VIII. Conclusão: A Proteção das Prerrogativas da Advocacia no Sistema Judiciário: Um Desafio Contínuo e Necessário
A defesa das prerrogativas dos advogados no âmbito do sistema judiciário brasileiro representa uma questão de fundamental importância para a manutenção da democracia, da ordem jurídica e da justiça. A Constituição Federal de 1988, ao garantir de forma expressa essas prerrogativas, visou assegurar que a advocacia fosse exercida com plena liberdade, sem constrangimentos ou obstáculos, para que o direito de defesa e o contraditório fossem efetivamente respeitados em qualquer processo judicial. As prerrogativas, assim, não são privilégios de uma classe profissional, mas sim garantias constitucionais fundamentais para a efetividade da justiça e para a legitimidade das decisões judiciais. Portanto, a violação dessas prerrogativas compromete diretamente a credibilidade e a imparcialidade do sistema judiciário como um todo.
No entanto, as dificuldades práticas no dia a dia da advocacia e os desafios institucionais enfrentados pelos advogados mostram que o respeito às suas prerrogativas não é algo dado por automático, mas um objetivo constante que precisa ser perseguido de forma ativa, colaborativa e contínua. Mesmo com os avanços legislativos e as várias vitórias jurídicas conquistadas ao longo dos anos, muitos juízes, autoridades judiciais e até partes processuais ainda têm uma compreensão limitada do real significado e da importância das prerrogativas da advocacia. Por isso, o respeito e a defesa dessas prerrogativas não podem ser encarados como uma simples questão teórica ou acadêmica, mas como uma batalha diária e uma responsabilidade compartilhada entre advogados, magistrados, promotores e toda a sociedade civil.
1. O Papel Fundamental da OAB na Defesa das Prerrogativas dos Advogados
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como instituição representativa da classe, desempenha um papel essencial na proteção e promoção das prerrogativas da advocacia. Ela não apenas atua como uma guardião das prerrogativas dos advogados, mas também como um agente proativo de transformação social, buscando que essas prerrogativas sejam compreendidas, respeitadas e, quando necessário, defendidas judicialmente. A OAB tem uma atuação multifacetada, que inclui desde o monitoramento das condições em que os advogados trabalham, até a atuação jurídica em tribunais superiores, buscando garantir o cumprimento dos direitos e deveres dos profissionais da advocacia. Em diversas ocasiões, a OAB tem sido a responsável por mobilizar o sistema judiciário, por meio de ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) e outros meios legais, sempre com o objetivo de assegurar a imparcialidade e a integridade do processo judicial.
Além disso, a OAB contribui, de forma contínua, para o fortalecimento do Estado de Direito, realizando campanhas educacionais para advogados e para a sociedade em geral, com o intuito de sensibilizar todos sobre a importância do respeito às prerrogativas dos advogados. O trabalho da Ordem é fundamental para criar uma cultura jurídica de respeito mútuo, onde as prerrogativas da advocacia sejam vistas como um pilar central do sistema judicial e não como um obstáculo à administração da justiça.
2. Desafios Persistentes e a Necessidade de Continuidade na Luta
Apesar dos avanços em termos de legislação e jurisprudência, a violação das prerrogativas ainda é uma realidade cotidiana para muitos advogados, especialmente em tribunais de primeira instância, onde há maior informalidade e, em alguns casos, resistência ao cumprimento das normas processuais. Isso é evidenciado pela dificuldade no acesso aos autos, pela intimidação de advogados em audiências, ou pela indevida restrição do direito de defesa, práticas que comprometem diretamente a igualdade entre as partes e a efetividade da justiça. Não é raro também que advogados enfrentem retaliações por exercerem sua função de forma independente, o que agrava ainda mais o cenário de distorção das prerrogativas.
