Orar e acreditar!

06/03/2025 às 15:59
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Num mundo bastante sombrio, necessário se faz falarmos sobre a fé e a oração. O Evangelho narrado por Lucas (cap. 18,1-8) fala sobre o poder da Fé e da oração.

Neste Evangelho Jesus nos traz a imagem de uma viúva. O que é uma viúva? Ora, viúva é uma mulher cujo marido tinha morrido. No Evangelho Cristo nos conta que numa cidade havia um Juiz, que era injusto, e uma mulher, que era viúva. Cristo conta uma história em que a mulher nada tinha, nem mesmo o marido! Sozinha para criar seu filho, ela procurou maneiras de sustentar-se, mas foi em vão.

Na lógica humana a viúva não tinha alternativa senão a de acreditar na própria sorte, pois sendo sozinha jamais o juiz lhe daria justiça. Entretanto, a viúva do Evangelho não se abateu, lutando por aquilo que era justo. A viúva deve ter batido não apenas uma vez na porta do juiz, mas pelo relato do Evangelho, bateu várias vezes, a ponto do Juiz se sentir com medo de ser agredido. Nada mais restava à pobre mulher, pois para viver uma vida digna era necessário buscar a justiça. Só que a justiça ficava a cargo do já citado juiz, o injusto.

A nossa fé precisa ser condizente com a vontade de Deus. O mundo pode até nos fazer chorar, mas Deus nos quer sorrindo, já dizia a canção. A fé deve vir acompanhada da paciência.

Prossegue o Evangelho relatando que, no final, mesmo sendo iníquo, o Juiz atendeu e fez justiça para com a viúva, eis que já estava cansado de ser aborrecido por ela. Apesar de ser iníquo, por vias oblíquas, o juiz acabou fazendo justiça. A determinação daquela pobre viúva fez o injusto a fazer justiça! O que esperar então do nosso Deus que é a verdadeira Justiça?

Deve ser observado que o juiz ficou medo de ser agredido pela pobre viúva. Isto demonstra que a injustiça gera a opressão e a opressão é o fio condutor da violência.

Ao final do Evangelho, Cristo faz uma pergunta preocupante “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?”

Ora, às vezes o mundo parece sombrio. Às vezes, nossa fé é testada. Às vezes, sentimos que os céus estão fechados para nós. O que dizer de tantas tragédias que acabam ficando impunes? O que dizer de uma represa que arrebenta e inunda várias cidades com sua lama, levando morte em seu caminho de destruição? O que dizer do desabamento de uma ponte construída na década de 60, ligando o Estados do Tocantins e Maranhão e que nunca foi manutenida, sendo agora caiu, causando uma tragédia profunda, ceifando vidas de inocentes? O que leva um ser humano, utilizando de bombas e armas, a aniquilar a vida de centenas de outros seres humanos, só pelo simples fato de divergência de ideias? O que leva uma pessoa a viver numa violência sem fim?

A pobre viúva uniu a oração com a ação. Por ter uma fé sólida, ela acredita, insiste, vai à luta. Quando Cristo vier não haverá lugar para uma fé que nada constrói e nem agrega.

O mundo parece realmente sombrio quando o verdadeiro motivo da escuridão pode ser a nossa falta de fé.

A nossa fé está diminuindo porque em muitas ocasiões depositamos mais confiança em nós mesmos que em Deus. Muitos acham que a independência intelectual; a prosperidade; a aquisição de cargos políticos, cargos na igreja e na sociedade já basta. Tudo isso pode levar a pessoa a confiar em si mesmo, em vez de confiar no Senhor.

O próprio Cristo já acenava para uma diminuição da fé. Em Mateus 24.12 Cristo nos fala que o amor diminuiria nos fins dos tempos. Muitos, inclusive, falam que esse parece ser um dos sinais da iminente volta de Jesus: a falta de fé e a falta de amor. Na segunda Carta a Timóteo, Paulo nos fala que nos últimos dias os homens seriam amantes de si.

Portanto, a pergunta de Jesus continua viva, mas não devemos nos desesperar. Nunca devemos abandonar nossa fé. Não devemos perder a esperança.

“A paciência é amarga, mas seus frutos são doces”, já dizia o filósofo.

Devemos lembrar das palavras de Cristo: “Tudo é possível ao que crê”. Noutra parte, “aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas.”

Infelizmente, à medida que se aproxima da volta de Cristo, o mal se torna cada vez pior, de modo que muitos que vivem nas Igrejas se distanciarão da fé em Cristo. O que devemos sempre perguntar é: será que estou perseverando na fé? Será que estou firme na oração? Estou buscando a Deus para que a Justiça prevaleça sobre tudo? Lembram-se que a viúva do Evangelho só estava querendo justiça?

Agora vamos tentar responder à pergunta do Mestre. “Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na Terra?” Se realmente vivermos a Eucaristia, a resposta à pergunta que o Salvador fez há dois mil anos será um retumbante: Sim, Ele vai encontrar fé! Isto porque a Igreja, enquanto depositária dos mistérios salvíficos de Cristo, tem a grande missão de fazer com que todos os homens e mulheres possam participar do Corpo Místico de Cristo.

Só que, para participar desse Corpo Místico de Cristo, precisamos da fé a cada instante, a cada momento. Devemos ter em mente a fé é graça de Deus, é dom de Deus. Gratia facit fidem, diz Santo Tomás. A graça cria e recria a Fé em cada momento.

Mas não nos esqueçamos das palavras do Mestre: “No mundo tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo!”

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Que este tempo quaresmal nos leve a ter fé e mais intimidade (orações) com o nosso Salvador!

Sobre o autor
Luiz Francisco de Oliveira

Mestre em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos pela Universidade Federal do Tocantins. Atualmente é Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Tocantins. Promotor Eleitoral da 25ª Zona Eleitoral (TRE/TO). Professor Universitário da Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS). Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário de Sete Lagoas (1997). É pós graduado em Direito em Administração Pública. Pós graduado em Direito Processual Civil. Pós graduado em Direito de Família. Exerceu o cargo de Advogado da União (AGU) na Procuradoria da União em Minas Gerais. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Público. Ex-Membro Titular do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial e Estabelecimentos Prisionais do Estado do Tocantins.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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