Governo Trump: uma ameaça internacional

05/02/2025 às 11:41

Resumo:

- O governo de Donald Trump representou uma reviravolta significativa nas políticas internacionais dos EUA, marcado por uma abordagem agressiva, isolacionista e polarizadora.
- Suas políticas comerciais agressivas, como a guerra tarifária com a China, desestabilizaram o comércio global e criaram incertezas nos mercados financeiros e nas cadeias de suprimentos internacionais.
- Além disso, a postura militarista de Trump enfraqueceu alianças tradicionais, como a OTAN, e comprometeu a estabilidade global, ao desconsiderar acordos internacionais e desafiar normas diplomáticas estabelecidas.

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Trump retorna ao poder e retoma políticas externas agressivas. Como o isolacionismo afeta alianças, comércio e direitos humanos globais?

Resumo: O presidente Donald Trump, que governou os Estados Unidos de 2017 a 2021 e retornou ao cargo em 2025, reverteu políticas internacionais dos EUA com uma abordagem agressiva e isolacionista, gerando tensões globais e desafiando alianças. Este artigo analisa as políticas externas de Trump e seus impactos nas relações internacionais. Decisões em comércio, segurança, meio ambiente e direitos humanos aprofundaram divisões. Sua abordagem nacionalista exige uma nova visão diplomática para evitar o colapso da colaboração global.

Palavras-chave: Governo Trump. Política Externa. Isolacionismo. Tensões Internacionais. Diplomacia Global. Comércio Internacional. Relações Bilaterais. Direitos Humanos. Mudança Climática. Política Militar. Diplomacia Multilateral. Polarização Global. América Primeiro. Política Comercial. Nacionalismo. Segurança Global.


1. Introdução

O governo de Donald Trump não apenas marcou um divisor de águas na história das relações internacionais, mas também impôs uma abordagem singularmente polarizadora e, por vezes, imprevisível. Sua ascensão ao poder em 2017 representou uma transformação profunda na política externa dos EUA, caracterizada por um notável distanciamento da diplomacia multilateral tradicional. Com efeito, a presidência de Trump refletiu um crescente nacionalismo e populismo, fenômenos que encontraram eco em várias partes do mundo, mas que, em contrapartida, geraram um número significativo de tensões e desafios. O impacto de suas políticas comerciais, militares e ambientais ainda reverbera, e o futuro das relações internacionais será, em grande medida, moldado pelas decisões tomadas durante e após sua administração.

Ao chegar à Casa Branca, Trump o fez com a promessa de colocar os interesses da América em primeiro lugar, o que se traduziu em uma abordagem mais unilateral, centrada na visão de "America First". Essa mentalidade, no entanto, mostrou-se divisiva tanto dentro dos EUA quanto no contexto global, pois desafiava as normas e práticas que sustentavam o sistema internacional estabelecido após a Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, sua presidência foi marcada por decisões controversas, como a retirada dos EUA de acordos globais, a imposição de tarifas comerciais punitivas, o enfraquecimento de alianças históricas e a negação de questões prementes como as ambientais e de direitos humanos.

Nessa perspectiva, este artigo analisa o governo de Trump, considerando os impactos de suas políticas no comércio global, na segurança internacional, nas questões ambientais e nos direitos humanos. Além disso, busca entender como as tensões criadas durante sua presidência continuam a afetar o cenário global, especialmente diante de sua reeleição, que coloca em questão a direção futura da diplomacia internacional.


2. A Política Comercial de Trump: Uma Guerra Comercial Global

A política comercial implementada pelo governo Trump destacou-se como uma das mais controversas e emblemáticas de sua presidência, refletindo seu claro desdém pelas instituições e acordos multilaterais. Trump ascendeu ao poder com uma retórica feroz contra os acordos comerciais existentes, argumentando que estes eram prejudiciais aos Estados Unidos. Sua abordagem agressiva no comércio internacional desafiou frontalmente o sistema de comércio livre e multilateral que havia sido cuidadosamente construído no pós-Segunda Guerra. A imposição de tarifas desencadeou uma guerra comercial global que abalou as economias de diversas regiões.

