança de contratos celebrados no metaverso? Como resolver conflitos e disputas que surjam nesse ambiente virtual? É preciso desenvolver mecanismos de resolução de disputas adequados à realidade do metaverso.

O metaverso ainda está em seus estágios iniciais de desenvolvimento, mas seu potencial de transformar a sociedade é enorme. O Direito precisa acompanhar essa evolução, criando um arcabouço legal que promova a inovação, a segurança jurídica e a proteção dos direitos dos usuários.


Capítulo 4: Considerações Finais e Perspectivas Futuras

A revolução digital está redefinindo as relações sociais, econômicas e jurídicas, demandando uma constante adaptação do Direito Civil para garantir a justiça, a segurança jurídica e a proteção dos direitos individuais nesse novo cenário. A inteligência artificial, os contratos inteligentes e as novas formas de propriedade apresentam desafios e oportunidades sem precedentes para o Direito, exigindo uma análise cuidadosa e soluções inovadoras.

A inteligência artificial, com sua capacidade de aprender e tomar decisões autônomas, levanta questões complexas sobre responsabilidade civil. A atribuição de culpa por danos causados por sistemas de IA é um desafio, demandando novas abordagens e mecanismos para garantir a responsabilização adequada. A complexidade dos sistemas de IA e a dificuldade de compreender seu processo decisório tornam a aplicação das teorias tradicionais de responsabilidade civil um desafio. É necessário desenvolver novas teorias e mecanismos que levem em consideração a autonomia e a complexidade da IA.

Os contratos inteligentes, habilitados pela tecnologia blockchain, oferecem um novo paradigma para a celebração e execução de contratos, com vantagens como segurança, eficiência e transparência. No entanto, a imutabilidade e a ausência de intervenção humana nos contratos inteligentes exigem uma adaptação da legislação para garantir a flexibilidade e a resolução de conflitos. É preciso estabelecer regras claras para a validade, a interpretação e a execução de contratos inteligentes, garantindo a segurança jurídica e a proteção dos direitos das partes envolvidas.

As novas formas de propriedade, como bens digitais e propriedade intelectual, desafiam os conceitos tradicionais de posse e propriedade, demandando uma revisão do arcabouço legal para garantir sua proteção adequada. A natureza intangível dos bens digitais e a facilidade de reprodução de conteúdo digital exigem mecanismos inovadores para proteger os direitos dos titulares. É necessário desenvolver um arcabouço legal que reconheça e proteja os bens digitais, garantindo sua segurança e a possibilidade de sua transmissão e herança.

O Direito Civil precisa se adaptar a essa nova realidade, construindo um arcabouço legal flexível e abrangente que acompanhe as constantes inovações tecnológicas. A interdisciplinaridade entre Direito e Tecnologia se torna cada vez mais importante para a construção de soluções eficazes e inovadoras. É fundamental que o Direito promova a ética, a transparência e a responsabilidade no uso das novas tecnologias, garantindo que elas sejam utilizadas para o bem da humanidade. A participação da sociedade em debates sobre o futuro da tecnologia é essencial para garantir que as inovações sejam guiadas por valores humanos e promovam uma sociedade mais justa e equitativa.


Referências Bibliográficas:

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    https://epublications.marquette.edu/zuckerberg_files_transcripts/1469

Sobre o autor
Silvio Moreira Alves Júnior

Advogado; Especialista em Direito Digital pela FASG - Faculdade Serra Geral; Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela FASG - Faculdade Serra Geral; Especialista em Direito Penal pela Faculminas; Especialista em Compliance pela Faculminas; Especialista em Direito Civil pela Faculminas; Especialista em Direito Público pela Faculminas. Doutorando em Direito pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales – UCES

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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