Racismo Estrutural: Quando a Lei Não Basta!

05/12/2024 às 16:11

Resumo:


  • A relação entre leis e vida é dinâmica e paradoxal, com as leis moldando a vida e a vida influenciando as leis.

  • No Brasil, apesar da existência de leis como a Lei de Cotas, o racismo estrutural persiste, refletindo desigualdades históricas.

  • A implementação de leis que visam à igualdade, como as cotas raciais, enfrenta resistência e limitações, levantando a necessidade de estratégias eficazes para garantir sua efetiva implementação.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

A relação entre leis e vida é um ciclo dinâmico e paradoxal: as leis mudam a vida, mas, ao mesmo tempo, a vida molda as leis. Esse diálogo contínuo transforma realidades, desafia estruturas e reflete as necessidades de uma sociedade em constante evolução.

No Brasil, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art. 5º, caput, estabelece que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Além disso, o art. 5º, XLII, define que o racismo é crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Para regulamentar esse dispositivo, foi criada a Lei Federal nº 7.716/1989, que especifica os crimes de preconceito de raça ou cor.

Ainda assim, o racismo estrutural persiste, agindo como uma força invisível que perpetua desigualdades históricas. Ele não se limita a ações individuais, mas está embutido nas instituições, nas políticas públicas ineficazes e nas práticas sociais cotidianas. Apesar da criação de leis importantes, como a Lei Federal nº 12.711/2012 (Lei de Cotas), que reserva vagas para estudantes negros, indígenas e de baixa renda em instituições de ensino superior, a aplicação dessas normas enfrenta resistência e limitações.

Essa relação paradoxal fica evidente quando analisamos a implementação das cotas raciais. Embora tenham ampliado o acesso de grupos historicamente excluídos à educação superior, essas políticas ainda não erradicaram as barreiras impostas pelo racismo estrutural. A desigualdade permanece evidente nos dados que mostram a disparidade no acesso a oportunidades de trabalho, na distribuição de renda e até na violência racial.

O art. 3º, inciso III, da Carta Maior de 1988, estabelece como objetivo fundamental da República “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. No entanto, sem uma mudança efetiva nas estruturas de poder e privilégio, a promessa de igualdade continua sendo apenas uma aspiração distante.

É preciso reconhecer que, enquanto as leis podem influenciar a vida, é a vida, com suas demandas e lutas, que força as leis a se reinventarem. Por exemplo, a mobilização social que culminou na aprovação da Lei Federal nº 10.639/2003, que inclui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, demonstra como a vivência coletiva é o motor das mudanças legislativas.

Esse cenário levanta reflexões urgentes: 1) Por que as leis que visam à igualdade nem sempre geram mudanças reais na vida cotidiana? 2) Quais estratégias podem ser adotadas para garantir que as leis sejam efetivamente implementadas? e 3) Como a sociedade civil pode continuar pressionando por mudanças que enfrentem o racismo estrutural de forma profunda e duradoura?

A luta contra o racismo no Brasil exige mais do que legislação. Ela demanda um esforço conjunto de governos, instituições e sociedade para enfrentar as raízes históricas da desigualdade. É necessário perguntar: estamos realmente comprometidos com a mudança estrutural que as leis prometem? Afinal, leis podem mudar vidas, mas a vida, com sua complexidade e pluralidade, é quem dita o rumo de um verdadeiro progresso.

Sobre o autor
Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Leia seus artigos favoritos sem distrações, em qualquer lugar e como quiser

Assine o JusPlus e tenha recursos exclusivos

  • Baixe arquivos PDF: imprima ou leia depois
  • Navegue sem anúncios: concentre-se mais
  • Esteja na frente: descubra novas ferramentas
Economize 17%
Logo JusPlus
JusPlus
de R$
29,50
por

R$ 2,95

No primeiro mês

Cobrança mensal, cancele quando quiser
Assinar
Já é assinante? Faça login
Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Colabore
Publique seus artigos
Fique sempre informado! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos