Há uma diferença que vai distinguir o pedófilo do molestador a julgar pela sua crueldade como a conduta sexual é externada, embasada pelo comportamento indiferente do algoz em relação aos aspectos de certo e errado, ou seja, inexiste qualquer expressão no que se refere às emoções advindas de sua conduta, centrando-se apenas pela busca impulsiva de satisfação de sua libido.
É de suma importância distinguir ambos contextos pois um pedófilo sempre é um molestador, mas um molestador nem sempre é um pedófilo.
Em geral, o pedófilo reduz a sua vitima a um objeto, algo passível de manipulação, degradação e consequentemente descarte. O prazer do pedófilo só se é alcançado através dos atos sexuais que vão envolver crianças e adolescentes. A dificuldade de controlar a compulsão existente no agir do pedófilo se apresenta como o fator de maior vulnerabilidade para a ocorrência de condutas criminosas com abrangência médico-legal.
Ao lado disso, há ainda, diversos outros elementos que vão contribuir para o desenvolvimento patológico do transtorno sexual em comento, dentre aqueles pode-se mencionar o alto nível de testosterona, a incapacidade em manter relação conjugal estável e traumatismo crânio encefálico.
"Retardo mental, psicoses, abuso de álcool e substâncias psicoativas, reincidência de crimes sexuais e transtornos da personalidade, representam também, um escopo de vulnerabilidade para as condutas sexuais criminosas". - SERAFIM, Antônio de Pádua. Pedófilia: Da Fantasia ao Comportamento Sexual Violento. Disponível em: <https://aps.bvs.br/lis/resource/?id=21931> Acesso em: 12/12/2024.
No passo em que, o molestador pratica os atos cruéis sem frequência ou premeditadamente a uma pessoa, por outro lado, os atos que externam a conduta do pedófilo são, via de regra, meticulosamente premeditados e se dão de forma reiterada, persistente, contínua.
Além disso, a fantasia e os desejos desenvolvidos pelo pedófilo não os acusa internamente de uma culpa, não se sentem culpados internamente por seus atos. (FERNANDEZ; FERNANDEZ, 2007, p 05-06. Estão protegidos na psique do agressor pelas distorções cognitivas, especialmente a justificação e a projeção, que lhe permite não sentir sentimentos de culpa ou mal-estar pela prática do abuso.)
Deste modo, chegamos a conclusão de que a manifestação da violência sexual constitui uma parte de grande relevância em crimes considerados mais sérios, já que podem ser o canal que externa as espécies mais gravosas do homicídio, acompanhado de alta carga de desumanidade. O crime de pedofilia é um crime cruel, um crime de extremo sadismo. O agressor assassina e mutila sua vitima ainda em vida e ela nunca mais será a mesma, apenas com o propósito de provocar gratificação sexual, sendo aqui o seu prazer adquirido pela violência e não pelo ato sexual em si. Nem sempre haverá um ato sexual provindo do pedófilo mas sempre haverá uma violência por trás de tudo, seja verbal, física ou psicológica, mas de todas, a vitima sempre sairá "morta dentro de si mesma". (SANTOS; Railandia da Silva. p48. Pedofilia e Suas Consequências a Vitima: Fatores de Risco e Danos Sofridos pela Omissão do Estado).