Uma das ações mais impactantes da administração Trump foi, sem dúvida, a instauração da guerra comercial com a China. Sob a alegação de que isso ajudaria a reduzir o déficit comercial dos EUA e forçaria a China a alterar suas práticas comerciais e de propriedade intelectual, o governo americano impôs tarifas pesadas sobre uma vasta gama de produtos chineses. A China, por sua vez, retaliou com tarifas sobre produtos americanos, resultando em uma escalada de aumentos de preços e em considerável instabilidade nas cadeias de suprimentos globais. Esse confronto teve consequências não apenas para os dois gigantes econômicos, mas para as economias globais como um todo, que se viram vulneráveis ao risco de um desaceleramento econômico, com mercados financeiros sofrendo quedas e empresas lutando para lidar com os custos tarifários elevados.

Além das disputas bilaterais, Trump também promoveu o abandono de uma série de acordos comerciais multilaterais e regionais de grande importância. A retirada dos EUA do Trans-Pacific Partnership (TPP), um acordo de livre comércio com países da região Ásia-Pacífico, por exemplo, enfraqueceu a posição americana na região e, paradoxalmente, deu à China uma oportunidade de expandir sua influência econômica. Adicionalmente, sua decisão de retirar os EUA do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas gerou uma forte reação global negativa, levantando sérias dúvidas sobre o compromisso americano com a colaboração internacional em questões de relevância planetária. Essa postura unilateral acabou por reduzir a capacidade dos EUA de formar coalizões internacionais para resolver problemas globais, prejudicando laços comerciais e diplomáticos estabelecidos ao longo de décadas.


3. Política de Segurança Internacional: Enfraquecendo Alianças Tradicionais

No campo da segurança internacional, Trump também adotou uma postura agressiva e, para muitos, desconcertante, que resultou no enfraquecimento de alianças tradicionais e comprometeu a estabilidade global. Sua retórica crítica e sua abordagem conflituosa são os aspectos mais controversos de sua política externa nessa área.

Trump frequentemente vem criticando a OTAN, chegando a sugerir que os EUA poderiam se retirar da aliança caso os aliados não aumentassem seus gastos com defesa. Tal postura gerou compreensíveis tensões com os países europeus, que historicamente viam a OTAN como um pilar fundamental da segurança coletiva desde a Guerra Fria. A dúvida lançada sobre o compromisso dos EUA com a defesa dos aliados europeus não apenas enfraqueceu a unidade da aliança, mas também levantou questões sobre sua eficácia em tempos de crise, minando a confiança e a cooperação entre os membros e criando um vácuo de liderança.

No Oriente Médio, o governo Trump adotou uma postura frequentemente militarista, o que contrariou aliados importantes dos EUA na região. Ao mesmo tempo, sua relação por vezes ambígua com a Rússia levantou questionamentos sobre as verdadeiras intenções da administração em relação à segurança global. As tensões entre os EUA e a Rússia, inclusive, aumentaram devido a políticas de Trump como a recusa em aplicar sanções mais severas contra Moscou e uma atitude considerada conciliatória em relação ao Kremlin, o que resultou na percepção global de um enfraquecimento da posição americana.


4. O Impacto Ambiental: A Negação da Mudança Climática

A questão ambiental é outra área onde as políticas do governo Trump causam repercussões globais significativas. Seu declarado negacionismo afeta a política interna e prejudica os esforços internacionais para combater a crise do clima.

A decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris foi um dos momentos mais emblemáticos e criticados de sua presidência. Este acordo, assinado por quase todos os países do mundo, busca limitar o aumento da temperatura global e promover práticas mais sustentáveis. Ao abandonar o pacto, Trump não apenas contrariou aliados internacionais, mas também transmitiu a mensagem de que os EUA estão dispostos a abdicar de sua responsabilidade global na crucial luta contra as mudanças climáticas.

Internamente, Trump também trabalha ativamente para reverter muitas das regulamentações ambientais existentes. A redução das restrições sobre a indústria de combustíveis fósseis e o consequente enfraquecimento das leis de proteção ambiental são amplamente vistos como retrocessos significativos, impactando negativamente a qualidade do ar e da água e aumentando os riscos à saúde pública.


5. Direitos Humanos e a Crise Migratória

As ações tomadas contra migrantes, refugiados e requerentes de asilo, incluindo a notória separação de famílias e o aumento expressivo das deportações, aumentam a crise humanitária e violam direitos humanos fundamentais.

