Os quilombos representam uma parte essencial da história e da formação social brasileira. Surgidos como espaços de resistência à escravidão, os quilombos eram comunidades formadas, majoritariamente, por pessoas negras que fugiam do regime escravocrata e buscavam construir formas autônomas de vida.
Esses territórios, muitas vezes localizados em regiões de difícil acesso, tornaram-se verdadeiros símbolos da luta por liberdade, dignidade e justiça.
No Brasil contemporâneo, os quilombos continuam a existir como comunidades remanescentes quilombolas, reconhecidas pela Constituição Federal de 1988. A luta dessas comunidades vai além do reconhecimento histórico: envolve a defesa dos seus direitos territoriais, culturais, sociais e políticos.
O artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) assegura a essas populações o direito à propriedade definitiva de seus territórios tradicionais, cabendo ao Estado a sua titulação.
No entanto, a efetivação desse direito ainda enfrenta inúmeros obstáculos, como a lentidão nos processos de regularização fundiária, a invasão de terras por agentes externos e o preconceito racial e estrutural.
É nesse contexto que a perspectiva dos direitos humanos se mostra fundamental. Os direitos humanos garantem a dignidade, a igualdade e a liberdade de todos os indivíduos, independentemente de origem étnica, classe social ou modo de vida. Aplicar essa perspectiva às comunidades quilombolas significa reconhecer a legitimidade de seus modos de existência, seus saberes ancestrais e suas formas próprias de organização social.
Significa também assegurar acesso à saúde, educação, infraestrutura básica e proteção contra a violência e a discriminação.
Além disso, fortalecer os direitos das comunidades quilombolas contribui para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Quando se respeita o direito à terra, à cultura e à identidade dessas populações, o país avança no enfrentamento das desigualdades históricas herdadas do período escravocrata. Reconhecer e valorizar os quilombos é, portanto, uma ação concreta de reparação histórica e de afirmação dos princípios fundamentais dos direitos humanos: a igualdade, a justiça e a liberdade para todos.