Outro desafio significativo é a falta de uniformidade nas decisões judiciais, o que pode gerar insegurança jurídica e incertezas quanto aos direitos dos advogados em determinadas situações. Essa diversidade de interpretações e a resistência de algumas figuras do poder judiciário à autonomia da advocacia geram um ambiente onde, muitas vezes, os advogados precisam lutar para assegurar o cumprimento de suas prerrogativas constitucionais. O cenário é ainda mais complexo em processos que envolvem temas sensíveis ou de grande repercussão, onde a pressão externa pode influenciar as decisões judiciais de forma a prejudicar a independência da defesa.
Portanto, a defesa das prerrogativas da advocacia não é um desafio isolado, mas um processo contínuo que envolve todos os atores do sistema judiciário: advogados, juízes, promotores e o próprio legislativo. Em última análise, a garantia do direito de defesa e o respeito ao contraditório são valores que devem ser preservados em todas as fases do processo judicial, sem exceção. A OAB, nesse contexto, deve continuar sua luta não só em defesa de seus membros, mas pelo fortalecimento do sistema de justiça como um todo, que deve garantir a igualdade de tratamento para todas as partes envolvidas no processo, em especial os advogados, que desempenham um papel central na manutenção da ordem jurídica.
3. A Importância da Formação e Educação Jurídica para o Cumprimento das Prerrogativas
Um dos pontos essenciais para o cumprimento das prerrogativas da advocacia é a educação contínua tanto de advogados quanto de magistrados. A capacitação profissional não deve se restringir apenas ao aprendizado técnico sobre a lei, mas deve também incluir uma forte ênfase no respeito às normas processuais e nas garantias constitucionais, o que envolve a conscientização de todos os envolvidos sobre a importância do papel do advogado dentro do sistema de justiça. A OAB tem se dedicado a essa causa por meio de cursos, seminários, e outras ações educativas, tanto para advogados quanto para juízes, com o intuito de construir uma cultura de respeito mútuo.
Além disso, a educação jurídica deve também englobar ações preventivas, visando reduzir a incidência de violações das prerrogativas por parte de juízes e outras autoridades judiciárias. A formação de uma nova geração de magistrados e advogados que compreendam plenamente o significado das prerrogativas e sua relevância para a justiça é um passo necessário para que as prerrogativas dos advogados sejam respeitadas de maneira consistente e integral.
4. Conclusão Final: A Luta pela Efetividade das Prerrogativas da Advocacia
Em conclusão, a proteção das prerrogativas da advocacia no Brasil é um desafio contínuo, mas de extrema importância para o funcionamento adequado do sistema judiciário. As prerrogativas não são direitos individuais dos advogados, mas garantias fundamentais que asseguram o direito de defesa e a efetividade do processo judicial. A OAB desempenha um papel fundamental na proteção dessas prerrogativas, atuando tanto na defesa jurídica quanto na promoção de uma cultura de respeito dentro do sistema judiciário. A luta pela defesa das prerrogativas dos advogados não pode ser vista como uma responsabilidade exclusiva da Ordem, mas deve ser entendida como uma causa de todos os profissionais do direito, com o apoio da sociedade como um todo. A preservação dessas prerrogativas é essencial para garantir um processo judicial justo e transparente, onde todos os cidadãos possam ter acesso a um julgamento imparcial, livre de pressões externas, e no qual seus direitos fundamentais sejam respeitados.
Essa luta constante pela proteção das prerrogativas da advocacia também deve estar alinhada com a evolução do sistema judiciário como um todo, que deve ser cada vez mais transparente, eficiente e respeitador das normas constitucionais. Só assim será possível garantir que o sistema de justiça se mantenha legítimo aos olhos da sociedade, cumprindo sua função essencial de administração da justiça com imparcialidade e respeito aos direitos de todos.
IX. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, João Carlos. Prerrogativas da Advocacia e o Estado de Direito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.
ANDRADE, Fábio de. O papel da Ordem dos Advogados do Brasil na defesa das prerrogativas da advocacia. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
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BARROSO, Luís Roberto. A Advocacia no Brasil: Prerrogativas e os Desafios de Sua Efetividade. São Paulo: Saraiva, 2016.