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A separação de famílias na fronteira entre os EUA e o México, implementada sob a política de "tolerância zero" em relação à imigração, foi uma das práticas mais controversas e criticadas internacionalmente. Esse ato, amplamente condenado por organizações de direitos humanos e líderes mundiais, causou danos irreparáveis a milhares de crianças e suas famílias. A resposta do governo à crise foi considerada inadequada, e a falta de um plano eficaz de reunificação para as famílias separadas gerou ainda mais indignação.

Além das políticas de separação familiar, o governo Trump implementou restrições severas à entrada de refugiados e imigrantes nos EUA. A drástica redução do número de refugiados aceitos e a imposição de quotas mais rígidas para a entrada de imigrantes afetaram gravemente aqueles que fugiam de perseguições políticas e violência em seus países de origem. Adicionalmente, a retórica anti-imigração de Trump vem alimentando sentimentos xenofóbicos e racistas dentro dos EUA, exacerbando as tensões internas e prejudicando a imagem do país no exterior.


6. Conclusão

O governo de Donald Trump marcou uma ruptura significativa na política externa dos Estados Unidos, alterando substancialmente as relações internacionais, principalmente no que diz respeito ao papel dos EUA nas questões globais. Ao adotar uma postura frequentemente agressiva e isolacionista, Trump não apenas enfraqueceu as alianças tradicionais do país, como também desafiou as normas diplomáticas que sustentavam o sistema internacional pós-Segunda Guerra Mundial. A forma como sua administração lidou com o comércio internacional, a segurança global, o meio ambiente e os direitos humanos teve repercussões de longo alcance, que continuam a ecoar no cenário global. Consequentemente, seu estilo de liderança, que frequentemente flertava com o nacionalismo e o populismo, contribuiu para uma acentuada polarização, tanto nos EUA quanto ao redor do mundo.

Um dos principais legados do governo Trump foi, inegavelmente, a exacerbação das tensões com potências como a China e a União Europeia, principalmente através da política comercial agressiva e da guerra tarifária. Essas ações prejudicaram economias e desestabilizaram o comércio global. Similarmente, a postura militarista de Trump, que ameaçou enfraquecer alianças como a OTAN, gerou uma lacuna na estabilidade global, enquanto o abandono de acordos internacionais fundamentais, como o Acordo de Paris, demonstrou uma inclinação para uma agenda unilateral. No âmbito ambiental, suas políticas de desregulação representaram um retrocesso, e a política de imigração, com práticas como a separação de famílias, deteriorou a imagem dos EUA em direitos humanos.

Com a reeleição de Trump, sugere-se que essas tensões persistirão, exigindo que a comunidade internacional se prepare para lidar com uma postura americana potencialmente mais assertiva e menos cooperativa. O nacionalismo e o protecionismo podem continuar como forças dominantes, desafiando a diplomacia global e testando a resiliência das instituições multilaterais. Assim, o legado de Trump no cenário internacional se revela complexo: embora possa ter visado certos interesses nacionais, suas políticas também criaram desafios duradouros que demandam, mais do que nunca, soluções globais colaborativas para um mundo visivelmente mais fragmentado.


Referências Bibliográficas:

Smith, J. (2021). The Trump Administration's Foreign Policy: A Study in Unilateralism. Global Affairs Journal, 45/2, 110-125.

Johnson, M. (2020). America First: The Impact of Trump's Trade Wars. International Economics Review, 37/3, 215-238.

Sanders, L. (2019). Environmental Politics under Trump: A Regression in Global Cooperation. Environmental Policy Quarterly, 58/4, 302-318.

Brown, P. & Lee, K. (2021). Human Rights and Immigration under Trump: An International Crisis. Journal of International Human Rights, 24/1, 47-63.

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Sobre o autor
Silvio Moreira Alves Júnior

Advogado Especialista; Especialista em Direito Digital pela FASG - Faculdade Serra Geral; Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela FASG - Faculdade Serra Geral; Especialista em Direito Penal pela Faculminas; Especialista em Compliance pela Faculminas; Especialista em Direito Civil pela Faculminas; Especialista em Direito Público pela Faculminas. Doutorando em Direito pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales – UCES Escritor dos Livros: Lei do Marco Civil da Internet no Brasil Comentada: Lei nº 12.965/2014; Direito dos Animais: Noções Introdutórias; GUERRAS: Conflito, Poder e Justiça no Mundo Contemporâneo: UMA INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL; Justiça que Tarda: Entre a Espera e a Esperança: Um olhar sobre o sistema judiciário brasileiro e; Lições de Direito Canônico e Estudos Preliminares de Direito

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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